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Circle of Inevitability – Capítulo 106

O Ritual Começa

Lumian notou que o rosto do homem vestido de preto era quase idêntico ao seu, exceto por algumas diferenças sutis.

As profundezas dos olhos azuis-claro do estranho tinham um leve tom preto prateado. Não ficou claro se a sombra do capuz afetava a tez do homem ou se sua pele era naturalmente um tom mais escura.

— Quem é você?! — Lumian deixou escapar em estado de choque, suas palavras abafadas pelo pano em sua boca, deixando apenas movimentos indistintos.

O homem vestido de preto sorriu sem se apresentar, virando-se e caminhando em direção ao padre.

Lumian se esforçou para segui-lo, desesperado para saber a identidade do homem, seu propósito e por que ele apareceu na tumba do bruxo morto.

Isso era crucial para ele.

Embora a capacidade do padre de reter memórias fosse surpreendente, não era inexplicável. As teorias de Lumian sobre a natureza do loop poderiam explicar tal anomalia. Afinal, a Madame Pualis foi um excelente exemplo.

No entanto, a aparição repentina do homem vestido de preto foi totalmente inesperada. Não era a presença dele que surpreendeu; Lumian sempre suspeitou que outro indivíduo, além da coruja e do ocupante do caixão, fosse o cérebro por trás das anormalidades de Cordu.

O que realmente o chocou foi a impressionante semelhança entre ele e o homem vestido de preto. Sugeriu que o homem poderia ser outra versão de Lumian.

Suas teorias sobre a natureza do loop não conseguiram explicar esta revelação desconcertante!

“Alguma coisa não está certa!” Lumian lutou para se inclinar para frente, mas as cordas o seguraram, fazendo-o cair no altar com um baque surdo.

Seu nariz, que havia parado de sangrar, começou a escorrer novamente, e as feridas vermelhas e inchadas ficaram mais proeminentes.

Implacável, Lumian continuou. Incapaz de usar seus membros, ele confiou na incrível flexibilidade de Dançarino, deslizando em direção ao homem vestido de preto com grande dificuldade.

Sua mente afundou em pensamentos.

“Tenho que descobrir quem é esse homem vestido de preto e por que ele está aqui!”

“Esta deve ser uma manifestação da essência do loop.” Desvendar esse segredo poderia fornecer esperança de usar o loop para escapar da situação atual e, finalmente, resolver as anomalias que assolavam Cordu!

Drip, drip. O sangue do rosto de Lumian manchava o chão com um vermelho vibrante. Seu corpo manchou o tom carmesim em todas as direções enquanto ele se contorcia em sua luta. A cena era caótica e cheirava a sangue.

Ele se esforçou para alcançar o homem vestido de preto, mas não conseguiu emitir nenhum som. Seu rosto, contorcido pela dor e pela ansiedade, era uma visão horrível.

O homem vestido de preto, que tinha uma estranha semelhança com Lumian, olhou para baixo e instruiu o padre, Guillaume Bénet: — Comece o ritual.

— Tudo bem, — disse Guillaume Bénet a Pierre Berry na beira do altar. — Traga Lumian para o altar.

Pierre Berry se aproximou, agarrou Lumian por baixo do braço e o ergueu.

Não! Lumian se debateu com toda a força, como um peixe recém-arrancado da água.

Pierre Berry quase perdeu o controle devido à flexibilidade de Lumian.

A gentileza nos olhos de Pierre desapareceu rapidamente, substituída por um brilho feroz e brutal.

Sua força aumentou quando ele conteve Lumian com força e o jogou no altar.

Depois, Pierre Berry olhou para Lumian e riu.

— É melhor você torcer para morrer durante o ritual, em vez de sobreviver a ele. Você vai se arrepender, eu prometo.

“Isto é uma resposta à minha provocação anterior?” Assim que esse pensamento passou pela cabeça de Lumian, ele viu Aurore, vestida com um manto branco simples, aproximar-se ao seu lado.

Ela se encostou no altar adornado com lilases e tulipas, com o olhar vago enquanto olhava para o irmão.

Os aldeões da catedral avançaram em enxame, formando um semicírculo ao redor do altar.

O padre recuperou duas velas branco-acinzentadas, posicionando-as nos locais correspondentes de Aurore e Lumian.

Em seguida, colocou uma vela sob seus pés, criando um padrão no altar com duas velas acima e uma abaixo.

Depois de alguns instantes, o padre acendeu as três velas em sequência, de cima para baixo e da esquerda para a direita, usando sua espiritualidade.

Uma leve doçura penetrou nas narinas de Lumian, deixando-o desorientado. A cena parecia inexplicavelmente familiar.

Ryan, Leah e Valentine se aproximaram furtivamente da lateral da Catedral do Eterno Sol Ardente, segurando uma mala amarelo-acastanhada.

Escondidos nas sombras, espiaram através do vitral para ver o altar do Eterno Sol Ardente transformado. Eles avistaram Lumian amarrado à esquerda e Aurore parada à direita. Eles viram o padre de frente para os irmãos, com uma vela branca acinzentada acesa sob os pés, flanqueado pelo enigmático homem vestido de preto e Pierre Berry.

Os punhos de Valentine cerraram-se quando uma luz dourada brilhou em seus olhos.

Leah lançou um olhar de soslaio para ele, preocupada que seu companheiro pudesse estar consumido pela raiva.

Felizmente, Valentine era um Purificador experiente que completou inúmeras missões. Ele entendeu o que precisava ser feito e o que evitar.

Ryan desviou o olhar e baixou a voz. — Vamos nos aproximar do altar, quebrar o vidro e lançar um ataque surpresa. Nosso objetivo é pegar Lumian e Aurore e sair da vila em um minuto.

— Se não atingirmos nosso objetivo nesse tempo, abortem a missão e fujam para o rio. Acionem o loop proativamente.

— Tudo bem, — Valentine e Leah murmuraram em voz baixa, cada um balançando a cabeça em concordância.

Ryan acrescentou: — Valentine, pronto? Traga a luz do sol. Não podemos mais nos conter. Temos que implantar o 2-217 agora.

— Sem problemas, — Valentine respondeu enquanto Leah pegava uma caixa de fósforos.

Ela manipulou o sino prateado em seu véu e botas, correndo pela praça de Cordu em uma velocidade vertiginosa enquanto jogava fósforos em vários pontos.

Isso marcou uma rota de fuga predeterminada.

Os Mágicos não atuavam despreparados.

Depois que Leah completou sua tarefa, o trio de investigadores oficiais circulou cautelosamente sob o vitral ao lado do altar.

Valentine olhou para dentro e disse a Ryan: — O ritual está prestes a começar. Devemos agir agora.

Ryan, também observando o interior da catedral, franziu a testa e perguntou: — Você notou alguma coisa estranha?

Leah repassou rapidamente a cena que acabara de testemunhar em sua mente, respondendo com apreensão: — Não consigo ouvir nada lá dentro!

Eles estavam a apenas três metros dos aldeões mais próximos, mas não conseguiam discernir nenhum som vindo de dentro. Os aldeões estavam claramente envolvidos numa conversa animada!

Os olhos de Ryan se estreitaram e uma suspeita imediatamente tomou forma em sua mente.

Ele se levantou e bateu no vitral à sua frente, desconsiderando que os cultistas dentro da catedral pudessem descobrir sua presença.

Os sons do sino ecoaram enquanto o vidro delicado permanecia intacto, mas os aldeões dentro da catedral pareciam alheios ao caos lá fora.

Enquanto Ryan invocava a Armadura do Amanhecer e a Espada do Amanhecer, Leah correu em círculos do lado de fora da janela.

Desta vez, nem um único sino de prata deliberadamente descontrolado tocou.

Do ponto de vista de Leah, isso implicava que não havia perigo; no entanto, como poderia não haver ameaça emanando da catedral?

Assim, concluiu que a resposta correta era: A situação era extremamente perigosa!

Era tão perigoso que seu Artefato Selado, Sinos de Prata, foi totalmente interrompido ou não ousou reagir!

Bang!

A Espada do Amanhecer, forjada a partir da luz, atingiu um painel de vitral, mas não teve qualquer impacto. Parecia que toda a catedral estava envolta por uma força invisível e aterrorizante que impedia a entrada de estranhos.

Um brilhante pilar de luz, rodeado por chamas, desceu do céu enquanto Valentine abria os braços. No entanto, não apareceu dentro da catedral como ele esperava. Em vez disso, caiu fora do vitral, causando ondulações.

Parecia que o interior e o exterior estavam totalmente isolados.

Ryan tomou uma decisão rápida e disse a Valentine e Leah: — Vamos tentar o outro Artefato Selado. Se não funcionar, sairemos da aldeia para acionar o loop.

Ryan não sugeriu uma retirada imediata porque esperava invadir e salvar Lumian e Aurore. Ele suspeitava que, uma vez que o ritual realmente começasse, o loop poderia ser afetado. Nesse caso, não conseguiriam sair de Cordu nem reiniciar tudo ali.

Sem perder tempo, Valentine convocou as ilusórias chamas douradas.

Com dois estalos, Ryan abriu a mala e pegou o Espantalho Tanago, com a pele já meio coberta.

Ele pressionou a frente do Espantalho contra o vitral e desamarrou o grosso pano preto.

Um par de olhos humanos apareceu no rosto de 2-217, desprovidos de emoção e incrustados na palha verde-acastanhada.

Os olhos se viraram e se fixaram em Pons Bénet, parado na beira do altar.

O vilão congelou e então disparou em direção à janela.

Enquanto corria, seu corpo desapareceu, deixando suas roupas flutuando no chão e cobrindo seus sapatos de couro.

Um pedaço de carne coberta de pele emergiu do pescoço do Espantalho Tanago, fundindo-se com a palha abaixo.

— Funciona! — Ryan e os outros exclamaram, exultantes.

Isso significava que invadir a catedral não era impossível e a proteção do altar não era inexpugnável!

— O horóscopo está prestes a mudar!

— Finalmente está acontecendo!

Em meio ao alvoroço dos moradores e ao aroma envolvente de âmbar cinza, cravo, almíscar e tulipas, Lumian experimentou uma estranha sensação de déjà vu. Contando com a flexibilidade de Dançarino, ele forçou a parte superior do corpo para cima, apesar de estar amarrado.

No segundo seguinte, viu o padre abrir a boca e gritar no antigo Hermes: — O poderoso Círculo da Inevitabilidade!

Assim que as palavras saíram de seus lábios, a escuridão envolveu o interior da catedral e os aldeões ficaram em silêncio.

As chamas alaranjadas das três velas foram reduzidas ao tamanho de grânulos de pimenta, agora manchadas de prata e preto.

A mente de Lumian zumbiu quando a familiar sensação de queimação acendeu em seu peito.

Sua visão ficou turva, e Aurore, de olhos vazios, o padre de aparência solene e o homem encapuzado e vestido de preto apareceram diante dele em camadas sob a deslumbrante cúpula dourada.

Uma dor aguda atingiu sua cabeça, como se algo estivesse sendo arrancado das profundezas de sua memória. Parecia estranhamente semelhante à cena que se desenrolava diante dele.

A sensação de familiaridade e déjà vu surgiu no coração de Lumian, dezenas ou até centenas de vezes mais forte do que antes.

Thud, thud!

Ele podia ouvir seu coração batendo forte.

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