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Circle of Inevitability – Capítulo 52

Entrando nas Ruínas

— É tudo culpa sua!

— É tudo culpa sua!

— Caramba!

— Filho da puta!

Os punhos de Guillaume Bénet continuaram a bater no ar, sua raiva fervendo contra uma criatura aparentemente invisível.

Sua expressão estava distorcida pelo ódio e ele não se preocupou em suprimir suas emoções.

Aurore estreitou os olhos e gesticulou para que o Papel Branco investigasse a área.

Mas não havia nada ali, apenas ar vazio.

Lumian estalou a língua em aborrecimento. — Ele está ansioso por uma briga já há algum tempo. Quem ele está culpando?

Aurore balançou a cabeça e respondeu casualmente: — Talvez seja um bispo o impedindo, impedindo-o de subir de posição e ganhar habilidades extraordinárias. Ou talvez alguém o tenha atraído para adorar secretamente uma entidade oculta, na esperança de receber bênçãos e ficar mais forte…

Ela considerou que, como subdiácono da Igreja do Eterno Sol Ardente, um padre supervisionando uma catedral rural, estabelecer contato com um ser oculto não seria fácil por conta própria.

Quando se tratava de questões de poder sobrenatural, ele sem dúvida recorreria à Igreja da região de Dariège. Os artefatos ocultos e grimórios de feitiçaria associados seriam entregues à Inquisição para guarda ou mesmo selamento. Eles não seriam deixados na catedral de Cordu. Mais importante ainda, era impressionante o suficiente para que ele pudesse usar o antigo Feysac. Idiomas capazes de invocar forças sobrenaturais como Hermes e Élfico não eram algo que um subdiácono como ele saberia. E Aurore, através do Olho do Espreitador de Mistérios, há muito determinou que ele não era alguém com habilidade espiritual inata que pudesse atrair involuntariamente a sobrenatural.

Assim, sem a orientação de uma determinada pessoa, como o padre poderia entrar em contato com uma existência oculta?

Aurore considerou a possibilidade de Guillaume Bénet ter obtido posse de um item misterioso sem entregá-lo.

Lumian riu da ideia.

— O padre não pode reclamar daquela existência oculta? Ele até se atreveu a fazer o Santo1 Sith se sentir ofendido. Não é impossível para ele culpar aquela existência oculta por seduzi-lo.

Depois de zombar de Guillaume Bénet, Lumian analisou seriamente: — Tenho pensado por que o padre caiu repentinamente na corrupção. Existem dois suspeitos. O primeiro é a Madame Pualis. Ela é obviamente muito poderosa. Seja Louis Lund, que deu à luz no castelo, ou a mulher que se suspeita ser ela na selva cercada por mortos-vivos, isso mostra que ela não é simples. Ela está envolvida com caminhos anormais e existências ocultas. É possível que tenha atraído o padre.

— Por falar nisso…

Lumian acenou com a cabeça.

— O que está errado? — Aurore não sabia o que seu irmão havia percebido.

Lumian respondeu solenemente: — Você acha que o padre já deu à luz o filho de Madame Pualis?

— … — Aurore se arrependeu de acreditar que seu irmão estava à beira de uma descoberta importante.

Ela retrucou: — Quem lhe disse que o filho de Louis Lund é de Madame Pualis?

— E se for do Administrador Béost ou de uma existência oculta? Não, não. Se fosse, você teria explodido e se transformado em um monstro quando viu aquela cena.

— Acho que Madame Pualis é mais dominante em seu relacionamento com o administrador. — Antes do início do loop, Lumian sentiu que o administrador, Béost, estava um pouco fraco. Ele não conseguia manter o mordomo sob controle e não conseguia ficar de olho na esposa. Quando aparecia com Madame Pualis, sempre tentava agradá-la.

Lumian originalmente pensava que o administrador amava muito sua esposa, mas agora tinha um novo palpite.

— Você acha que o administrador é outra ferramenta de fertilidade para Madame Pualis?

— Talvez. — Aurore segurou a testa. — O mundo do misticismo realmente ampliou meus horizontes. Muitas cenas que só existem em novels e imaginações foram realizadas… de alguma forma distorcida…

Depois de suspirar, murmurou para si mesma: — Parece que há mais de uma ou duas crianças nascidas assim no castelo.

Lumian pensou por um momento e expressou que não tinha ideia.

Infiltrar-se no castelo e realizar uma busca estava fora de questão. Não depois do que aconteceu com Louis Lund e dos acontecimentos no deserto. Custes o que custasse, não iria cruzar o caminho da Madame Pualis novamente.

Aurore sentiu o mesmo. Depois do desentendimento com Madame Pualis, os irmãos não queriam nada mais do que evitá-la a todo custo.

O padre grunhiu de frustração, bebendo uma taça de vinho tinto para aliviar a tensão.

Ele soltou um longo suspiro, largou o copo e caminhou até a cama.

Só quando a respiração do padre melhorou e ele parecia estar dormindo é que Lumian zombou: — Olhe para ele, dormindo cedo. O quê, nenhum encontro noturno com a amante? Ah, ele também não fuma em particular.

Isso foi inferido pela ausência de cigarreiras, cachimbos e outros itens no quarto.

Aurore riu e disse: — Ele também não bebe muito álcool. Todo mundo diz que o álcool é um pilar da prosperidade.

Ela mandou o Papel Branco para explorar o quarto. Não encontrando nada, retornou conforme as instruções. Aurore virou-se para Lumian.

— Você mencionou apenas um suspeito. E o outro?

— Aquela coruja sorrateira. Sempre observando, nunca agindo. — Lumian expressou seu palpite. — Ela pode ter levado o padre ao legado do lendário Bruxo.

— Hum. — Aurore sentiu que a possibilidade era bastante alta.

Lumian então sugeriu: — Se aquela coruja me fizer outra visita, nós a capturaremos e interrogaremos.

— Tem certeza que pode dominar uma coruja que vive há séculos? — Aurore sorriu.

— Eu tenho você, não tenho? — Lumian elogiou sua irmã.

Aurore zombou. — Nossas chances não são grandes, mesmo com nós dois.

— Mas não podemos simplesmente ficar sentados sem fazer nada. Precisamos descobrir o que está acontecendo antes que seja tarde demais. Contanto que não interfiramos no advento da décima segunda noite, ficaremos bem.

Lumian assentiu pesadamente.

Aurore percebeu seu cansaço e pegou o Papel Branco, que havia retornado.

— Você tem usado muito sua Visão Espiritual hoje. Descanse um pouco. Continuaremos amanhã.

Ela parou por um momento antes de continuar: — De manhã, vou lhe ensinar o básico da língua Hermes. Depois, à tarde, vá ver Pierre Berry e tome uma bebida. Vou entrar furtivamente em seu curral e ver se consigo alguma informação útil de suas três ovelhas.

Ela achou que esse era o caminho mais fácil de investigar.

— Isso não é muito arriscado? — Lumian perguntou, já de pé.

Aurore o tranquilizou com um sorriso.

— Não se preocupe, não vou brigar. Só preciso falar com elas em escocês. Não deve soar nenhum alarme. Eles podem saber algo útil.

Lumian assentiu.

— Irei para o Antigo Bar amanhã à tarde. Tentarei conhecer os três estrangeiros. Eles podem ser aliados valiosos.

Claro, ele tinha que tomar cuidado para não revelar suas identidades como Beyonders.

— Tudo bem, — Aurore concordou com o plano do irmão.

Lumian acordou em seu quarto de sonho, envolto em uma leve névoa cinza.

Como ele esperava, todas as moedas de ouro, prata e cobre, bem como o machado e o forcado que conseguiu, desapareceram.

O loop redefiniu o sonho.

“Tenho que juntá-los de novo…” Lumian murmurou para si mesmo enquanto saía do quarto e se dirigia ao escritório.

Pegou o livre bleu da mesa e o folheou preguiçosamente. Muitas das palavras foram cortadas.

“Na verdade, fui eu quem enviou o pedido de ajuda…” Ele já não sentia nada por ter enviado o pedido de ajuda.

Ele suspeitava que Aurore o tivesse orientado no envio do pedido. Afinal, não tinha conhecimento de misticismo naquela época, então teria contado com um mensageiro ou carteiro confiável.

Falando nisso, Lumian percebeu que o carteiro que vinha uma vez por semana não estava por perto.

Ele imaginou que as autoridades provavelmente impediram que pessoas comuns entrassem em Cordu após receberem a carta.

Lumian procurou uma caixa para guardar a carta, mas não conseguia se lembrar de quantos itens semelhantes Aurore tinha em sua coleção, então desistiu.

Ele se vestiu de uma maneira que não afetava seus movimentos, pegou seu machado de ferro preto e saiu para o deserto cheio de fendas. Caminhou em direção às ruínas que cercavam o pico da montanha vermelho escuro.

Lumian despachou facilmente os dois monstros familiares. Pendurou a espingarda, o saco de pano com cartuchos de chumbo e uma variedade de moedas.

Avançou com cautela, evitando deliberadamente o caminho que havia seguido antes, sabendo que não estava preparado para enfrentar o monstro de três faces.

Enquanto avançava através dos prédios desmoronados e da fina névoa cinza, seus sentidos totalmente alertas detectaram algo.

Ele sentiu um cheiro de sangue.

Depois de pensar um pouco, Lumian esgueirou-se para as sombras e se escondeu em um espaço escondido no topo de uma casa meio desmoronada, espiando por uma abertura entre algumas pedras.

Ao longe, em meio à floresta árida e cheia de escombros, ele viu um pedaço de carne se contorcendo lentamente em direção a um prédio.

A carne estava misturada com gordura amarela, como se uma criatura tivesse sido esmagada por uma pedra que caiu.

Lumian ponderou como lidar com tal monstro. “Devo decapitá-lo? Mas nem sequer tem cabeça.”

De repente, várias cordas carnudas e pretas apareceram do nada e amarraram o pedaço de carne com força.


Nota:

[1] São = Santo.

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