Okamura Hiiro analisou a cena diante de seus olhos com calma.
Ele nunca havia visto as pessoas ali presentes. Além disso, os vários homens vestidos como sacerdotes e a garota de vestido rosa cercada por eles não pareciam ter vindo do Japão.
O rapaz olhou os arredores com mais atenção. Estava em um átrio, então podia ver bem o exterior muito enquanto se sentava. Notando uma cadeia de montanhas à distância, e não apenas o chão, concluiu que estava em um lugar alto, como uma torre, ou algo parecido.
O telhado era suportado por vários pilares com estranhos desenhos inscritos, semelhantes aos hieróglifos egípcios.
A única coisa que reconheceu foram as quatro pessoas mais próximas, vestidas com o uniforme do seu colégio: eram os seus colegas de classe, embora nunca tivesse conversado com o grupo. Hiiro se perguntou o porquê dele também estar ali.
Um desenho como de um círculo mágico de um jogo estava presente no chão a seus pés.
Pessoas estranhas, um cenário não familiar, um círculo mágico…
Ele tinha uma ideia do que estava acontecendo ali, e a garota de vestido confirmou suas suspeitas exclamando: — E-eu os saúdo, Heróis!
É, ele estava em outro mundo.
Até agora mesmo estava na escola. Depois de matar aula dormindo no terraço, voltou à sala para buscar a sua bolsa e acabou encontrando esses quatro. Como de costume, foi direto para sua mesa, enquanto ignorava as sobrancelhas franzidas dirigidas a ele. Porém, antes que pudesse sair, uma luz brilhante surgiu sob os seus pés. Todos os presentes, incluindo Hiiro ficaram paralizados com a surpresa.
Tudo ficou branco antes dele aparecer no átrio.
Os sacerdotes comemoravam com alegria. Gritando coisas como, “Sim!” e “Foi um sucesso!”, ignoraram os cinco jovens confusos. As vozes estavam exultantes e cansadas, mostrando a exaustão e o alívio do grupo.
Além dos homens, havia a garota. O seu longo cabelo laranja tornou improvável que ela fosse japonesa. Mesmo assim, era uma verdadeira bishoujo, com olhos grandes e uma face adorável.
Ela era, sem dúvidas, uma beleza estonteante.
Com os companheiros, a ruiva soltou um largo sorriso. Os cinco foram invocados sem grandes problemas.
Hiiro nunca imaginou que iria experimentar algo assim. Embora estivesse bem calmo, uma parte de si se recusava a acreditar no que via.
Os seus colegas não pareciam muito melhores, já que os seus rostos mostravam a sua confusão. Depois de um tempo, um deles falou: — He-Heróis? O que você quer dizer?
O garoto se chamava Aoyama Taishi. Ele tinha o cabelo descolorido, mas uma expressão séria e aura gentil. Também era alto e bonito, muito popular com as garotas na classe.
A ruiva abaixou a cabeça ao ouvir o questionamento de Taishi.
— Ah, minhas sinceras desculpas! Sua majestade vai explicar esse assunto para vocês pessoalmente! Então, por favor. Sigam-me!
Ela assumiu uma postura formal enquanto falava. Olhando com mais atenção, a garota estava meio pálida. Era difícil dizer isso por causa do sorriso de antes, mas ela parecia tão exausta quanto os homens.
Taishi pareceu perceber a sua condição e, para que a ruiva pudesse descansar, considerou que era melhor ouvi-la ao invés de permanecer ali. Depois de trocar olhares com seus amigos, concordou, afirmando: — Ok. Temos uma ideia do que aconteceu, mas vamos ouvir o que vocês têm a dizer.
Hiiro percebeu que os outros quatro também entendiam a situação.
Assim, os cinco foram guiados pela garota até a “Sala do Trono”, onde se encontrava o rei. Hiiro continuou a observar a área no caminho. Julgando pelas cores dos olhos e dos cabelos dos servos e dos soldados, chegou à conclusão de que ali definitivamente não era o Japão. Também concluiu que se encontravam em uma torre erguida no meio de um grande castelo.
— Oh, este rei aprecia vossa chegada, Heróis. — disse o homem sentado no trono com um sorriso apaziguador. O grupo não precisava dizer a ele que não vieram por vontade própria. — Tenho certeza que vocês estão confusos devido às circunstâncias, mas não se preocupem. Explicarei tudo agora. — Depois de dizer isso, começou a sua apresentação.
O reino em que se encontravam se chamava “Victorias”. Nele, o rei unificou os “Humas” do mundo de “Edea”, onde eles se encontravam.
Esse mundo era dividido e cada raça tinha seu próprio país.
Os chamados “Gabranth” eram aqueles com características de animais, como homens-lobo ou homens-gato, e viviam em “Passion”, o país das bestas. Os “Evila”, conhecidos como demi-humandos, eram uma raça de demônios e fantasmas que viviam em “Xaoc”, país dos demônios. Por fim, havia os “Pheom”, raça composta por fadas e espíritos que, embora não possuíssem país próprio e vivessem em um pequeno assentamento, dificilmente eram vistos, por não interagiram com membros de outras raças.
Diante deles estava sentado Rudolph van Strauss Arcliam, rei de “Victorias”. Ao lado dele estavam sentadas a rainha Maris e a garota que os guiou até ali, a primeira princesa, Lilith.
Humas, Gabranth e Evila. Entre essas três raças existia uma tensão como nunca antes. Isso se devia ao Senhor dos demônios de “Xaoc”, que planejava destruir os Humas e os Gabranth. Ele parecia pensar que, com sua força superior, a sua raça era a única que merecia dominar “Edea”. Então ele decidiu fazer um mundo só de Evila, eliminando os Humas e os Gabranth.
Os Evila possuiam um enorme poder mágico, além de força de batalha brutal.
Magia existia nesse mundo e, quanto mais forte o poder mágico, mais forte a magia. Os Humas também tinham poder mágico, mas era relativamente baixo. Claro, magia não era tudo em uma batalha; mas aquela usada pelos Evila era poderosa ao ponto de um humano não ter chance alguma de derrotar um demônio de rank baixo sozinho. Mesmo um aventureiro de alto Rank de uma Guilda de Aventureiros tinha que formar um time para lutar contra os Evila.
O rei temia a destruição iminente e considerou destruir os Evila antes disso. Dessa forma, usaram magia de conjuração, que havia sido banida como uma magia antiga. Mas ela foi proibida por uma razão: foi mostrado que ela não era muito exata.
A magia de conjuração consumia um grande poder mágico e, se usada por alguém sem habilidade, poderia causar “Repercussão” e fazer a o poder mágico utilizado ficar fora de controle. Além disso, era uma magia que só podia ser usada pela família real.
Várias tentativas falhas resultaram em surtos mentais pela exposição ao grande poder mágico emitido, outras terminaram em mortes. Afinal, não era uma simples magia de conjuração, mas uma magia herética que abria caminho para outro mundo, então carregava certo risco.
Se continuassem como estavam, os Humas seriam exterminados.
Para evitar isso, precisavam invocar os heróis de outro mundo a qualquer custo. Livros antigos contavam histórias de heróis sendo convocados em tempos passados e salvando os Humas de calamidades terríveis. Eles possuíam poder mágico incrível, e podiam usar habilidades físicas e mágicas com as quais os Humas mal podiam sonhar.
Sabendo disso, Rudolph endureceu seu coração e pediu ajuda a suas filhas. Porém, a terceira e a quarta princesas falharam e perderam suas vidas na “Repercussão”.
“Ele sacrificou as próprias filhas?” Ao ouvir a explicação do rei, Hiiro o considerou maluco. Mas falar naquele momento iria complicar a situação, etão ele permaneceu calado.
A rainha lamentou a morte das filhas, mas não possuia sangue puro real, então não podia usar a magia de conjuração.
A segunda princesa foi a próxima. Embora tenha escapado da morte, entrou em um coma profundo e ainda não tinha despertado. Então sobraram Lilith e Rudolph como os únicos capazes de usar a magia poibida. Como não poderiam haver mais falhas, o rei se prontificou a cumprir o ritual pessoalmente; mas todos foram contra. A perda do rei, pilar do país, causaria a queda imediata dos Huma sob os Evila.
Lilith entendia isso e se ofereceu para o país. Estava com medo, muito medo, mas nesse ponto tudo ia desaparecer. Se seria morta de qualquer jeito, ela preferia escolher o momento por conta própria. A princesa conduziu a cerimônia de conjuração com esses sentimentos.
O ritual foi realizado com os sacerdotes usando o poder de Lilith como meio. A garota sentiu a sua consciência vacilar durante a cerimônia e, quando estava prestes a desistir, o círculo mágico emitiu uma luz obscura. Então, as cinco pessoas apareceram.
— Entendi… Então vocês nos trouxeram aqui para proteger os Humas dos Evila. — Taishi assentiu algumas vezes durante a explicação.
Rudolph logo respondeu: — Sim. De acordo com os documentos, há quatro Heróis- Hm? Falando nisso, há… cinco de vocês.
Sim. Cinco pessoas foram conjuradas. O rei pareceu questionar o sábio mais próximo, quem ajeitou os óculos antes de responder, afobado: — E-eu não faço ideia do que aconteceu! Mas… eu acho… todos eles são Heróis?…
— Hmm… Então devemos descobrir. Vocês, mostrem-me suas habilidades. — Rudolph ordenou. Hiiro e os outros apenas inclinaram as cabeças, confusos. — O que foi? Não me digam que vocês não sabem mostrar suas habilidades?
Taishi, que já se considerava o representante do grupo, respondeu com um “Realmente”.
O rei deu um suspiro antes de instruir: — Digam “Status” em suas mentes.
Os cinco seguiram as instruções. Então, uma janela de status semelhante à de um jogo apareceu diante deles.
Hiiro Okamura LVL 1 HP 24/24 MP 120/120 XP 0 PROX 10 ATK 13 DEF 8 AGL 27 HIT 11 INT 23 Atributo Mágico: Nenhum Magia: Magia das Palavras (Sequência única desbloqueada) Títulos: Espectador Inocente – Viajante de Mundos – Mestre das Palavras |