Paimon estava descansando em uma cama e Gi Gyu e Lou ficaram ao lado dele em silêncio.
— …
Gi Gyu o observou em silêncio. Ele afirmou que Lou era uma das duas espadas que Deus usava; então, desabou.
Gi Gyu colocou cuidadosamente a mão no peito de Paimon novamente. Ele podia sentir que Paimon estava em uma condição terrível. Era uma surpresa que ele ainda estivesse vivo.
Paimon estava em seu leito de morte. Ele estava fisicamente apto, mas seu receptáculo foi destruído sem possibilidade de reparo.
Gi Gyu se virou para Lou, que também parecia infeliz. Gi Gyu se perguntou o que ele deveria estar pensando.
— Lou — Gi Gyu o chamou.
— Não se preocupe comigo — Lou disse friamente. Seu olhar vazio normal apareceu em seu rosto novamente. — Eu só preciso de algum tempo para pensar.
‘Lou…’
Lou foi traído e transformado em uma espada maligna. Ele acabara de descobrir que Paimon teve algo a ver com essa traição.
‘Mas ele deve ter tido alguma ideia de que foi isso que aconteceu’, adivinhou Gi Gyu. Ele suspeitava que Lou já soubesse disso. Afinal, Lou sabia da pesquisa de Paimon e deu a ele Satã.
E…
‘O fato de ele ter se tornado uma espada maligna…’ Fazia todo sentido o que aconteceu com Lou ter algo a ver com Paimon.
Mas parecia que Lou havia deixado de lado suas suspeitas e preocupações até agora.
‘Ainda não consigo acreditar que Lou era uma das espadas que Deus empunhava’, pensou Gi Gyu em estado de choque. Ele se perguntou por que Paimon lhes contou essa informação chocante. Depois que ele desmaiou, Gi Gyu estudou Lou, mas não conseguiu ver como Paimon descobriu a verdade.
Gi Gyu olhou para Paimon novamente. Parecia que esse demônio de alto nível em seu leito de morte era o único que sabia a verdade.
— Mas estou feliz que pelo menos ouvimos muito sobre Andras e seu plano — murmurou Gi Gyu. A morte de Paimon seria uma grande perda, mas Gi Gyu se confortou em saber que eles haviam obtido muitas informações importantes.
Infelizmente, parecia que isso não bastava para consolar Lou.
De repente, Lou perguntou: — O que acha disso? O fato… de que eu sou uma das espadas que Deus empunhava. Para ser sincero, não me lembro de nada. Você já deve saber que minha memória começa quando de repente apareci no inferno.
— …
— Até os demônios têm pais. Quer tenhamos nascido ou sido criados, todos temos pais.
Gi Gyu ouviu Lou em silêncio.
— Nunca tive curiosidade sobre meus pais. Para os demônios, os pais não são importantes, mas…
Gi Gyu terminou o pensamento para Lou. — Você provavelmente só está curioso sobre o que aconteceu antes de você chegar ao inferno.
— Isso mesmo. — Lou olhou para Gi Gyu. — Eu quero encontrar essas memórias. Anseio por elas.
Lou balançou a cabeça e perguntou: — Você acredita que Paimon disse a verdade?
— Isso importa? — Gi Gyu perguntou em troca. — Suas memórias antigas são realmente importantes? De onde você veio, o que aconteceu com você antes do inferno… Essas coisas são significativas?
Lou não conseguiu responder. Em vez disso, ele perguntou: — Então Paimon não vai acordar de novo?
— Provavelmente não. Usei tudo em meu arsenal para prolongar a vida dele, mas… Ele não vai recuperar a consciência.
Lou ficou quieto novamente.
Gi Gyu lhe deu um sorriso tranquilizador e ofereceu: — Enquanto ele estiver vivo, tentarei examinar suas memórias para aprender o máximo possível. Procurarei a resposta que você está procurando.
Após um breve silêncio, Lou murmurou: — Obrigado.
Depois que Lou saiu da sala, Gi Gyu se virou novamente para Paimon. As memórias dele estavam confusas, e o trabalho de Gi Gyu era procurá-las e encontrar respostas para Lou.
Gi Gyu fechou os olhos e se sentou. Lou tentou agir com calma, mas não conseguiu esconder suas verdadeiras emoções de Gi Gyu.
Lou estava desesperado pela resposta.
‘Paimon…’ Gi Gyu fechou os olhos e começou a vasculhar as memórias de Paimon.
Clang!
O som da martelada mais uma vez encheu sua cabeça. Ele ouviria esse som enquanto Paimon estivesse vivo.
‘Ou até eu encontrar a resposta que Lou quer.’
Gi Gyu se perguntou o que viria primeiro.
Lou tinha muito em que pensar, mas não era o único. No Éden, alguém também tinha muito o que pensar.
— Unnie — Yoo-Bin chamou e caminhou até El. Yoo-Bin começou a chamar El de “unnie” não faz muito tempo. Aconteceu pouco depois de terem compartilhado um pedaço de Asmodeus.
— Sim? — El respondeu secamente.
Yoo-Bin se sentou ao lado de El.
— …
— …
Elas não conversaram por um tempo e simplesmente observaram a paisagem à sua frente. O Éden estava ocupado com o último processo de restauração.
— Unnie — Yoo-Bin chamou El novamente: — O que você acha que eu sou?
— Hm? — El estava imersa em pensamentos.
Com o rosto abaixado, Yoo-Bin sussurrou:— Você acha que sou humana?
— …
— Vamos ser honestas aqui. Eu me tornei algo que pertence a Gi Gyu oppa, e… — Yoo-Bin murmurou. Logicamente falando, ela não era humana agora. Ela também não tinha mais consciência de jogadora. Ela ainda fazia parte do sistema de níveis, mas a sua mente de jogadora estava desaparecendo rapidamente.
Yoo-Bin olhou para cima: — Eu simplesmente não consigo mais dizer. Não sei se sou humana ou não.
O tom de Yoo-Bin era sério, mas ela relaxou enquanto continuava: — Mas não acho que isso seja ruim. Eu deveria ter morrido. Deveria ter desaparecido no esquecimento, mas ainda estou viva, não estou? Quando eu era jogadora, estava em uma posição estranha. As pessoas me chamavam de ranker novata, mas faltava certas coisas em muitos aspectos.
El olhou para Yoo-Bin.
Yoo-Bin acrescentou: — Na época, senti muitas limitações. Mas não estou preocupada com isso agora. E o mais importante…
Yoo-Bin sorriu e se levantou. Ela sussurrou: — Espero que seu problema também seja resolvido, unnie. — Com isso, ela foi embora.
El observou Yoo-Bin sair depois de dizer o que queria. Yoo-Bin parecia realmente curiosa sobre o que ela era, mas não esperou pela resposta de El.
Sozinha na sala, El sorriu porque entendia os sentimentos de Yoo-Bin. Ela queria consolar El de qualquer maneira possível, e El sabia que Yoo-Bin se importava com ela.
Mas também era verdade que Yoo-Bin sofria com a situação dela.
Não, não era apenas Yoo-Bin quem tinha muito em que pensar.
‘Todo mundo tem.’
Na verdade, todos os seres com consciência agonizavam com muitas coisas na vida.
E também havia aqueles sincronizados com Gi Gyu. Todos eles tinham origens e habilidades diferentes.
— Todos que estão sincronizados com o mestre… — El se perguntou se eles acreditavam que eram os mesmos de antes de sincronizarem com Gi Gyu. Todos eles provavelmente tiveram seus próprios problemas. Talvez alguns já tivessem encontrado a resposta.
El costumava ser um deles, mas agora…
— Haa… — El suspirou profundamente. Ela tinha suas próprias preocupações, mas agora eram de um tipo diferente.
— Então o nome dela é Ha-Rim, hein? — Foi a primeira vez que El viu Ha-Rim, mas ela tinha ouvido falar dela. Gi Gyu explicou a ela que conheceu Ha Song-Su e Ha-Rim no portal em que a encontrou.
El pensou na identidade de Ha-Rim. Mesmo Paimon não sabia a identidade de Ha-Rim. Paimon contou a eles sobre Ha Song-Su, mas não sobre Ha-Rim.
Ha-Rim era um mistério até para Paimon.
‘Por que…?’ El se perguntou por que ela foi a primeira a descobrir a lança de Ha-Rim. A princípio, ela pensou que era porque ela havia se recuperado mais rápido e tinha mais força.
— Mas não faz sentido. — El sabia agora que não era esse o caso. Ela sentiu a presença de Ha-Rim primeiro porque lhe parecia familiar.
El tinha um palpite sobre a identidade de Ha-Rim, um palpite incerto. Ela não tinha certeza se deveria contar ao seu mestre sobre isso. Gi Gyu estava atualmente focado em Andras e Lou. Seria correto ela sobrecarregá-lo ainda mais com essa informação?
Isso era o que preocupava El ultimamente.
— Haa… — El suspirou profundamente novamente. Só então, ela sentiu duas pessoas se aproximando dela. Ela olhou para cima com um sorriso.
O velho Hwang a cumprimentou: — Aí está você.
— Noona! — Min-Su gritou animadamente.
O velho Hwang e Min-Su foram até ela.
El se levantou para cumprimentá-los.
O Velho Hwang perguntou:— Gi Gyu ainda está com Lorde Paimon?
El assentiu.
O Velho Hwang também assentiu e anunciou: — O Éden será totalmente restaurado em breve. A preparação fora do Éden também está completa, então devemos avisá-lo.
— Ah, entendo. Vou contar ao mestre então — respondeu El.
Gi Gyu estava concentrado apenas em ler as memórias de Paimon. Então o melhor seria El contar a ele pessoalmente.
— Iremos com você — ofereceu o Velho Hwang.
O pedido do Velho Hwang não era estranho, mas não havia necessidade, pois ela estava simplesmente transmitindo uma mensagem. O velho Hwang poderia ter feito isso sozinho, mas El interromperia menos Gi Gyu.
— Ah…! — De repente, El exclamou como se tivesse percebido alguma coisa. — Você quer estar com Paimon em seus últimos momentos.
O Velho Hwang era como descendente de Paimon, e Min-Su era descendente direto de Paimon. Então não era estranho que o Velho Hwang quisesse estar lá durante os últimos momentos de Paimon.
Afinal, já estava quase na hora.
— Você está quase correta, mas… — o Velho Hwang balançou a cabeça — …não é isso.
— …? — El olhou confusa para o ferreiro idoso.
O velho Hwang colocou a mão no ombro de Min-Su e explicou:— Min-Su tem algo que precisa contar a Gi Gyu. Nós… podemos ser capazes de salvar Lorde Paimon.
— …! — Os olhos de El se arregalaram. Decidindo segui-los, El anunciou: — Vamos então.
— Tem certeza de que vai ficar bem? — Gi Gyu perguntou a Min-Su.
Gi Gyu passou por muitas das memórias de Paimon, mas não obteve a resposta que procurava. Como tudo o que ele absorveu foram informações aleatórias, Gi Gyu ficou desapontado por não poder ajudar Lou.
El, o Velho Hwang e Min-Su apareceram de repente para lhe dizer que o Éden estava quase totalmente restaurado. Então Min-Su contou a ele algo incrível. O menino afirmava que poderia salvar Paimon.
Min-Su assentiu calmamente.
‘Ele está crescendo rápido’, pensou Gi Gyu com orgulho. Min-Su era apenas uma criança quando viu o menino pela primeira vez no mercado de Dongdaemun. Gi Gyu ainda se lembrava daquele dia com clareza.
Min-Su cresceu muito desde então, muito mais rápido do que uma criança normal. Parecia que ele cresceu incrivelmente durante seu curto período com Paimon. E não era apenas um surto de crescimento físico que o menino passou. Sua mente também se desenvolveu.
— Eu ficarei bem. Por favor, faça isso, hyung. — Min-Su parecia maduro.
Com um sorriso amargo, Gi Gyu se virou para o Velho Hwang.
O ferreiro sussurrou: — Min-Su escolheu fazer isso. Não o vejo mais como um garotinho. Quero respeitar a decisão dele.
— Mas e Hwang Chae-il…? — Gi Gyu perguntou hesitante.
— Ele concordou com isso também — respondeu o Velho Hwang.
Gi Gyu assentiu.
O menino e seus tutores haviam concordado, então a decisão seria de Gi Gyu agora. Havia apenas uma resposta óbvia.
Gi Gyu murmurou:— Obviamente estou grato por isso, mas…
Ele não pôde deixar de se sentir um pouco culpado porque o que Min-Su queria que ele fizesse era…
Gi Gyu colocou a mão na cabeça de Min-Su e sussurrou:— Sincronizar.