Havia pessoas por toda parte nas ruas da favela.
Homens e mulheres de idades diferentes estavam usando chinelos, shorts e camisetas, lembrando Luke da China de vários anos atrás.
Eles estavam sentados em todos os tipos de coisas, como cadeiras de plástico, bancos de madeira, banquinhos e outras coisas.
Alguns estavam conversando, outros bebendo, alguns comendo e outras pessoas fazendo tarefas domésticas.
Também havia várias crianças reunidas para brincar e o mais comum era o futebol.
Mesmo que só um pequeno pedaço de terra estivesse disponível, várias crianças ainda podiam ter um ótimo momento brincando com a bola.
O reino do futebol! Luke suspirou enquanto continuava.
Verdade seja dita, este local não era nada diferente das favelas sujas e bagunçadas de Los Angeles.
Sempre houve pessoas vivendo sob viadutos em Los Angeles, em barracos que construíram de plástico. Muitos dormiam na beira da estrada de distritos prósperos também. Aqui, pelo menos, as pessoas ainda tinham um teto sob a cabeça.
Onde não havia dinheiro, havia favelas.
Luke logo entrou num beco sinuoso.
Este beco só tinha um metro de comprimento e apenas duas pessoas conseguiriam caminhar por vez.
Percorrendo as casas cujas paredes eram muito próximas uma da outra, que fazia o beco ficar ainda mais estreito e sufocante.
Após caminhar algumas dezenas de metros pelo beco, cabeças começaram a aparecer furtivamente das janelas na frente e atrás.
À frente, alguns jovens apareceram.
Eles tinham aparências indisciplinadas e suas roupas estavam desgrenhadas. Seu líder estava pelado até a cintura.
Porém, quase todos seguravam armas, e várias pessoas mais longe nos terraços seguravam rifles. Nenhum deles falou. Simplesmente cercaram Luke, como se esperassem ele falar primeiro.
Luke sorriu: — Estou procurando por alguém.
O jovem meio pelado o avaliou: — Não somos da polícia.
Luke sorriu ainda mais: — Não, é por isso que vim aqui.
O jovem olhou suspeitosamente para ele.
Luke já havia se disfarçado com óculos de sol e barba, o fazendo parecer mais maduro, só que ainda tinha uma vibração distinta sobre ele.
Com um sorriso, tirou lentamente um maço de dinheiro da mochila e jogou: — Este é meu pagamento adiantado. É seu se me ajudar ou não.
As pessoas ao redor não podiam ver nada além de dinheiro.
As pessoas aqui eram muito mais sensíveis a dinheiro que pessoas normais. Quando deram uma boa olhada na denominação, engoliram saliva — aquelas eram notas de cem dólares americanos.
Se o maço todo tivesse as mesmas notas, havia mais de dez mil. Para estas pessoas, definitivamente era uma quantidade enorme.
O jovem pegou subconscientemente o dinheiro e averiguou rapidamente; confirmando que não era falso e que eram todas notas de cem dólares. Ele suspeitou mais: — Espera um minuto. — Ele entrou numa casa próxima com o maço de dinheiro.
Luke não ficou preocupado. Ele pegou um chocolate e pirulito de creme da sacola.
Ele rasgou sem pressa o plástico e colocou o pirulito na boca.
Ele estava tão calmo e tranquilo que todos acharam estranho.
Qualquer um que poderia estar tão despreparado ao ser cercado por dezenas de atiradores era louco ou estava muito confiante.
Luke sentiu alguém o observando; era um adolescente.
O adolescente, que não poderia ter mais de quinze e era basicamente uma criança, estava lambendo os lábios.
Luke sorriu: — Quer um?
O adolescente assentiu subconscientemente, mas percebeu imediatamente que não estava certo, e balançou a cabeça rapidamente.
Luke riu e tirou outro pirulito da sacola e jogou ao garoto: — Por que ser tão tímido? Um homem não pode comer doce?
Este garotão pegou o pirulito que foi jogado.
As pessoas com expressões estranhas ao redor não tinham nada a dizer.
Este cara estava comendo doces tranquilamente enquanto estava cercado por armas. Quem ousaria dizer que ele não era um homem?!
Porém, é claro, se este cara másculo morreria mais tarde e quão miseravelmente ficaria, era outro assunto.
Menos de cinco minutos depois, o jovem sem camisa apareceu de outro terraço e gesticulou para seus companheiros: — Traga-o.
Somente então as pessoas por perto desapareceram silenciosamente para suas casas.
Somente dois jovens ficaram mirando em Luke. Um liderou o caminho e outro agarrou a sacola e indicou para ele acompanhar.
Luke não ficou incomodado. Com as mãos nos bolsos, os seguiu.
Não havia nada além de comida e doces na sacola.
Ele colocou todo o resto no inventário antes de vir. A sacola era apenas um adereço e drible.
Estes caras só pegaram a sacola e não revistaram porque ele estava usando regata por baixo de uma camisa fina de mangas compridas e uma calça leve e justa para exercícios. Até uma faca sob estas roupas seria fácil de localizar, sem falar numa arma de fogo.
Após fazer algumas curvas no beco, eles entraram num pátio muito estreito e subiram um lance de escadas. Luke então se viu num terraço com cobertura.
Ainda era um ambiente muito plano, mas havia cerveja, comida e uma brisa fresca do mar.
Exceto pelo cheiro desagradável e a falta de garotas e areia, este local quase poderia ser aconchegante.
Um homem de meia-idade com todos os tipos de tatuagens no corpo estava sentado numa cadeira de praia. Atrás dele estavam dois musculosos segurando rifles.
O jovem sem camisa que mandou Luke vir, bem como os outros dois que o escoltaram, permaneceram atrás de Luke, também com suas armas nas mãos.
— O que você quer? — perguntou o tatuado sem um pingo de educação.
Luke respondeu: — Quero perguntar sobre alguém.
O tatuado questionou: — Quem?
Luke tirou uma foto do bolso e jogou causalmente na mesa diante do homem: — Lisa Morales, uma médica mexicana.
O tatuado ergueu a sobrancelha. Ele pegou a foto e estreitou os olhos: — Nunca vi ela.
Luke assentiu: — Então, obrigado pelo seu tempo. Adeus.
O tatuado levantou a mão e os caras ao redor apontaram suas armas para Luke: — Você não parece saber onde estamos, ou quem sou! — O tatuado se levantou com uma M1911 na mão: — Agora, entregue o dinheiro, cartões de crédito e senhas.
Luke ergueu a sobrancelha: — Isto é… um assalto?
O homem sorriu ironicamente: — Não, isto é você aprendendo a sobreviver no Rio.
Luke inclinou a cabeça em pensamento: — Isso significa que não vai me matar?
O homem não respondeu. Ele simplesmente fez um gesto e os dois jovens atrás dele avançaram para pegar suas mãos.
Luke suspirou: — Você faz dinheiro fácil, mas ainda quer me roubar. As gangues locais realmente não têm modos!
Dizendo isso, ele avançou no tatuado a vários metros.