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God of Crime  – Capítulo  111

Rebelião (3)

Logo após o café da manhã. Não demorou muito para os guardas perceberem que havia algo de errado.

— Esses merdas ficaram loucos!

Mesmo durante o período em que os prisioneiros deveriam estar trabalhando, alguns estavam se reunindo. Um guarda novato riu e disse:

— Eles estão descansando depois de comer?

— Vamos colocar todos em uma solitária. Vamos ver se continuarão cansados.

— Entendido, Sunbae-nim.

O guarda novato estava estranhamente confiante logo depois de chegar ao emprego. Ele se sentia como um herói subjugando criminosos. Ele sacudiu o cassetete enquanto ia para uma cela.

— Número 304! O que você está fazendo? Vá trabalhar!

O homem que estava sentado no vaso levantou a cabeça. O rosto dele deixava evidente a dor que estava sentindo. O número 304 gemeu e disse:

— Guarda-nim. Sinto muito, mas m-meu estômago…

— Ah, o que é esse cheiro? Termine e saia.

— Certo.

A cela ao lado estava em uma situação semelhante. Não, uma ainda pior.

— T-termine logo! Eu não quero ver isso.

— Eu ainda tô cagando. Não vou parar pela metade.

— F-foda-se, está vazando…

— Saia daqui!

Algo estava errado. A mesma coisa estava acontecendo na maioria das celas. Em um quarto, uma pessoa não tinha conseguido chegar ao banheiro a tempo…

— Número 411! Ya, hey!

O guarda novato ficou assustado, já que o prisioneiro não reagiu. No final, ele destrancou a porta da cela e entrou.

“…”

O número 411 estava desmaiado na cama, quase morto. A cama estava cheia de vômito e merda.

— Dores no estômago… náusea, diarreia… Isso é intoxicação alimentar!

Além disso, parecia que estava afetando muitos presos.

— Precisamos informar o diretor!

O guarda novato percebeu que precisaria correr para contar ao diretor antes que a situação se tornasse pior. Depois de uma hora, o diretor e os guardas se reuniram para outra reunião de emergência.


— Comida estragada?

O rosto do diretor ficou feio após ouvir o relatório dos guardas.

Há alguns dias, a linha de logística da prisão sofreu com problemas, mas ainda havia um navio que poderia ser usado. Também tinham ingredientes armazenados em um depósito. No entanto, o depósito estava sofrendo com uma infestação de bactérias, que estavam causando intoxicação alimentar.

Mesmo assim, o diretor não poderia entrar em pânico. Depois de uma semana, ele poderia coletar todo o dinheiro das drogas. Se as pessoas de fora entrassem na prisão, então ele teria que tirar tudo. Ele queria evitar isso, não importava o quê.

— Não tivemos boas colheitas recentemente, então a produção está diminuindo… Se não conseguirmos colher logo…

Apenas imaginar a situação já era terrível. O diretor enviou instruções para os guardas:

— Vão para o depósito e detectem as bactérias nos alimentos, eliminem todas! Nós compramos bactericidas para situações assim.

— Sim! Entendido.

Alguns dos guardas se apressaram para sair. Em uma situação assim, muito tempo seria necessário para fazer uma vistoria completa.

— Eu preciso separar os suprimentos restantes o mais rápido possível. Droga, além disso, o orçamento…

Naquele momento, um dos secretários da penitenciária levantou a mão.

— Diretor-nim… Eu ia te dizer hoje, mas o motor do navio reserva também está quebrado.

— O-o que?

O diretor ficou tonto. Levaria pelo menos uma semana para terminar de arrumar o primeiro navio. No entanto, se ele pedisse ajuda externa, então estaria em risco.

— Droga. Eu espero que tenhamos muita comida limpa.

O diretor se sentou e esperou que a investigação terminasse. Más notícias chegavam constantemente.

— Diretor-nim! Não temos mais espaço na enfermaria. Temos mais de cinquenta pacientes.

— Até mesmo os guardas estão doentes. A prisão inteira está com problemas.

— Diretor-nim…!

— Dire…

A última esperança era de que as bactérias não tivessem se espalhado demais.

Uma hora se passou. Eventualmente, a equipe responsável pela investigação retornou.

— Felizmente, nem todo o suprimento de comida foi contaminado.

— S-sério? Que bom… Quanto ainda temos?

— Trinta… Não, temos torno de vinte por cento do estoque total. Não temos o suficiente nem para os guardas.

— Ha!

O diretor desabou sobre a cadeira ao perceber que estava em uma situação alarmante. Era pior do que o esperado.

— O que devo fazer…

No entanto, ele não conseguiu pensar em nada.


Tae Hyuk foi até um quiosque de comida.

Comidas simples estavam à venda, como salsichas, atum enlatado e coxas de frango defumadas. Ele gostaria de comprar tudo, mas seria suspeito se fizesse isso. No final, ele comprou apenas o suficiente para guardar em uma pequena caixa de doces.

— Que tipo de banquete é esse?

O Trabalhador que estava no quiosque de alimentos perguntou com uma expressão curiosa. Tae Hyuk apenas sorriu ao invés de responder. Isso seria o suficiente para ele comer sozinho por uma semana.

Os guardas estavam distraídos pela epidemia de intoxicações alimentares dentro da penitenciária.

— Eles nem sequer perceberiam se eu tentasse fugir agora.

Tae Hyuk murmurou enquanto colocava uma salsicha na boca. Desde que colocou as bactérias na comida, ele não tinha comido nada que não fosse enlatado.

Quando voltou para a cela, encontrou Yoo Cheol Ho gemendo na cama. Ele tinha tentado usar o banheiro pela noite toda, mas não pareceu adiantar muito.

Kuook…

Yoo Cheol Ho apertava a barriga enquanto gemia. Tinham tantos pacientes na enfermaria que ele teve de ficar na cela. Ele tomou alguns remédios e colocaram um soro nele. Para evitar a desidratação, seria necessário continuar tomando esse soro, que era a base de água salgada.

— Água, me dê água…

Tae Hyuk sorriu e pegou um balde que estava em uma mesa ao lado de Yoo Cheol Ho. Seu colega de cela acabou sofrendo por causa de suas ações.

— Você quer comida?

— Me dê isso…

Yoo Cheol Ho pegou o balde, com as mãos trêmulas, e engoliu em seco. Mas mesmo assim, ainda estava vazando saliva por entre seus lábios.

— Droga… esses desgraçados deviam cozinhar a comida direito.

Yoo Cheol Ho gemia enquanto estava na cama. Tae Hyuk escondeu a comida que tinha comprado debaixo dos lençóis e, então, comeu mais uma salsicha enquanto observava a movimentação dos guardas.


Uma vez que alguém passasse por uma intoxicação alimentar, essa pessoa teria de beber muita água, para evitar a desidratação. Se tomassem os antibióticos corretos, então o tratamento seria feito em poucos dias.

— Certifique-se de tomar os antibióticos meia hora depois de comer. Beba pelo menos dois litros de água por dia durante três dias.

— Ah, obrigado.

Os pacientes na enfermaria terminaram o tratamento e começaram a voltar para seus quartos. Parecia que o incidente já estava sob controle.

Mas o principal problema estava na sala de jantar. Mingau de arroz branco já tinha se repetido no cardápio por duas vezes, isso não era suficiente para encher o estômago de ninguém. Um dos presos falou depois de receber a comida:

— O que é isso? Estamos em Auschwitz¹? Por que temos de comer isso?

O Trabalhador responsável pela distribuição de alimentos respondeu:

— Este é o comando do diretor. Desde que todos ficaram doentes, com uma intoxicação alimentar, ele ordenou que servíssemos mingau. Apenas coma.

— Porra, aquilo era intoxicação alimentar?

Um guarda que estava assistindo correu e agarrou o preso pelo colarinho.

— Afaste-se agora, número 974! Eu não disse que você iria para a solitária se desse trabalho mais uma vez?

Então, o número 974 disse ao guarda:

— Ah, isso não é exagero? Não vou comer isso.

— Coma. Essa é uma comida que foi paga com o imposto das pessoas que fazem coisas corretas.

“…”

— Que merda de cara é essa?

— Nada.

O número 974 sorriu antes de ir se sentar. É claro que ele não era o único reclamando. Não havia necessidade de usar uma colher, eles apenas precisavam inclinar os pratos e levá-los até a boca.

— Isso é pouco. Porra, eu vou pegar algo em algum quiosque.

Os detentos começaram a se reunir para comprar comida. Embora fosse caro, eles não poderiam sobreviver apenas à base de mingau de arroz. O número 974 entrou na fila de compra. Ele seria capaz de comprar um pouco depois da hora do almoço.

— O que? Acabou tudo!

A comida decente desapareceu, como se tivesse acontecido uma invasão de gafanhotos. Sobraram apenas algumas coisas, como óleo de gergelim e molho de pimenta. O número 974 perguntou ao Trabalhador responsável pela loja:

— Quando vai chegar mais coisa?

— Eu não sei. Pelo menos uma semana.

— Merda… Não vai ter nada por esse tempo todo?

O Trabalhador pegou uma lata de salsichas e uma coxa de galinha que estavam escondidas debaixo do balcão.

— Eu vou te dar isso. Não conte para ninguém.

— Certo. Vou aproveitar.

O número 974 saiu enquanto pensava que tinha se tornado amigo do Trabalhador. Depois de um ou dois dias, o desespero provavelmente acabaria.

Ele riu do pensamento.


Outro dia passou.

No entanto, as refeições ainda não tinham voltado ao normal. Os detentos estavam comendo coisas como anpan². Claro, a maioria deles estava segurando a barriga enquanto gemiam de fome.

— O que é isso? Completamente sem sentido.

— Eu ouvi alguém falando que os guardas ainda estão comendo muito bem.

— Merda. O que pensam que nós somos?

Eles estavam confinados em uma prisão e não tinham nada para aliviar o estresse acumulado. Depois de alguns dias passando fome, a raiva de todos estava para explodir.

— Hey, esse cheiro no seu corpo não é de salsicha?

— Que merda você tá falando?

— Não, eu tenho certeza disso. Você comeu escondido?

Os sentidos dos prisioneiros estavam mais afiados. Pouco a pouco eles começaram a dar mais trabalho para os guardas.

Tae Hyuk estava assistindo tudo e percebeu que já estava quase na hora de colocar o próximo passo do plano em ação. Os prisioneiros agora eram bombas perto de explodir. No entanto, não poderiam fazer nada contra guardas armados.

“Eu preciso de algo grande para criar uma rebelião, isso só pode ser feito por uma pessoa.”

Tae Hyuk olhou para os lado e encontrou uma pessoa, sentada perto dele.

— A comida está uma delícia.

— Dá para comer.

Kim Tae Sung sorriu ao encarar Tae Hyuk. No entanto, não havia nenhuma emoção em seu olhar. Era como se ele tivesse passado a ignorar todas as coisas mundanas.

— Bomber Kim Tae Sung…

Tae Hyuk disse calmamente o apelido da outra pessoa. As mãos do Bomber começaram a tremer.

— Você sabe meu apelido.

— Com certeza.

— Minha identidade está classificada como uma de primeira classe, ultrassecreta.

Tae Hyuk sorriu.

Muitas pessoas não sabiam que o Bomber estava confinado na Penitenciária Dragão Azure. Ele era um homem que poderia fazer uma bomba para mandar um prédio pelos ares. Havia uma chance de ser recrutado por alguma organização criminosa, podendo resultar em terrorismo.

O homem que esmagou o Grupo Taesung³ com apenas uma bomba olhou para Tae Hyuk, com os olhos vidrados.

— Eu vou direto ao ponto. Kim Tae Sung, eu quero que você faça uma coisa.

O Deus do Crime estava tendo uma reunião com o Bomber.


Notas:

1 – O principal campo de concentração para extermínio de judeus durante a Segunda Grande Guerra;

2 – Um pão normalmente recheado com feijão. É um doce;

3 – Para quem não lembra, o Grupo Taesung era dono do Aquário Atlantis. O presidente do grupo era o homem com máscara de leão no Circo da Morte.

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