[O dia que Alex e Olivia terminaram.]
— Por que vocês dois terminaram? — A mãe de Olivia, Emma, segurou sua filha pelo colarinho, fazendo-a olhar em seus olhos.
Os olhos negros de Emma ficaram vermelhos, seu corpo cintilava com relâmpagos e sua força era de outro mundo!
Suas antigas tendências delinquentes surgiram. Ela não se importava com o estado emocional de sua filha; até as lágrimas de Olivia não impediu.
Mas não foi apenas isto. Emma viu seu eu jovem em Olivia.
— Porque… ele não conseguiu escolher entre mim… e outras garotas — Olivia respondeu com lágrimas fluindo nos olhos, escorrendo pelas bochechas. Ela soava como se logo quebraria e engasgaria com as próprias palavras.
Emma estalou a língua: — Você herdou o pior de mim. — Ela jogou a filha na cama.
Após trazer a cadeira para perto da cama de Olivia, Emma sentou como uma delinquente juvenil, com os braços nas costas da cadeira.
Ela olhou para sua filha, que estava com tanta dor que nem se importou com os relâmpagos ou os olhos vermelhos: — Não esperava que ele descobrisse sobre a realidade do Mundo de Avander tão rápido.
— Levou muito mais tempo para nós — Emma acrescentou antes de pegar um cigarro do bolso. Ela acendeu, esperando sua filha se acalmar.
Olivia olhou distraidamente, sussurrando para sua mãe: — Por que não ficou chocada que ele tinha outras garotas?
— Não é legal no Mundo de Avander? — Ema retrucou após soprar a nuvem de fumaça toxica insuportável.
O coração de Olivia doeu, sentindo dor porque até sua mãe não parecia apoiá-la. Ela começou a se questionar e se Alex estava certo. Talvez, ela devesse concordar com ele e continuar vivendo com os pensamentos das outras garotas, passando tempo com ele de maneira romântica.
Entretanto, parecia muito errado. Ela não conseguia aceitar, mesmo que as outras garotas fossem legais e precisassem de um bom homem.
Emma criticou as reações de uma filha, suspirando: — É melhor se contar minha história, então. Nunca fui boa em explicar as coisas por palavras.
— Este punho explica melhor as coisas, mas não posso usar em você, posso? — Emma balançou a mão, mostrando sua força imensa enquanto sorria.
E então, começou a falar: — Diferente de uma certa filha, não tive o luxo de ter um namorado que domesticaria meu lado delinquente. Fui a mesma garota afiada e bruta até meus vinte.
— Naquela época, um jogo de realidade virtual apareceu. Eu não tinha emprego e nem ambição, então costumava jogar para evitar a realidade e responsabilidades — Emma expressou sem nenhum pingo de vergonha, pois suas antigas experiências formaram a pessoa que era hoje.
Ela conversou sobre um novo mundo diferente do Mundo de Avander. Não era um mundo com continentes e reinos. Ao invés disso, havia um vasto continente com um oceano ao redor.
Emma foi uma das jogadoras que conquistou a masmorra sozinha: — Não tive amigos, pois se mudaram, se tornando pessoas da vida diária. Escalei sozinha as fileiras, empunhando a classe épica da masmorra.
— Porém, até fiquei solitária em algum ponto. Você poderia dizer que fiquei com inveja dos outros, tendo famílias, amigos, namorados, e coisas assim. Meus pais estavam com medo de mim.
— Entretanto, em um daqueles dias mundanos e solitários, encontrei um cara pelo qual me apaixonei.
— Seu nome era Harvey Mao. — As palavras de Emma ecoaram nos ouvidos de Olivia, pois conhecia bem este nome.
Harvey Mao era o pai de Alex e ela teve o prazer de encontrá-lo várias vezes. Ele era um bom pai e Alex sempre podia contar com ele.
Entretanto, sua mãe estava apaixonada por ele? E eles se conheceram num jogo?
— Isso não faz sentido — Olivia ergueu o olhar, sua expressão um pouco melhor: — Não havia jogo de realidade virtual quando vocês tinham vinte anos.
— Eu falei que era um mundo diferente… Também vim de outro mundo, um similar a Terra — Emma balançou a cabeça, reclamando para sua filha porque não ouviu suas palavras.
Ela fumou o cigarro antes de continuar: — Eu estava solitária na época. Formamos uma equipe, indo numa missão que durou duas semanas. Só desconectava quando necessário durante aquela época e ele também.
— Ele gostava mais do outro mundo que do nosso mundo moderno. Eu me sentia da mesma forma — Emma relembrou daquela época peculiar com um leve sorriso.
Seus sentimentos por Harvey já haviam desaparecido há muito tempo, mas aquela época com ele ajudou com seus problemas familiares. Ela conversou com seus pais, contatou alguns velhos amigos e começou a se tornar uma mulher melhor.
— Após aquela missão, me confessei para ele. Eu era uma garota honesta, então sabia que não podia deixar aquele cara escapar. Porém, como se tentasse rir para mim, um grupo de garotas caiu do céu, reunindo-se ao lado dele como a porra de pombas! — Emma xingou, relembrando de seus sentimentos daquela época.
Aquelas garotas não eram jogadoras como Emma; naquela época, nenhum jogador sabia que o mundo do jogo era real. Todavia, mesmo que aquelas garotas fossem NPCs, Emma sentiu como se o céu tivesse caído, esmagando seus sonhos.
— Ainda confessei! No entanto, aquele idiota do Harvey me disse que valorizava e amava todas igualmente. Mesmo que o mundo pudesse estar “longe” de seu mundo natal, ele valorizaria seu tempo com suas garotas e as tornaria nas mulheres mais felizes do mundo!
— Eles desenvolveram sentimentos através do céu e inferno. Elas eram apenas NPCs idiotas que ele recebeu como parceiras de missão, porém, todos desenvolveram sentimentos pelo outro. E ele valorizaria aqueles sentimentos até o fim…
— Olha para ele e suas belas palavras! “Longe”, porra nenhuma. Ele nem conseguia dizer “mundo falso” diante delas — Emma jogou o primeiro cigarro no inventário antes de pegar outro, seus sentimentos bem mistos.
Seus olhos brilharam com raiva e tristeza. Alguma felicidade também estava no meio de tudo isto, mas só por alguns segundos.
Foi porque ela estava perto… do fim de sua história.
— Não me importava se eram falsas ou não. Não compartilharia um homem com ninguém! Então falei para esquecer sobre minha confissão. Disse que ele se arrependeria da sua escolha. E foi assim que nos tornamos rivais — Emma expressou, então acrescentou após estalar a língua: — Queria ficar mais forte que ele, então nos enfrentamos várias vezes como rivais, não inimigos ou amigos.
— Éramos mais perto de amigos, no entanto. Toda vez que o via, me tornava a velha Emma, a delinquente que usaria seus punhos para tudo, até aproveitando seu amor.
— E ele apenas ria, me aceitando como sua amiga — Emma suspirou, fechando os olhos.
E enquanto Olivia ouvia a história, se lembrava do seu encontro com Alex. Ele a aceitou sinceramente, mudando lentamente ela ao introduzi-la em seu mundo. Ela fez amizade com todos através dele, abraçou seu namorado e viu um mundo mais colorido e diferente, onde poderia aproveitar coisas fofas.
Entretanto, Emma largou a bomba: — Éramos amigos, mas ele nunca notou que eu gostava de coisas fofas, como pelúcias. Ele continuava me dando presentes como armas. Na vida real, uma vez até me levou ao dojo como presente de aniversário. Foi completamente esquisito. Alex viu através de mim com relativa facilidade.
— Bem, ele teve circunstâncias melhores, pois poderia vir a nossa casa casualmente. Ele é muito melhor que seu pai — Emma bufou.
Olivia estreitou os olhos, encarando sua mãe: — Continue a história.
— Ou o quê? Vai socar meu rosto lindo, garota? — Emma provocou, que acabou com as duas de pé na cama, prontas para uma colisão.