Eles eram carnívoros que tiveram suas presas removidas.
Animais de estimação castrados.
Domesticados a ponto de seus instintos de combate parecerem ter se perdido.
Então, eles eram ainda mais fracos do que eu pensava.
Provavelmente era verdade que eles eram o equivalente a um Rei Demônio.
Mas não importava a força de um ataque se ele não acertasse.
Não importava o quanto seu corpo fosse resistente, você ainda teria pontos fracos se não treinasse.
Todo mundo tem pontos fracos. Havia limites para o movimento de suas articulações.
Se o centro de gravidade for alto, você perderá o equilíbrio. Se não soubessem como ser atingidos, criariam grandes aberturas.
Assim, foi fácil direcionar os ataques do ajudante A para o ajudante B.
As garras do ajudante A penetraram profundamente no estômago do ajudante B.
E inverso também acontecia.
Aqueles que não estavam acostumados a lutar eram mais suscetíveis à dor.
Da mesma forma, eles ficavam facilmente frustrados quando não conseguiam acertar o oponente.
“Está claro que vocês dois subestimaram minha evolução.”
Eu disse, mas eles não entenderam do que eu estava falando.
Há muito tempo, o C era a dificuldade mais difícil quando se tratava de ginástica rítmica.
Depois disso, surgiram técnicas que não se encaixavam na dificuldade C, e assim nasceu a palavra Ultra-C.
Quando eu era criança, eu pensava: o que é Ultra-C?
A essa altura, eles já haviam parado de chamá-lo de Ultra-C e passaram a chamá-lo de dificuldade D.
Aparentemente, as pessoas achavam que a dificuldade C era muito fácil agora.
Que surpresa. Ela era considerada a dificuldade mais alta há apenas algumas décadas, mas agora é a mais básica.
Essa é a rapidez com que as coisas avançaram.
O mesmo aconteceu com a história da luta.
De uma época em que se batia com pedras, para porretes, ferramentas de bronze, ferro e então armas.
A história das artes marciais não é diferente.
A arte de derrotar oponentes com as mãos nuas foi transmitida, aprimorada para se adequar à época, eliminando desperdícios e evoluindo para ser mais eficiente.
“Seus punhos são leves. No Mundo Demoníaco, os punhos têm muito mais peso.”
Havia mais peso nos punhos de pessoas que haviam matado e entendiam que, por sua vez, poderiam ser mortas.
Eles eram cabeças de vento selvagens, mas balançavam os punhos com convicção. Convicção de que derrotariam seus inimigos.
Esse era o mundo do qual eu vinha.
Por que eu havia sido revivido nesse recipiente de personificação?
Não foi para devolver este mundo ao seu estado natural?
“…Heh. Até parece.”
O Submundo não tinha vontade. Foi apenas uma coincidência.
Mas, mesmo que seja apenas uma coincidência, não é tão ruim ficar bravo com o Alto Rei Menor Yamato.
“Mas você é uma Personificação! Como!?”
“Mesmo que seja um bom recipiente, deveria ser impossível.”
Os ajudantes A e B estavam gritando. Que terrível mal-entendido.
Eles eram tolos que pensavam que mana era tudo quando se tratava de força.
Crianças que pensavam que ter um corpo durável significava que você não poderia se machucar.
Mas tudo isso era uma ilusão. Um truque.
“O que você faz quando nasce com um corpo forte?”
“?”
“O que você quer dizer com isso?”
“Se você tem um corpo forte, você não o treinaria?”
Você treinaria.
Um humano fraco, sem presas e garras, ainda pode derrotar um urso se treinar.
E se você tivesse nascido como um urso? Você não treinaria a partir daí? Você não tiraria proveito das características do urso, sobrecarregaria seu corpo até o limite e o treinaria com as técnicas mais recentes?
Não, esses dois não fariam isso. Eles eram apenas ursos que permaneceram os mesmos desde que nasceram.
Havia uma coisa que me deixava grato por ter nascido como um Ogro. Isso me permitiu treinar de maneiras extremas que não seriam possíveis quando eu era um humano.
Para aproveitar ao máximo meu corpo de Ogro, eu havia treinado em um grau inacreditável.
E quanto mais eu treinava, mais forte eu ficava.
Também ajudou o fato de ser um corpo feito para esse tipo de atividade.
“Vocês dois são fracos.”
Eles confiavam na força, mas não tinham técnica.
Por isso, seus ataques eram simples. Eu sabia o que eles iriam fazer.
“Seus espíritos também são fracos.”
Quantas vezes cerraram os dentes e suportaram uma dor terrível?
Quantas vezes quase desmaiaram, treinando sem parar e sem descanso?
“E isso faz com que seja fácil ver através de vocês.”
“O que…”
“Essa é a última gota…”
Na época em que eu era humano e na época em que eu era um Ogro.
Eu havia treinado e treinado, e afiado minhas habilidades até o fio da navalha.
O Ajudante A veio pulando em minha direção.
Eu poderia pensar em centenas de maneiras de como desviar ou esquivar dele.
Mas eu faria algo diferente.
“Eu ainda não fiz você rolar.”
Chutei suas pernas por baixo, quebrando seu equilíbrio e, assim que seu centro de gravidade se moveu para frente, eu o peguei por trás.
E que surpresa. Ele girou no ar com as costas voltadas para mim.
“Essa deve ser minha técnica favorita.”
Era semelhante a uma mão de lança no karatê. Uma técnica em que as pontas de seus dedos fortalecidos eram enfiadas profundamente em seu oponente.
Enquanto viajava como uma personificação, eu tentava fortalecer meu corpo até o limite e soltar essa mão de lança.
Não importava se era uma árvore ou uma pedra. Eu era capaz de abrir um buraco neles sem problema algum.
“Acabou.”
Eu empurrei, das costas até o coração.
Foi o que bastou. E então o Ajudante A caiu no chão.
“M-mald…”
O ajudante B veio de repente em minha direção.
Aqueles que nunca haviam lutado eram realmente burros.
Era uma grande tolice se aproximar naquele momento.
Mas ele era apenas capaz de dar socos telefone1. Ele não entenderia.
“Até as feras são um pouco mais cautelosas.”
Aproveitei seu impulso e, quando ele estava quase passando por mim, girei seu pescoço até a metade.
E assim que ele parou, girei o resto com força total. Em seguida, girei-o completamente mais uma vez apenas para garantir.
E, assim, o Ajudante B também caiu.
“E aí, o que achou?”
Eu me virei para encarar Yamato.
Nota:
[1] “Telephone Punch” Referência ao nome da técnica usada no seriado Baki. É apenas um soco com grande força bruta que possui seu próprio nome.