Os cinco dias de descanso que Zich lhes deu pareceu um sonho para Hans e Snoc. Embora tivessem brigado no primeiro dia, nada mais aconteceu após o incidente. Ainda tinham muito tempo e dinheiro, e onde estavam era um ponto turístico mundial. Assim, passaram os próximos dias se divertindo.
Quando Zich ordenou que o seguissem a uma ruína antiga sob a cidade, foram com alegria. Podia-se dizer que a ruína foi o contribuinte número um para a criação de Violuwin. Encontrada por acidente, as pessoas se reuniam na cidade para vê-la. Em seguida, serviços e empresas se reuniram ali para ganhar dinheiro com os visitantes e acabaram incentivando mais pessoas a irem.
— Vocês também visitaram este lugar, certo?
Hans e Snoc assentiram. A ruína era fantástica o suficiente para passarem dois de seus cinco dias livres nela.
Os três se misturaram com o grupo de turistas comuns e entraram. Logo ao entrarem, viram uma passagem feita de blocos de pedra.
— Quando e quem acham que fez isso? E por qual motivo?
— Eu não sei. Vimos por dois dias, mas não acha que parece de alguma forma diferente a cada vez?
Snoc e Hans murmuraram atrás, e Zich examinou a passagem. Antes de sua regressão, o único local que havia explorado em Violuwin era este.
“Deixe-me ver. Tenho certeza de que o caminho…”
Ele tentou nadar através da sua nuvem escura de memórias, mas estava nebulosa.
“Quero dizer, mesmo quando eu tinha informações daqui, não as usei.”
Ele foi informado da existência de Tornium e as direções para a sua localização. Porém, naquela época, ele simplesmente quebrou e derrubou tudo em seu caminho para encontrá-la.
“Eu deveria ir para onde eu possa pensar, por enquanto.”
A passagem era escura, e as únicas fontes de luz disponíveis eram as tochas presas às paredes. Os turistas aparentavam gostar daquela escuridão e vagavam pelo caminho. Entretanto, ele sabia que não poderia atravessar toda a ruína, pois era estruturada feito um labirinto, e se fizesse uma curva errada, nunca mais veria a luz do dia. Pessoas desapareciam lá dentro todos os anos.
Ele continuou andando enquanto tentava se lembrar. Uma corda com uma placa pendurada logo bloqueou seu caminho.
“Por favor, não entre.”
Ele na hora ignorou o sinal e passou por baixo. Hans e Snoc, sem questionar mais o seu comportamento, o seguiram. Havia alguns suportes para tochas naquele breu, todavia, pareciam não ser limpos há muito tempo, porque estavam enferrujados e cheios de sujeira.
Após imbuírem mana nos olhos, entraram. A estrutura não era diferente do exterior, tirando a enorme quantidade de poeira. Depois de caminhar um pouco, ele admitiu com calma: “estou perdido”.
Ele se perguntou se deveria quebrar tudo como fazia antes da regressão. Afinal, se lembrava pouquíssimo das instruções.
“Nem, posso encontrar devagar.”
Embora não soubesse as direções, se lembrava de como era. Ele tinha certeza de que seria capaz de reconhecer à vista. Não era fácil encontrar um lugar específico em uma ruína construída como um labirinto; no entanto, um dos seus companheiros tinha uma afinidade natural com a terra.
— Se lembra do caminho que trilhamos, certo, Snoc?
— Sim! Posso desenhar um mapa imediatamente. Não é, Nowem?
Koo!
Nowem ergueu as patas e guinchou com confiança. Graças aos dois, Zich não precisava se preocupar em se perder.
“Hehe, foi uma ótima ideia trazê-los.”
Era muito confortável ter um servo com uma função de mapa automática. Ele quis se elogiar por persuadir Sam a trazer Snoc com ele.
“Ainda assim, provavelmente não serei capaz de chegar em apenas um ou dois dias.”
Se a escala e a estrutura da ruína fossem tão simples, Violuwin já teria descoberto a arquitetura.
“Vou procurar de pouco em pouco e, quando for hora de me encontrar com Lyla, vou sair.”
Depois que terminassem o encontro, poderia procurar a espada de novo.
Sssk!
“Hã?” Zich parou seus passos depois de ouvir um som estranho que Hans e Snoc também ouviram.
Clang!
Hans pegou sua espada e levantou a guarda, enquanto Snoc colocou Nowem em seu ombro e libertou ambas as mãos. Foi uma reação instantânea como resultado do treino e de tudo o que experimentaram. Satisfeito ao ver o grande progresso de ambos deles, procurou de onde ouviu o barulho.
Sssssk!
Não precisaram se esforçar muito para localizar. Uma parede foi empurrada para trás como se fosse uma porta reversa.
— Alguém tocou em algo…?
Hans e Snoc balançaram a cabeça. Zich olhou para o espaço escuro que havia aparecido entre as paredes.
“Não é um lugar que eu saiba, mas estou curioso. Entro?”
— É, vamos.
Os outros dois estavam relutantes, mas o seguiram. Não muito tempo depois de entrarem…
Sssssssk!
Ouviram o som de novo, e a porta se fechou. Os três se viraram e viram que a entrada pela qual passaram não existia mais.
— Vai… abrir de novo?
— Qualquer coisa, só quebrar.
— Mas é uma ruína. Não será ruim se quebrarmos?
Sssssssk!
Ao contrário de suas preocupações, a porta se abriu de novo.
— Acho que abre automaticamente quando as pessoas estão por perto.
Snoc ficou feliz com isso, mas Zich achou essa afirmação questionável. O caminho para Tornium também era um caminho oculto parecido. Porém, não um onde a porta se abria quando paravam por perto.
— Aí, se afastem um pouco.
Os três deram vários passos para trás.
Sssssssk!
A porta se fechou mais uma vez.
“Parece mesmo que responde à presença humana.”
— Hans, um passo à frente.
A porta não se mexeu.
— O quê?
Ele se moveu para ela mais uma vez. Ele a tocou em lugares diferentes e até tentou bater, entretanto, ela não se moveu.
— Afaste-se um pouco.
— Sim, senhor.
Confuso, recuou. Mandou Snoc desta vez, contudo, ela também não se moveu. Depois, foi a vez de Zich.
Ssssssssk!
Com um som alto, se abriu. Zich se moveu para trás, e ela se fechou. Repetiu o processo outras vezes, e o resultado foi igual.
— Ela responde ao movimento de senhor Zich.
— Me pergunto o porquê.
Zich podia ouvir seus servos falando por trás. Ademais, tinha uma pergunta igual.
“Por que só a mim?”
Antes de regredir, nada semelhante havia acontecido antes.
“Algo em mim mudou?”
Ele não conseguia pensar em nada em particular. Olhando para trás, o túnel escuro parecia o chamar para entrar e encontrar a verdade.
“Primeiro, vamos tentar entrar.”
Como esperado de uma ruína antiga, os caminhos se cruzavam de maneiras complexas. Todavia, o local ainda era menos complicado do que os abertos ao público.
“Parece mesmo que algo está aqui.”
Para se preparar para uma situação inesperada, ele expandiu seus sentidos, no entanto, era difícil sentir qualquer coisa. Havia algo bloqueando suas habilidades sensoriais. Da mesma forma, Snoc e Nowem não conseguiram detectar seus arredores.
Snoc afirmou se lembrar do caminho para que pudessem pelo menos evitar o pior cenário. Com isso em mente, Zich foi aonde sentiu a maior perturbação.
Os caminhos estavam embaralhados, então era dificílimo andar em uma direção só. Chegaram a becos sem saída e lugares iguais várias vezes. Porém, depois de um tempo, alcançaram uma sala.
O teto era baixo e segurado por pilares, porém, a área era muito grande. Muitos caminhos estavam conectados à sala, entretanto, os três se concentraram apenas no objeto no centro. Em uma plataforma baixa de três níveis, algo magnífico roubou sua atenção.
Era uma espada.
— Ei, Nowem. Tem uma espada aleatória aqui — sussurrou Snoc.
“O senhor Zich veio aqui para pegar isso?” pensou Hans.
A julgar pela reação de Zich, não parecia ser o caso. Diferente da esperada despreocupação dele, ele ficou sério. Hans moveu o pescoço um pouco mais para olhar para a espada mais de perto.
“Definitivamente parece espetacular.”
Era incrível que tivessem encontrado uma espada desconhecida, misteriosa e, pela aparência, mágica, em uma ruína antiga como esta. Ao contrário das comuns, ela era completamente branca, e suas decorações…
“Parece uma espada sagrada de uma história.”
— Senhor, sabe o que é?
À pergunta de Hans, Zich respondeu com calma:
— É uma espada sagrada.
— Hã?
— O quê…?
Hans e Snoc não esperavam aquilo de fato, então ficaram perplexos. Contudo, Zich não disse mais nada e foi até ela.
“Espada sagrada Estellade… Por que diabos está aqui?”
Se a espada demoníaca Tornium representava o Zich Moore, o Lorde Demônio da Força, a espada sagrada Estellade representava o Glen Zenard, o Herói do Sol.
Zich subiu na plataforma e parou bem na frente de Estellade. A lâmina puramente branca era idêntica à forma que se lembrava. Foi a espada que o matou. Como se estivesse encantado, agarrou o seu punho. Ele nunca conseguiria tirá-la dali.
Fundamentalmente, Estellade e Tornium eram opostos. Estellade escolhia o próprio mestre, então as pessoas consideradas indignas não eram capazes de retirá-la. Assim, Zich não achava que seria capaz.
Screech!
Um som alto ecoou quando ela foi tirada da rocha. Não deveria ter sequer se movido, todavia, saiu com facilidade, assustando Zich. Snoc e Hans, chocados logo atrás, olharam.
Clang!
Com um som claro, ele a puxou inteira. Mesmo que não houvesse nenhuma fonte de luz, a Estellade soltou um brilho sutil por toda a sala, fazendo Zich olhar para ela de forma incompreensível.
— Mas que porra é essa?