Mais tarde naquela noite, Eugene foi convocado para ver Gilead. Normalmente, por volta dessa hora, ele estaria fazendo algum treinamento para ajudar a digerir seu jantar. Felizmente, o convite tinha chegado com aviso suficiente de que não havia necessidade de ele ir para a mansão principal fedendo a suor como da última vez.
Eugene havia tomado banho e vestido algumas roupas formais enquanto Nina o estava apressando. Quando terminou e saiu do anexo, descobriu que todos os criados já estavam esperando lá fora.
— Olá!
Eles estavam todos do lado de fora por causa do homem que tinha acabado de cumprimentar Eugene animado. Ele era Gion Lionheart, Irmão mais novo do Patriarca Gilead Lionheart. Gion era conhecido por ser um rapaz excêntrico que tinha escolhido acompanhar Gilead em seu treinamento e, mesmo com sua idade, ainda não havia se casado.
— M-mestre Gion! — Nina gritou surpresa antes de curvar.
Seguindo o exemplo, Eugene também baixou a cabeça, embora tenha olhado para Gion para vê-lo. Se Gion tivesse se casado na idade costumeira, ele poderia já ter tido um filho tão velho quanto Eugene, mas o homem ainda parecia incrivelmente jovem para sua verdadeira idade.
Entretanto, seus cabelos grisalhos, que poderiam ser chamados de marca registrada da linhagem Lionheart, deram a ele uma atmosfera madura, apesar de seu rosto jovem. Isto se deveu em grande parte à cor de seu cabelo, que parecia quase branco à primeira vista.
“Vermouth também tinha o mesmo tipo de cabelo”.
Embora, ao contrário de Gion, as expressões de Vermouth sempre foram tão sombrias quanto o seu cabelo.
Parecia que Eugene não podia escapar de seu laço sanguíneo de Vermouth, não importava como, mesmo sendo de uma linha colateral, o cabelo de Eugene também tinha listras cinza.
— Muito prazer. Eu sou Eugene Lionheart — ele mesmo se apresentou.
— Claro, eu sei quem você é. A verdade é que me chamou a atenção desde que nos encontramos pela primeira vez no nosso retorno à propriedade — revelou Gion.
— Hã ?
— É porque você se desfez do cheiro de suor. Ah, não que tenha sido uma coisa ruim. Qualquer um que leva o nome de Lionheart deve sempre cheirar pelo menos um pouco de suor — brincou Gion com uma risada, revelando seus dentes brancos perolados. Ele bateu no ombro de Eugene enquanto continuava falando: — Além disso, acontece que ouvi falar muito de você… Ah, espere aí! Será estranho se ficarmos conversando assim, então vamos andando antes de continuar.
— Então você está aqui para me levar até o Patriarca? — perguntou Eugene.
— Isso mesmo. Meu irmão queria enviar um de seus cavaleiros, mas eu lhe disse que eu viria pessoalmente. Eu realmente queria vê-lo por mim mesmo — riu Gion mais uma vez enquanto ele se virava e partia.
À medida que ele se afastava rapidamente, seu andar provou ser tão animado quanto o som de suas gargalhadas. Depois de dar um adeus à Nina, Eugene começou a acompanhar Gion.
— Você disse que queria me ver pessoalmente? — Eugene perguntou educadamente.
— Foi o que eu disse, e falei a sério. Afinal, você derrotou Cyan em um duelo… e eu ouvi dizer que até ganhou a Cerimônia de Continuação da Linhagem? — Gion virou a cabeça para trás para olhar para Eugene como se estivesse esperando por uma resposta: — Eu também queria ver a Cerimônia de Continuação da Linhagem pessoalmente, mas é tradição que ninguém, exceto o Patriarca, tenha autorização para assisti-la. Bem, o Mestre Lovellian também esteve acompanhando ao lado de meu irmão este ano, mas isso é só porque Lovellian ajudou a organizar a Cerimônia de Continuação da Linhagem deste ano….
— Existe realmente uma tradição assim?
— Estranho, não é? Mas é uma tradição. Bom, acho que você poderia chamá-la de parte dos privilégios do Patriarca. Como o fato de só o Patriarca da família principal poder entrar no cofre do tesouro. Da mesma forma, somente ao Patriarca é permitido divertir-se assistindo à Cerimônia de Continuação da Linhagem — Gion resmungou, apenas para bater nos lábios, arrependido de ter dito demais: — Ah, eu sei que pode parecer, mas eu não estou realmente reclamando do meu irmão, sabe? É que as tradições são… Mas se eu disser assim, parece que estou reclamando das regras da família.
— Eu não me importo se você o fizer — disse Eugene, consensualmente.
Gion sorriu e revelou: — Meu irmão na verdade também não se importa quando eu reclamo dele.
Embora eles não estivessem conversando há muito tempo, Eugene tinha uma ideia aproximada de como era a personalidade verdadeira de Gion. Sua atitude parecia exalar uma sensação de liberdade de expressão. Foi provavelmente devido ao seu temperamento que ele havia decidido não se casar ainda.
— Sobre Winith — disse Gion ao deixar de caminhar à frente de Eugene; em vez disso, ele diminuiu seu ritmo para caminhar ao lado de Eugene: — Embora nunca a tenha usado antes, sei que é uma boa espada. Não se esqueça de cuidar dela.
— Há alguma razão para você nunca ter tentado usá-la antes? — perguntou Eugene.
— Na verdade não, é que eu gosto muito da minha espada atual — Gion sorriu e apontou para a espada que ele usava na cintura.
Não era uma das muitas espadas do Vermouth.
— Não parece legal? É uma espada que encontrei há muito tempo enquanto viajava pelo mundo, acho que porque a consegui com muito esforço, me apeguei a ela”.
— É uma espada mágica também?
— Sim, mas sua magia não é assim tão impressionante. Não se pode comparar ao seu Winith. Bem, se eu tivesse que explicar, sua magia me permite absorver a mana um pouco mais suavemente, ou algo assim…
Apesar das afirmações de Gion, tal efeito não era algo a ser subestimado. Embora não tenha parecido extraordinário à primeira vista, Eugene adivinhou que a espada poderia até ter sido feita pelos anões.
Gion mudou o assunto: — Então, o que achou do labirinto? Embora eu tenha ouvido algumas coisas de Cyan e Ciel, eu gostaria de ouvir sua perspectiva, pois você poderia ter uma visão diferente.
— Foi realmente fascinante — Eugene opinou.
— Então, parece que você não achou difícil — observou Gion, enquanto dava gargalhadas: — Você realmente teve que enfrentar tanto armadilhas quanto monstros, depois trolls a caminho do centro, e finalmente um minotauro esperando no final? Isso é demais para as crianças lidarem. Nem mesmo Cyan e Ciel tentaram lutar com os trolls de frente. Quanto ao minotauro…. Meu irmão e Lovellian estavam sendo realmente um pouco maldosos.
— O Cyan está bem?
— Seu corpo está bem, mas sua mente é um assunto mais complexo. Afinal de contas, não é como se pudéssemos abri-lo e dar uma olhada no interior, não é mesmo? Bem, Cyan só está levando a derrota a sério porque ainda é imaturo. Mas é melhor para ele experimentar tais frustrações em uma idade jovem. Quando ele ficar um pouco mais velho, será mais difícil superar os contratempos — Gion estalou a boca e virou-se para olhar para Eugene: — Quanto a mim, na verdade estou me sentindo um pouco grato a você. Graças a você, a arrogância de Cyan foi um pouco amenizada.
— …Mas Cyan não estava apenas falando mal de mim para você?
— Claro que ele estava. Ele até te espiou de longe e te chamou de filho da puta.
— É covarde insultar alguém nas suas costas.
— Eu também penso assim, por isso lhe dei uma boa palmada — Sorrindo novamente, Gion mostrou novamente seus dentes brancos perolados: — Eu já me resolvi com ele, não se envolva numa briga desnecessária com o Cyan depois, ok?
— Desde que ele não se meta comigo.
— É uma pena. Se ele pudesse ser espancado mais algumas vezes por ser rude, então Cyan poderia ser capaz de corrigir seus maus hábitos enquanto melhora suas habilidades ao mesmo tempo.
— Mas você não acabou de dizer que eu não deveria lutar com ele?
— Mmm, você está certo. Bem, então eu lhe darei permissão para lutar com ele sempre que quiser. Isto é, desde que você não o machuque muito.
Enquanto discutiam esse assunto, eles chegaram à mansão principal. Gion acenou casualmente para os criados e conduziu Eugene até o andar de cima.
— Mas por que o Patriarca está me chamando? — Eugene finalmente perguntou.
— Talvez para lhe dar os parabéns? — Gion adivinhou.
— Recebi seus elogios mais cedo.
— Não importa quantas vezes já os tenha ouvido, não é como se você não pudesse receber mais.
— Parece que o Sr.Gion também não sabe a razão.
— Bem, não é como se eu não tivesse nenhuma pista… mas não é algo para ficar todo nervoso — Embora tenha a ver com você e seu futuro.
Quando chegaram ao topo das escadas, desceram por um longo corredor. Como esta foi sua primeira visita à mansão principal, Eugene olhou em volta com curiosidade.
— Entretanto —disse Gion, parando de repente; à frente deles estava uma porta grande e bem fechada: — Eu acho que seria bom se pudéssemos nos ver mais vezes.
Gion se virou para olhar para Eugene com um leve sorriso enquanto dizia isto.
—Eu também —concordou Eugene, não tendo tido uma má impressão do homem. Eugene decidiu devolver o sorriso para mostrar sua sinceridade.
Gion voltou-se a frente, sua expressão tornou-se neutra, e bateu à porta.
— Entre — a voz de Gilead foi ouvida de dentro.
Depois de abrir a porta para Eugene, Gion deu alguns passos atrás. Então ele piscou o olho para Eugene e o empurrou para dentro.
“Embora sua personalidade seja boa, ele é um pouco arrogante”.
Com uma leve sensação de nervosismo, Eugene entrou na sala. A espaçosa sala havia sido mobiliada para o escritório pessoal do Patriarca.
— Desculpe tê-lo chamado tão repentinamente —Gilead começou com um pedido de desculpas.
— Está tudo bem — respondeu Eugene, curvando a cabeça.
Gilead sorriu e apontou para a área de assento dos visitantes: — Por enquanto, por que você não se senta.
Alguns refrescos haviam sido preparados para ele em uma mesa de café. Entretanto, Eugene não pôs a mão em nenhum dos biscoitos ou chá e, em vez disso, olhou fixamente para Gilead. Embora tenha sido rude, seu comportamento ainda estava na faixa aceitável para uma criança.
— Sobre o colar — disse Gilead, não se ofendendo com a atitude de Eugene; em vez disso, ele sentiu que o ar arrogante de Eugene era na verdade meio engraçado. A primeira impressão de alguém vai distorcer para sempre a maneira como essa pessoa é vista, e Gilead tinha tido uma boa impressão de Eugene.
— Pedi ao Mestre Lovellian para examiná-lo, mas acabou sendo apenas um colar comum — continuou Gilead.
— Então foi assim — Eugene fingiu ignorância.
— Ele até leu as primeiras memórias registradas na mana do colar, mas nada de especial foi encontrado.
“Eles até leram as lembranças da mana?”, Por um momento, Eugene quase revelou seu pânico antes de esconder rapidamente a emoção. “Oh sim, tinha um feitiço assim, não”?
Mas apesar de terem usado um dos feitiços de Sienna, eles não tinham encontrado nada de especial no colar? Com estas palavras, Eugene não podia deixar de sentir vergonha em nome de sua vida anterior como Hamel.
— …Há memórias gravadas no colar? — perguntou Eugene, tentando não soar muito magoado.
— Hm… como devo explicar isso? Para simplificar, Mestre Lovellian usou um feitiço para ler a história de onde o colar tinha vindo. Ele disse que o colar foi comprado nas ruas da capital há cerca de cem anos — relatou Gilead antes de entregar o colar a Eugene.
Depois de receber o colar, Eugene o verificou cuidadosamente. Não, não houve nenhum engano a respeito. Este era definitivamente o colar que Hamel havia usado há trezentos anos, a lembrança deixada por seus pais. Não havia como ele confundir um colar que ele usava constantemente durante suas viagens há mais de vinte anos. Tanto a descoloração na corrente quanto os arranhões no cristal barato pendurado na frente eram exatamente os mesmos que em suas lembranças.
— Em primeiro lugar, quem seria tão louco para vender um colar velho como este em uma barraca à beira da estrada?
Tal colar só poderia ser vendido se o vendedor estivesse louco e o comprador estivesse ainda mais louco.
“Lovellian poderia estar mentindo, mas… não há razão para que ele o faça. Será que ele realmente poderia ter lido errado? Um Arquebruxo que atualmente serve como Chefe de uma Torre Mágica”?
Se esse não fosse o caso, então….
“Isso significaria que um feitiço que pode até enganar o Chefe de uma Torre de Magia foi lançado no colar… criando uma camada de novas memórias na mana. Mas quem na terra teria feito isso? Poderia ter sido o Vermouth?”
Mas que razão teria aquele cara para fazer algo assim?
Não era raro que alguém tivesse tirado uma lembrança de seu companheiro morto para celebrá-la e guardá-la em seu cofre. Vermouth não parecia ser o tipo para tais frivolidades, mas, mais uma vez, Eugene nunca tinha esperado que Vermouth tivesse mais de dez esposas depois de voltar do Reino dos Demônios também.
“Mas se eles realmente quisessem me celebrar, eles deveriam ter acabado de matar todos os Reis Demoníacos”.
“Se eles não puderam fazer isso, então, no mínimo, deveriam ter registrado corretamente o colar no cofre do tesouro.”, Enquanto sentia uma mistura complexa de insatisfação e dúvida, Eugene acenou com a cabeça para mostrar que compreendia.
— …Então, está tudo bem eu levar o colar?
— O colar é completamente inútil. Tem certeza de que ainda o quer?
—Por alguma razão, ele me chama a atenção.
— Hm. Bem, suponho que há momentos em que os itens fazem isso.
As crianças eram frequentemente atraídas por coisas estranhas. Até mesmo Gilead costumava colecionar moedas velhas quando era criança.
— Você sempre gostou de tais antiguidades? — Gilead perguntou curiosamente.
Eugene preveniu: — Eu não as odeio, mas acho este colar estranhamente fascinante.
— Bem, se você realmente o quer, pode ficar com ele.
— Muito obrigado.
Com um sorriso, Eugene imediatamente pendurou o colar em volta do pescoço antes de olhar de volta para Gilead. Quando Gilead foi pego olhando fixamente para Eugene, ele tossiu e se levantou de seu assento.
— …Eugene. Eu o chamei aqui para lhe dar o colar, mas… havia mais uma razão também”.
— Qual seria a razão, senhor?
Em vez de responder imediatamente, Gilead caminhou e sentou na cadeira em frente a Eugene. Então ele pegou uma xícara de chá e começou a mexer como se estivesse tentando organizar seus pensamentos.
— …Isto pode parecer repentino, mas tenho uma oferta para você. Não é nada desagradável e, de fato, esta oferta é para o bem do seu futuro.
“De jeito nenhum”, pensou Eugene, suas sobrancelhas tremendo de frustração ao ritmo acelerado das palavras de Gilead.
Uma oferta a respeito de seu futuro? Em tais situações, para que uma oferta fosse formulada dessa forma, havia apenas algumas opções do que poderia ser.
— Eugene, você…
— Senhor Patriarca —Eugene o interrompeu.
Gilead parou no meio da frase e inclinou sua cabeça em curiosidade: — Hm?Eugene continuou, “Ciel é gentil e bonita, mas não quero começar a pensar em casamento tão cedo”.
Eugene estava certo de que se tratava de envolvê-lo com Ciel. Se ele pensasse sobre isso, as coisas tinham parecido um pouco estranhas desde o início. Mesmo depois que Eugene deixou seu irmão gêmeo em tal estado, Ciel ainda vinha procurá-lo no dia seguinte com um sorriso no rosto; e desde então, ela vinha se agarrando a ele como um carrapato irritante.
Além disso, antes da Cerimônia de Continuação da Linhagem de Sangue, Ciel tinha agido de forma tão abertamente amigável com Eugene que o fez se sentir incomodado. E ela não parava de dizer disparates sobre como ele deveria chamá-la de “irmanzona”, só porque ela era alguns meses mais velha do que ele.
Eu me perguntava por que ela continuava falando disso, então ela já estava tentando me colocar no meu lugar como seu futuro esposo.
Foi definitivamente isso. E o que se passava com ela no labirinto? Na verdade, ela havia dado risadas enquanto via seu irmão ser espancado pelo minotauro.
“Ela também estava sentada ao meu lado naquela época”.
Parecia que também houve momentos em que Ciel sutilmente impediu que Dezra se aproximasse dela.
Recordando todas as vezes que ele se encontrou com Ciel desde que chegou à propriedade principal, Eugene se sentiu cada vez mais seguro de suas suspeitas. Pode não ter sido planejado dessa forma desde o início, mas depois que os gêmeos se aproximaram para lutar, eles devem ter decidido coloca-lo em um casamento arranjado ao verem o resultado de seu duelo.
“Não é de se admirar. Por isso, ele estava disposto a me dar uma arma do cofre do tesouro deles. Eles pretendem me amarrar à família principal, casando-me com Ciel”.
Como eles poderiam ter inventado um esquema tão terrível enquanto ainda o tratavam externamente com tanta cortesia? Se fosse para atingir seu propósito, será que eles estavam dispostos a sacrificar o futuro de sua filha? Para poder esconder suas más intenções a tal ponto, como se esperava dos descendentes de Vermouth.
“Não, nem mesmo Vermouth desceria tão baixo”.
Dentro da cabeça de Eugene, a imagem de Gilead passou por uma rápida transformação.
Eugene continuou tentando se desculpar: “Afinal, sou muito jovem para sequer pensar em casamento. E mesmo que meu pai permita, eu não quero me casar com Ciel…”.
“Espere”, Gilead, que havia escutado o discurso de Eugene em estado de choque, levantou de repente a mão. “Eugene, eu acho que você pode estar entendendo algo errado”.
“Huh?”
“Eu não te chamei aqui com a intenção de te casar com Ciel. Isso é… hmm… bem, isso é algo para Ciel decidir. Mas é claro, sua opinião também é importante”.
Na verdade, ele achou que era uma boa idéia, mas Gilead não tinha a mínima intenção de forçar nenhum deles a um casamento arranjado.
“…Isso é… então?” Eugene sufocou estas palavras enquanto sentia seu rosto arder em chamas de vergonha.
Desta vez, parecia que ele realmente havia colocado o pé na boca.
“Eu o chamei aqui porque queria me oferecer para adotá-lo”.
“…hein?”
Eugene pensou que já havia sido surpreendido antes, mas o que Gilead sugeriu foi ainda mais chocante.
“Então, eles tinham esse método à sua disposição”.
Eugene entendeu o raciocínio deles para sua oferta de adoção, mas, ao mesmo tempo, ele queria saltar pela janela de vergonha. Ele queria arrancar sua própria boca por admitir que não queria se casar com uma criança de treze anos. Não, mais do que isso, ele queria esmagar sua própria cabeça por pensar que estava prestes a se casar com uma garota de treze anos de idade.
“Devia estar louco”.
Depois de ter que agir como uma criança, parecia que sua mente tinha de alguma forma se tornado como a de uma criança.
“…Uma adoção… uh… isto é tudo muito repentino…”, Eugene murmurou distraidamente.
“Mas não tão de repente como um noivado, certo?” Gilead provocou com um sorriso.
“Sinto muito pelo equívoco”.
“Mas você realmente odeia a ideia de se casar com Ciel? Pela maneira como você fala dela, não parece que você seja completamente contra a ideia….”.
“Não, eu odeio isso”.
“Hm….” Gilead colocou uma expressão desapontada, mas logo passou e continuou falando. “…Deixando essa conversa de noivado de lado, o que você acha de ser adotado?”
Eugene hesitou: “Mas… meu pai está me esperando em Gidol”.
“Se você desejar, convidarei Gerhard para ficar também na propriedade principal”.
“Então eu terei dois pais?”
“É isso mesmo. Mas seu pai biológico é, e sempre será, Gerhard”.
“Então não tenho certeza de qual é o objetivo de eu ser adotado”.
“Não há necessidade de pensar muito sobre isso”, Gilead sorriu levemente enquanto pegava sua xícara de chá. “É apenas para trazer sua família para o mesmo rebanho que a família principal. Embora nominalmente, eu seja seu pai adotivo, isso não significa que você precise me tratar como seu pai verdadeiro. É claro, isso é apenas se você concordar com a adoção”.
“Sinto que isso incomodaria muito meu pai”, admitiu Eugene.
“Provavelmente terá muita coisa para acertar com Gerhard, mas Eugene, eu também sou pai de três filhos. Eu não estou tentando roubar o filho de Gerhard “.
“…Hm….”
“Embora eu nunca tenha conhecido Gerhard, prometo respeitá-lo como se ele fosse meu irmão mais velho”.
Eugene franziu a sobrancelha: “Isso significa que, se eu recusar, o Patriarca não mostrará respeito a meu pai?”
“De jeito nenhum”, Gilead desatou a rir de uma pergunta tão ousada. “Embora eu tenha vergonha de dizer isto em voz alta, não sou uma pessoa tão infantil”. Por isso, se você se recusar… Vou apenas… sentir um pouco de arrependimento”. Isso é tudo. É claro que respeitarei sua escolha e lhe desejarei a melhor das sortes com seu futuro. Entretanto… espero realmente permitir que seu futuro brilhe como parte da família principal”.
“…não creio que esta seja uma questão que eu deva decidir sozinho”, por enquanto, Eugene decidiu adiar a tomada de uma decisão.
Enquanto no final, caberia a Eugene decidir se aceita ou não a proposta, ele ainda queria ouvir a opinião de seu pai, Gerhard.
“Se este é o caso, então vamos deixar pra conversar mais após o banquete”, decidiu Gilead.
O banquete originalmente tinha como objetivo celebrar o final da Cerimônia de Continuação da Linhagem de Sangue e estava programado para a noite seguinte.
“Vou enviar mensageiros para Gidol e dizer-lhes que escoltem respeitosamente seu pai até lá”, disse Gilead.
“Sou grato pela consideração do Patriarca, mas também me sinto um pouco culpado pelo inconveniente”, confessou Eugene.
“Não diga isso. Você não me deve nada. Você provou ser a criança mais destacada na Cerimônia de Continuação da Linhagem de Sangue deste ano. Seria um caso triste se seu pai não pudesse estar com seu filho durante seu momento de celebração e glória”.
“Muito obrigado”.
Sem mostrar mais hesitações, Eugene curvou a cabeça em agradecimento. Ao fazer isso, ele também estava escondendo sua alegria. Na verdade, ele estava interessado na oferta de se juntar à família principal através da adoção.
Se a personalidade de Gerhard fosse tão terrível quanto suas habilidades com a espada, então ele teria aceitado ser adotado por Gilead sem qualquer hesitação. Entretanto, Gerhard era de fato um pai verdadeiramente atencioso. Infelizmente, devido às lembranças de sua vida passada, Eugene nunca havia sido capaz de aceitar Gerhard como seu pai, mas mesmo assim, ele gostava e respeitava o homem.
“…Anteriormente, você disse que isto também seria bom para o meu futuro”, focalizou Eugene, abaixando a xícara de chá de onde ele havia bebido. “O que exatamente você quis dizer com isso?”
“Se você for adotado pela família principal, há muitos benefícios para você desfrutar”, Gilead seduziu Eugene; ele ficou feliz por Eugene estar mostrando interesse em sua oferta. “Por exemplo… isso mesmo, você não disse que não havia nenhum cavaleiro a quem você pudesse ir para receber instruções em Gidol? Mas em nossa propriedade principal, você não precisará se preocupar com isso. Afinal de contas, temos aqui muitos cavaleiros excelentes”.
“Se vou aprender com alguém, quero aprender com o melhor”, exigiu Eugen, ao tentar sorrir da maneira mais inocente possível. Depois, olhando diretamente para Gilead, ele continuou falando: “Se eu for adotado por você, Patriarca, serei capaz de aprender com você também”.
Eugene estava curioso para ver o quão forte era realmente o Patriarca do clã Lionheart.
Obrigado pelo cap