Haviam passado pela mesma situação. Visto que era a segunda vez que não recebiam resposta, não se surpreenderam e passaram os próximos dias calmos. Alguns até trouxeram jogos, que nem damas e xadrez, ou livros para passar o tempo. Ainda assim, não mudou o fato de que estavam desperdiçando tempo.
Zich não podia permitir que Hans e Snoc passassem o tempo à toa, pois achava que deu tempo o suficiente no hotel em Ospurin para descansarem.
— Huff! Huff!
— Haa! Haa!
Os dois ofegavam pesado, e suas roupas estavam encharcadas de suor. No entanto, ele não continha um pingo de simpatia.
— Cansaram, foi? — Levantou a voz, os alertando.
Eles se ajoelharam na mesma hora com diversas bolsas cheias de pedras pendendo em muitos pontos deles. Tinham permissão apenas para suportar os pesos apenas com os músculos, sem mana.
— Vocês têm que treinar o físico todo. Se acham que não precisam por causa da mana ou do poder sobre a terra, saibam que estão errados! A única coisa em que podem acreditar em uma emergência são suas habilidades físicas.
Ele também trabalhou para melhorar o corpo ao potencial máximo somente com trabalhos simples, mas árduos. Era algo que até ele não poderia substituir por conhecimento ou truques. Podiam existir caminhos eficientes, porém não fáceis.
— Além disso, o treino físico vai ajudar vocês em tempos normais. Se fossem magos, talvez eu não faria vocês passarem por tudo isso. Mas não são! Snoc, se usar a terra, pode atacar de perto e de longe! Não fazer tudo o que pode é apenas ser preguiçoso. — Seu olhar pousou em Hans — E você aí, vai pra cima e pra baixo usando a espada de qualquer maneira! Sem desculpas! Treinem do jeito certo!
— Sim!
— Sim!
— Seus braços estão perdendo a postura de novo!
O treinamento continuou, e usaram tudo o que tinham. Pequenos grunhidos escapavam de suas bocas, mas não gritavam. A possibilidade de ele encurtar ou interromper o treino era uma fantasia absurda, e os dois tinham isso em mente.
Entretanto, nesse dia foi diferente.
— Parem.
Desabaram no chão junto às bolsas presas e massagearam os músculos que doíam, mas pararam de repente e se entreolharam, inclinando as cabeças. Zich não os impediria tão cedo; não até pelo menos o pôr do sol.
— O que aconteceu? — perguntou Hans.
— Nada, temos convidados.
Os arbustos farfalharam e os dois caídos levantaram as guardas. Cinco pessoas no total saíram do mato, e todos disfarçaram as identidades com vestes pretas. Alguém suspeito poderia ser muito mais perigoso do que um monstro.
— Quem são vocês? — questionou Zich, calmo.
Ninguém respondeu, contudo não foi difícil adivinhar seus motivos. Vendo as espadas desembainhadas, não deviam estar se aproximando com boa vontade.
— Vieram atrás de mim? — Os olhos dele estavam bem abertos, como se não pudesse acreditar — Sério, por que tem tanto suicida nesse mundo?
— Ei, sênior. — Snoc falou com Hans, sem desviar os olhos dos intrusos.
— O quê?
— Em contraste ao que ele diz, o senhor Zich parece muito feliz. Estou errado?
— Não, é verdade. — Seu olhar mudou de cautela para simpatia — É porque chegaram brinquedos no momento certo em que ele estava entediado.
Ademais, os visitantes pareciam bem “ruins”.
Embora conversassem baixo, todos na área tinham treinamento suficiente para ouvir a conversa, o que fez a raiva dos encapuzados explodir e fazer Hans e Snoc encolherem. Por instinto, Hans puxou a espada, e Snoc tocou o chão com as mãos. Todavia, Zich permaneceu calmo.
— Quem mandou vocês aqui?
Mais uma vez, sem respostas. Mas aquela pergunta era retórica.
— Beleza, deixa eu ver. Vocês são assassinos. Quem tem rancor de mim?
Antes de sua regressão, ele não… Não, ele com certeza tinha mil e um inimigos. Se fosse um pouco mais fundo, precisaria de mais de cem mil pares de mãos e pés para contar o número total de gente que guardava algo contra ele.
Agora vivia uma segunda vida pura e “normal”. Usando somente uma mão, podia dizer os que queriam sua cabeça. Alguns pensariam que era problemático existir quem o odiasse após decidir ter uma vida gentil. Entretanto, a aparência dos assassinos fez ele se sentir mais realizado.
“E pensar que tem tanta pouca gente que quer me matar. Eu tô indo muito bem!”
Os primeiros possíveis suspeitos eram os Steelwall, mas logo quando pensou neles, os apagou da mente.
“Estão ocupados organizando a casa. Não terão tempo para mim e nem sabem onde estou. E considerando o caráter deles, não enviariam assassinos ao filho mais velho do conde por se separar deles, sendo que já desisti da herança.”
Os próximos foram os Bellids. Todavia, o vice-prefeito estava fora de cena, e os Karuwimans garantiram que impediriam que informações sobre seu envolvimento se espalhassem, a fim de proteger a identidade dele.
A terceira hipótese eram os assassinos em Suol que tentaram transformar Snoc no Tirano da Terra.
“Parecem exatamente aqueles caras.”
No entanto, ele matou todos os presentes naquela vez. Não parecia provável que soubessem algo dele.
Biyom Dracul. A ajuda e o apoio de Zich a Joaquim deve ter sido um horror para ele.
“Não, fui longe demais com essa.”
Zich era um colaborador, no máximo. Seria exagerado pensar que Biyom já descobrira as habilidades dele; descobrira a sua existência, na verdade.
“Hmmm, sei lá.”
Só lhe daria dor de cabeça pensar nisso sem saber, então parou.
“Eu deveria tirar algo deles depois de capturá-los.”
— Hans, Snoc.
— Sim, senhor?
— Cada um pega um.
Ambos ficaram nervosos.
— M-mas, senhor, eu nem consigo me mexer direito mais…
Hans, que o serviu por um pouco mais de tempo, falou em nome de Snoc e dele. Porém, não estava inventando desculpas, porque qualquer um podia ver que não estavam em boa forma. Por mais que não tivessem cumprido o cronograma planejado, foi muita coisa. Mas, claro que não funcionaria em Zich.
— E se no futuro você derrotar alguém usando tudo o que tem e chegar apoio depois? Vai dizer que está cansado, e ele vai falar que chegará mais tarde?
Relutante, Hans se levantou com força. Suas pernas tremiam que nem as de um veado recém-nascido, e os braços segurando a espada também. Ela possuía a cara de um pedaço de ferro qualquer agora. Em comparação a ele, Snoc tinha vantagem devido às habilidades versáteis de especial.
Zich não deixou que ele tivesse essa facilidade.
— Pode ir se cobrindo com uma armadura, mas só vai atacar de espada. E é bom que Nowen saia de cima de você.
— Ehh?! — gritou.
Koo…
Nowem não queria se separar, e olhou para Zich antes de pular dos ombros do garoto. Embora costumasse ser um símbolo de medo, não podia desafiá-lo. O não deu voltas; capotou.
— Bom, bom. Se estiverem preparados, afastem-se um do outro. Vou jogar um para cada.
Os assassinos ficaram furiosos e não sentiram a necessidade de se conter. Por mais que ele tenha decidido que os dois teriam dois para dividirem, nenhum dos assassinos pretendiam seguir isso. Todos correram em direção a Zich, que era o mais próximo, e planejavam matá-lo antes de lidar com Hans e Snoc.
Cinco adagas se lançaram em direção a ele de uma vez, e em resposta, ele tirou uma espada.
Chachachachang!
Eles levantaram e lançaram as adagas ao mesmo tempo, contudo não esperavam que todas seriam paradas de uma vez por uma única pessoa.
Ele foi em direção a eles, que agora estavam cheios de aberturas.
Tut! Tut!
Ao som de uma colisão, dois saltaram. Considerando que estavam no ar, não receberam muitos danos e riram dos chutes leves. Porém, quando viram outro ao lado deles ao pousarem, fizeram uma careta após perceberem por que foram chutados para o ar.
— Acabem com eles! — Sorriu, entregando os dois para Hans e Snoc — E vocês aí, podem vir. Não se preocupem, vou pegar leve para que possam falar depois. — Meneou a lâmina em direção aos três restantes.