Hector não estava usando seu elmo, ou qualquer metal falando nisso. Era óbvio o bastante que o homem de pele escura lá embaixo era a pessoa que Gina avisou ele para tomar cuidado. Usar armadura só beneficiaria Karkash na luta.
Certamente foi uma surpresa ver os dois homens lutando. Hector esperou encontrar alguém meramente destruindo a cidade por nenhum outro motivo além de entretenimento, mas agora, ele não estava certo de como interpretar a situação. Garovel queria que ele esperasse por uma abertura antes de intervir, mas a ideia foi descartada assim que ele viu Karkash prestes a fritar um restaurante cheio de pessoas.
— Por favor, me ajuda! — Stoker gritou.
Hector não conhecia o homem, mas ele ficou surpreso ao ouvir o apelo. Esse cara realmente era da Abolir? Karkash certamente era, mas talvez esse outro servo era da Vanguarda.
Ele não tinha muito tempo para pensar no assunto. Ele viu a mão de Karkash se mover em direção a Stoker e Hector fez outra espira. De novo, o relâmpago foi para ela e dispersou.
O relâmpago em si era um mero cintilo, rápido demais para se reagir. Então, em vez disso, Garovel o aconselhou a olhar para as mãos de Karkash. No momento, Hector não conseguia imaginar um pedaço de informação mais valioso.
Garovel ficou por perto, flutuando bem atrás dele. Bom. Esse homem pode ser um aliado.
Mas também pode ser um inimigo. — Hector retrucou.
Sim também. Tome cuidado.
Abruptamente, Karkash tomou controle das espiras de Hector e as lançou em direção a Stoker. Hector mal conseguiu aniquilar elas a tempo.
Como o esperado, — Garovel disse, ele consegue usar seu próprio metal contra você.
Mas que porra…
Karkash agora encarou Hector, dando a ele sua atenção total.
Ele meio que esperava qeu Karkash parasse e falasse algo, para dizer a ele o quão irritante ele estava sendo ou perguntando o motivo dele estar aqui talvez. Mas o homem não fez nada.
Relâmpago veio para Hector e foi divergido por uma espira no telhado. E quando a eletricidade se dispersou, ele conseguia ver Karkash voando em sua direção.
Hector desviou do punho elétrico se abaixando e disparou uma cama de pregos de ferro. O metal se torceu para longe de Karkash, se curvando ao redor de uma bolha invisível. Então, Hector só adicionou mais, pregos sobre pregos, todos se curvando para fora, cada um deles se torcendo diante do campo magnético. Eles rapidamente formaram uma esfera de metal e em vez de ficar preso lá dentro, Karkash meramente abriu um buraco e continuou atacando.
Porém, Hector esperava isso, ele pegou o braço do homem e o arrancou.
Karkash voou para trás e jogou a esfera de metal em Hector, o arremessando para fora do telhado junto com umas telhas.
Hector acertou o pavimento da rua adjacente, o que significava que Stoker e Karkash estavam sozinhos. Ele se lançou para cima com uma plataforma de metal repentina, passou por cima do prédio e viu Karkash já rasgando o outro homem com relâmpagos.
Enquanto ele caía, Hector tentou revestir Karkash em ferro, mas a poeira de metal não se acumularia contra sua pele. Era pouco mais do que um incômodo enquanto ele decapitava Stoker.
Uma caixa de metal foi a próxima escolha de Hector. Quatro paredes se ergueram ao redor de Karkash, longe o bastante dele para estas não se curvarem imediatamente, mas Karkash só as arremessou nos prédios dos arredores, acertando janelas e portas.
Ele conseguiu a atenção do homem novamente. Karkash voou em sua direção e Hector fez outra parede, com o dobro de sua altura. Ele esperava que Karkash tomasse o controle dela e não se decepcionou. A parede se moveu direto contra Hector e ele a aniquilou, porque ele já conseguiu o que ele queria: um momento em que Karkash não pudesse vê-lo. E quando a parede de ferro virou pó, Karkash ficou claramente surpreso ao ver Hector bem na frente de seu rosto.
Com toda sua força, Hector acertou um soco esmagador, forte o bastante para rachar seu próprio punho junto com o rosto do homem.
Karkash voou passando por dentro de vários prédios.
O braço de Hector ficou acabado por causa do impacto, até estalando com faíscas devido a uma corrente elétrica de última hora. Hector respirou com dificuldades e foi checar Stoker.
Era uma visão estranha. A cabeça de Stoker foi removida de seu corpo e ainda ele estava claramente consciente. Ele não parecia capaz de falar ainda, mas seu corpo estava se regenerando, o que era a coisa mais estranha, Hector sentiu. O corpo de Stoker não estava crescendo uma cabeça nova. Sua cabeça que estava crescendo um corpo novo. Depois de um momento, Hector pensou que fazia sentido a regeneração funcionar desse jeito, considerando quão importante era para os servos, mas mesmo assim, era quase como se houvesse dois Stokers agora. Exceto que um estava morto. E sem cabeça.
— Alguém socorro! — De repente veio um pedido de ajuda dos escombros de uma sorveteria por perto.
— Socorro! — Veio outro.
E ainda outro. Vários. Todos ao redor dele.
Havia gritos demais. Hector sabia que ele não tinha tempo de ajudar todos antes de Karkash aparecer novamente. Mas ele conseguia ajudar alguns pelo menos.
Primeiro, foi uma garotinha presa debaixo de uma escadaria. Então, um homem em um carro de entregas virado.
— O que você está fazendo?! — Veio a voz do homem. Era Stoker, totalmente regenerado e vestido. — Só deixe eles! Nós temos que matar o Karkash!
Hector o ignorou.
Garovel falou em seu lugar. — Onde está seu ceifador?
E nisso, Stoker correu em direção ao restaurante de antes.
Garovel permaneceu perto de Hector. Mas ele tem razão. Grupos de resgate devem chegar logo. A prioridade ainda é Karkash.
— Eu sei, — Hector disse. — mas se eu só…
Colt chegou em seu carro, os gêmeos no carro de trás e Bohwanox bem atrás. — Precisa de ajuda?
— O que você tá fazendo? — Hector perguntou. — Você precisa ficar longe daqui!
Só se preocupa em manter o merda elétrico ocupado. — Bohwanox —.
— Mas…!
— Só cala a boca e aceita minha ajuda. — Colt reclamou. — Já te devo demais como as coisas estão.
— Colt vai cuidar das pessoas até a emergência chegar. Bohwanox disse. — Então, vou mandar ele dar apoio de longa distância.
—Apoio de longa distância? — Garovel perguntou.
— Encontrei uma loja de armas enquanto vocês estavam ocupados. — Colt explicou. — O dono não quis cooperar muito, mas consegui uma coisa bacana.
— Balas não vão ajudar muito contra o Karkash.
— Mesmo se tudo que elas proverem for uma distração, melhor para você. — Colt olhou para Hector. — Lembra dos nossos treinos. Lute de forma inteligente. Se suje, se tiver. Faça ele pensar que está fazendo uma coisa, então faça outra.
—Não acho que ele esqueceu. — Garovel respondeu. — Vamos nessa Hector.
Eles deixaram Colt e Bohwanox para trás a fim de encontrar Stoker. Não demorou muito, Stoker os encontrou primeiro, segurando seu ceifador meio destruído em suas mãos.
— Não pode acordar ela? — Garovel perguntou.
— Não importa. — Stoker respondeu. — Ela está ferida demais para se mover sozinha de qualquer jeito.
—Por que estão lutando contra Karkash? — Garovel interrogou.
Stoker ficou relutante em responder isso.
— Você é da Vanguarda? — Hector perguntou. E ele notou o franzido de Garovel.
— Sim. Você é?
— Não. — E, então, em particular para Hector, o ceifador adicionou, Por favor deixa eu fazer as perguntas.
Hector nem respondeu. Não se incomodava de ficar quieto.
—Consigo sentir Karkash se aproximando. — Garovel avisou, apontando para o norte. — Vamos para o oeste. Nós precisamos de uma área aberta, longe de civis.
Eles começaram a correr.
— Uma área aberta vai nos deixar expostos. — Stoker retrucou.
— Hector vai nos dar cobertura. Qual sua habilidade?
— Transfiguração de hidrogênio.
— Tenta não nos explodir, por favor.
— Vou dar meu melhor.
Colt conseguia ouvir os trovões novamente. Pouco menos de um quilômetro de distância, ele pensou. Sirenes estavam chegando perto também, mas essa cidade era pequenina. Ele estava certo de que não haveria um punhado de pessoas para o resgate.
Bohwanox encontrou para ele uma casa com um carro preso no segundo andar. Uma idosa estava inconsciente ou morta no volante, enquanto uma jovem, talvez sua neta, gritava por socorro do banco de trás.
Colt não estava certo de como tirá-las de lá em segurança. Ele estava começando a se arrepender de sua confiança de mais cedo. Certamente isso não seria problemático para Hector. O garoto só faria uma escada de metal ou algo do tipo.
De dentro do prédio, Colt se aproximou do veículo lentamente. Estava preso pela parte da frente por uma parede e conforme ele se aproximava, ele conseguia ouvir o chão começar a ranger sob seu peso.
A garota gritou assim que ouviu ele. — Ajuda! Por favor!
Colt levantou suas mãos. — Para de se mover. — Ele disse, talvez um pouco firme demais, porque ela congelou na hora.
Bohwanox circulou ao redor. Boa. Só tentar ser um pouco mais tranquilizador agora, que tal? A pobrezinha está aterrorizada.
Não daria para abrir as portas a menos que ele quebrasse a parede para abrir mais espaço, mas dada a posição precária do carro, Colt não sabia se essa era a melhor escolha. Um choque como esse podia fazer o chão ruir.
Use sua habilidade para quebrar o parabrisas. — Bohwanox sugeriu. Você não vai balançar o carro desse jeito .
Colt pressionou sua mão no vidro a prova de balas. Ele se concentrou e um momento depois, uma pequena rachadura apareceu. Ele continuou indo, traçando um caminho junto as bordas do parabrisas, até onde seu braço alcançaria, até o vidro afundar para dentro. Então, ele o empurrou levemente e ele abriu caminho, caindo contra o painel de controle e, então, no assento do passageiro.
Ele enfiou sua mão dentro do carro, estendendo ela em direção a garota. — Está tudo bem agora. — Ele disse, tentando ser mais gentil do que antes. — Lentamente, pegue minha mão e venha para o banco da frente.
— Como você… ?! — Ela se interrompeu e pegou sua mão com ambas as suas. Timidamente, ela começou a se puxar.
O carro se inclinou para frente contra o piso, fazendo a madeira gemer e Colt pegou o parachoque da frente com sua mão livre. Bohwanox deu a ele a força necessária para aguentar o peso. E conforme sua força vital era transformada em força pura, sua barba preta começou a ficar cinza e quebradiça. Sua carne começou a se comer, sua pele a descascar e sangue secar em seus músculos não essenciais.
A garota o viu e ficou mais pálida do que antes. — Qual o problema com seu rosto?!
Colt levantou uma sobrancelha deteriorada. — O que?
Oh, epa. — Bohwanox invocou a regeneração também e o rosto de Colt se regenerou rapidamente. Desculpe. Meio novo nisso ainda.
— Está tudo bem. — Colt disse. — Eu te peguei.
A garota hesitou. — Não, mas… o que foi aquilo agora?
— Não importa. Vou te contar depois se quiser. Agora venha.
— E-e a minha vovó?
— Vou tirar ela também. — Ele disse. — Mas eu vou ter que entrar atrás dela, então eu preciso que você saia daí primeiro.
Ela assentiu trêmula, mas não parecia pronta para se mover.
— Quando estiver pronta. — Colt disse.
— Eu-ah… você está mesmo tentando me ajudar?
O rosto de Colt enrijeceu. — Sim. Estou.
— Mas…
— Olha, não posso ficar aqui te esperando o dia todo. Tenho outras merdas pra resolver.
Colt, mas que porra? Você é um pai. E se fosse sua filha aí dentro?
Minha filha não demoraria tanto.
Mas se fosse ela aí dentro? E se ela estivesse com medo demais para se mexer?
Colt olhou para a garota de novo. Com pouco mais de dez anos, com certeza. E o olhar em seu rosto, prestes a chorar. Ele respirou devagar. — Tô com você aqui menina. E para fazer isso, preciso que você confie em mim. Tá bom?
Ela assentiu novamente e começou a se mexer.
— Isso aí. Tá quase lá.
E ela saiu, escorregando pelo capô e agarrando no braço de Colt.
Ele abaixou ela. — Agora. Eu preciso que você desça as escadas e saia daqui. Você vai ver um carro preto na frente da casa. Fique parada perto dele. Você vai ficar a salvo, então vá e me espere lá enquanto eu tiro sua vovó daqui. E grite quando chegar lá. Entendido?
— Sim. — Ela disse, assentindo e correndo.
— Cuidado com os degraus! — Ele gritou depois que ela foi. Ele esperou ela gritar, trocando olhares com Bohwanox enquanto isso.
Você realmente é uma manteiga derretida, né?
Colt o encarou com uma expressão irritada. Ele não conseguia ver o rosto do ceifador por causa do capuz escuro, mas ele conseguia praticamente sentir o sorriso de merda escondido lá. — Seja útil e me diga como tirar a velhinha do carro.
Use seu amor por toda a humanidade.
— Como eu te odeio.
— Tô perto do carro! — Veio o grito da menina.
Você vai ter que soltar o cinto de segurança dela antes de conseguir tirar ela daí. — Bohwanox disse.
Colt foi até a porta do lado do motorista, cauteloso com cada passo conforme ele mantinha sua mão no veículo. Sempre que ele sentia uma tábua ceder demais sob seu pé, ele recuava e tentava pisar mais longe.
Ele chegou na porta. Com uma mão firme em cima da roda da frente, ele pressionou a outra mão do outro lado da janela e começou a quebrá-la. Ele puxou o vidro em vez de deixá-lo cair em cima dela.
Ela era uma mulher robusta, improvável que caberia pela metade inobstruída da janela. Colt checou seu pulso. Pelo menos, ela estava vida.
Seu braço mal conseguia chegar no cinto de segurança. Ele soltou com um clique e ele lentamente tirou o cinto de seu corpo.
— Agora o que? — Ele disse. — A parede ainda está bloqueando a porta.
Você vai ter que quebrar a parede a fim de abrir essa porta e, então, tirar ela aí de dentro o mais rápido possível.
— Isso pode fazer o teto desabar, — Colt disse. — o que pode fazer o chão desabar também.
Por isso você vai ter que ser rápido.
Ele deliberou por uns momentos, mas não viu outra opção melhor. Ele respirou fundo e se preparou, tensionando, sentindo a força correr por seu corpo.
Ele acertou a parede. Ela ruiu. O teto começou a ceder e ele arrancou a porta do carro. Ele conseguia sentir o chão tremer conforme ele pegava a mulher mais velha e a tirava de dentro do carro. Ele pulou para longe conforme o teto desabava, madeira e gesso caindo no teto do carro.
Eles conseguiriam chegar nas escadas. O carro estava caindo pelo chão agora, causando uma tempestade de escombros. Colt segurou a mulher só com um braço e pegou uma tábua arrasada com a outra, imediatamente a esmagando. Do restante, ele só a protegeu com seu corpo.
Colt esperou a casa desabar, para o som de madeira quebrando cessar. Ele limpou a poeira com sua mão livre e tentou analisar o dano.
A metade inferior das escadas se foi. Estranhamente, o carro de ponta cabeça fez um caminho pelos escombros. Ele conseguia ouvir a garotinha gritando lá fora.
— Ah não! — Ela exclamava. — Vovó!
Colt pegou a avó com ambos os braços novamente. Com alguns pulos suaves, ele passou pelo buraco enorme na frente da casa.
A garota veio correndo.
Colt colocou a mulher no chão.
— Eu vi uma ambulância no final da rua! — A garota comentou. — Temos que levar ela para lá.
— Não. — Colt rebateu. — Não devemos mexer nela mais do que o necessário. Ouça, eu tenho que ajudar outra pessoa agora, então você vai ter que correr lá e falar para as pessoas de uniforme o que houve com sua avó.
— Ah… tudo bem!
— Se certifique que eles te ouçam. Morda as canelas deles se precisar. Entendeu?
— Sim! — Ela correu em direção às luzes.
Não estou certo sobre a última parte do conselho.
— Eh, ela vai ficar bem.
Ele voltou para seu carro e checou os gêmeos. Ambos encararam ele silenciosamente dos seus assentos no banco de trás quando ele enfiou sua cabeça pela porta de trás. Ele apertou seus olhos, incerto. Ele estava feliz que eles não pareciam terrivelmente estressados pela situação, mas ao mesmo tempo, ele estava começando a se perguntar o motivo deles parecerem tão calmos. Eles não reclamaram muito sobre entrar no carro também.
Não temos tempo a perder. —Bohwanox disse.
Colt entrou na caminhonete e pegou o fuzil novo lá. O homem da loja de armas não curtiu muito a ideia de só deixar ele levar a arma, mas Colt foi bem insistente. Ele precisava de algo com alcance e poder.
Porém, antes mesmo dele dar um passo, outro grito de ajuda chamou sua atenção.
Colt pausou, trocando olhares com Bohwanox e por um momento ambos só ficaram ouvindo o apelo.
— Qualquer um! — Ele dizia, leve e abafado, com se estivesse falando por uma parede distante. — Me ajuda!
Colt rosnou e guardou a arma de novo. — É melhor essa não demorar tanto quanto a outra.
A luta não estava indo muito bem. Aqui no campo aberto, longe dos prédios e civis, a mobilidade superior de Karkash era uma ameaça muito maior.
Só prover cobertura dos ataques de raios era o bastante para manter Hector totalmente ocupado.
Esta logo se transformou em um jogo de fintas. Karkash claramente não era um tolo e começou a fazer gestos para seus raios, só para não produzir nenhum, desbalanceado Hector e escolhendo jogar metal em Stoker. Hector estava constantemente destruindo e criando seu ferro enquanto Stoker tentava se aproximar e atacar, mas o voo ininterrupto de Karkash tornava a tarefa quase impossível. Já duas vezes, o hidrogênio de Stoker foi detonado por uma fagulha que Hector não conseguiu pegar a tempo, deixando Stoker para regenerar pedaços grandes de seu corpo.
Claro, Nize também precisava da proteção constante de Hector. Ela era incapaz de se mover e Stoker não conseguia carregar ela por conta dos ataques que ele atraia.
Nós temos que alterar esse momento. —Garovel disse.
Hector não conseguia nem olhar para o ceifador. Ótimo! Como?!
Dê a volta e use a névoa.
E quanto o cara do hidrogênio.
Ele é um servo. Consegue levar uma surra.
Stoker manteve sua névoa longe de Hector e Garovel, sem sombra de dúvidas para evitar atrapalhar a visão deles. Nize ficaria mais segura por agora com dois para-raios protegendo ela, então Hector se moveu pelo campo de batalha, colocando a névoa entre ele e Karkash.
Pare aqui. — Garovel comandou. Bem a sua frente, mire levemente para cima. Espere pelo meu sinal.
Hector criou um dardo de ferro com dois metros e meio.
Agora.
Sua forma era longe de ser perfeita, mas o arremesso tinha força mais do que o necessário para compensar.
A lança perfurou a névoa e saiu pelo outro lado. O campo magnético fez ela desviar completamente de Karkash. A próxima chegou mais perto e a terceira, Karkash teve que pará-la antes dela alcançá-lo.
Stoker escolheu aquele momento para sair da névoa e atacá-lo, mas Karkash meramente lançou a lança em sua direção. Stoker pegou a lança com ambas as mãos antes dela perfurar seu rosto. E a força magnética ainda estava lá, o forçando para o chão até um relâmpago fazer Stoker sair rolando pela terra e grama.
Hector jogou mais um dardo de acordo com a direção de Garovel e, então, se lançou com uma plataforma. Mas Karkash estava preparado dessa vez e quando Hector passou pela névoa, ele foi cumprimentado com um punho elétrico. Hector mal evitou levar um ataque em seu crânio e em vez disso foi acertado no peito. Vários ossos quebraram na hora e Hector voou direto para o chão, deixando uma cratera.
Ele estava exposto e não tinha tempo para se preocupar com sua recuperação, então ele imediatamente criou um domo sobre si. Antes mesmo dele estar meio formado, ele absorveu o ataque de relâmpago que certamente estava mirando para sua cabeça.
Karkash perdeu interesse nele, mais preocupado em ir atrás de Stoker.
Crie o máximo de metal que puder. — Garovel disse. E jogue nele.
Não estou certo do quanto eu consigo fazer. — Hector respondeu.
Então, é uma hora ótima para descobrir.
Ele não hesitou mais. As mãos de Hector colidiram uma na outra, exigindo toda a concentração que ele conseguia reunir. Ele construiu o maior objeto que ele já fez, o colocando mais alto que ele conseguia.
O céu acima de Karkash escureceu.
Metal se acumulou e cresceu rapidamente, disparando para fora. Aquilo era apenas massa, tudo que Hector conseguia fazer. Um orbe grosseiro no máximo, cinquenta metros de raio de puro ferro.
E Karkash pegou a coisa. Este pesou nele, o forçando para baixo, mas ainda assim, o homem parou sua queda no meio do ar.
A força magnética que mantinha o orbe flutuando precisava das duas mãos de Karkash. Hector e Stoker ambos viram a oportunidade e pularam nele. Karkash foi forçado a baixar uma mão para fazer raios.
Ele corretamente escolheu acertar Stoker primeiro, dando Hector tempo para se aproximar. E por um instante seus olhos se encontraram.
O rosto do homem era uma parede de raiva, severo e atento com dentes cerrados.
Karkash se afastou, evitando um golpe no crânio e levou o soco de Hector bem no peito. Ele foi arremessado para trás e colidiu com o orbe. Karkash girou em direção ao chão antes de se estabilizar no ar e quando ele viu o orbe caindo de novo, em vez de tentar pará-lo, ele meramente saiu de caminho.
Hector era o único em seu caminho. Era tão grande que ele não conseguiria aniquilar a coisa toda num instante. Em vez disso, a massa se desintegrou em pedaços enormes, girando ao redor de seu corpo, levando alguns segundos para finalmente destruir o último pedaço no centro.
Depois disso, os três combatentes estavam todos no chão juntos e uma pausa silenciosa ocorreu. As condições de batalha foram resetadas, cada servo totalmente regenerado.
Karkash voltou para o ar, sem sombra de dúvidas pensando que ele tinha a vantagem mantendo sua distância e Stoker aproveitou a oportunidade para se aproximar de Hector.
— Você não pode prender o ceifador dele com seu metal? — Stoker perguntou.
— Eu teria que chegar perto dela para isso. — Hector respondeu.
— Isso não vai acontecer.
Um raio interrompeu eles, mas Hector tinha um para-raio prontinho para ele.
— Faça de novo. — Stoker falou para ele. — A esfera gigante.
Você tem um plano? — Garovel indagou.
Stoker assentiu. — Force ele para a minha névoa e eu vou acabar com ele.
Karkash não deu mais tempo para eles discutirem nada, decidindo tomar os dois para-raios que estavam protegendo Nize. Stoker imediatamente foi em direção a ela. Hector primeiro teve que construir novos para-raios a fim de absorver o raio iminente, o que deixou Stoker sozinho para lidar com os dois voando em direção a ele. E dando créditos para o homem, ele o fez admiravelmente, dando um mortal por cima do primeiro e derretendo o outro com ácido.
Stoker chegou em Nize, assim como na segurança momentânea dos para-raios de Hector, criando um anel grande com seu ácido e, então, enfiou suas mãos no chão dissolvido. Ele arrancou um pedaço de rocha e terra, maior que seu próprio torso. Ele o quebrou em dois, então em três, então em quatro e Hector continuou protegendo ele enquanto ele começava a atirá-los.
Karkash evitou as rochas, mas isso comprou Hector o tempo que ele precisava.
O asteróide de ferro tomou forma, mais rápido dessa vez e Karkash não gostou de ver ele de novo, forçando ele a parar o que estava fazendo.
Stoker foi para baixo do meteoro, criando uma torrente de névoa enquanto ele corria, preparando sua pegada fria para usar em Karkash.
Hector tentou manter o formato. Ele conseguia ver as ondulações gigantes no metal, ondas causadas pelo magnetismo de Karkash, tentando rasgar o orbe. Era uma competição, Hector tentando preencher as rachaduras mais rápido do que Karkash conseguia formar elas.
E Hector estava ganhando. Karkash precisava de tudo para manter a massa flutuando.
Uma rocha voou da névoa e Karkash teve que se mover. A massa se mexeu, empurrando Karkash uma dúzia de metros antes dele conseguir parar novamente. Então, outra rocha. Ainda mais perto da névoa agora, que também estava se elevando para encontrar com ele.
— Não! — Veio o grito rouco de Karkash. Era a primeira vez que Hector ouviu o homem falar uma única palavra e ela cortou o campo de batalha inteiro, não com desespero, mas com autoridade. Com recusa.
E, então, depois de um momento terrível, aconteceu.
Faíscas saíram dos braços de Karkash em agrupamentos enormes, escalando o orbe de metal e se espalhando por toda sua superfície.
Ah não! — Garovel disse.
E o asteróide começou a se mover para cima. Rachaduras se formando por todo o corpo do ferro, mudando o metal, quebrando ele. Relâmpago rasgou a superfície, entortando o metal e, então, disparando para o céu, fazendo o próprio ar tremer com cada explosão estrondosa.
Hector encarou, horrorizado. Mas que porra tá acontecendo?!
Emergência. — Garovel disse com seriedade. A habilidade de Karkash está ficando mais forte.