Chrysalis – Capítulo 764

A primeira vez que conheci Anthony, honestamente, não pensei muito dele, monstros do tipo inseto eram fracos, como era de conhecimento comum. Esse conhecimento era tão comum que demorou algum tempo até que eu percebesse que não sabia muito sobre esse ramo de monstros, simplesmente os descartei de imediato com base na má disposição coletiva em relação a eles.

Após trabalhar com ele e perceber seu potencial, passei um tempo considerável vasculhando os arquivos e estudando o material que tínhamos sobre o assunto, que era pateticamente pouco. Havia muitos registros de formigas, mas principalmente do tipo histórico, detalhando este ou aquele surto, os tipos de indivíduos encontrados e como foram exterminados. Extraordinariamente pouco trabalho foi feito explorando as ramificações das árvores de evolução, tipos comuns de mutação, ou qualquer uma das pesquisas rigorosas pelas quais o Culto do Verme era conhecido.

Por quê? Por que esse ramo do monstro, mais do que qualquer outro, foi desconsiderado de maneira tão absurda?

Foi desconcertante para mim, mas não tive escolha a não ser admitir que eu havia feito o mesmo. Apesar de ganhar a reputação de mergulhar profundamente em arquétipos de monstros que eram normalmente menosprezados por meus contemporâneos, nunca pensei em olhar para as formigas em qualquer tipo de profundidade.

Suponho que posso entender o viés, as formigas são um arquétipo de monstro desprezado. Os habitantes gerais da Masmorra as odeiam pelo dano que causam e pela maneira bastante aterrorizante com que atacam, abrindo túneis através das paredes e explodindo em áreas vulneráveis com uma enxurrada de corpos quitinosos, enquanto meus colegas estudiosos tinham pouco uso para tais monstros individualmente fracos ao tentar criar o predador de ponta que era um Antigo.

Então, decidi reunir todo o conhecimento que pudesse para corrigir esse erro. Reunindo e comparando estudos de todos os monstros insetos do tipo colmeia que pude encontrar, comecei a construir um perfil do que deve ser possível, não apenas nos níveis inferiores, mas também nos superiores. O que surgiu foi uma imagem bem diferente do que eu esperava.

Monstros insetos de alto avanço são raramente vistos, mas sem exceção, eles eram poderosos. Formigas de alto avanço, exceto Rainhas, nunca são vistas, mas era lógico que elas também seriam tão fortes. Minhas expectativas a esse respeito foram confirmadas, embora não da maneira que eu havia previsto.

Trecho de ‘Reflexões sobre a cadeia evolutiva Insectoid no Novo Mundo’ por Granin Lazus

Monstros campeões não eram exatamente desconhecidos para mim, visto que Vibrant era um deles. Falei com Granin sobre isso, como um assunto passageiro e como ele sabia quase tudo sobre monstros, ele tinha muito a dizer. Geralmente raros, mas especialmente entre os monstros comunitários, os campeões eram uma ameaça distinta quando encontrados por exploradores.

Mais inteligentes, mais fortes e capazes de reunir outros monstros ao seu redor, essas criaturas aparentemente sempre foram uma quantidade conhecida na masmorra que era melhor deixar sozinhas e evitadas que confrontadas de frente. Já experimentei a alegria de cuidar de uma formiga campeã e não estava particularmente encantado com a ideia de cuidar de uma segunda.

[Faça o que fizer, certifique-se de não a comer, Invidia. Apenas tome cuidado, sabe?]

[Eu devo. O jovem esssstá seguro comigo.]

[É bom saber.]

A bagunça absoluta que essa larva causou foi além dos limites, nem mesmo o Vibrant foi tão chata antes de chocar.

‘E pensar que esse campeão em potencial já é capaz de causar esse avanço de desastre… apenas meu melhor e mais rigoroso treinamento será capaz de mitigar as catástrofes que virão. Ainda assim, ela ainda nem entrou no estado de pupa… o que exatamente vamos fazer com ela quando deveríamos estar lutando contra a onda?’

‘Invidia fará o seu melhor, tenho certeza, mas realmente não espero que ele lute enquanto embala uma larva na boca. Precisamos de uma solução mais permanente…’

Enquanto ponderava o que fazer com a coisinha, dirigi meus pensamentos até o Vestíbulo e o fluxo de Vontade que estava contido nele. A larva também estava lá, sua mente quase inconsciente estava fornecendo energia para mim, assim como qualquer outro membro da Colônia faria.

Podia sentir seus pensamentos, muito suavemente, e somente quando me concentrava. Havia uma imensa curiosidade ali, assim como uma impaciência ardente. Eu podia dizer que ela estava com pressa para crescer e nascer, para se juntar à força de trabalho e ocupar seu lugar entre seus irmãos.

‘Ainda não é hora, pequena larva! Você tem um pouco de crescimento antes de estar pronto para fazer isso! Dito isso, é melhor ir buscar comida para ela.’

Nós três nos afastamos e encontramos uma criatura surgindo nos túneis que derrubei com uma mordida rápida antes de pedir a Invidia para soltar a pequena para que ela pudesse ser alimentada.

A larva emergiu quase timidamente da zona de pesadelo que era a dimensão do bolso do demônio, balançando-se no chão com alívio óbvio.

‘Elas têm poucos sentidos, as larvas, cegas e com muito pouco olfato, mas tenho certeza de que não era muito agradável lá dentro, que é nada menos do que ela merecia depois do pânico que causou.’

Sentindo o cheiro da comida, ela se movimentou em direção a ela com aquela força e energia que me lembrava Vibrant quando era larva.

Logo o som de mastigação começou a soar por todo o túnel e eu observei a pequena larva comendo muito mais do que alguém pensaria ser possível para uma criatura do tamanho dela. Mesmo assim, ela tentava rastejar para longe, mordendo uma pedra e tentando rolar para longe de minhas garras enquanto não estava prestando atenção.

Infelizmente para ela, eu estava bem ciente de suas intenções no momento em que elas se formaram em sua cabecinha.

‘De volta à boca com você! Você aprenderá, eventualmente.’