Depois de um tempo, eles receberam uma ligação de Elijah, e Lukas e Joanna foram até o equipamento de Teletransporte com suas coisas.
Coincidentemente, o equipamento de Teletransporte estava localizado na mansão onde Gullard estava hospedado no passado.
— Eca…
Joanna fez uma expressão de desgosto.
Gullard não estava mais por perto, mas o fato daquele lugar ter sido seu covil a deixou muito desconfortável. Era quase como entrar em uma casa mal-assombrada.
Mas no momento em que ela entrou na mansão, sua expressão mudou imediatamente.
— Arquimaga Joanna.
— Nós devemos muito a você.
— Muito obrigado.
Isso porque ela encontrou os membros da Sol Cinzento inclinando a cabeça em direção a ela.
Ela podia dizer por suas expressões que suas palavras não eram apenas educadas. Em vez disso, seus rostos estavam cobertos por expressões genuínas de gratidão e respeito.
“Ah…”
Era diferente.
Joanna não pôde deixar de pensar nos elogios que recebia diariamente quando estava na América.
A Arquimaga mais jovem.
A Maga mais brilhante.
A jovem que levaria a América a maiores alturas.
No entanto, essas palavras de elogio não passavam de comentários educados.
Isso não significava que as palavras eram falsas. No entanto… Elas nem chegavam perto de tocar seu coração do jeito que essas simples palavras de agradecimento tocaram.
“Eu era tão idiota…”
Como ela não tinha percebido?
Por que ela ficava tão satisfeita com aquelas observações superficiais no passado?
Pensando em si mesma naquela época, Joanna sentiu vergonha.
— Eu… Eu só fiz o que tinha que ser feito.
Joanna evitou seus olhares emocionais enquanto murmurava essas palavras. Ela tentou responder com calma, mas falhou espetacularmente.
Ela não sabia por que se sentiu tão tímida de repente. Ela não tinha ficado tão envergonhada mesmo participando de programas que tinham centenas de milhares de espectadores.
— Haha.
— Ela é completamente diferente do que eu pensava no começo.
— É bom de se ver.
Os membros não puderam deixar de sorrir quando viram o lado humano de Joanna.
A atitude deles fez o rosto de Joanna ficar vermelho.
— V-Vocês estão exagerando.
— Não estão. Eles nunca vão esquecer o que você fez por eles.
O rosto de Joanna ficou branco por um momento ao ouvir as palavras de Lukas.
— Nunca… Se esquecer…
Essas palavras causaram uma sensação estranha em seu coração. Era diferente de qualquer outra emoção que ela já sentiu em sua vida.
Era um sentimento caloroso e extremamente avassalador que a lembrava do orgulho ou sentimento de realização que ela tinha sempre que progredia na magia ou era elogiada por um superior.
— É o mesmo na América também…
— O que você quer dizer?
— Pessoas que partem para campos de batalha como Europa, África e Ásia para realizar missões. Pessoas que arriscam suas vidas dia e noite para salvar outras.
— …
— É claro que a Filial da Associação Americana não gostava muito deles. Eu também pensava que eles eram estúpidos.
Apesar de sua força, essas pessoas sempre foram negligenciadas.
Na verdade, suas posições na Filial da Associação Americana só podiam ser descritas como pobres.
E ainda assim…
— Eles sempre pareciam dedicados e orgulhosos…
Lukas escutou silenciosamente a voz de Joanna.
Depois de uma breve pausa, ela abriu a boca novamente.
— Agora, eu entendo… Como eles se sentiam.
— Isso é bom.
— Hã?
— Aquele sorriso que você acabou de mostrar era muito bonito.
Lukas falou sua opinião honesta. Afinal, ele se sentiu verdadeiramente feliz naquele momento.
Joanna tinha encontrado a sensação de satisfação que só vinha com boas ações. Sua visão do mundo certamente seria diferente de agora em diante.
Ela definitivamente brilharia mais. Então, mesmo Lukas não pôde deixar de admirar a beleza desse momento.
— Hein?
Mas, sem que ele soubesse, sua declaração havia enviado o cérebro de Joanna voando a centenas de milhões de anos-luz de distância.
Joanna ficou lá com um olhar distraído em seu rosto por um momento antes de instantaneamente ficar vermelha como uma beterraba.
— O-o-o q-q-que você acabou de—
— Ei.
Um homem apareceu atrás de Joanna, cujos lábios se agitavam para cima e para baixo como um peixe.
Era Kran. Ele ainda estava vestido tão descuidadamente como sempre. Com sua roupa esfarrapada cobrindo os lábios, ele falou em seu tom normal e direto.
— Ouvi dizer que vocês vão voltar para a América.
— Isso mesmo. Você vem comigo?
— Ha. Eu já recusei você, não?
— …
Então por que ele estava aqui? Não importa como ele olhasse para isso, parecia que Kran estava esperando por eles por um tempo.
Kran franziu a testa quando viu o olhar questionador de Lukas.
— Tem um lugar que eu tenho que ir agora. Preciso consertar minhas ferramentas quebradas, reabastecer meu equipamento e lidar com os cristais da alma.
— Certo.
— …
Kran cruzou os braços e bateu os pés no chão em um ritmo estranho por um momento. Então, ele falou com uma voz que parecia uma mistura de nervosismo e irritação.
— Se chama Argento Spell, certo?
— Certo.
— Vou me lembrar disso…
Depois de dizer essas palavras, Kran se virou e desapareceu.
Foi só então que Joanna voltou a si e olhou para Lukas com uma expressão confusa.
— Por que ele veio nos ver?
— Para o dia em que nos encontrarmos novamente.
— Hã?
— Foi o melhor que ele conseguiu fazer. Temos que respeitar isso.
— Entendo.
Joanna disse isso, mas sua expressão dizia o contrário.
Ela não podia deixar de sentir que a interação de Kran com Lukas era diferente de qualquer outra pessoa. Mas ela ainda não tinha certeza onde estava a diferença.
Não demorou muito para que eles chegassem ao equipamento de Teletransporte.
Lá, eles encontraram Elijah esperando por eles.
— Venham rápido. Todos os preparativos estão completos.
Joanna, que estava olhando ao redor por um tempo, finalmente inclinou a cabeça para o lado.
— A propósito, para onde o Sr. Lee foi?
Naturalmente, ela estava falando sobre Lee Jong-hak.
Elijah deu de ombros.
— Ele já voltou para a Ásia. Parecia ter negócios urgentes.
— Ah.
Bem.
Quando se considerava a posição do Dragão Humano, Lee Jong-hak, era compreensível que ele não pudesse ficar por muito tempo. Sua missão na África já havia sido concluída, então era natural que ele voltasse para casa imediatamente depois.
No entanto, Joanna não pôde deixar de se sentir um pouco decepcionada pelo fato dele ter partido sem se despedir, apesar deles terem lutado por suas vidas juntos.
Depois de fazer uma verificação final do equipamento, Elijah se virou para eles.
— Você está indo para o quartel da América do Norte em Manhattan, Nova York, certo?
— Sim.
— Confirmado.
Woowoong—
O Portal de Teletransporte soltou um zumbido quando passou a existir. Elijah olhou profundamente para o portal antes de falar em um tom solene.
— Vou dizer novamente… Muito obrigado. Frey Blake, este é um favor que farei o meu melhor para retribuir. Em minha honra.
Seus olhos então se voltaram para Joanna.
— E você, Joanna Goldberg.
— Ah… Eu?
— Claro. Você também é nossa benfeitora.
De fato, na batalha final contra os Demônios, a Sol Cinzento teria sido aniquilada se não fosse por Joanna. Elijah acrescentou com uma expressão séria.
— Quando eu ouvi pela primeira vez o absurdo sobre você ter sido escolhida pelo Grande Mago, eu honestamente pensei que você tinha batido a cabeça…
— Ei!
Não, como esse homem sabia disso?
Depois de pensar nisso, Joanna percebeu que tudo o que ela havia dito havia sido ouvido pela Sol Cinzento.
Loucura. Isso era loucura.
No entanto, as próximas palavras de Elijah fizeram sua expressão mudar.
— Mas agora, eu sinto que pode ser verdade…
— …
Por um momento, Joanna sentiu-se grata. Os eventos que aconteceram antes disso permitiram que ela construísse alguma resistência, então conseguiu esconder melhor seu constrangimento.
Elijah olhou para ela e soltou uma risada suave antes de controlar sua expressão.
— Então, desejo-lhes boa sorte na América.
Paht—
Uma luz brilhante os envolveu.
Era hora de voltar para a América.
— …
O Portal de Teletransporte na praça em Manhattan.
Eles foram imediatamente recebidos por flashes brilhantes de luz e muito barulho.
— Ah…
Eles estavam de volta.
Joanna sentiu o corpo relaxar ao ver a paisagem familiar, cheirar os aromas familiares e ouvir os sons familiares. Não fazia tanto tempo que ela tinha ido embora, mas se sentia como um soldado voltando para casa depois de alguns anos.
Lukas olhou ao redor antes de abrir a boca.
— Há menos pessoas do que da última vez.
— Ai meu Deus. O que há com esse comentário deprimente? Você não vê que estou tentando aproveitar a sensação de voltar para casa?
— …
Casa.
A expressão de Lukas suavizou um pouco.
— É porque hoje é dia de semana. Além disso, naquela época, havia mais gente por causa da coletiva de impren—
A voz de Joanna foi cortada antes que ela terminasse sua frase.
Isso porque ela se lembrou do quão rudemente ela tratou Lukas quando eles se conheceram.
Foi um sentimento estranho. Não fazia tanto tempo, mas ela se sentia envergonhada como se estivesse se lembrando dos erros que cometeu durante a infância.
— De qualquer forma, provavelmente deveríamos nos apressar para o quartel.
Depois de dizer isso, Joanna pegou o smartphone que ela guardava no fundo da bolsa. Claro, era um dispositivo de comunicação que só podia ser usado na América do Norte.
“Tem um arranhão na tela.”
No passado, ela teria conseguido um substituto imediatamente, mas agora, ela só se perguntava de onde tinha vindo o arranhão.
Depois de mexer no smartphone por um momento, ela ligou para um de seus contatos.
— Sou eu. Sim. Estou de volta. Certo, estou na praça agora.
Então ela desligou.
Logo depois, uma limusine preta parou na praça.
Era o homem que estava sempre ao lado de Joanna na primeira vez que se encontraram quem abriu a porta e saiu.
— Você voltou. Estou contente por você estar segura.
—Você tem estado bem, Frank?
— Sim.
Seus olhos então se voltaram para Lukas, que estava ao lado dela. A irritação brilhou em seus olhos por um breve momento.
Lukas e Joanna. Ele ficou muito chateado quando soube que os dois iriam em uma missão sozinhos. Claro, ele sabia que não importaria se o assistente pessoal ou o empresário de Joanna expressasse insatisfação, já que a ordem vinha diretamente do Presidente da Associação.
Exalando sua raiva, ele falou em um tom áspero.
— Você não causou nenhum problema para a senhorita Joanna, não é?
— Frank!
O grito repentino surpreendeu Frank.
Foi ninguém menos que Joanna quem gritou. Ela até olhou para ele com um olhar de reprovação.
— Seja educado.
— M-Mas…
— Eu tenho que repetir?
— N-Não, me desculpe.
— É para mim que você precisa se desculpar?
— Ah… Isso…
Frank mordeu o lábio antes de inclinar a cabeça para Lukas.
— Eu sinto muito…
— Está bem. Devemos nos apressar.
Joanna assentiu antes de entrar no carro, seguida por Lukas.
Frank olhou para as costas deles com um olhar complicado.
— Como esperado, a América ainda é a melhor. Mal posso esperar para ir para casa e tomar um banho. Com água quente fumegante e pétalas de rosa. Hehe.
— Sua casa é perto?
— Tenho algumas, mas essa aqui é a que mais uso. Ah, da para ver daqui. É aquele prédio alto ali. Apesar de ser um pouco pequeno, a vista noturna é inacreditável, então vale a pena o incômodo.
— Entendo.
— No que diz respeito à vista noturna, a comida do Restaurante de Cruzeiro é absolutamente maravilhosa. Vou convidá-lo algum dia, então venha comigo.
— …
O que era esse clima?
Frank não pôde deixar de pensar enquanto dirigia.
Ele não sabia qual era a missão de Joanna, mas agora estava curioso.
O que diabos aconteceu para torná-los tão amigos em tão pouco tempo?
Frank sabia o quão nobre Joanna era. Seus sentimentos em relação a ela eram mais como de adoração e, embora ele fosse apenas responsável pelas tarefas, ele se orgulhava do fato de poder ajudá-la de qualquer jeito.
E até onde Frank sabia, a única pessoa com quem Joanna mostrava uma atitude tão amigável era o presidente da associação, Neil Prand.
Não, parecia que sua atitude agora era ainda melhor do que isso.
Frank parou de pensar nisso e desacelerou lentamente. Isso porque eles chegaram ao quartel da América do Norte.
— Espere aqui, Frank.
— Sim…
Saíram do carro e entraram na Torre Pilsky.
Como da última vez, um homem que parecia um segurança lhe entregou um fone de ouvido. Joanna pegou e hesitou por um momento. Então, ela abriu a boca.
— Obrigada.
— Hein? Ah, sem problemas.
O segurança pareceu confuso por um momento antes de se curvar e se afastar.
— É um in-ear de segurança. Ele nos permite se conectar à rede dentro da torre. Você pode mudar de canal de acordo com seu nível de autorização… Espere um momento.
Joanna deu um tapinha no ouvido ao dizer isso, e Lukas assentiu.
Então, Joanna ouviu algo no ouvido e sua expressão mudou um pouco.
— Eles querem que a gente vá para o 58º andar.
— Tem algo de errado?
— Hmm.
Joanna falou com uma expressão ligeiramente cautelosa.
— É a sala de emergência.
Era o pronto-socorro que abrigava apenas pacientes gravemente doentes ou feridos fatalmente.