A luta, se é que podia ser chamada disso, não durou muito.
Lukas olhou para a visão terrível diante dele.
Gullard estava caído no chão, coberto de sangue, e Sedi pisava em seu rosto com os pés enlameados.
Lambe~
Sedi lambeu o sangue que cobria seus dedos.
Seu corpo inteiro estava coberto de sangue, seu próprio sangue. Mas os ferimentos em seu corpo não passavam de um arranhão quando comparados a Gullard.
No entanto, ela se sentia suja.
Afinal, este era apenas um mortal.
Crunch.
— Urgh!
Gullard gemeu enquanto ela aplicava mais pressão no rosto dele.
Ele tinha sido completamente dominado. No entanto, não havia nenhum sinal de rendição em seu rosto.
Isso causou uma leve agitação no coração de Lukas.
Uma relação construída sobre poder. Essa era a melhor maneira de descrever as relações entre os Demônios. Não havia outros seres que fossem mais leais a um relacionamento forçado do que os Demônios.
Uma das razões pelas quais esses seres eram os mais repugnantes neste universo era porque eles se submetiam aos fortes e oprimiam os fracos.
Mas agora, mesmo depois de ser derrotado por Sedi, que era claramente mais forte que ele, o espírito de luta de Dragul não havia sido suprimido. Ele não tinha desistido, e estava claro que ele estava procurando uma oportunidade para contra-atacar.
Assim como… Como um humano.
— Ei, Lukas.
— !!
No momento em que Sedi chamou o nome de Lukas, Dragul levantou a cabeça. Então, ele olhou para Lukas em choque.
— Lu… Kas?
Ignorando sua reação, Sedi continuou.
— Esse cara é provavelmente um dos seres mais fortes deste universo, certo?
— Certo.
A pergunta dela o incomodou um pouco, mas Lukas ainda assentiu.
No fim, provavelmente era verdade.
Provavelmente não havia humano capaz de lidar com Gullard sozinho. O fato de haver um título como os Cinco Duques significava que esses Demônios eram muito mais poderosos que seus companheiros.
De todos os seres deste mundo, Dragul era definitivamente um dos mais fortes.
— Ah.
A expressão de Sedi ficou fria com sua resposta. Ela olhou para Dragul, cujo rosto ela estava pisando por um tempo antes de levantar o pé. Então, ela o chutou no estômago.
Dragul rolou pelo chão algumas vezes antes de se levantar e olhar para Sedi, que simplesmente sorriu para seu olhar feroz.
— Eu realmente quero te matar, mas eu decidi deixar você se safar desta vez. Mas se você continuar me desafiando, você vai morrer.
— Quem diabos são vocês?
— Que estranho.
Sedi inclinou a cabeça para o lado e murmurou com uma voz suave.
— Você… Você não consegue sentir em que tipo de “nível de existência” eu estou?
Com a força de Gullard, ele deveria ter sentido isso desde o primeiro combate.
A diferença entre seu oponente e ele mesmo.
Ele nunca poderia vencer.
E, no entanto, este Demônio continuava a demonstrar hostilidade em relação à Sedi. Mesmo que ele pudesse morrer se ela decidisse mudar de ideia.
— Verdade. Está certa.
Gullard falou com uma voz áspera, como se estivesse mastigando as palavras antes de dizê-las.
— Eu posso sentir algum tipo de aura irresistível vindo de você. E é provável que qualquer Demônio mais fraco que eu não tenha escolha a não ser obedecer a você.
A menos que eles fossem muito fracos para reconhecer a diferença entre eles, como aqueles que ela havia matado antes.
Sedi não pôde deixar de fazer uma expressão intrigada.
— Então por quê?
— O único ser que eu sempre obedecerei é o Rei Demônio.
— Então você seguiria apenas o Rei Demônio, mesmo que isso significasse que você morreria aqui?
— Isso mesmo.
Lukas ficou sem palavras.
Não havia nem a menor hesitação na voz de Dragul,
Isso não era medo ou lavagem cerebral. Era a verdadeira obediência que vinha do coração. Não, era devoção.
Ele nunca esperava ver isso em um Demônio.
— …
A expressão de Sedi ficou estranha.
Em todo o multiverso, a raça conhecida como Demônios só tinha um verdadeiro governante. O Deus Demônio de Chifres Negros.
Isso era natural. Afinal, o Deus Demônio de Chifres Negros foi o primeiro Demônio. Uma encarnação do mais puro ódio. E independentemente de onde eles nasceram, todos os seres demoníacos estavam ligados a ele de maneira semelhante à forma como alguém estaria ligado a seus pais ou ancestrais. Era uma relação inerente que não podia ser ignorada ou rejeitada.
Por exemplo, se Sedi encontrasse um ser demoníaco que fosse um nível de existência mais alto do que ela enquanto explorava o multiverso, ela não teria escolha a não ser obedecê-lo.
Só havia uma razão para isso.
Porque isso era o que o Deus Demônio de Chifres Negros queria.
E assim se fez.
Foi a vontade do Deus Demônio de Chifres Negros que fez com que esses Demônios invadissem este universo.
Ela não tinha certeza se ele havia previsto que o Grande Jogo começaria em breve e planejado esta invasão, mas estava claro que esses Demônios eram a criação do Deus Demônio, seus filhos.
E, no entanto, esse ser não obedeceu a Sedi. Havia apenas ódio e hostilidade em seu olhar.
Qual era a razão?
Era a presença do Rei Demônio que os fazia se submeter a ele?
Era uma mudança inesperada causada por uma probabilidade aleatória?
Ou talvez… Tivesse uma conexão com o próximo Grande Jogo.
Sedi não tinha certeza. E também tinha a sensação de que não seria capaz de pensar na resposta por mais que tentasse.
— Ha.
Ela bufou.
Pensar profundamente nunca foi sua especialidade. E ela não estava interessada nisso.
De qualquer forma, ela entendeu uma coisa.
“Capaz de me matar?”
Era besteira.
Veja Gullard. Ele era um dos seres mais fortes deste universo e, no entanto, mal conseguia arranhá-la.
Se Sedi tivesse lutado com toda a sua força em vez de ser tão cuidadosa, a luta estúpida teria sido ainda mais ridícula.
Nem teria sido uma luta.
“Letip estava errado.”
Não havia ameaça à sua vida neste mundo. Simplesmente não existia.
Ela virou a cabeça para olhar para Lukas. Ele parecia estar usando algum tipo de magia para esconder sua aparência áspera, mas não era difícil para ela ver seu verdadeiro eu por baixo disso.
— Meus negócios acabaram.
— Quê?
— Eu disse que meus negócios com você acabaram.
O orgulho dela foi ferido.
Sedi estalou a língua.
Ela nunca deveria ter levado a sério as palavras daquele desgraçado do Letip. Ela não podia acreditar que ficou apreensiva e foi procurar este homem tão preocupada.
Foi a primeira vez que ela pensou em confiar em alguém além do Deus Demônio que ela seguia.
Esse fato a fez se sentir ainda mais humilhada.
Ela não queria mais ficar ali. Só de olhar para o rosto de Lukas ela se sentia extremamente desconfortável.
— Estou indo embora. Não se esqueça da nossa promessa. Você não pode matar esse cara.
Depois de dizer essas palavras, Sedi se virou e saiu sem hesitar. Parecia que ela estava planejando retornar diretamente à Irlanda do Norte.
— …
Depois que ela saiu, o silêncio caiu sobre o beco.
Lukas olhou para Gullard ainda ofegante, e Gullard olhou de volta para ele.
— Você é o mesmo que aquela mulher?
— …
Quando não recebeu uma resposta, uma luz estranha brilhou nos olhos de Gullard.
— Eu senti uma presença estranha. Foi estranho, mas, ao mesmo tempo, me pareceu familiar… Por isso vim aqui. Achei que não saberia o que era, a menos que verificasse por mim mesmo.
Ele provavelmente estava falando sobre Sedi.
Ela e Gullard eram ambos seres criados pelo Deus Demônio, então não era estranho que ele achasse sua aura familiar.
Mas as próximas palavras de Gullard provaram que a especulação de Lukas talvez não estivesse correta.
— No começo, pensei que fosse aquela mulher. E mesmo depois de lutar contra ela, não achei que estivesse errado.
O fato dele ter falado no passado fez Lukas se sentir estranho.
Era como se ele estivesse dizendo que o sentimento familiar não vinha apenas de Sedi.
Gullard olhou profundamente para Lukas.
Então, ele disse algo que até Lukas teve dificuldade em responder.
— Mas depois que ela saiu, eu finalmente percebi. A presença familiar que eu sentia não era daquela mulher. Era de você.
Aí que não sei o que não sei o que lá