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Circle of Inevitability – Capítulo 235

“Doença”

Observando o silêncio de Lumian, Michel falou com ansiedade na voz.

— Se você não estiver disposto, posso encontrar outra pessoa.

— Quem devo procurar… Eles realmente não gostam de nós. Eles não suportam nosso odor fétido…

Foi exatamente por isso que ela procurou Lumian, um líder de máfia. Lumian e Charlie eram os únicos no Auberge du Coq Doré que conseguiam se comunicar calmamente com o casal, mas Charlie já tinha ido embora.

Olhando para a figura baixa e curvada de Madame Michel, Lumian soltou um suspiro e respondeu.

— Vou dar uma olhada.

Ainda perplexo, ele passou por Madame Michel, correu para o terceiro andar e entrou no quarto 302.

O lugar estava cheio de vários tipos de lixo, emitindo um fedor indescritível. Lumian levantou a mão, apertando o nariz, e manobrou seu caminho através do espaço apertado, mal cabendo uma única pessoa, até que alcançou o lençol amarelado e oleoso.

Ruhr, com os olhos enrugados bem fechados, estava deitado na cama, o rosto vermelho e a respiração irregular. Ele havia desmaiado.

“Ele está seriamente doente…” Lumian franziu a testa, prendendo a respiração. Ele se virou e carregou Ruhr para fora do quarto.

Enquanto isso, Michel vasculhou rapidamente as pilhas de lixo, descobrindo lugares escondidos com notas e moedas soltas, que ela prontamente escondeu consigo.

Logo, eles deixaram o quarto 302. Enquanto Michel trancava a porta, ela falou com Lumian.

— Monsieur Ciel, não me espere. Leve Ruhr para a clínica sem mim. Eu alcanço você.

Lumian assentiu, acelerou o passo e saiu correndo do Auberge du Coq Doré.

Ele estava familiarizado com as clínicas da Rue des Blouses Blanches, frequentando a área com frequência. Depois de uma curta corrida, ele avistou a Clínica Roblin, um pequeno hospital em tudo, exceto no nome.

Le Marché du Quartier du Gentleman e Quartier de Noël eram distritos vizinhos há algum tempo. O Hospital do Palácio Sagrado, financiado pela Igreja do Eterno Sol Ardente, ficava do outro lado da ponte. Como resultado, apenas algumas clínicas ficavam deste lado da ponte.

A Clínica Roblin tinha dois médicos de plantão durante a noite. Camas temporárias foram montadas no espaçoso corredor, com alguns pacientes deitados nelas, recebendo tratamentos de infusão.

Lumian levou Ruhr até um dos médicos e gentilmente o colocou em uma maca de tratamento.

O médico, usando óculos de aro dourado e com trinta e poucos anos, olhou para Lumian. Sem mencionar diretamente nenhuma taxa de consulta, ele examinou desdenhosamente a condição de Ruhr.

Depois de alguns minutos, ele ajustou os óculos e falou.

— Ele está com febre alta, mas não parece haver nenhum outro sintoma. Sugiro que tentemos baixar a febre primeiro. Se persistir, devemos transferi-lo imediatamente para o Hospital do Palácio Sagrado.

— Tudo bem. — Lumian possuía conhecimento médico limitado, então só podia seguir o conselho do médico.

O médico rapidamente escreveu uma receita para Lumian e o instruiu a fazer o pagamento necessário. Lumian obedeceu, recebendo o remédio para febre e o liquído de infusão da farmácia.

O medicamento contra febre tipo 1357 da Companhia Farmacêutica do Tolo…” Lumian olhou o conteúdo da receita e então foi até a janela de pagamento.

Madame Michel finalmente chegou, ofegante e exausta.

Ela aceitou a receita de Lumian e olhou para o preço. Em um surto de frustração, ela exclamou: — São 5 verl d’or…

Sem esperar pela resposta de Lumian, ela cerrou os dentes e recuperou moedas de cobre e prata. Ela juntou 5 verl d’or e pagou a taxa de consulta.

Em pouco tempo, Ruhr foi levado para uma cama temporária para a infusão.

Esse tratamento ganhou popularidade somente nos últimos anos.

Madame Michel finalmente recuperou a compostura e falou com Lumian.

— Obrigada, Monsieur Ciel. Você pode voltar e descansar. Eu ficarei com Ruhr.

Lumian não insistiu. Afinal, ele não era médico.

Ele assentiu levemente e dirigiu seu olhar para Ruhr. Concentrando-se, pretendia verificar sua sorte.

Lumian não conseguiu deixar de franzir a testa.

O senhor Ruhr estava à beira da morte!

No entanto, não era grave ou evidente. Ao contrário do vagabundo anterior, parecia haver uma chance de salvação.

Quando Lumian estava prestes a sugerir transferi-lo para o Hospital do Palácio Sagrado, a condição de Ruhr mudou.

Bolhas translúcidas parecidas com queimaduras surgiram em sua pele. Elas rapidamente se encheram de pus amarelo-claro, exibindo sinais de supuração.

Tais sintomas, tal progressão e evolução tão rápida fizeram com que as pupilas de Lumian se contraíssem. Sua intuição o informou que esta não era uma doença comum.

Talvez estivesse ligado ao misticismo e às forças sobrenaturais!

“Monsieur Ruhr é apenas um catador. Por que ele é afetado por poderes sobrenaturais?” Lumian levantou a cabeça e apontou para o inconsciente Ruhr. Ele se dirigiu a Madame Michel, — Vocês acreditam no Eterno Sol Ardente, certo? Levem-no para a Igreja do Santo Robert e peçam ajuda.

Ele sentiu que o Hospital do Palácio Sagrado poderia não estar equipado para tratar uma doença envolvendo poderes sobrenaturais. Seria melhor visitar a catedral do Eterno Sol Ardente e determinar se a purificação poderia eliminar os efeitos.

Madame Michel notou a transformação peculiar do marido e implorou em tom soluçante: — Não, transfira-o para o Hospital do Palácio Sagrado! Transfira-o para o Hospital do Palácio Sagrado!

No entendimento de Madame Michel, buscar bênçãos na catedral era como desistir do tratamento e se preparar para o consolo de um leito de morte.

Lumian se absteve de persuadi-la, percebendo que era madrugada e que a Igreja do Santo Robert havia fechado suas portas há muito tempo. Além disso, Ruhr e Michel não eram nada mais do que um casal de catadores, então as chances da catedral abrir para eles eram mínimas.

Além disso, a Igreja do Santo Robert ficava bem longe. A condição de Ruhr estava se deteriorando rapidamente, e ele poderia não sobreviver à jornada, muito menos viver o suficiente para acordar os zeladores da catedral para destrancar a porta.

Lumian observou Ruhr, cujas bolhas tinham estourado e agora estavam escorrendo pus. Após um breve momento de silêncio, ele falou com Madame Michel, — Encontre um médico e transfira-o para o Hospital do Palácio Sagrado imediatamente.

— Tudo bem, tudo bem! — Michel saiu do seu transe e se aproximou apressadamente do médico que havia atendido Ruhr.

Assim que ela desocupou a cama temporária, Lumian se posicionou para bloquear a visão dos outros pacientes. Do bolso, retirou uma lata de metal cor de ferro adornada com um padrão de fonte.

Este era o Agente de Cura que ele havia obtido do “Careca” Harman!

Lumian acreditava que doenças resultantes do misticismo só poderiam ser combatidas por remédios místicos. Embora incerto se esse agente, destinado principalmente a ferimentos externos, funcionaria em Ruhr, ele estava determinado a tentar.

Desatarraxando a tampa, abriu a boca de Ruhr e forçou metade do agente a engolir.

Ruhr, aparentemente ressecado, engoliu instintivamente o líquido claro que lembrava uma fonte refrescante.

Depois de dois goles, ele começou a se acalmar.

Em menos de um minuto, Madame Michel retornou com o médico. As bolhas no rosto de Ruhr murcharam, formaram crostas e silenciosamente caíram.

“Realmente funcionou…” Lumian deu um suspiro de alívio e se concentrou em observar as mudanças no destino de Ruhr.

Desta vez, não havia sinais de morte iminente. O destino de Ruhr pelos próximos dias parecia um tanto caótico, tornando difícil para Lumian decifrar ou especular.

Perplexo, o médico olhou para Ruhr e perguntou à Madame Michel: — Ele não está em ótima forma?

Madame Michel também notou que as bolhas horríveis que haviam marcado o rosto do marido tinham desaparecido, deixando para trás apenas cicatrizes e rugas. Sua respiração havia se estabilizado e não estava mais difícil.

— Peço desculpas pela minha ansiedade, — ela se desculpou rapidamente.

O médico, irritado com o fedor que emanava dela e de Ruhr, acenou com a mão em sinal de desdém.

— Os medicamentos da Companhia Farmacêutica do Tolo são muito mais eficazes do que os outros. Já que a situação melhorou, fique de olho nele. Não se apresse em transferi-lo para o Hospital do Palácio Sagrado.

Com isso, ele saiu apressadamente da cama temporária.

Madame Michel se abaixou ao lado de Ruhr, ocasionalmente verificando sua testa para medir sua temperatura corporal.

Lumian permaneceu ao lado deles. Ele puxou um banco e sentou-se, observando atentamente a condição de Ruhr.

Dez minutos depois, Ruhr abriu os olhos e olhou fixamente para o teto branco desconhecido.

— Onde estou?

Michel soltou um suspiro de alívio e rapidamente relatou sua doença repentina.

— Por que eu fiquei doente do nada? — Ruhr estava perplexo. — Eu me sentia perfeitamente bem antes de ir para a cama.

Interrompendo a conversa, Lumian perguntou casualmente: — O que você fez antes de dormir que era diferente da sua rotina habitual?

— Nada, — Ruhr ponderou por um momento antes de responder, — Só a rotina de sempre. Separei o lixo que coletei, fui ao banheiro, conversei um pouco e depois fui dormir… Talvez eu tenha voltado tarde ontem à noite. Era quase uma da tarde quando terminei de catar. Acho que acabei dormindo até tarde demais…

“Poderia haver algo errado com o lixo? Ou algo ocorreu durante o dia que só se manifestou na calada da noite?” Lumian investigou mais profundamente, esperando por pistas valiosas de Ruhr e Michel, mas, infelizmente, seus esforços se mostraram infrutíferos.

Ruhr se recuperou rapidamente. Depois que o a quarta dose do medicamento foi administrada, ele insistiu em deixar a Clínica Roblin imediatamente, não querendo gastar mais dinheiro e determinado a retornar ao motel antes do amanhecer.

Observando que a sorte de Ruhr permanecia inalterada, Lumian não tentou dissuadi-lo.

Auberge du Coq Doré, quarto 302.

Lumian franziu a testa, examinando as pilhas de lixo emitindo vários odores, esperando localizar algo problemático. Ruhr e Michel estavam ao lado dele, expressando sua gratidão incessantemente.

Dado o ambiente peculiar, seu olfato se mostrou inútil. Lumian ativou sua Visão Espiritual e observou por um tempo, mas não encontrou pistas.

Ele só pôde dizer a Ruhr e Michel: — Não podemos descartar a possibilidade de que possa haver algo contaminado neste lixo que tenha causado sua doença. Durmam em um quarto diferente esta noite e esperem até de manhã.

Lumian pretendia procurar a ajuda de Franca, uma bruxa habilidosa em adivinhação, quando acordasse, para identificar a origem do problema.

Antes que Ruhr pudesse responder, Michel, aterrorizada pela doença repentina do marido e seu contato com a morte, falou.

— Tudo bem! Obrigada, Monsieur Ciel.

Dois quartos vagos estavam disponíveis no terceiro andar. Lumian providenciou que Ruhr e Michel descansassem no quarto 307.

Já passava das quatro da manhã. Lumian retornou ao quarto 207 e deitou-se na cama, contemplando a razão por trás da estranha ocorrência. Gradualmente, caiu em um sono atordoado.

De repente, ele acordou sobressaltado, mal conseguindo ver o grito angustiado de uma mulher.

O coração de Lumian apertou quando ele agarrou a Mercúrio Caído e saiu do quarto. Seguindo o som do choro, ele subiu para o terceiro andar.

Na escuridão, seu coração apertou enquanto ele diminuía o passo, cheio de apreensão.

Finalmente, parou do lado de fora do quarto 307. No luar vermelho que filtrava através das cortinas, avistou Madame Michel ajoelhada diante da cama, chorando incontrolavelmente.

Sentindo sua aproximação, Michel, vestida com um vestido amarelo, virou seu rosto manchado de lágrimas na penumbra e dirigiu seu olhar para a porta.

Com a voz oca, ela pronunciou: — Ciel… Monsieur Ciel, Ruhr está morto…

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