Release that Witch – Capítulo 749

No momento em que Rubaka Chicote-Sangrento se levantou da cama, ele ouviu a notícia sobre a mudança de dono do pequeno oásis ao nordeste.

— Sério? — Suas sobrancelhas franziram. Embora ele tivesse visto de longe um foco de incêndio no oásis, ele não esperava que o Clã Uivante pudesse ser obliterado numa só noite. Pelo que ele lembrava, dentre os novos clãs, não havia nenhum tão poderoso assim.

Rubaka acordou sua concubina, para que assim ela saísse do quarto. Depois que a mulher se enrolou num cobertor e saiu, Rubaka olhou para o homem e disse:

— Prossiga.

— Sim, Sr. Líder. De acordo com as pessoas que fugiram do oásis, o incêndio não pareceu ter sido causado por um novo Desafiante, e sim pelos Três Deuses.

— Tolice! — Rubaka tossiu. — Aqueles covardes culpam os Três Deuses por tudo. Eu vou pendurar todos eles acima do portão da Cidade da Areia de Ferro!

Hesitando, o subalterno respondeu:

— Mas… eu mandei um dos meus homens para o acampamento do pequeno oásis hoje bem cedo. E o que ele viu meio que confirmou os relatos… Havia muitos buracos imensos pelo chão. Cadáveres e fragmentos de construções podiam ser vistos por todo lugar. Não parecia ser um incêndio comum.

— Fragmentos?

— Sim. O lugar foi despedaçado, como se um imenso verme de areia ou escorpião de toca tivesse atacado a base. — O subalterno foi cuidadoso ao escolher as palavras. — Muitas das pessoas que ficaram na base morreram miseravelmente. Dois mil guerreiros tentaram lutar contra os inimigos fora do oásis, mas foram todos derrotados. O pior foi que… eles nem conseguiram ver o rosto dos inimigos.

— Em outras palavras, esses idiotas sofreram uma emboscada e fugiram com o rabo entre as pernas? Eles nem mesmo descobriram qual clã assumiu o pequeno oásis? — Rubaka começou a pensar que talvez ele tivesse sido muito generoso com esses Cães de Guarda. Ele havia se esforçado bastante para convencê-los a trabalhar para ele, mas a performance deles havia sido decepcionante. — Será possível que a vida boa que eles levavam acabou deixando-os mais bêbados e enferrujados?

— Meus homens estão investigando. Logo receberemos alguma notícia, senhor. — O subalterno hesitou por um instante e continuou: — Alguns refugiados também disseram que viram muitos nortenhos por lá.

— Nortenhos…

Ouvindo isso, Rubaka começou a levar esse assunto mais a sério.

Ele caminhou até a janela e olhou em direção ao nordeste. O incêndio já havia sido apagado há muito tempo. Ele só conseguia ver resquícios de fumaça no céu à distância.

Embora o Clã Uivante tivesse servido como o seu Cão de Guarda por meio dos esforços conjuntos dos Clãs Chicote de Ferro e Triturador de Ossos, ele não se importava muito com a sobrevivência desses idiotas. Depois que Rubaka começou a viver na Cidade da Areia de Ferro, ele passou a entender que o sistema de desafios na verdade era uma espécie de autoproteção estabelecida pelos seis grandes clãs, e não um teste de qualificação.

Um Duelo Sagrado era simplesmente uma pequena luta, enquanto que as batalhas provocadas pelos Desafiantes pela posse dos pequenos oásis poderiam ser vistas como verdadeiras guerras. Era comum ver dois clãs emergentes se afogarem em sangue, já que os pequenos oásis eram pedaços gordos de carne que qualquer clã desejaria ter para prosperar. Independentemente de qual lado vencesse, o vencedor teria grandes baixas e precisaria de muito tempo para se recuperar.

Durante esse período de recuperação, os grandes clãs conseguiriam convencer facilmente os pequenos clãs a trabalharem para eles como Cães de Guarda, seja por suborno ou coerção. Era particularmente fácil persuadir aqueles que achavam que essa situação era apenas temporária e que uma hora ou outra iriam desafiar um clã maior para outro duelo. Praticamente, no final, nenhum deles conseguia entrar na Cidade da Areia de Ferro.

Porque normalmente, antes disso acontecer, novos Desafiantes surgiriam e atacariam os velhos Cães de Guarda.

Dessa forma, os grandes clãs conseguiriam manter uma posição relativamente segura sem serem consumidos pela guerra.

Atualmente, já que o Clã Chicote de Ferro havia subido para o quarto lugar na classificação, nenhum novo Clã Desafiante os procuraria para um Duelo Sagrado. Foi por isso que a mudança de dono do pequeno oásis não havia alarmado Rubaka.

Mas o aparecimento dos nortenhos havia mudado toda a história.

A Rainha da Água Clara, por exemplo, havia criado um grande tumulto na Cidade da Areia de Ferro. Muitas pessoas desejavam a terra verdejante do norte e estariam dispostas a se tornarem escravos ou mercenários para viver lá. Naquela época, a saída de dois Clãs Desafiantes deixou dois pequenos oásis sem donos, e isso atraiu muitas pessoas que queriam governar essas terras para iniciar Duelos Sagrados. Foi o caos criado por essa desordem temporária que fez o clã de Rubaka se tornar o quarto maior de todos.

O que eles estão planejando desta vez?

— Fique de olho nesse pessoal e procure saber de tudo o que aconteceu. — Rubaka deu a ordem. — Esses nortenhos vieram de qual cidade? Eles estão em quantos? Quais as armas que eles usam? O que eles querem? Eu quero saber de tudo isso!

— Sim, Sr. Líder.

Talvez fosse a hora de discutir esse assunto com os outros grandes clãs.

A regra do Extremo Sul era de que nenhum forasteiro deveria se intrometer nos assuntos da Nação da Areia!

Entretanto, Rubaka Chicote-Sangrento recebeu uma notícia incrível à tarde.

— O que você disse? Clã Bravareia?

— Foi o que disseram. As bandeiras do antigo Clã Uivante foram todas substituídas pelas do Clã Bravareia. Eu também vi a Princesa do Clã Bravareia, que foi vendida como escrava. Ela agora é uma Dama Divina e comanda o clã. Todos a obedecem.

Como… isso é possível?

Rubaka sabia um pouco sobre os reinos do norte. Uma Dama Divina era vista como a representação do mal no Reino de Castelo Cinza. Lá, o status social das Damas Divinas era menor que o das escravas da Nação da Areia. Ele se perguntava como a Princesa do Clã Bravareia havia obtido o apoio dos nortenhos e retornado ao Extremo Sul para buscar vingança.

Rubaka achava isso louco e preocupante ao mesmo tempo.

Os Mojins viviam no deserto não porque eles gostavam, mas porque não tinham a força para confrontar o Reino de Castelo Cinza. Se o Clã Bravareia, apoiado pelos nortenhos, planejasse travar uma guerra contra a Cidade da Areia de Ferro, todos os clãs teriam que se juntar para lutar. Mas se o único propósito do Clã Bravareia fosse eliminar o Clã Chicote de Ferro, os outros clãs iriam ajudar?

A resposta era óbvia.

Droga!

Rubaka arremessou o copo de vidro no chão.

— Se você quer vingar seu pai através de um Duelo Sagrado, então venha! Eu estou aqui te esperando! — Rubaka disse para si mesmo. — Os nortenhos podem até ter espadas melhores ou estarem em maior número, mas quando se trata de duelo, o povo da Nação da Areia é imbatível! Eu vou fazer você sentir o sabor do desespero!

Foi neste momento que outro subalterno entrou no salão.

— Sr. Líder. O Clã Bravareia enviou um presente para nós.

— O quê? — Rubaka sentiu sua cabeça pulsar. — Um presente?

— Sim. Está lá fora.

— Me leve até lá. — Ele rangeu os dentes.

Era uma caixa grande de madeira, tão alta quanto uma pessoa adulta, e um pouco larga. Olhando por fora, a caixa parecia normal. Ela era feita de tábuas de madeira, e tinha pregos batidos em cada canto.

— Onde estão as pessoas que trouxeram isso? — Rubaka perguntou.

— Na verdade, quem trouxe foi apenas uma pessoa, senhor. E essa pessoa já foi embora.

— Só… uma pessoa? — Ele ergueu as sobrancelhas e chutou a caixa de madeira. A caixa caiu facilmente no chão, produzindo pequenos barulhos. Obviamente, havia algo dentro da caixa. E a julgar pelo peso, essa coisa parecia ser muito leve, quase como se a caixa estivesse vazia.

Rubaka se perguntou se havia membros decepados dentro da caixa. Fora isso, ele não conseguia pensar em mais nada que poderia haver lá dentro.

Rubaka comandou friamente:

— Leve essa caixa para o Castelo de Pedra. Vamos ver o que eles estão tramando.