Cinco fatias de bolos, todas devoradas.
YuSung estava recuperando sua energia perdida com bolos e bebidas. EunAh fez um som de “tsc” e negou com a cabeça ao ver essa cena.
— Não engasgue. Está mesmo tão delicioso assim?
— Muito.
YuSung pegou um pedaço de tiramisu e enfiou goela abaixo. Ela o observou fazer isso com uma expressão de reprovação no rosto.
— Por que você gosta de tiramisu se odeia tanto café?
Mas não era uma pergunta que YuSung pudesse responder. O sabor era indescritível: requeijão macio, bolo doce melado de caramelo, café em pó amargo que corta o açúcar.
— Posso pedir outro?
YuSung ficou feliz por ter um bolo colocado na frente dele. Considerando tudo, foi uma reação bem óbvia da parte dele, visto que o menino tinha praticamente vivido como um asceta na Montanha dos Espíritos Marciais; para ele, as iguarias provocativas do mundo exterior eram agressões aos seus sentidos.
‘Com 10 milhões de wones, posso comprar…’
Ele agradeceu à EunAh novamente por ser capaz de provar esses bolos. Naquele momento, tinha reaprendido o verdadeiro valor dessa grande soma de dinheiro.
— Sim, vá em frente~ Na verdade, por que você não compra esse lugar inteiro?
EunAh acenou com o cartão de crédito preto de uma maneira sarcástica. Contudo, sua piada não pareceu uma para YuSung.
‘Não… parece mesmo uma piada já que é a EunAh falando.’
Ele estava se acostumando com as peculiaridades da outra garota. Essa atitude era como ela expressava seus sentimentos de amizade com outra pessoa, mesmo que estivesse sendo obtusa e desajeitada sobre isso.
Como filha única de um grupo de conglomerado familiar, EunAh nem se dignava a manter uma conversa com alguém que não a interessasse.
Sua demonstração atual de bondade era a prova de até que tinha gostado do YuSung, após a intriga inicial.
EunAh olhou pela janela e começou a falar com YuSung.
— Então, você vai voltar assim que a patrulha terminar?
YuSung assentiu com a cabeça em resposta.
— É o que planejo fazer. E você, EunAh?
— Eu? Eu…
Ela fez uma pausa. Seu próximo destino após o fim do turno era o hospital, porque queria visitar o irmão antes de voltar para a escola.
Mas EunAh não queria que YuSung soubesse disso. Na verdade, não queria falar com ninguém sobre seu irmão. Ela estava cansada de ganhar a simpatia das pessoas.
— Não sei… fazer compras, talvez?
Inconscientemente, ela evitou o olhar do outro enquanto dava sua resposta. YuSung a observou, quando se levantou do assento subitamente.
— Devemos ir agora.
Foi então que…
Weeeewooo–!!
Um alto-falante na lanchonete começou a soar alto; era o barulho da sirene que só era usada durante emergências.
— S-sem chance!
EunAh verificou o Bolso, mas não viu nenhuma mensagem de aviso.
[Este é um anúncio para toda a Cidade Metropolitana]
[Foi relatado que um vilão emergiu no Hospital da Cidade Metropolitana. Civis na área, por favor, evacuem o mais rápido possível.]
Depois de ouvir o anúncio, YuSung olhou para EunAh e começou a falar com ela calmamente.
— Não somos responsáveis por essa área.
O hospital não estava sob a jurisdição deles, mesmo que ficasse na mesma cidade. Apesar desse fato, o rosto da EunAh estava estranhamente pálido.
— Um… vilão no hospital?
Seu irmão em coma, Kim JunHyuk, estava no Hospital da Cidade Metropolitana. EunAh cerrou a mandíbula.
‘Eles estão sem dúvidas alvejando o 7º andar!’
— O que você está fazendo? Um vilão apareceu! Precisamos ir ao hospital agora! — ela falou freneticamente com YuSung.
— EunAh, precisamos proteger nossa própria área. Essa é a nossa missão.
Havia outros caçadores que estavam responsáveis pelo hospital. Era importante que alguém protegesse sua própria área designada.
Mesmo que a cidade estivesse atualmente em paz, algo poderia acontecer a qualquer momento. Se eles deixassem seus postos, outro vilão poderia usar a brecha na segurança para cometer seus próprios crimes. Alternativamente, outro portal como o de antes poderia aparecer.
EunAh cerrou os dentes com força suficiente para tensionar a mandíbula, depois olhou intensamente para YuSung.
— Então… não me impeça. Vou sozinha.
EunAh saiu correndo da lanchonete, encerrando a conversa. O proprietário olhou para a entrada que ela acabou de sair com um olhar preocupado no rosto.
— Não acredito que a sirene tocou duas vezes hoje. Geralmente só toca uma vez por mês.
Com suas palavras, YuSung se lembrou da conversa que ele e EunAh tiveram anteriormente.
[Eu… vou comprar outra bebida.]
Ele deveria cumprir a missão e seguir as regras? Ou seguir a EunAh?
[Qual é o problema? Você me disse que nunca tinha ido a uma lanchonete já que ficou preso nas montanhas.]
YuSung normalmente não pensaria muito sobre sua decisão, mas tinha algo diferente desta vez. Ele inicialmente se aproximou da EunAh para tentar recrutá-la como aliada devido às habilidades dela. No entanto, suas razões para recrutá-la começaram a aumentar depois que começaram a conversar.
[Qual é! A lanchonete vende um monte de coisas, como bolo. Vá em frente e peça o que quiser.]
YuSung semicerrou os olhos.
Bem quando estava prestes a se inclinar para uma decisão, lembrou-se da expressão da EunAh.
[Não sei… fazer compras, talvez?]
Tinha algo oculto nos olhos dela na hora, um pensamento que a deixou sombria. YuSung tinha o mau hábito de não ser capaz de ignorar aqueles com quem se preocupava.
— Não tem jeito.
No quinto andar do Hospital da Cidade Metropolitana…
Booom!
Um lado do hospital foi explodido em pedacinhos.
Woosh.
A poeira formada pelos detritos da parede demolida soprou para o ar. Logo em seguida, um homem emergiu do buraco na lateral do edifício.
— Urgh! Keuuk…
Ele gritou guturalmente enquanto segurava a cabeça entre as mãos. Seus olhos estavam vermelhos e desfocados; a imagem do horror.
— Aaaargh!! — o homem rugiu de dor.
A caçadora que havia sido despachada para a área estava absolutamente aterrorizada.
— Como alguém pode destruir um edifício como esse com as próprias mãos… e sem nenhuma habilidade especial…
A caçadora de rank 3 da Associação, Yu AeRi.
Sua primeira missão de despacho de emergência a levou às lágrimas.
— Sênior, você não pode subir ao quinto andar? Não posso detê-lo sozinha!
–Já disse que não posso! E capture ele, custe o que custar! Você sabe quem é esse que está em estado furioso, né? Não se esqueça, é o nosso fim se ele morrer!
O colega sênior da AeRi a repreendeu duramente.
— Como vou capturar quando nem sei se posso vencer…
Seu tom diminuiu conforme ficava em lágrimas.
Mas era tarde demais para qualquer arrependimento.
Os caçadores que estavam posicionados perto do hospital eram AeRi e seu sênior. Além deles, havia alguns guardas da cidade que estavam no próprio hospital. Apenas eles.
‘O-o hospital está… completamente destruído agora, é claro.’
Enquanto olhava para os guardas inconscientes espalhados ao redor do homem, o pensamento que veio à mente dela foi:
‘Subjugar ele é impossível para mim.’
O homem de repente olhou para AeRi e mostrou os dentes.
— Keuuuk!
Com um grito de dor, ele começou a correr na direção dela.
— Kaaaaaaa!
Soco!
AeRi saiu voando por causa do golpe e bateu na parede oposta como um saco de batatas.
— Keuuk!
Ela cuspiu sangue, e parecia que seus órgãos sofreram danos.
O homem tinha feito isso com apenas um golpe.
‘Não… consigo bloquear um ataque como esse.’
Ela lentamente perdeu a consciência.
AeRi caiu na parede em que foi enterrada. Quando ela desmaiou, o homem agarrou sua cabeça novamente e começou a gritar.
— Aaaargh!
Os sintomas que ele estava sofrendo eram de uma das doenças crônicas que um caçador poderia sofrer.
-Conhecido como Raiva de Mana.
Havia várias razões para que alguém pudesse sofrer de Raiva de Mana, mas a maioria dos casos foram causados pelo uso excessivo de suplementos.
Um refluxo de mana destroçaria todos os cantos do corpo e da mente dos afetados, incapacitando-os no fim. Uma pedra angular poderia atrasar o transbordamento, mas era um tesouro tão raro que apenas algumas existiam na coreia. Além disso, era apenas uma medida temporária.
— Keuk…
O homem começou a se dirigir para a saída. Ele havia perdido completamente a cabeça com a dor e estava atacando tudo à vista.
No entanto, só conseguiu dar alguns passos até que a voz de uma mulher o impedisse.
— Pare.
A identidade da pessoa com o tom de voz inflexível era Kim EunAh.
— Aaargh!!
O homem olhou para ela com sede de sangue. Em resposta, EunAh apontou o dedo indicador para ele e disparou uma bala feita de eletricidade.
Flash!
— Eu te avisei.
— Keuk, kuhhh…
Ele soltou um grito de agonia quando a bala o atingiu no braço. O rosto da EunAh se contorceu de dor.
— Irmão…
Ela olhou para o irmão, que tinha se tornado um completo louco. JunHyuk estava fazendo barulhos estranhos com a boca enquanto os olhos estavam distraídos.
— K, hhh, euk!
Esse JunHyuk não era o irmão gentil que EunAh outrora conheceu. Era o trabalho dela parar a fúria dele.
Ela queria desviar a cabeça da cena, mas não desviou. Em vez disso, olhou para frente.
— Dói, não é, irmão? Só… aguente um minuto. Os caçadores chegarão aqui em breve. Apenas espere até…
— Khh, khhhrrr…
JunHyuk lentamente, muito lentamente, caminhou em direção à irmã.
— Não se mova! — EunAh gritou.
Ela estendeu a mão para o irmão, mas ele não parou.
Em vez disso, olhou nos olhos dela e se aproximou.
Não havia um único dia desde que Junhyuk entrou em coma, que EunAh não desejou que ele abrisse os olhos.
— Krrr…
Claro, o JunHyuk que estava acordado na frente dos olhos dela nesse momento era bem diferente do homem que ela conhecia.
[Mamãe repreendeu você de novo, não foi? Sei que dói, mas… não precisa chorar. Ela fez isso porque te ama. Vamos. Vou deixar você andar de cavalinho.]
O JunHyuk de que ela se lembrava era atencioso.
[Uau! Você foi o que marcou mais pontos de novo? Você é tão legal, irmão!]
Ele era seu orgulho e alegria.
[Haha, é claro que tenho que me sair bem. Preciso retribuir as expectativas das pessoas, não é? Dos nossos pais, e até mesmo as suas.]
Um irmão que era gentil com todos que conhecia.
— Eu…
Com uma voz dolorida, EunAh retirou sua eletricidade.
— Eu te disse… para parar…
Bzzt! Zap!
Seu raio estava crepitando em todo o lugar, transparecendo suas emoções turbulentas.
— Aaaargh!
JunHyuk correu na direção da EunAh.
Não importa o quanto ela desejasse se tornar uma caçadora, Kim EunAh era, no final das contas, uma garota de dezessete anos. E não importa o quão profundo fosse o estado furioso em que Kim JunHyuk estivesse, ele ainda era o único apoio da vida dela.
Zzt!
A eletricidade azul desapareceu.
A perda da vontade de lutar se refletiu nas suas habilidades.
— Hã…?
Vwoom! Bam!
O punho do JunHyuk voou direto para a EunAh, que cruzou os braços para bloquear o golpe, mas a força monstruosa dele a jogou e a enterrou na parede oposta.
— Ahrf! Keuk…
Ela estava desesperadamente tentando recuperar o fôlego.
EunAh era impotente sem sua eletricidade. Ela não conseguiu mover os braços, e sua cabeça estava sangrando.
— Irmão…
EunAh chamou JunHyuk com uma voz trêmula.
— Eu…
Ela olhou para o irmão e pensou: ‘então, é assim que ele mudou’.
— Na verdade… eu sempre soube…
EunAh tinha mentido para si mesma antes, afastando-se da verdade. Ela sabia por que JunHuyk havia confiado nesses suplementos.
Ela se apoiou na parede em que foi esmagada e se levantou tremendo. Seu corpo estava gritando de dor pelo choque que acabou de sofrer, mas apenas ignorou a sensação.
— Que você é…
Nos dias em que JunHyuk recebia as notas da academia.
Esses foram os únicos momentos na vida em que eram elogiados pelos pais, que ele mal via mais de uma vez por mês.
— Fraco… para caralho.
EunAh riu amargamente.
Provavelmente tudo começou naquela época.
Ser um caçador e mostrar suas habilidades e força se tornou a única maneira do JunHyuk provar seu valor. Então, ele não conseguiu aceitar a realidade quando atingiu o limite das habilidades como caçador.
Kim JunHyuk não nasceu com o talento que tanto desejava, mas sim Kim EunAh.
Era por isso que Shin YuSung ficou tão fascinado por ela.
YuSung foi abandonado pela família, porque tinha uma Característica de Rank F.
Só que não desistiu e continuou se tornando mais forte.
— Kr…
JunHyuk mostrou os dentes e começou a rosnar.
Com uma mão apoiada na parede, EunAh olhou para o irmão e começou a blefar com todas as suas forças.
— Cai… dentro! Eu vou te acordar.