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Damn Reincarnation – Capítulo 50

Leões Negros (3)

Depois que Melkith tomou sua decisão, eles imediatamente finalizaram o contrato. O contrato não foi simplesmente escrito no papel, mas criado por magia, de modo que, mesmo uma arquimaga como Melkith não poderia sair dele.

— O que acontece se de alguma forma eu destruir o manto? — Eugene perguntou por curiosidade.

Melkith foi quem lhe respondeu:

— Você só vai ter que me recompensar pelo valor dele. Não precisa se preocupar, pois não vou pedir que você dê sua vida por isso.

Francamente, ela não estava realmente em posição de pedir algo assim. Embora Eugene pudesse não ser um herdeiro, a parte oposta ainda era um filho adotivo da família principal dos Lionheart. Se ela fizesse um pedido tão irracional, era óbvio que estaria se tornando uma inimiga do clã Lionheart, e Melkith não gostaria que isso acontecesse.

— Embora esse tipo de coisa não pode acontecer em primeiro lugar. — Melkith disse como uma reflexão tardia: — O Manto das Trevas foi projetado especificamente para ser um artefato defensivo de alto nível. Se for destruído enquanto o usa… Então provavelmente irá morrer. Garoto, você entende o que estou tentando dizer?

— Você quis dizer que se eu não quero morrer, devo ter cuidado? — Eugene confirmou interrogativamente.

— Isso mesmo. Não se gabe enquanto confia em suas defesas e mantenha-o discreto. Tudo bem se quiser usá-lo em uma festa chique, mas não vá lutar usando ele.

Se só tinha permissão para usá-lo assim, por que precisaria de um manto como esse? Eugene bufou e balançou o Manto das Trevas em seus ombros.

— Seu design é impressionante. — Carmen falou de seu assento na janela. Ela ainda mantinha o charuto apagado na boca enquanto dizia: — Gosto especialmente do pelo grosso em volta do colarinho. Isso me lembra o símbolo do nosso clã Lionheart, a juba de leão.

— Acho que se parece com isso. — Concordou Eugene educadamente.

— Mas é uma pena que o pelo seja preto. Se fosse tingido de branco como as chamas da Fórmula da Chama Branca ou… Se fosse tingida de cinza, ficaria muito mais impressionante. A cor do pelo atual parece se adequar muito melhor a alguém dos Cavaleiros Leão Negro. — Carmen criticou.

— …

Sem dizer nada, Eugene encarou Carmen com uma expressão vazia.

Carmen também olhou para Eugene sem dizer mais nada. Depois que trocaram olhares assim por alguns momentos, Ciel, que estava sentada ao lado dele, cutucou Eugene na lateral.

— Entregue. — Sibilou ela.

— Por que eu deveria? — Eugene perguntou petulantemente.

— Você não a ouviu dizer que quer experimentar?

— Mas acho que não disse algo assim.

— Ela não precisa necessariamente colocar em palavras para você entender o que ela quis dizer.

Que tipo de bobagem Ciel estava falando agora? Embora Eugene realmente não entendesse, ele estava sentindo uma pressão irritante do olhar de Carmen.

— Por favor, experimente. — Eugene ofereceu relutantemente enquanto tirava o manto, e Carmen imediatamente se aproximou.

Enquanto fazia uma expressão de indiferença descarada, ela pegou o manto que Eugene havia oferecido a ela e o enrolou ao redor de seu corpo com um floreio.

— Não é ruim. — Disse Carmen enquanto olhava para seu reflexo na janela e lentamente fazia uma série de poses.

Eugene olhou para as costas de Carmen enquanto ela fazia isso. Embora tivesse visto muitos anciãos em suas vidas passada e presente, esta era a primeira vez que via uma anciã tão única como Carmen, que parecia incapaz de agir de acordo com sua idade.

— Acho que seria ainda melhor se você usasse um broche em forma de leão para prendê-lo no peito. Também pode ter o símbolo dos Lionheart bordado nas costas. — Sugeriu Carmen.

— Pelo jeito que está falando, é como se eu estivesse dando ele a você. Não tenha a ideia errada. Eu só estou emprestando, lembra? Não brinque com o meu manto. — Melkith, que estava olhando para Winith com olhos gananciosos, gritou em protesto.

No entanto, Carmen não mostrou nenhuma reação à reclamação de Melkith. Depois de continuar absorta com seu reflexo na janela por mais alguns momentos, ela finalmente tirou o manto depois que Naishon tossiu várias vezes.

— Já está na hora. Vamos. — Declarou Carmen.

— Sim, senhora. — Disse Naishon com um suspiro de alívio ao se levantar da cadeira.

Ele estava preocupado que Carmen pudesse partir sem primeiro tirar o manto, mas, felizmente, parecia que Carmen não estava prestes a fazer algo tão vergonhoso e constrangedor.

— Ciel. — Antes de sair da sala, Gion chamou o nome de Ciel.

— Sim, farei questão de esperar com Eugene. — Ciel prontamente respondeu com um sorriso, como se estivesse esperando por isso.

Ao contrário do sorriso de Ciel, Gion tinha uma expressão um tanto relutante. No entanto, Eugene não foi capaz de perguntar o motivo disso, porque Carmen saiu imediatamente da sala sem dar a eles a chance de conversar.

Depois que Carmen e os outros Cavaleiros Leão Negro foram embora, Melkith ficou de pé e disse:

— Também estou indo embora.

Ela estava abraçando Winith contra o peito e sorrindo tão amplamente que suas bochechas estavam se contorcendo.

— Definitivamente não vai demorar tanto quanto você espera. — Melkith se gabou: — Talvez meio dia no máximo?

— Então eu também vou com você. — Propôs Eugene.

Melkith recusou.

— De jeito nenhum. Quem disse que você poderia fazer isso? Garoto, trata-se de um contrato com um espírito. Embora a afinidade do invocador com o espírito seja importante, a localização e o cenário também são importantes. Portanto… Se você tivesse que comparar, poderia ver isso como uma reunião com um futuro cônjuge.

— Hã? — Eugene grunhiu em confusão.

— Apenas pense nisso. Como você se sentiria se chegasse ao local de encontro marcado todo animado, apenas para encontrar algum babaca desconhecido andando com a pessoa que você deveria conhecer?

— Acho que não faria tanta diferença. Talvez eles apenas me considerem como a pessoa que organizou o encontro às cegas?

— Você não tem experiência com essas coisas?

— Hã?

— Experiência em conhecer potenciais parceiros de casamento.

— Só tenho dezessete.

— Famílias de prestígio não costumam marcar essas reuniões em uma idade muito mais jovem do que isso? Isso foi o que li em livros.

— Por favor, não confunda ficção com realidade.

— Você realmente não tem? Como sempre, a realidade não corresponde à ficção. — Melkith parou de resmungar e virou-se para encará-lo: — De qualquer forma, não tem como você vir comigo. Agora que estou prestes a seduzir o Rei Espírito do Vento, o que farei se ele ver que você também está lá e se recusar a fazer um contrato comigo? Isso não seria indelicado com o Rei Espírito?

— Mas também quero ver o Rei Espírito do Vento pessoalmente. — Reclamou Eugene.

Melkith gabou-se:

— Não se preocupe, assim que assinarmos um contrato, deixarei você vê-lo quando devolver Winith.

Eugene concordou com a cabeça. Assim como Melkith havia dito, parecia improvável que Tempest aparecesse se ele estivesse com ela. Para ser honesto, foi difícil entender sua analogia sobre ser parecido com se encontrar com um possível parceiro de casamento e outras coisas, mas Tempest já sabia que Eugene era Hamel, mas se recusou a responder à sua convocação.

“Aquele filho da puta, ele definitivamente está escondendo algo de mim.”

Quando se conheceram há quatro anos, Tempest alegou que não sabia de nada, mas Eugene definitivamente não conseguia confiar nessas palavras.

“Embora ele possa não saber nada sobre o Juramento de Paz, deve estar ciente do que aconteceu antes da luta contra o Rei Demônio do Encarceramento.”

Eugene decidiu que pelo menos precisava perguntar ao Tempest sobre isso.

Depois que Melkith saiu, os únicos que ficaram na sala foram Eugene, Lovellian e Ciel.

Lovellian percebeu tardiamente.

— Ah, peço desculpas pela minha saudação tardia, Senhorita Ciel. Já não se passaram quatro anos desde que nos encontramos pela última vez?

Ciel sorriu educadamente.

— Sim, senhor.

Quando Eugene a viu alguns meses atrás, ela definitivamente no auge de sua puberdade, fazendo-a se isolar em seu quarto. Mas ela parecia ter superado essa fase, quando Ciel acenou para Lovellian com um sorriso brilhante.

Enquanto olhava para Ciel, de dezessete anos, Lovellian sentiu a passagem do tempo. Embora ele também tenha sentido isso quando se reuniu com Eugene, as crianças pareciam crescer muito rapidamente nos dias de hoje. Ciel quase não mostrava nenhum traço da infantilidade que sentia dela há quatro anos.

— Você disse que veio aqui para escolher algo para o aniversário da Senhorita Ancilla? — Perguntou Lovellian.

— Sim senhor. Ah, e cada um dos presentes que você me enviou ao longo dos anos, Sir Lovellian, está decorando meu quarto lindamente. — Ciel relatou enquanto sorria encantadoramente.

— Haha, sempre gostei de ler as cartas de agradecimento que você me enviou, senhorita Ciel. Eu estava pensando que era estranho você não ter me enviado uma este ano… Talvez você não tenha gostado do presente que te enviei?

— Não, não é nada disso.

Embora tenha sido uma pergunta constrangedora, Ciel apenas balançou a cabeça enquanto mantinha um sorriso.

— Embora seja vergonhoso para mim, admitir isso… Desde o início deste ano, minha personalidade se tornou sensível de várias maneiras. O presente que você me enviou era lindo, mas estranhamente eu não queria pegar uma caneta e escrever uma carta para você. — Explicou Ciel.

— Ah, entendi. Na sua idade, mocinha, os dias para essas coisas podem chegar de repente… — Lovellian aceitou prontamente a desculpa, sem se sentir ofendido.

Lovellian nunca teve seus próprios filhos, então não conseguia entender as queixas de um pai, mas houve várias vezes em que foi forçado a ouvir as tristezas de Gilead por ter que assistir à sua única filha passar pela puberdade.

— E a essa altura, achei que seria rude da minha parte escrever uma carta e enviá-la para você. — Continuou Ciel. — Mas mesmo assim, eu sentiria muito por considerar seu presente como garantido… Especialmente porque parece que você não vai me enviar mais presentes a partir do próximo ano.

Ciel sorriu maliciosamente quando enfiou a mão no bolso. Ela puxou o que parecia ser uma caixa de presente bem embrulhada e disse:

— Então escolhi um presente que achei que combina com você, Sir Lovellian. Não é muito, mas comprei depois de economizar minha mesada.

Lovellian respirou de surpreso.

— Ah…

— Por favor, abra-o rapidamente. — Ciel pediu com um sorriso suave.

Lovellian sentiu no fundo do coração uma sensação desconhecida, mas calorosa. Era por isso que as pessoas se casavam e tinham filhos? Ele não pensava nada nessa ideia, quando ouvia Gilead falar sobre o quão orgulhoso ele estava de seus filhos, mas agora que estava recebendo um presente como este, Lovellian sentiu que estava ficando sobrecarregado de emoções.

— Isso é… — A voz e os olhos de Lovellian tremeram quando abriu a caixa de presente.

Dentro da caixa havia um alfinete de gravata com um design elegante. Como Ciel havia dito, não poderia realmente ser chamado de nada incrível. Parecia bem feito o suficiente para ser um pouco caro, mas um item como esse poderia ser facilmente comprado desde que tivesse dinheiro.

No entanto, Lovellian sentiu um sentimento que excedia em muito o preço desse presente. Ele nunca tinha recebido um presente como este antes em sua vida…

Ciel comentou:

— A princípio, achei que deveria lhe dar um presente que tivesse algo a ver com magia, já que você é um mago. No entanto, depois de pensar um pouco mais, senti que você já teria um monte de coisas assim.

— …

Lovellian permaneceu em silêncio.

— Mas então, depois de muito pensar… Percebi que você está sempre de roupão. Desse modo, pensei que só porque é você, Sir Lovellian, não há como estar sempre vestindo túnicas—

— Volto logo depois de trocar de roupa. — Disse Lovellian enquanto se levantava de um salto, interrompendo Ciel, que imediatamente deu uma risadinha e balançou a cabeça.

— Por favor, não faça isso. Em vez de me mostrar como fica em você agora, por favor, use-o para minha festa de aniversário no ano que vem. — Ciel pediu.

— Por que preciso esperar até o ano que vem? — Lovellian perguntou mal-humorado. Ele realmente queria experimentá-lo imediatamente.

Ouvindo Lovellian suplicar com a voz trêmula, Ciel continuou falando:

— Porque é um presente que eu te dei. Embora eu não tenha certeza se você estará presente na festa de aniversário da minha mãe, por favor, não use lá também e, em vez disso, use-o na minha festa de aniversário. Dessa forma, poderei me gabar para Cyan e os outros convidados.

“Mesmo depois de passar pela puberdade, você continua tão cruel como sempre”, pensou Eugene com um sorriso enquanto olhava para a sorridente Ciel.

Embora Eugene também estivesse bastante confiante em lidar com adultos, ele tinha certeza absoluta de que não poderia competir com Ciel nisso.

Lovellian cedeu.

— Hum… tudo bem, eu entendo. Senhorita Ciel, por acaso, há algum presente que você gostaria de receber no ano que vem?

— Ficarei feliz com qualquer coisa que me der, Sir Lovellian. Ah, mas, por favor, não seja muito generoso com nenhum presente que me der. Meu irmão fica com ciúmes.

E daí se ele fica com ciúmes? Lovellian não tinha intenção de prestar atenção a isso.

Após a Cerimônia de Continuação da Linhagem Sanguínea, ele enviou um presente para os gêmeos na propriedade principal todos os anos e, como Ciel, Cyan também enviou notas de agradecimento. No entanto, as cartas de Cyan sempre foram tão estereotipadas que, mesmo agora, Lovellian não conseguia se lembrar de seu conteúdo se tentasse.

— Hmph. — Lovellian caiu em si com um grunhido depois de olhar um pouco para o alfinete de gravata com fascínio.

Ele olhou para o relógio pendurado na parede da sala e sorriu desapontado.

— Parece que estou segurando vocês dois por muito tempo. — Ele se desculpou.

— Por favor, não diga uma coisa dessas. — Ciel implorou. — Realmente, dizendo que é você que está nos segurando… Em vez disso, devemos ser os únicos a pedir desculpas por roubar seu precioso tempo.

Como ela foi capaz de falar de uma maneira tão encantadora? Lovellian balançou a cabeça com espanto enquanto se levantava.

Lovellian dispensou seu pedido de desculpas: — Não, de jeito nenhum. Eu preferiria continuar curtindo nossa conversa um pouco mais, senhorita Ciel…

— Mas eu estou bem em ficar um pouco mais… — Ciel parou hesitante.

— Receio que não. Eu também devo voltar ao trabalho. — Admitiu Lovellian.

Para confirmar as alegações dos Cavaleiros Leão Negro, parecia que ele precisaria mostrar seu rosto no conselho pela primeira vez. Desde que Lovellian havia dito isso, Ciel não podia mais recusá-lo.

Eugene começou lentamente. — Se é esse o caso, então eu também vou par—

— Aonde pensa que está indo? Você precisa vir comigo. — Ciel exigiu.

— Por que eu deveria fazer isso? — Eugene protestou.

— Porque esta é minha primeira vez em Aroth. Como tal, você não acha que deveria fazer um tour comigo? — Ciel apontou.

— Também agradeceria se pudesse fazer isso, Eugene. — Acrescentou Lovellian.

Tendo colocado as mãos no Manto das Trevas, Eugene esperava descer aos laboratórios para testar seu desempenho… Mas Lovellian já havia acrescentado seu apoio às palavras de Ciel. Eugene alisou as sobrancelhas franzidas e assentiu impotente com a cabeça.

— Você realmente estava mentindo descaradamente. — Eugene virou-se para Ciel e a acusou assim que saíram da Torre Mágica Vermelha: — Afinal, eu sei que você jogou todos os presentes que o Mestre da Torre Lovellian lhe enviou para um canto do seu quarto.

— E como isso é mentira? — Ciel o desafiou.

— Você não disse que estavam decorando seu quarto?

— Você só se sente assim, porque tem um péssimo senso de design de interiores. Aos seus olhos, pode parecer que eu os joguei em um canto, mas aos meus olhos, todos eles estão em seus devidos lugares como decoração.

Isso era realmente o caso? Eugene sentiu que suas afirmações eram absurdas, mas não conseguia descobrir como refutar as palavras de Ciel. Não importava como olhasse para isso, parecia que ela tinha colocado eles fora de vista, mas poderiam realmente ter sido organizados como parte de sua decoração?

— Mas acho que eles estavam cobertos de poeira da última vez que os vi? — Eugene lembrou hesitante.

Ciel insistiu:

— Isso é só porque você não estava olhando direito. Realmente acha que eu deixaria meu quarto ficar empoeirado? Algo assim é impossível. Se esse realmente for o caso, chamarei imediatamente meus subordinados e os repreenderei assim que voltar à propriedade principal.

— Agora que pensei duas vezes, parece que não havia poeira.

— Acho que deve ter sido uma experiência bem memorável. — Ciel sorriu enquanto se aproximava casualmente de Eugene.

— O quê? — Ele perguntou.

— Estou falando de você entrar no meu quarto. — Ciel esclareceu sugestivamente. — Parece que foi tão memorável que consegue se lembrar claramente de cada coisa que viu lá—

Eugene a interrompeu:

— Desculpe, mas sempre tive boa memória. Eu até me lembro de tudo que vi quando visitei o quarto de Cyan pela última vez. Agora que foi levantado, quando você vir Cyan, diga a ele para se livrar dos livros estranhos que está escondendo debaixo da cama.

Pega desprevenido, Ciel respondeu tardiamente.

— O quê?

— Cyan ainda parece acreditar que fez um ótimo trabalho escondendo-os para que ninguém possa encontrá-los. Mas não sou só eu, até a Nina sabe que ele vem colecionando pornografia sobre mulheres usando tiaras estranhas com orelhas de coelho, desde que tinha quinze anos.

— Isso é nojento.

— Não é? Nina estava perturbada, porque um dia, quando Cyan se tornar o Patriarca, poderia mudar os uniformes das empregadas para incluir tiaras com orelhas de coelho e meias de cores diferentes.

— Vou passar suas palavras para minha mãe.

— Mas isso é um pouco… — A resposta de Eugene sumiu com uma expressão perturbada.

Se a rígida Ancilla ficasse sabendo disso, estava claro que ela logo pegaria Cyan pela orelha e o repreenderia como bobo; mas se isso realmente acontecesse, Cyan poderia cometer suicídio por vergonha.

— Você deveria tentar insinuar isso para ele. — Recomendou Eugene.

— O que deveria dizer? — Ciel perguntou, intrigada.

— Apenas diga que você não gosta particularmente de orelhas de coelho. — Eugene começou a se afastar, tendo mudado de assunto com sucesso.

Depois de piscar os olhos de surpresa para Eugene, Ciel rapidamente o alcançou com um ritmo apressado.

— Se for esse o caso, que tipo de orelha você gosta? — Ciel sondou.

Eugene a olhou com cautela. — Por que perguntaria algo assim?

— Você disse que não gosta particularmente de orelhas de coelho. Se for esse o caso, que tipo de orelhas você gosta?

— Desculpe, mas prefiro orelhas comuns. Se realmente parar para pensar sobre isso, não acha um pouco estranho e perturbador? Se elas têm orelhas de coelho saindo do topo de suas cabeças, o que diabos poderia haver nos lugares onde as orelhas costumam ir?

— Não poderia ser simplesmente inexpressivo?

— Se visse algo assim na vida real, não acharia assustador?

— Se é esse o caso… E se elas apenas tiverem orelhas comuns nos lugares habituais?

— Isso significa que elas teriam um par de orelhas humanas e um par de orelhas de coelho? Isso também não é perturbador?

— Ah… Ahem. — Ciel não esperava tal resposta. Com um olhar azedo, limpou a garganta e disse: — Vamos parar com essa conversa inútil e ir escolher um presente para minha mãe.

— Mas nem sei do que a Senhorita Ancilla gosta. — Reclamou Eugene.

— Mas eu sei, então por que isso importa? Você só precisa me seguir.

— Se você quer que eu a siga, por que me pedir para ser seu guia?

— Você realmente não tem nenhuma cortesia. Então quer que eu ande por aí sozinha? Vai me abandonar na capital de um país estrangeiro, onde eu nunca estive na minha vida, um lugar que eu desconheço?

— O que quer dizer com ‘abandonar’… Afinal, não é como se você não pudesse cuidar de si mesma.

— Mesmo que diga isso, todo mundo sabe que você deveria estar me seguindo. — Ciel o avisou.

— Então acho que não posso evitar. Tenho certeza de que se eu desnecessariamente me separar de você, ficarei ouvindo sobre isso por muito tempo. — Eugene resmungou enquanto desabotoava o Manto das Trevas.

Embora ainda fosse muito cedo para usar um manto como esse que estava cheio de pelo, graças aos vários feitiços imbuídos na capa, ele poderia evitar sentir calor mesmo se estivesse em um deserto.

— Parando para pensar, foi seu aniversário no mês passado. — Ciel disse de repente.

— Isso mesmo. — Confirmou Eugene.

— Você fez alguma coisa no seu aniversário? Talvez uma festa?

— Não fiz nada. Fiquei apenas lendo livros.

— Livros?

— Dentro da biblioteca da Torre Mágica Vermelha.

— Você realmente não teve uma festa? E não recebeu nenhum presente de ninguém.

— Não recebi nenhum. Embora o Mestre da Torre Lovellian e a Senhorita Hera terem se oferecido para me dar um, implorei para que não fizessem, porque me sentiria envergonhado.

— Quem é Hera?

— Uma maga da Torre Mágica Vermelha.

— Hera é uma mulher?

— O nome dela é Hera, então realmente achou que seria um homem?

— Como ela se parece?

— Como uma maga.

— E o que você quer dizer quando diz que ela parece uma maga?

— Eu quis dizer isso literalmente. Ela está sempre vestindo túnicas, um chapéu alto e segurando um cajado.

— E a aparência dela?

Assim como Eugene estava se sentindo incomodado sobre como responder sua pergunta, ele viu Hera andando do outro lado da rua. Ela estava abraçando um grande saco cheio de pão enquanto respirava o cheiro das baguetes.

— Ali está a Hera. — Apontou ele.

— Oh, meu Deus, senhor Eugene! — Veio um grito de resposta.

Tendo acabado de ver Eugene, Hera sorriu amplamente e acenou com a mão para ele. Naquele breve momento, Ciel examinou a aparência de Hera da cabeça aos pés. Então sorriu inocentemente como se o que tivesse acontecido fosse uma ilusão e se curvou profundamente para Hera.

— Sou Ciel, do clã Lionheart. — Ela se apresentou.

Hera exclamou:

— O qu—?! E-Eu sou Hera Strillila da Torre Mágica Vermelha.

Hera não conseguiu processar imediatamente a situação e olhou para Eugene em busca de ajuda.

— Ela veio com os Cavaleiros Leão Negro. — Explicou Eugene.

— Ah… Para o Manto das Trevas! Parece que o negócio foi feito rapidamente!

— Sim. Originalmente eu estava planejando ir para os laboratórios, mas ela continuou me implorando para ir com ela.

Hera sentiu o olhar sutil de Ciel repousar sobre ela.

— Ahem… — Ela limpou a garganta com uma tosse baixa e assentiu em compreensão. — Espero que vocês dois se divirtam.

— Hã? — Eugene fez um barulho confuso.

Hera não viu necessidade de dizer mais nada. Com passos rápidos, ela se moveu em torno de Eugene e continuou seu caminho.

Depois de olhar para as costas de Hera por alguns momentos, Ciel assentiu e disse:

— Ela parece ser uma pessoa legal.

Ainda confuso, Eugene hesitou.

— Ah… Você tem razão. Ela é uma boa pessoa.

— Pode ser por causa do cheiro do pão dela, mas estou com fome.

— Então por que não comemos algo primeiro?

Quando Eugene retomou seu passo pausado, olhou para Ciel e disse:

— Mas você, realmente veio até Aroth só para comprar presentes?

— Eu não disse que estava aqui para ver você também? — Ciel o lembrou.

— Mas fora isso. Conheço você há quatro anos. Realmente achou que eu não conseguiria ler suas reações? Não é como se fosse algum grande segredo. Então, o que você quer fazer com a Senhorita Carmen?

— Você realmente percebe as coisas mais estranhas.

— Você que é muito óbvia.

— Estou no meio de pedir que ela me aceite como sua escudeira. — Ciel respondeu com um encolher de ombros derrotado: — Já que, em todo caso, meu irmão vai se tornar o Patriarca, e eu não tenho nenhum desejo de ocupar o cargo. Embora pareça que mamãe quer que eu entre em um casamento arranjado—

Por um momento, Ciel espiou a expressão de Eugene. No entanto, o rosto de Eugene não mostrou nenhuma mudança.

— Detesto a ideia de casamentos arranjados. Mas também não quero ser trancada na propriedade principal e forçada a agir como uma dama. — Continuou Ciel.

— Então é por isso que você quer se juntar aos Cavaleiros Leão Negro? — Eugene confirmou.

— Embora não possa participar agora, quero me tornar a escudeira da Senhorita Carmen e receber sua orientação pessoal.

— E ela aceitou seu pedido?

— Se realmente não gostasse de mim, não teria me permitido acompanhá-la aqui. Embora você possa não estar ciente disso, a Senhorita Carmen gosta de mim desde que eu era uma garotinha. — Ciel se gabou com um sorriso.

Eugene lembrou-se do rosto rígido de Carmen, ou melhor, fingindo ser.

— Isso é bom. — Concluiu.

Ciel perguntou:

— O quê?

— É bom ver você procurando algo que possa fazer sozinha, em vez de depender apenas da família principal. Como está Cyan?

— Ele continua falando de você. Também me puxou de lado para falar de você antes de eu sair para vir aqui.

— Sobre o quê?

— Mas meu irmão me pediu para guardar segredo…

— Parece que você vai me contar de qualquer jeito, então quão secreto pode ser?

— Ele queria que eu descobrisse qual Estrela da Fórmula da Chama Branca você alcançou.

— A Terceira Estrela.

— Ainda continua o mesmo de antes.

— E o Cyan?

— Ele está na Segunda Estrela. — Revelou Ciel.

— Bem, isso significa que também não progrediu. — Eugene respondeu com um sorriso.

Ao contrário daquele Eward desesperado, parecia que os gêmeos estavam trabalhando bastante. Eugene ficou muito feliz em ver isso. O complexo de inferioridade de Cyan estava alimentando seu treinamento e, embora ainda tão malvada e manipuladora como sempre, Ciel não tinha uma personalidade desagradável que desprezava os outros.

Apenas Eward cresceu e se tornou um cão.

— Você teve notícias de nosso irmão mais velho? — Eugene perguntou. — Ouvi dizer que ele voltou para a casa dos parentes maternos.

— Não sei e não me importo. — Ciel cuspiu com a testa franzida. — Embora minha mãe tenha ficado muito feliz em saber da queda de Eward em desgraça, isso me irrita. Também deixou meu irmão de mau humor.

Eugene pressionou:

— Mas você ainda deveria ter ouvido alguma notícia, não deveria?

— Ouvi dizer que a Senhorita Theonis pode estar procurando um mago para contratar como tutor. — Admitiu Ciel.

— Um tutor? — Eugene repetiu em confusão.

— Engraçado, não é? Mesmo que ele tenha feito algo tão tolo, acho que ainda querem que ele aprenda magia. Mesmo que devam deixá-lo fazer o que ele gosta, já que não será capaz de se tornar o Patriarca de qualquer maneira. — Ciel murmurou enquanto se agarrava ao braço de Eugene. — Vamos parar de discutir assuntos tão perturbadores e comer alguma coisa. Não há um bom restaurante por perto?

— Há muitos restaurantes, mas a comida deles provavelmente tem um gosto pior do que a comida da propriedade principal. — Avisou Eugene.

— O gosto não importa. — Disse Ciel revirando os olhos enquanto olhava para Eugene: — Em primeiro lugar, quando se trata de boa comida, não é apenas o sabor, mas o ambiente também é importante.

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FuraTripa
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FuraTripa
1 ano atrás

Obrigado pelo cap. Ambiente e principalmente a companhia hehe

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