Phloria caminhou até a entrada, descobrindo que não tinha porta.
Ela bateu na parede, atraindo os olhares curiosos dos que ainda estavam no térreo. Uma figura humanoide apareceu das trepadeiras que compunham a moldura da porta, tomando a aparência do que parecia ser um arbusto podado em forma de homem por um jardineiro experiente.
Ele era um Espinho, um dos povos plantas nascidos dos arbustos, que ela conhecera em Kulah e Laruel. Eles não tinham forma definida e podiam moldar seus corpos à vontade, desde que não excedessem sua massa.
“Você está perdida? O distrito humano está bem longe daqui.” Ele tentou soar o mais calmo e tranqüilizador possível, até mesmo assumindo uma forma com a qual o estranho pudesse se relacionar melhor.
“Obrigada por sua preocupação, mas não estou perdida. Sou sua nova vizinha, Phloria, e vim para dizer oi.” Ela ofereceu a mão, mas seu gesto educado recebeu um sorriso de desprezo de todos os presentes.
“Meu nome é Klodran. Bem-vinda ao meu Jardim do Conhecimento, Phloria, mas não faça mais isso. Ninguém gosta de ser examinado com Revigoramento na primeira vez que se encontram e muitos não perdoam tanto quanto eu.” Ele respondeu enquanto a convidava para entrar.
“Eu sinto muito, eu não estava tentando examinar você. Eu sou nova aqui, tipo nova mesmo. Só algumas horas. Como você sabe que eu sou uma Desperta?” Phloria ficou com um tom de roxo enquanto tentava explicar seu erro.
“Você não tem medo de nós e você está longe do distrito humano, então você está fadada a ser uma Desperta. Sua ignorância sobre nossos costumes explicaria por que você continua olhando em volta tentando entender este lugar.” Klodran disse para seus convidados ouvirem.
Uma vez que eles foram assegurados de que o humano não abrigava más intenções, eles retomaram o que estavam fazendo. Alguns liam livros, enquanto outros tinham trepadeiras saindo das paredes conectadas aos ouvidos.
“O que é um Jardim do Conhecimento?” perguntou Phloria.
“A queda da raça humana em Jiera trouxe desordem no equilíbrio entre as raças. Sem eles, os monstros não encontram resistência ao saquear as terras para aumentar seus números, os animais não têm como aprender magia se não estudarem, e nós plantas temos perdido nossa única fonte de entretenimento.” Ele suspirou.
“As bestas são boas em muitas coisas, mas arte não está entre elas. Sem os humanos, a povo planta não têm a interação social que precisamos para não nos transformarmos em predadores irracionais. Sua sociedade ajudou aqueles como eu a encontrar um propósito em suas vidas.”
“Para impedir que os monstros atinjam um número que não podemos mais conter, precisamos de mais Bestas Imperador, mas apenas algumas bestas mágicas conseguem evoluir a cada ano. Com o aumento repentino de nossos inimigos e tanta terra para cobrir, a taxa de sobrevivência das jovens Bestas Imperador diminue.”
“Jardins são lugares onde bestas e plantas vêm para estudar magia até o nível quatro livremente, na esperança de aumentar suas chances de Despertar ou pelo menos suas proezas de combate.”
“Também temos uma grande coleção de peças de música e arte que conseguimos recuperar das ruínas da maioria das grandes cidades.”
“É para isso que servem essas vinhas?” Phloria apontou para as várias feras com os ouvidos tapados.
“Queria que sim. Cada livro é escrito em um idioma diferente e há tantos idiomas que traduzir e imprimir cada livro em todos os idiomas é impraticável. É muito mais fácil ter a tradução lida em voz alta e armazenada dentro de um cristal mágico.” disse Klodran.
Phloria caminhou pelas ilhas cheias de livros por um tempo até que as dores de cabeça a forçaram a parar. Cada vez que ela lia um idioma diferente, o alfinete de Leegaain enchia sua mente com o conhecimento que ela precisava para entendê-lo, mas eram tantos que o processo nunca parava, causando-lhe grande dor.
‘Deuses, eu nunca pensei que apenas o fato de todos falarem a mesma língua faria tanta diferença na qualidade de vida. Tyris é provavelmente o Guardião mais desvalorizado do nosso continente.: Ela pensou.
Depois de um tempo, ela descobriu que os dois continentes tinham mais feitiços em comum e até conseguiu encontrar algumas técnicas úteis sobre as quais nunca tinha ouvido falar.
“Posso copiá-los?” Phloria perguntou a Klodran.
“O conhecimento aqui é livre. Até os humanos podem vir aqui e tentar aprender magia. Nós preparamos uma sessão de magia falsa para eles, mas estão tão assustados que raramente saem de suas casas se não for para trabalhar.”
“Onde está a seção de nível cinco?” Ela perguntou.
“Jardins são para iniciantes, enquanto oficinas são para mestres. Nem o povo planta nem as bestas mágicas podem usar todos os elementos, então não faz sentido ter esses feitiços aqui. Além disso, feitiços de nível cinco são proibidos para aqueles que não foram reconhecidos pelo Conselho. Eles são muito perigosos.” O Espinho disse.
Phloria tomou nota de todos os feitiços relevantes que encontrou e notou como todos estavam estressados. Bestas mágicas tinham uma vida útil limitada e não costumavam gastá-la lutando contra monstros todos os dias.
Eles deveriam caçar, praticar magia e dormir enquanto agora eles haviam se tornado soldados. O povo planta não tinha nada da atitude sedutora e despreocupada dos que viviam no Reino.
Com suas habilidades regenerativas, eles não tinham medo da morte, mas a falta de interação social os tornava frios e cruéis.
Enquanto isso, Lith deixou Solus com Tista na torre para dar uma volta por conta própria. Manter sua forma híbrida por tanto tempo provou ser mentalmente cansativo. Lith tinha que ser sempre cuidadoso quando tocava qualquer coisa ou alguém para não machucá-los com suas garras.
Ele não tinha nenhum problema em lutar como um Wyrmling, mas viver como um parecia esquisito, se não bizarro. Lith não estava acostumado com o peso de seus dois conjuntos de asas nem com o som de sua voz naquela forma.
‘Isso não é como meu papel sexy com Kami. Minhas garras das mãos e dos pés são incômodas demais, sem mencionar o quão complicado é comer sem lábios. Não importa o quão ótimo seja lutar com essa forma, é muito desconfortável viver nela.’
Pela primeira vez em sua vida, Lith apreciou o que significava ser humano. Reghia era realmente uma obra-prima de magia, com a luz do sol natural vindo do teto e uma brisa fresca mantendo o ar limpo, mas ainda parecia uma prisão.
Nem o cheiro das flores das casas do povo planta e o da água da nascente dos vários lagos o faziam sentir-se melhor.
‘Espere um minuto, para que diabos eles precisam de lagos? A água geralmente é condensada com magia e criar rios subterrâneos é um pesadelo de segurança.’ Depois de perceber um pequeno grupo de criaturas de aparência estranha saindo do lago, Lith os cumprimentou antes de pedir uma explicação.
“Nossos canais são seguros, você está apenas sendo paranóico.” Uma humanóide feminina perto da lagoa disse, rindo de suas preocupações.
Ela tinha cerca de 1,78 metros de altura, com cabelos e olhos esmeralda na altura dos ombros. Escamas azul-celeste a cobriam da cabeça aos pés, tornando-se de um branco pálido na área do abdômen e nas palmas das mãos, tornando impossível adivinhar a idade dela.
Todos os humanóides tinham rostos sem nariz nem orelhas. Eles respiravam por brânquias em seus pescoços e ouviam de dois pequenos buracos em cada lado de suas cabeças. Eles também não tinham lábios, deixando a fileira de dentes perolados em sua boca parcialmente exposta o tempo todo.
Protagonista tá certo, água só de magia , lago é armadilha
Caraca que foda eu sempre me perguntei se tinha bestas imperadores aquáticas que foda
Obrigado pelo capitulo! S2