— Eu entendi seu plano, mas…
Cha Soo-yeon, que agora me seguia, hesitou por um momento para então abrir a boca.
— O que vai fazer se falhar?
— Se falhar?
— Tae-heon-ssi… pode acabar não vindo me encontrar — declarou ela enquanto fazia uma expressão de insatisfação.
Sem esconder uma expressão branda no meu rosto, respondi: — Bem, eu não sei. Essa é uma possibilidade bastante baixa. Acho que cerca de 10%?
— O quê? Então há 90% de chance do Tae-heon-ssi vir?
— Isso.
Levantei minha cabeça e chequei o prédio à frente que tinha um forte cheiro de cimento.
Tal edifício, que havia sido completamente abandonado, foi descoberto acidentalmente por Ha Tae-heon em “Abismo”, e lhe foi útil em várias situações — por exemplo: capturar e interrogar algum vilão. — Já que ele só seria descoberto mais tarde, atualmente a única pessoa que sabia de sua existência era eu.
— Por que você tem tanta certe-
— Sinto muito que isso não seja algo que esperava, eu honestamente não sou muito chegado ao Tae-heon-ssi…
Depois de ser cortada, Cha Soo-yeon me lançou um olhar confuso e, depois de ouvir minhas falas, corou.
— Tudo bem, mas eu realmente amo o Tae-heon-ssi… mesmo que pareça não ser recíproco…
— …
— Vou cooperar com você, mas ainda acho que ele…
— …virá. E caso não venha, nenhum mal acontecerá a você, Cha Soo-yeon-ssi.
Não era como se eu não entendesse o que ela queria dizer. E bem, em primeiro lugar, se não tivesse lido a novel, nunca teria feito um plano como este.
— E claro, você pode me bater também, assim aliviará seu ódio, haha…
Eu precisaria de uma desculpa plausível para dar caso o sequestro fracassasse.
— Por que você está fazendo isso?
— Acredito em Ha Tae Heon. Ele certamente vai vir — respondi com firmeza.
Se Cha Soo-yeon ficasse insegura agora, significaria que todos os meus esforços seriam em vão.
Com um sorriso suave, comecei a declarar pobres falas de persuasão: — Confie nele. Você acha que Ha Tae-heon ignoraria alguém que está em perigo? Absolutamente não, na minha opinião.
— …
— E ele já te salvou antes, não foi? Ha Tae-heon é esse tipo de pessoa.
Os olhos de Cha Soo-yeon tremeram. Ela, que me olhava com a boca levemente aberta, rapidamente desviou o olhar; suas orelhas ficaram vermelhas.
Fiquei intrigado com sua estranha reação, mas não me dei o trabalho de apontar isto.
— Está bem… — declarou Cha Soo-yeon, acenando com a cabeça: — Então, o que eu deveria fazer agora?
— Por favor, ligue para Ha Tae-heon. Quando ele atender, peça-o por ajuda. Seria bom se pudesse fingir estar assustada, mas… não é necessário.
— Está bem.
Em concordância, ela tirou o celular do casaco de couro que estava usando e, olhando para a tela com uma expressão nervosa, começou a discar desesperadamente um número.
Triiiiiiimmmm— !
Após ter clicado para iniciar a chamada, seu aparelho começou a emitir um zumbido cada vez mais alto… Cha Soo-yeon mordia os lábios nervosamente.
E, mesmo depois de 20 segundos passados, o celular não foi atendido.
Não demonstrei, mas por dentro fiquei um pouco envergonhado.
Será que ele já entrou na reunião?
Click.
[Olá. Aqui quem fala é Ha Tae-heon.]
No momento em que estava sendo tomado pela ansiedade, a chamada foi finalmente atendida.
No viva-voz, uma voz um pouco baixa, muito parecida com uma que alguém usaria para negócios, foi ouvida.
Meu coração vacilou por um momento assim que ouvi a voz do protagonista pela primeira vez.
Que bela voz.
— Tae-heon… ssi?
[Cha Soo-yeon-ssi?]
A voz de Cha Soo-yeon era trêmula, como se estivesse muito mais nervosa do que parecia.
Eu apenas acenava com a cabeça em sua direção; não tinha certeza do que fazer.
Ao me ver assim, Cha Soo-yeon fechou bem os olhos e abriu a boca.
— E-Ei…
[Hm?]
— Me ajuda, por favor, Tae-heon-ssi…!
Foi quase como um grito… Que bom.
Cha Soo-yeon, cujo rosto estava tão vermelho, sorriu, e me entregou o celular.
[Alô? Cha Soo-yeon-ssi? O que aconteceu?]
O tom de voz de Ha Tae-heon subiu um pouco; talvez tivesse ficado surpreso com o súbito pedido de ajuda que recebeu.
[Cha Soo-yeon-ssi!]
— Bom dia — cumprimentei-o sem esconder meu riso.
Ha Tae-heon, que ouviu minha voz ao invés daquela que esperava, retornou para seu tom habitual depois de uma breve pausa.
[Quem é você…?]
Sua voz era muito mais rígida do que antes.
— Se está curioso, poderia vir até aqui agora? Estou cuidando bem dela.
[Coloque-a no celular agora mesmo.]
— É um pouco complicado… O estado de Cha Sooyeon-ssi não é muito bom.
Não era uma mentira.
Atualmente, eu podia ver Cha Soo-yeon negando com a cabeça com uma cara pálida.
[Se não passar para ela logo, vai se arrepender.]
Olhei novamente para Cha Soo-yeon; ela negava ainda mais a cabeça.
Parecia que ela não queria conversar… Bem, fingir ter sido sequestrado não deve ser fácil, de qualquer modo.
— Err… Ela realmente não está em condições para falar — respondi com um pouco mais de sinceridade.
[Ha… onde?]
— Oi?
[Para onde eu vou?]
Ha Tae-heon parecia ter ficado irritado com minha confusão…
“Ele vai vir. Sucesso!”
Contudo, o mais importante era que ele estava agindo de acordo com o planejado.
— Conhece o Restaurante Sky, certo? Se você passar por ele, logo encontrará um prédio abandonado. O limite de tempo é… lhe dou 50 minutos. Não vá se atrasar, hein?
[…]
— Vai vir, né? Não deveria deixar uma dam—
Tut.
Interrompendo minha fala, a chamada foi cortada.
Que homem de coração frio… Bem, era de se esperar, afinal, ele era um personagem do tipo arrogante.
Encolhi os ombros enquanto entregava o celular com a tela desligada para Cha Soo-yeon.
— Viu? Falei que ele viria.
— Ele nem sequer disse isso.
— Ele perguntou sobre o local, certo?
Cha Soo-yeon olhou para mim com olhos duvidosos… Isso era injusto.
Entretanto, ao contrário de suas dúvidas, eu tinha ganhado 100% de sua confiança através desta chamada.
Já razão para isso foi a atitude de Ha Tae-heon, que era exatamente a mesma de “Abismo”… Na real, eu tinha uma rápida lembrança da primeira parte, porém, enquanto falávamos pelo celular, algumas linhas adicionais me vieram à mente.
“As palavras que dissemos correspondem a algumas linhas da novel.”
Na obra, Han Yi-gyeol e Ha Tae-heon também se falaram pelo celular. Claro, a situação era diferente.
Originalmente, o cão leal foi de cabeça para sequestrar Cha Soo-yeon. Logo, sendo alguém muito melhor em lidar com suas habilidades do que eu, facilmente conseguiu raptá-la e a arrastar para um lugar; o telhado de uma escola primária fechada.
Lá, Han Yi-gyeol pegou o celular de Cha Soo-yeon e ligou para Ha Tae-heon.
A conversa entre os dois foi assim:
◊ ◊ ◊
— Ha Tae-heon?
[Quem é você…?]
— Se quer salvar esta mulher, venha para este lugar logo.
[Coloque-a no celular agora mesmo.]
— Isso não é possível.
[Se não passar para ela logo, vai se arrepender.]
— Se não vier, esta mulher morrerá.
[Ha… onde?]
— Você virá?
[Para onde eu vou?]
◊ ◊ ◊
Em seguida, Ha Tae-heon aparece, Han Yi-gyeol facilmente leva uma coça e depois cai do telhado.
Ele teria morrido se não tivesse usado suas habilidades de vento com maestria… Foi justamente por isso que eu não escolhi o telhado da escola como o local de sequestro.
“Tirando isso, a história da novel estava indo corretamente — Ah.”
Por tudo estar ocorrendo tão bem, quase esqueci de algo, por um momento.
Penteei meu cabelo para trás e disse: — Cha Soo-yeon-ssi… é importante. Embora eu tenha tido sucesso com o plano de conseguir atrair Ha Tae-heon, você está na mesma situação que eu agora.
— Co-Como assim?
Cha Soo-yeon, enquanto fazia uma expressão confusa, parecia tentar compreender minhas palavras.
Eu acenei com minha cabeça.
— Como sabe, Ha Tae-heon é um pouco esperto… Tenho certeza de que ele acreditou que eu tenha te raptado, mas se ele chegar até aqui e ver que você está bem, vai parecer estranho…
— Isso é verdade…
— Se ele acabar entendendo mal… nós dois podemos até ficar vistos como cúmplices.
Tendo dito isto, ponderei por um momento…
— O quê? Não!
Já Cha Soo-yeon respondeu rapidamente enquanto parecia voltar a ficar mais nervosa.
— Haa…
Foi então que suspirei e tirei dois itens do bolso; mostrei-os para ela.
— O que são essas coisas?
— Você não pode dizer só de olhar? É um colar e um lenço.
— Tá, eu sei o que é! Estou perguntando o porquê deles.
Antes de explicar, me aproximei de Cha Soo-yeon com o colar. Ela vacilou, como se estivesse surpresa com minha súbita aproximação, mas, surpreendentemente, não fugiu e olhou para mim.
Graças a isso, pude pendurar o item em seu pescoço sem grandes problemas.
— P-Por quê?
Cha Soo-yeon evitou de forma desajeitada meu olhar e tocou o colar.
— Esse é um colar que eu acabei de conseguir. Vamos usá-lo.
— Como?
O colar parecia ser um acessório comum com uma aparência um tanto infantil, cravejado com joias azuis.
— Um item que bloqueia o espírito do usuário. Você sabe de qual estou falando?
— Eu sei. Você está se referindo a um “Obturador”, certo?
— Sim. De agora em diante, esse colar é um Obturador. Finja que está usando-o porque a enganei.
— Ah…
Cha Soo-yeon fez uma expressão estranha novamente. Eu gostaria de perguntar o porquê, mas seria perda de tempo.
— E com este lenço, amarrarei suas mãos nas costas. Vou amarrá-la bem forte, mas não bloqueará suas habilidades, então, se estiver em perigo, basta queimá-lo.
— Hm…
— Depois disso, você pode simplesmente se sentar no chão.
Assim que terminei de falar, Cha Soo-yeon olhou reflexivamente para o chão de cimento e enrugou sua face…
Estava um pouco sujo.
— Quer que eu forre com meu casaco?
— Não, você não estaria sentado nas roupas do seu sequestrador se fosse raptado, estaria?
Realmente… Nesse caso, voltei minha atenção para o colar pendurado em seu pescoço.
— Depois disso, quando tudo estiver em ordem, esmague esse colar com seus pés. “Ele” poderá tentar verificar se o item é verdadeiro mais tarde.
— Que desperdício…
— Foi barato…
Após respondê-la, me forcei a desviar o olhar de seu pescoço.
Aquele era um presente que Han Yi-gyeol pretendia dar para sua irmã mais nova… um item que comprou quando ainda tinha a expectativa de que um dia se encontraria com ela.
“Eu não preciso mais dele.”
Sua irmã já estava morta. Portanto, o colar não era nada além de um objeto sem sentido.
— Ótimo, os preparativos estão prontos — falei, sorrindo profundamente a fim de me afastar da sensação de desconforto.
“Agora, devemos dar as boas-vindas ao protagonista?”