— …
Um cheiro leve e um toque suave envolveram seu corpo.
Min percebeu que ela estava deitada em uma cama.
“Uuh…”
Ela não podia nem gemer de dor. Era como se sua língua tivesse ficado dura como concreto. Sua boca estava mais seca que um deserto.
— Á-Água…
Assim que ela murmurou dolorosamente essa palavra, algo frio tocou sua mão. Alguém lhe dera uma garrafa.
Decidindo deixar momentaneamente de lado os pensamentos de quem poderia ser, Min Ha-rin levou a garrafa aos lábios e engoliu avidamente seu conteúdo.
— Coff…
Depois de beber a água fria, parecia que seu cérebro havia despertado e sua mente confusa se acalmado. Min Ha-rin lentamente tentou se sentar na cama.
— Ugh.
Embora só tenha levantado a metade superior um pouco, sentiu uma intensa dor lancinante percorrer todo o seu corpo. Foi semelhante à dor que sentiu no dia após o excesso de trabalho durante o treinamento.
Suas fibras musculares rasgadas insistiam ferozmente para que Min Ha-rin continuasse descansando.
Enquanto levava um momento para enxugar as lágrimas que se formavam nos cantos de seus olhos, ouviu uma voz gentil ao seu lado.
— Você pode descansar um pouco mais.
— …
Ela não estava muito familiarizada com essa voz… Mas já tinha ouvido antes. Quando se virou para a direita, viu Arid sentado em uma cadeira ao lado da cama.
Apesar de apenas sentar em uma cadeira simples, ele criou uma visão bonita e sagrada. Toda vez que o via, Min Ha-rin não podia deixar de se sentir um pouco deprimida.
Leo e Sedi também. Ela não podia deixar de se perguntar por que tantas pessoas bonitas estavam aparecendo de repente ao seu redor.
— Isso é…
— Uma sala na Igreja da Vida… Não, no quartel da filial da Coreia.
— Um quarto… Ah.
De repente, suas memórias começaram a se repetir em sua mente como uma apresentação de slides. Min Ha-rin levantou a cabeça para olhar para Arid.
— E-E o Bispo Slei?
Os olhos de Arid escureceram um pouco quando ouviu sua pergunta.
— Ele faleceu…
— Ah.
Foi só então que Min Ha-rin relembrou a última de suas memórias.
Um homem de meia-idade que parecia controlar um raio apareceu de repente e tentou sequestrar Arid. Slei, que parecia ter recuperado sua consciência até certo ponto, tentou impedi-lo.
Não, ele nem teve a chance de tentar. Assim que Letip fez uma expressão de desagrado, Slei foi atingido por um raio.
O som ensurdecedor atingiu seus tímpanos e o flash ofuscante de luz iluminou os arredores.
Quando a luz finalmente apagou, não havia mais nada do Bispo Slei. Apenas uma cratera profunda e uma pilha de cinzas para mostrar onde ele estava antes.
Com essa visão, Arid gritou como se tivesse enlouquecido antes de desmaiar.
Então, enquanto observava Min Ha-rin tremer com tudo o que aconteceu tão de repente, o homem sorriu.
“Não se preocupe. Eu sei que você é um dos trunfos de Lukas, então não vou te matar.”
Essa foi a última coisa que Min Ha-rin se lembrou.
“Aquele homem conhecia o Mestre.”
Isso não era tudo.
Ela odiava admitir, mas por algum motivo, ele dava um sentimento semelhante ao de Lukas.
Parecia que era um ser que podia olhar calmamente para tudo no mundo. Como se tivesse a liberdade e a dignidade que vinham de ser uma existência absoluta.
— E os Demônios?
— Não há necessidade de se preocupar. Todo mundo já foi embora. No mínimo, não há mais nada na área que possa nos ameaçar.
— Todos foram embora…
Assim que Min Ha-rin murmurou essas palavras com uma expressão confusa, a porta da sala se abriu e alguém rudemente entrou.
— Olha só… Você realmente está acordada. Achei que ia morrer.
Era a voz de Sedi, e ela estava falando no mesmo tom insuportável de sempre.
Assim que levantou a cabeça para rebater, Min Ha-rin esqueceu o que queria dizer.
— S-Seus ferimentos…
— O que tem eles? Eu vou te dizer de antemão, não quero sua simpatia.
O corpo inteiro de Sedi estava coberto de bandagens, e ela estava andando com a ajuda de muletas. Mesmo para Min Ha-rin, que não sabia nada sobre a área médica, o braço e a perna direita de Sedi, ambos engessados, pareciam muito sérios.
— Senhorita Sedi! Eu disse que você deveria ficar na cama!
— Tão barulhento. Você acha que está mandando em quem? Quer morrer?
Sedi respondeu com uma voz irritada antes de se afastar de Arid e olhar para Min Ha-rin.
— Vocês dois, sigam-me. O papai quer ver vocês.
— …
— Ah, e eu vou lhes dizer com antecedência. Vocês devem preparar suas mentes enquanto estiverem no caminho.
Sedi bocejou um pouco antes de continuar.
— As coisas que vocês estão prestes a ouvir são difíceis para os mortais lidarem.
— Ah! M-Meus irmãos mais novos!
Min Ha-rin de repente gritou quando finalmente pensou em seus dois irmãos mais novos.
Seu coração batia fortemente no peito.
Ela era tão tola! Não importa o quão confusa ou ferida estivesse, como poderia esquecer seus dois irmãos que eram mais importantes do que sua própria vida?
Ela estava desapontada e com raiva de si mesma.
Ela se virou apressadamente para olhar para Arid.
— Ei! P-Por acaso, você viu meus irmãos mais novos? Uh, eles meio que se parecem comigo. Quanto às suas idades…
— Min Ha-min e Min Ha-yun, certo?
— Ah. Sim.
Arid sorriu gentilmente.
— Ambos estão bem. Eles ficaram um pouco feridos, mas já receberam tratamento e suas vidas não estão em perigo. Eles estão apenas descansando agora.
Essas palavras aliviaram tanto Min Ha-rin que ela quase caiu na cama novamente.
— O-Obrigada. Muito obrigada.
— Não foi nada.
Arid coçou levemente a bochecha, o rosto vermelho.
Sedi, que estava olhando para eles, não conseguiu evitar que sua bochecha se contraísse. Revirando os olhos, ela cuspiu.
— Estarei lá fora. Apresse-se e vista-se.
Então, ela saiu da sala sem olhar para trás.
Arid observou enquanto ela desaparecia atrás da porta antes de abrir a boca.
— Senhorita Sedi sempre foi assim?
— Eu não a conheço há tanto tempo, mas sua personalidade sempre foi… Única.
Uma expressão mais vulgar fez cócegas na ponta de sua língua, mas o que ela disse no final foi muito mais suave. Era incrivelmente difícil dizer coisas vulgares diante de uma expressão tão inocente.
Arid sorriu com uma expressão ingênua que parecia dizer “certamente é única”. Então, ele se virou para olhar para ela novamente.
— Você está se sentindo cansada ou dolorida?
— Um pouco. Quanto tempo faz desde que desmaiei?
— Cerca de dois dias.
— Dois dias…
Era um tempo que não poderia ser chamado de muito longo ou muito curto.
— Ah.
De repente, a imagem de Neil Prand, o presidente da Associação dos Caçadores, apareceu em sua mente.
Min Ha-rin não tinha nenhum sentimento de reverência ou admiração por ele, mas tinha um estranho senso de responsabilidade depois da conversa que teve com Joanna antes de partirem.
Arid sorriu levemente ao ver sua expressão.
— Você está preocupado com o Presidente da Associação?
— Sim. Como você…
— Eu ouvi sobre isso do Senhor Lukas.
Lukas.
Esse era o verdadeiro nome de seu Mestre. Ele sabia seu nome verdadeiro em vez do pseudônimo “Frey”…
Parecia que muitas coisas aconteceram enquanto Min Ha-rin estava inconsciente.
— Então o Presidente da Associação…
— Não corre mais risco de morrer. Ele é um homem incrivelmente forte, então deve sair da cama em uma semana.
— Entendo.
Em outras palavras, seu objetivo inicial de vir para a filial da Coreia foi alcançado.
Então, sobre o que Lukas queria falar com eles?
“Preparar nossas mentes…”
O tom em que Sedi disse essas palavras a deixou um pouco ansiosa, mas decidiu deixar isso de lado por enquanto e sair da cama.
Arid também ficou de pé.
— Vou esperar lá fora também.
— Ah. Sim.
Min Ha-rin, que agora estava sozinha no quarto, lavou o rosto e se despiu antes de vestir um novo conjunto de roupas e sair do quarto.
Surpreendentemente, ela encontrou Sedi esperando do lado de fora da sala com uma expressão calma.
Pela impressão que teve da personalidade de Sedi, Min Ha-rin pensou que ela estaria batendo na porta como se fosse quebrá-la e gritando para ela se apressar.
“Essa pirralha parece estar um pouco chateada.”
Isso era pura intuição.
Quando olhou para o rosto de Sedi, parecia que ela estava olhando para seus irmãos mais novos tentando o seu melhor para não fazer beicinho. Claro, ela não disse isso em voz alta.
Se o fizesse, essa garotinha feroz poderia tentar matá-la.
— Você demorou tanto.
— Desculpe.
— Tanto faz, só não fique para trás.
Depois de dizer isso, Sedi mancou para frente. Estava claro que seus ferimentos ainda não haviam cicatrizado.
No entanto, era um pouco estranho. Ela estava claramente mancando, mas estava se movendo tão rápido que era como se asas invisíveis estivessem presas a seus pés. Seu cabelo preto, que era escuro como tinta, esvoaçava ao vento.
Por outro lado, Min Ha-rin, cujas pernas estavam bem, estava lutando para acompanhá-la. Só depois de ajustar um pouco o ritmo, para algo mais próximo de uma corrida do que de uma caminhada rápida, ela conseguiu alcançá-la.