Zich e Lyla saíram e não viram ninguém nas ruínas. Era tarde, e mesmo que não fosse o caso, todos teriam fugido do caos que estava acontecendo.
“Senti falta deste cenário.”
Para ele, foi nostálgico ver faíscas em diferentes partes da cidade. Via cenas semelhantes todos os dias. Após regredir, nunca teve a chance de ver uma batalha desta escala. Foi a primeira vez depois de tanto tempo testemunhando uma luta envolvendo uma cidade inteira.
Distraída, Lyla olhou para os incêndios. Embora parte de seu senso de culpa parecesse ter diminuído, pareceu chocada ao ver os horrores de uma guerra em primeira mão.
“Ela tem que lidar com isso só agora.”
Não parecia certo se envolver em suas lutas pessoais quando não era o seu pai ou coisa do tipo. Por não parecer que faria um estardalhaço dizendo que se mataria, ele decidiu apenas observá-la em silêncio.
“As principais forças são esses monstros que não param de gritar. Aonde devemos ir?”
A julgar pela situação, seus inimigos aparentavam ter tomado todas as três entradas das muralhas. Ele preferiu não pensar sobre por muito tempo.
“Vamos de frente.”
Hans e Snoc estavam perto das muralhas. Pelas grandes presenças, aquela área devia ser o olho da tempestade.
“Ah, é claro…” Os olhos dele se voltaram a uma direção diferente.
“Antes disso, tenho que cuidar deles!”
Figuras vestidas de preto cercaram os dois.
“Por que as suas roupas são sempre as mesmas?”
Demonstravam interesse somente em Lyla.
“Realmente fizeram tudo isso para capturá-la?”
Ela cerrou os dentes. A sua raiva não pareceu passar para os oponentes.
— Capturem-na. Pode desmembrá-la, mas temos que mantê-la viva a todo custo.
Sob o comando do líder, puxaram as suas espadas. Zich assobiou por conta da execução impecável, atraindo a atenção do líder por um tempo.
— Matem o cara com ela.
Eles apontaram as lâminas. Lyla também levantou a mão, mas Zich a impediu.
— O que está fazendo?
— Deixa comigo.
— Acha que é um príncipe em um cavalo branco? Isso é problema meu também. Não quero gentileza desnecessária.
— Não é bondade, é porque você vai ser um peso morto.
— O quê?
— Não estrague o clima quando acabou de ficar bom.
Ela ficou atordoada. A julgar pelo tom dele, ele, de fato, a considerou um obstáculo no meio dos vinte adversários.
“É bom se aquecer antes do evento principal.”
Eles se espalharam em torno dele para manter a magia de Lyla sob controle. Alguns partiram para cima dele; outros, dela. Embora Zich, com a nova espada incomum, tivesse dito com confiança para ela não se intrometer, ela preparou um feitiço. Acima de tudo, se ressentia deles.
Sorrindo, ele não se preocupou com ela e ergueu a espada-galho. Quando a balançou, o conflito terminou com este único movimento.
Houve zumbido de algo pesado caindo acompanhado de um buraco profundo no chão, vibrando o ar. Com isso, todos que foram a ele se foram.
— O quê…? — murmurou o líder, chocado enquanto observava por trás.
Todos correndo para ela pararam, e até o seu feitiço foi cancelado quando ela se distraiu. Era como se o tempo tivesse parado para eles.
— É isso, cacete!
Sem superar a empolgação, Zich cerrou os punhos com força. Aquele era o poder absoluto que não exigia estratégias complicadas, a manifestação do Lorde Demônio da Força.
“Bicho, fiquei com dor de cabeça esses dias de tanto usá-la. É verdade que a sua mente sofre se seu corpo estiver fraco.”
Agora que continha poder suficiente, se sentiu incrível. Ele simplesmente jogou muita mana contra os oponentes. Controlando um pouco o seu poder, bastou um único ataque para eliminá-los sem uma gota de sangue.
“É realmente uma pena que eu só possa usar esse poder por tempo limitado.”
Isso significava que ele precisava aproveitar a oportunidade o máximo possível, e um campo de batalha com muitos inimigos era perfeito.
— Isso… — falou o líder.
O tempo congelado voltou a se mover. Contudo, não mostravam sinais de movimento.
— Viraram estátuas? Por que congelaram? Achei que me mataria.
— O que você é?
— São vocês que estão causando caos em uma cidade pacífica?
— Que tipo de relacionamento você tem com essa mulher…!
Bang!
Com uma forte explosão, sangue e carne humana voaram para todos os lados. Aqueles próximos recuaram ao se banharem com o sangue e carne dos parceiros.
— Quer sinalizar para quem?
Ele estendeu o punho quando viu que um dos indivíduos recebeu algum tipo de sinal do líder e estava prestes a tirar um alarme. A tentativa dele de lidar com seu problema acabou.
— Se ficar o bicho pega e se correr o bicho come. Não pretendo prolongar esta luta por muito tempo, de qualquer forma.
Os verdadeiros inimigos estavam dentro da cidade atacando os civis. Zich, que queria ser bom, não podia deixar isso acontecer, então decidiu encerrar a conversa. Ele ergueu a espada de novo.
— Desviem! — gritou o líder.
Foram atacados somente duas vezes, contudo, ele não sabia como Zich era capaz de causar explosões e acabar com a vida de tantos de seus subordinados em questão de segundos.
O homem pensou em possíveis razões: habilidade avançada, ferramentas incríveis ou uma técnica especial. Estavam em clara desvantagem. E todas teorias erraram — não, havia uma coisa sobre a qual ele estava certo. Os golpes foram simples e usaram apenas força pura.
Swoosh!
Zich brandiu a espada àqueles que estavam tentando escapar.
No ar, várias explosões irromperam juntas, simulando um acorde harmonioso curto e forte. E aí, parou. Sem passos e pessoas fugindo desesperadas ou gritos dolorosos, nem barulho de detritos caindo.
Ele se virou e viu o rosto chocado de Lyla.
— Vamos.
Hans e Snoc, as figuras centrais, derrotaram um grande número de assassinos mais fortes do que os cavaleiros. Com a Estellade, Hans sobrecarregou os adversários. Mas mesmo a luz dela não podia varrer continuamente os inimigos.
Crash!
— O quê!?
O golpe foi bloqueado, o surpreendendo. A primeira vez que ele foi superado em força física com a Estellade foi com o poderoso ser que destruiu o portão e deixou todos os monstros entrarem.
A pessoa sob o manto desviou os olhos para a espada.
— Estellade. Por que você tem isso?
— O que importa para… você…
O homem saltou para trás. Em vez de ser empurrado pela força de Hans, se moveu sozinho.
— Esta espada não é adequada para pessoas como você.
— Se é tão fodão, por que não a pegou antes de mim? O primeiro a usar um objeto sem dono vira o dono, imbecil do caralho!
Após a regressão, Hans teve o maior relacionamento com Zich e recebeu todos os tipos de treino; parte da má personalidade também. Não era perceptível, já que geralmente estava com Zich. Não deveria xingar de volta? E estavam lutando por suas vidas.
— Uns arrombados depressivos góticos não se encaixam com a Estellade, então vira o rabo pra lá e mete o pé, cuzão!
— Uau, esta é uma nova experiência. — Riu o homem — Já faz um tempo desde que alguém me insultou.
— Tu é masoquista, maluco?
— Não, não é isso. Na verdade, estou com muita raiva. Você também é muito vulgar para o que está segurando. Mas, acima de tudo, é meu inimigo. Não tenho necessidade de mostrar misericórdia. — Embainhou a espada — Qual é o seu nome?
— Por que quer saber?
— Estou apenas curioso sobre o nome do escolhido pela Estellade. Para a sua informação, o meu é Imor.
Contudo, Hans se recusou a revelar o nome.
— Não vai responder, então. Não tem jeito. — Imor mexeu os dedos — Vou te subjugar e descobrir, queira você ou não.
Um arrepio percorreu as costas de Hans, o fazendo recuar por instinto. Algo passou pelo ponto em que estava.
Whoosh!
O algo que Hans não pôde ver emitiu um barulho agudo.
Crek!
O chão duro em que estava ficou completamente mutilado, como se uma faca tivesse feito arranhões numa argila macia.
Hans engoliu em seco a saliva.
— Bem, mestre da Estellade, quantas vezes terei que rasgá-lo para que me diga o seu grande nome?
Os olhos de Imor brilhavam de forma assassina debaixo do capuz.