Esta foi uma lembrança de um evento antes da regressão que aconteceu logo após a conversa de Zich com Joaquim sobre o seu “passatempo sangrento”. Depois que Zich ouviu a lógica claramente bizarra, ele observou Joaquim se banhar na poça de sangue por um pouco mais de tempo. Então, ouviu outra voz.
— O que está fazendo, chefe?
Zich se atentou à voz da única dos seus quatro subordinados que o chamava de chefe. O cabelo castanho-avermelhado parecia ter vida própria, e as roupas dela eram quase que pedaços de pano, mal cobrindo as áreas vitais. Embora fosse sensual e elegante, havia um ar astuto nela.
— O quê? Você estava em um encontro com o Joaquim?
— Não diga algo tão nojento nem se for piada. — Acenou Zich.
Joaquim pegou muito mais sangue e o derramou sobre os ombros, horrorizando Evelyn.
— Inacreditável! Como pode amar tanto isso?
— Então, maluco! É aquilo que te falei!
Zich se sentiu feliz ao enfim encontrar alguém que concordou com ele, apesar de ele ter esquecido que ela não era normal. Incluindo ele, embora alegasse ser diferente, nenhum dos cinco era normal.
— Ah! — gritou, surpresa com o cadáver de aparência decente que levantou
— Ei, eu te disse para não matar os bonitos!
— Nunca concordei com isso. — Joaquim mudou de postura.
— Sangue não é a única coisa que você precisa? Eu falei que eu caçaria uns em seu lugar!
— Não precisa.
— Ah, sério!? Não é como se você se importasse com de quem era o sangue! Chefe, diga algo também!
Calmo, Zich coçou a cabeça, arrancando uma expressão irritada dela.
— Tch! Eu deveria pelo menos levar a cabeça. — Ela tirou uma adaga do quadril a fim de carregar o crânio decapitado sob um dos braços — Ah, achei outro bonito!”
Quase se parecia com os bárbaros que penduravam os membros da vítima na cintura como ornamentos. Porém, ela estava simplesmente procurando a nova decoração do seu quarto.
“É o meu carma por matar tantas pessoas?” pensou Zich.
“A Evelyn era assim…”
Zich olhou para Evelyn bebendo chá na frente dele. O seu jeito era diferente do seu futuro eu, sem mais o olhar sensual.
— Os dois estavam viajando?
— Sim, senhora.
Ela não aparentava estar tão desalinhada como quando foi salva. O cabelo dela estava apenas um pouco molhado, e ela havia trocado de roupas.
Depois de quase se afogar, não queria mais ficar perto do lago, então pediu aos criados para adentrarem mais à floresta., que com os esforços combinados, mudaram a localização do acampamento em um piscar de olhos. Para tratar e agradecer aos seus salvadores, os chamou para tomar chá.
Respondendo à pergunta dela, Zich observou um dos cavaleiros, que tinha sumido antes, dialogar com Ricky.
“Estão investigando os nossos rastros.”
Apesar de serem gratos, não baixaram toda a guarda. Ele esperava essa cautela, tanto que dois cavaleiros se puseram ao lado dela na conversa. Ela aparentava estar desconfortável, porém, sabia que era necessário e não protestou.
E Zich não era alguém com quem pudessem brincar.
“Eles não vão descobrir nada.”
Ele cobriu todos os rastros e forjou uns. Quando saltou para salvar Evelyn, pressionou os pés amplamente a fim de ganhar tração e apagar todos os vestígios. Por conta disso, Lyla, coberta de terra e sujeira dele, o encarou como se quisesse matá-lo. No geral, o objetivo foi concluído.
“Se um verdadeiro profissional investigar, podem descobrir. Mas duvido que tenha um nesse pequeno grupo.
E mesmo que enviassem uma equipe investigativa depois, a magia suprema chamada tempo teria apagado todos os vestígios. Em suma, não havia porquê de de ficar nervoso.
Como esperado, não descobriram os truques de Zich. Ricky deu uma tapinha no ombro do cavaleiro e voltou ao seu dever original.
— Viemos para a celebração do aniversário do rei. Por termos muito até lá, viemos a um lago próximo. Não esperávamos que algo assim acontecesse.
— Foi o mesmo comigo. Sempre visito este lugar quando venho à capital. Não esperava ver um monstro… — Balançou a cabeça — Vamos apenas esquecer o desagradável. Poderiam me contar mais a respeito de vocês? Como eu só fico na residência da minha família, sou muito curiosa quanto às histórias que os viajantes podem ter.
— Não sei se tenho uma que satisfaça o gosto da minha senhora, mas tentarei o meu melhor.
Já que ele passou por todos os tipos de experiências antes de regredir, a dele fluiu bem e foi interessante. Lyla também usou as suas memórias do futuro para ajudar a narrar a dela. A postura de Evelyn, entusiasmada, indicava que ela havia crescido protegida ao ponto de se surpreender com o que era considerado menor.
— Ah!
Enquanto pegava um biscoito, ela se encolheu e retirou a mão ao tocar de leve a de Zich, corando. Ela, de fato, não resistia a homens, o que o fez se arrepiar.
“Isto é um pesadelo…”
Ele não podia saborear o biscoito na sua boca. Era tão estranho que mesmo Lyla sorria desconfortavelmente.
“Se tá ruim para ela, imagina pra mim, que convivia com a Evelyn do futuro.”
— A-agora que pensei nisso, o que são um do outro? Não quero me intrometer, mas queria saber se têm uma relação mais profunda do que estão transparecendo. Ainda mais que vieram descansar juntos em uma floresta densa desta — disse, os olhos curiosos brilhando.
— Apenas companheiros de viagem — respondeu Lyla, firme, desapontando Evelyn. Entretanto, as seguintes palavras de Zich logo a deixaram esperançosa de novo.
— É, até agora.
Embora Lyla tivesse virado a cabeça para ele, ele não fez nada.
— Ai, céus. — A nobre viu a atmosfera peculiar dos dois com emoção.
— Minha senhora, tudo bem se pararmos de falar sobre este assunto?
— É claro. — Sorriu, aplaudindo com os pequenos punhos — O amor é uma coisa boa. Eu também tenho um noivo.
— Uau, que surpresa. Não sei quem é, mas tenho certeza de que é um sujeito extremamente sortudo.
— Não, você está exagerando — O seu rosto ficou vermelho mais uma vez, mas parecia satisfeita — Ele é bom demais para mim. Já que é um casamento arranjado, foi um pouco estranho no início, mas estamos nos aproximando devagar. Mesmo que eu admire o amor à primeira vista, como os dos romances, acho que é uma boa ideia ter um que surge lentamente.
“Quem caralhos é tu! Você não é a pessoa que conheci!” pensou ele, sorrindo de volta.
Já que a hemofobia de Joaquim era sutil, não sentiu uma grande distância entre o antigo e o atual. Por outro lado, cada palavra que Evelyn pronunciava fazia Zich se sentir cada vez mais longe dela.
“Sendo honesto, conhecê-la está sendo mais assustador do que quando conheci Weig.”
Era um tipo completamente novo de horror para ele.
Após jantarem, seguiram caminhos separados. Zich e Lyla montaram a tenda enorme deles em um lugar bem longe do grupo de Evelyn. Graças à caixa mágica e ao extraordinário físico dele, conseguia carregar uma grande barraca e montar sozinho. Então, se deitou em uma cama grande, encarando o teto.
“Que delícia.”
Ele havia preparado esses itens para fingir que haviam saído para a floresta para desfrutar de um piquenique. Quando viajavam, faziam uma simples fogueira e dormiam em tapetes. Ele não tinha intenção de usar esses suprimentos confortáveis.
Se Hans e Snoc soubessem que Zich não os deixava ter conforto para não ficarem preguiçosos, teriam protestado em voz alta que isso nunca aconteceria. Contudo, ele já havia tomado a decisão final de que, pelo menos por um longo tempo, viveriam o dia a dia com o mínimo.
— Entre — falou Zich, olhando para a entrada da tenda.
Lyla, sem estar surpresa com a percepção dele, entrou e puxou uma cadeira perto dela para o lado da cama de Zich.
— O que vamos fazer depois?
— Informações. — Se sentando, respondeu.
— Como?
— Aí é contigo. Essa é a razão pela qual eu te trouxe.
Ele não sentia ninguém os espiando, todavia, por precaução, usou mana para impedir qualquer som de escapar.
— Você realmente tem todos os tipos de técnicas.
— Bem, eu costumava ser um Lorde Demônio. — Ele se virou para ela e pôs os pés no chão — Ela mostrará interesse em você. Na volta para casa, provavelmente vai te chamar para acompanhá-la por eu ter sugerido algo entre nós, então ela deve estar interessada em saber mais. Pelo visto, ela aparenta adorar histórias de romance.
— Então foi por isso…
Como ela pensava que Zich fez algum plano, não disse muito e o deixou falar sozinho. Somente não esperava que as observações casuais dele a respeito do relacionamento de ambos fossem para possíveis conversas com Evelyn.
— Então, não seria melhor para ela te chamar pa…
Lyla parou de falar ao se lembrar da dificuldade de Evelyn em lidar com homens.
— Como você acabou de pensar, ela não vai me chamar. E mesmo se me chamar, não poderemos ter uma conversa profunda. É sério, eu estou feliz para um caramba por ter te trazido comigo. Basta seguir o fluxo da conversa. E também tente perguntar a ela sutilmente se coisas estranhas têm acontecido com ela.
— Eu não estou muito confiante em falar de histórias de amor.
— Não precisa dizer muito. Como ela já acha que eu gosto de você, e você é indiferente a mim, responda a ela sem jeito. Será bem fácil. Em primeiro lugar, você naturalmente vai se sentir constrangida. Não tem por quer fingir.
— Certo… Vou tentar.
Com isso, o seu esquema começou a dar frutos.