Em Ames, primeiramente, Hiiro procurou por um dormitório. Sorte sua que não haviam muitos aventureiros por aqui, então havia vários quartos vazios, somente um quarto duplo estava reservado.
— Um quarto de solteiro, por favor — solicitou Hiiro.
— Eh, ah, sim. Me desculpe… Você é… um aventureiro? — questionou a atendente hesitante.
— …Sim?
— O-Ok.
— …?
Hiiro inclinou sua cabeça assim que sentiu que não era bem-vindo. Era sua primeira visita ao vilarejo, então ele não fez algo a eles.
Sim, o gerente da pousada tratou-o com ansiedade. Isso o incomodou, mas, por enquanto, ele reservou seu quarto e foi olhar o vilarejo.
Mas havia algo estranho. Por alguma razão, ele sentiu olhares focados nele. E de todas as direções. A atmosfera era a de que ele não era bem-vindo.
Assim como o gerente da pousada, todos olhavam torto para ele. Pode ser que este vilarejo não gosta de forasteiros. Bem, Hiiro só ia ficar uma noite, então tentou não se incomodar.
— Ei, senhor.
Naquele momento, alguém chamou ele. Quando se virou, havia uma criança. Era um garoto de, mais ou menos, sete anos. Ele encarou Hiiro com olhos que viam alguém suspeito. Hiiro o ignorou, já que não gostava dessa atitude.
— Ei, não me ignore!
O garoto ficou zangado. Por que ele tinha que lidar com um fedelho?
— Que foi, tampinha?
— Não me chame de tampinha! Não quando você está vestindo um manto vermelho estranho! É intimidador!
— …Você é um touro, é?
Não que ele tenha vestido o manto vermelho para ser intimidador. Simplesmente o vestia para proteção. Apesar de gostar da capa após vestir.
Com seu uniforme de escola preto por baixo, era uma combinação surreal, mas Hiiro não se importava.
— Senhor, você é um aventureiro, certo? Por que você viria a um lugar isolado como esse?
— Lugar isolado?
— Não chame de lugar isolado!
— Você quem disse.
Por que ele era tão agressivo? Hiiro não podia pensar em uma resposta para isso, então ignorou e foi embora já que era problemático.
— E-Ei! Espere!
Ignore, Ignore.
— Te falei pra esperar!
Não dê atenção.
— Ei, me ouça!
É só o vento.
— Ei… por favor… não me ignore!
Sua voz gradualmente começou a tremer. Ele deve ter ficado triste por ser ignorado. Hiiro soltou um leve suspiro e parou.
— O que você quer?
Ele parou de ignorá-lo já que seria difícil ficar no vilarejo se fizesse o fedelho chorar. Assim, o garoto sorriu energicamente, mas voltou a encará-lo no mesmo instante.
— Você é tão malvado! Todos os aventureiros são assim!
— Eu sou eu. Não me compare a outras pessoas, é desconfortante.
Quando ele encarou o garoto, a criança teve um arrepio.
— …Ah. Então, o que foi? Estou ocupado andando por aí, sabia?
— O que está procurando?
— E isso lhe importa? Não é da sua conta, pirralho.
— Uh…Uhh…
O garoto quase chorou novamente, então Hiiro suspirou.
— Hah. Só estou matando o tempo. Eu cheguei agora e planejo ficar somente essa noite aqui.
Ele olhou o garoto, esperando que isso o satisfizesse.
— Oh? Você não vai assaltar o vilarejo?
— Assaltar? O quê?
De acordo com o garoto, havia alguns aventureiros que apareciam por ali, invadiam a loja de artigos generalizados ou a de armas, e, forçadamente, pegavam produtos, faziam o que eles queriam.
— É um grupo de duas pessoas e eles ameaçaram o gerente da pousada para ficar lá de graça.
— Por que vocês não recusaram? Podiam ter os expulsado com todos os camponeses.
— Não podemos fazer isso. — Não foi o garoto que respondeu.
— Ah, Tio Panis!
O homem chamado Panis parecia ter 30 anos. Na realidade, poderia ser mais novo, mas sua expressão o fez parecer mais velho.
— E você é? — perguntou Hiiro.
— Você parece ser um aventureiro. Meu nome é panis. Eu tenho uma humilde loja.
Isto significava que ele era uma vítima dos aventureiros.
— É verdade o que o pirralho disse?
— Sim, é. Eles estão atualmente atacando a loja de artigos generalizados.
— Você disse que não pode expulsá-los. Por quê?
Panis deu um grande suspiro e parecia estar com problemas.
— Por alguma razão, eles têm a escritura do vilarejo.
— Huh? Por que eles teriam isso? Não é o líder do vilarejo que sempre tem isso?
— Sim, mas eles roubaram.
— Que descuidados. Vocês colheram o que plantaram.
— Haha, pior que você está certo rapaz. — Novamente, outra pessoa interrompeu o diálogo. — Você é o aventureiro que chegou mais cedo, certo? Eu sou o chefe do vilarejo de Ames, Brey.
— O que faz aqui, Chefe? — perguntou Panis.
— Pela mesma razão que você. Disseram-me que um forasteiro havia chegado, então vim checar.
Parece que a chegada de Hiiro foi imediatamente relatada para o chefe do vilarejo e ele veio ver o visitante inesperado com seus olhos. Ele parecia aliviado em ver que Hiiro era um aventureiro comum.
CRAAACK!
De repente o som de madeira quebrando ecoou. Todo mundo encarou a origem do som. A porta de uma casa foi derrubada e alguém foi jogado por ela.
— Mick!
O chefe do vilarejo arregalou seus olhos e gritou. O homem chamado Mick foi jogado ao chão. Então, quando ele foi jogado, duas pessoas apareceram pela casa.
Um homem era gordo e calvo, o outro magro e com um cabelo arrepiado como uma vassoura. O Senhor-Cabeça-Espetada gritou enquanto olhava para Mick:
— Keh! Tente dizer isso novamente!
O homem magro, que também se qualificava como porco espinho, gritou de forma diabólica. Próximo a ele, o outro cara mordeu uma fruta que era provavelmente da loja. Hiiro chamou-o de Careca Gordão.
Mick, desesperadamente, suplicou. Eles devem ter dito a ele para entregar seus produtos de graça e o mesmo recusou. Entretanto, o espetado mostrou que se irritou e chutou a cara de Mick.
Muito sangue se espalhou. Vendo isso, os camponeses correram em direção a ele. O espetado encarou aguçadamente o chefe do vilarejo.
— Huuh? Olha quem está aqui, o chefe. Tem algo a dizer? Hm?
Hiiro calmamente observou, o categorizando como um gangster de terceira, não, um delinquente.
— Mais comida — pediu o gordo calvo.
Ele tentou voltar para a casa, com baba escorrendo pela sua boca, provavelmente em busca de mais comida.
— Ei, Junior, deixe isso aí, vamos embora — orientou o parente de porco-espinho.
— Mas eu tô com fome.
— Tsk. Então seja rápido.
— Ok.
— Pare com isso! — Sem poder ver a cena se estender, o chefe gritou, mas sentiu medo quando o espetado o encarou. Os outros não se aproximaram também, com medo da cólera do espetado.
“Parece que estão sendo forçados a aceitar isso porque esses caras são muito fortes para eles, não somente pela escritura.”
O vilarejo não tinha pessoas capazes, então não resistiram já que seriam mortos se desafiassem os invasores.
“Eles poderiam pedir ajuda ao exército, mas eu acho que esses caras fugiriam com a escritura. E há o medo de ocorrer vingança. A melhor solução era alguém os deter.”
Enquanto Hiiro pensava sobre isso, o garoto próximo a ele o encarou.
Praticamente estava perguntando se Hiiro não podia fazer algo a respeito.
— Não sei o que você quer, mas isso não é da minha conta.
— Hã? E você se chama de humano?
— Quê? Eu pareço um demônio ou algo do tipo?
— Sim! Porque você não ajuda! Como outro aventureiro, você tem que parar eles!
— …Ouça, garoto, eu posso ser um aventureiro, mas não sou nenhum representante da justiça. Peça aos heróis se você quer serviço gratuito.
Hiiro disse isso com os braços cruzados. O garoto o encarou com ódio, mas não era da conta dele.
— Esquece. No fim de tudo, todos os aventureiros são assim!
Dizendo isso, o garoto foi em direção aos dois caras.
— Ah, espere, Nies! Não vá ai!
Panis tentou o impedir, mas o garoto chamado Nies correu com toda a força. Então Panis encarou Hiiro enquanto cerrava seus dentes. Então, ele relaxou o suficiente e suspirou.
— Não, eu entendo. Isso não é da sua conta. Um herói que trabalha para as pessoas sem cobrar, assim como os contos de fada, não existe.
— Hm… Não faço ideia se tal pessoa existe, mas, pelo menos, eu não sou assim. Não trabalho de graça.
Hiiro não disse que considerava coisas que não rendiam problemas.
— …De graça.
— Hm? Que?
Panis deixou sua voz escapar, então Hiiro perguntou de volta.
— Então… e se eu te pagar?
— …
Hiiro tinha um mal pressentimento.
— Eu lhe darei a melhor arma da minha loja se você me ajudar.
— …
— Você vai nos ajudar?
— …
Panis olhava para ele seriamente. Era um saco e, para ser honesto, isso não era da conta dele. Entretanto, a melhor arma era tentadora. Só para cuidar desses vermes era bem barato.
Enquanto pensava isso, ele fez contato visual com Panis. Olhando em seus olhos sem desviar o olhar, eles se encararam por um tempo. Após isso, Hiiro suspirou.
— Certo. Vou dar uma mão. Mas mantenha sua promessa.
— E-Eu sei que te pedi isso, mas… você é forte?
— Não sei. Mas pelo menos posso cuidar desses caras.
Hiiro disse isso olhando pro calvo e pro espetado. Panis estava boquiaberto com a afirmação, mas Hiiro ignorou isso e rapidamente entrou em ação.
Nies pegou uma pedra no chão e atirou no espetado. Foi prazeroso quando ela acertou direto na cara, mas, não precisava dizer que os outros camponeses ficaram pálidos.
A expressão do espetado enquanto olhava devagar para Nies dizia: Este garoto está morto.
Sentindo sua intenção de matar, Nies ficou paralisado.
— P-Pare! — O chefe ficou na frente de Nies, mas foi jogado com um soco forte.
Então o espetado sacou sua espada e apontou para Nies. Paralisado pelo medo, Nies não se moveu.
— Pirralho, algumas últimas palavras?
— Não faça… — Nies cobriu sua cabeça enquanto chorava, mas ele não podia parar o espetado, que riu alegremente e levantou sua espada no ar, balançando-a para baixo.
WOOSH!
Todo mundo engoliu seco e fechou seus olhos. Acharam que Nies estava morto. Entretanto!
— OWWWWWW!
Quem estava gritando de dor e sangrando era o espetado. Algo perfurou o braço que segurava a espada.
Todos ficaram boquiabertos com a cena. Uma lâmina, sim, era uma lâmina.
Seu braço foi perfurado por uma lâmina, sem dúvidas.
Mas o tamanho da lâmina era bem longo. E eles olharam no final da lâmina. Uma pessoa, quem realizou o ataque. Era Hiiro Okamura.