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Paragon of Destruction – Capítulo 200

O Palácio do Patriarca
“Entrar na cidade sem ser visto será difícil”, disse o mago de cabelos grisalhos. “Mesmo sem levar em conta as pessoas nas ruas, tem muitos guardas e formações que podem nos revelar.”

“Mais do que difícil, eu diria”, respondeu o Ancião Naran. “Deve ser absolutamente impossível. Os céus sabem como trabalhamos por muito tempo para que fosse assim.”

O outro homem franziu a testa. “Mas então, como vamos chegar ao Patriarca se não formos encontrados?”

O Ancião gigante sorriu calmamente. “Não chegaremos. Já que chegamos à capital, não precisaremos nos esconder mais. Muito pelo contrário, na verdade – eu pretendo que todos os magos da cidade estejam cientes do motivo de estarmos aqui. Se algum de seus traidores agir contra nós, ele vai enfrentar o Vale inteiro”.

O Ancião de cabelos grisalhos assentiu lentamente. “Acho que você está certo. Não adianta se esconder agora.”

Cercado por magos com poder e experiência muito acima dos seus, Arran hesitou em falar. No entanto, agora, ele não conseguia mais se conter – havia algo que não podia esperar mais.

“Se divulgarmos o nosso propósito”, disse ele, com a voz incerta. “Os traidores não irão simplesmente matar o Patriarca?”

O Ancião Naran riu. “É uma pergunta bastante razoável e, se eles conseguissem, já o teriam feito há muito tempo. Mas o Patriarca, mesmo antes de cair na inconsciência, criou uma formação para se proteger.”

Arran franziu a testa. “Uma formação?”

“O Patriarca é um mestre em selos e formações”, explicou o Ancião Naran. “E essa é uma formação extraordinária. Ela impede que outros entrem nela, e é muito poderosa e complexa para ser rompida pela força. E embora a formação deixe que algumas pessoas passem sem impedimentos, é muito provável que nenhuma delas seja traidora.”
O Ancião deu uma olhada na Snow Cloud, e Arran compreendeu que ela seria uma das poucas pessoas que poderia passar pela formação sem obstáculos. Ele não sabia que uma formação poderia rejeitar alguns e aceitar outros, mas já era de se esperar das habilidades do Patriarca estarem além de sua compreensão.

“Agora, sem mais atrasos”, disse o Ancião Naran. “É hora de causar um tumulto.”

Arran conseguia ver um brilho nos olhos do Ancião quando ele começou a ir em direção à cidade, como se aquele fosse um momento pelo qual o homem havia esperado por muito tempo.

Rapidamente entraram na cidade, onde encontraram as ruas cheias de tráfego e comércio. Ainda era cedo, mais já havia muitos moradores na cidade, a maioria deles procurando nos mercados e barracas de comida da manhã.

No entanto, assim que seu pequeno grupo chegou nas ruas, as atenções se voltaram para eles.

Até mesmo para os plebeus, era óbvio que não se tratavam de magos comuns – apenas a altura do Ancião Naran era suficiente para garantir isso. E mesmo que os plebeus não conseguissem sentir o poder dos magos, eles podiam ver claramente que se moviam com uma confiança calma que era impossível de ser alcançada por novatos inexperientes.

Mas, ao mesmo tempo em que os plebeus e os jovens da cidade os olhavam, a reação foi mais forte por parte dos pequenos grupos de novatos nas ruas.

A maioria deles reconhecia pelo menos alguns dos Anciões – o gigante Ancião Naran, se não fosse outro – e a visão dos Anciões circulando pelas ruas de forma tão casual os fez parar em seus caminhos.

Com isso, um pequeno sorriso surgiu nos lábios do Ancião Naran que se dirigiu a um dos grupos.

“Você!”, disse ele, olhando para um novato de aparência aterrorizada. “Avise ao Ancião Sun que uma cura para o Patriarca foi encontrada e diga a ele para vir ao palácio do Patriarca imediatamente.”

O novato com os olhos arregalados levou alguns segundos para entender o que havia acontecido, mas depois fez uma profunda reverência. “É claro, Senhor Ancião”. Ele saiu correndo, e seus companheiros foram imediatamente esquecidos.

“Você!” O Ancião se dirigiu a outra novata e a instruiu a falar com algum Grão-Mestre do qual Arran não reconheceu o nome.

Assim que cada novato do grupo foi despachado com uma mensagem, o Ancião Naran se aproximou do próximo grupo.

Essa cena foi se repetindo várias vezes enquanto percorriam a cidade, até que, por fim, vários novatos se apressaram pela cidade com mensagens para diversos Anciãos e Grão-Mestres.

A notícia rapidamente se espalhou, e não demorou muito para Arran ver pequenos grupos de novatos se reunirem ao longo da estrada, ansiosos para receber sua própria tarefa e obter o favor de um Ancião.

Quando alcançaram o portão da parte restrita da cidade, o comandante da guarda se aproximou deles correndo.

Ele fez uma reverência rápida ao Ancião Naran e depois perguntou: “Senhor Ancião, é verdade? Você conseguiu encontrar uma cura para o Patriarca?” Seus olhos brilhavam quase em êxtase enquanto ele falava.

“É verdade”, confirmou o Ancião. “Nós podemos curar o Patriarca”.

“Isso…” As palavras do homem falharam e ele piscou várias vezes, na tentativa de compreender a dimensão do que acabou de ser dito. “Eu tenho que ir com você.”

“É claro”, disse o Ancião Naran, e continuou atravessando o portão.

Ainda que suas mensagens tivessem orientado os destinatários a irem ao palácio do Patriarca, rapidamente ficou claro de que muitos não tinham paciência de esperar tanto tempo. Enquanto se dirigiam ao palácio, foram abordados por um novo mago em cada poucos passos do caminho e, a cada vez, a pergunta era a mesma: é verdade?

O pequeno grupo se tornou rapidamente um grande grupo, seguido por vários magos atrás do Ancião Naran e dos outros. Todos eles não chegavam a ser Anciões e Grão-Mestres, mas, mesmo assim, representavam uma força surpreendente.

Arran percebeu que isso foi exatamente o que o Ancião pretendia. Diante de tantos magos poderosos ao redor deles, os traidores não se arriscariam a fazer nada, a não ser se estivessem dispostos a abrir mão da própria vida. E mesmo assim, eles teriam pouca chance de sucesso.

Quando finalmente conseguiram chegar ao palácio do Patriarca, Arran se admirou com o tamanho do edifício, mas só por um breve momento, já que seus olhos logo se voltaram para a multidão que aguardava em frente a ele.

Havia bem mais de cem magos presentes, agrupados em frente ao palácio com uma grande multidão. E assim que eles viram o Ancião Naran e os demais se aproximarem, muitos deles começaram a fazer perguntas sobre as notícias que haviam acabado de receber.

No entanto, um homem na frente do grupo estava sozinho e, mesmo não parecendo particularmente imponente, ele logo chamou a atenção de Arran.

Baixo, com um rosto redondo e suave e uma figura rechonchuda, ele se parecia mais com um confeiteiro do que com um mago. No entanto, ele vestia uma túnica extravagante feita de seda vermelha e amarela, tudo trançado em padrões luxuosos, e os outros magos mantiveram uma distância respeitosa dele. E mais do que isso, ele tinha uma aura de confiança e poder.

“Ancião Naran”, disse o homem rechonchudo, com uma voz bastante amigável. “Ouvi dizer que você trouxe notícias inesperadas”.

“É verdade, Ancião Feng”, respondeu o Ancião gigante. “Embora não tivéssemos conseguido chegar por pouco, já que fomos perseguidos por traidores que assumiram o controle da Montanha de Ferro. Caso o Ancião Rakhish não tivesse se sacrificado na tentativa de detê-los, talvez teríamos morrido antes de chegar até você.”

O público imediatamente ficou ofegante, mas o Ancião Naran prosseguiu em voz alta: “É claro de que não imaginávamos que o portão do Vale estivesse fechado para todos, segundo suas ordens. Se não fossem os comandantes leais no portão que nos deixaram passar, teríamos morrido”.

Outros suspiros soaram e todos se voltaram para o Élder Feng, e alguns dos magos entre a multidão pareciam ter vontade de atacá-lo naquele exato momento.

No entanto, o Ancião Feng simplesmente assentiu, com um sorriso torto nos lábios. “É verdade”, disse ele. “Só soube disso dias atrás – traidores assumiram o controle da Montanha de Ferro, vários de nossos Anciões mas poderosos entre eles. Foi por isso que ordenei o fechamento do portão: para impedir que eles entrassem no Vale.”

O Ancião Naran o encarou friamente. “Então você deve estar satisfeito em ouvir que eu coloquei dois Anciões do Sol Crescente no portão. Se os traidores tivessem entrado na passagem, eu imagino que o número deles teria diminuído bastante.”

“Sou muito grato por sua ajuda”, disse o Ancião Feng, com a voz sem demonstrar nenhuma emoção. “Tanto na luta com os traidores quanto na obtenção de uma cura para o nosso amado Patriarca. Se você chegasse alguns dias antes, seus esforços heróicos teriam podido salvá-lo.”

“O Patriarca morreu?!” As palavras de choque foram ditas por um mago aleatório no meio da multidão, mas foram ecoadas quase que automaticamente por uma dúzia de outros.

“O Patriarca continua vivo”, disse o Ancião Feng, “Mas seu estado é grave. Parece que, com sua última lasca de consciência, ele criou uma segunda formação ao seu redor, certamente para se proteger de traidores.” Ele fez um gesto de dor e continuou: “Mas a nova formação não deixa ninguém passar – até mesmo o seu curandeiro de confiança morreu ao tentar alcançá-lo”.

A expressão do Ancião Naran ficou sombria e, em um tom suave, ele disse: “Nem você conseguiu romper essa nova formação, Ancião Feng? Como a consciência do Patriarca quase desapareceu, eu não acho que ele seja capaz de vencer seu vasto conhecimento de selos”.

O Ancião Fang sacudiu a cabeça com um gesto que, para Arran, pareceu um pouco dramático para ser genuíno. “A habilidade do Patriarca é muito superior à minha. Esta nova formação está usando um dos Selos Ancestrais – algo que o senhor conhece bem está além de mim.”

Com isso, o Ancião Naran franziu a testa. “Eu o verei.” Pelo seu tom, era claro que isso não era um pedido.

“Com certeza”, respondeu o ancião corpulento. “Siga-me.”

Levantando a voz, o Ancião Naran falou: “Todos os Élderes e Grão-Mestres, venham comigo. Pode ser que um de nós consiga derrotar esse novo obstáculo”.

Eles entram no palácio com várias dezenas de magos atrás. Muitos deles viram Arran com curiosidade, mas com a Lâmina Brilhante ao seu lado, nenhum se opôs à sua presença.

Por trás das portas do palácio, eles se depararam com um vasto salão, repleto de colunas maciças. As paredes e o teto foram revestidos de mármore cinza e, com exceção de um grande trono no centro, o salão era completamente vazio.

Os passos do grupo ecoavam no espaço enorme à medida que atravessavam o salão, o que causou um arrepio na espinha de Arran. Mais do que um palácio, ele parecia uma tumba que foi abandonada há muito tempo.

Na parte mais remota do salão existia outro conjunto de portas, por trás do qual se encontrava outro salão. Ele tinha um tamanho menor do que o primeiro, mas não muito diferente.

Exceto pelo fato de que, onde o primeiro salão tinha um trono no centro, esse tinha um grande palco de mármore branco. E sobre a plataforma estava um homem.

Se Arran ainda não soubesse que se tratava do Patriarca, ele pensaria que se tratava de um cadáver morto há muito tempo. O corpo era completamente enrugado, sem gordura ou músculos. Somente a pele mantinha os ossos unidos, e Arran não conseguiu detectar nem o mais leve movimento do corpo.

O grupo foi se aproximando da plataforma silenciosamente, com uma reverência clara nos olhos dos magos conforme eles avançavam.

Quando o grupo se encontrava a cerca de trinta passos da plataforma, de repente parou e, depois de um momento, Arran compreendeu o motivo – embora sentisse que isso exigia muito esforço, ele percebeu que uma teia de Essência de Fogo se estendia de forma circular ao redor da plataforma.

Isso, Arran sabia, era a nova formação. Milhares de fios de Essência de Fogo foram entrelaçados em um padrão intrincado, com cada fio interligado a vários outros. Mas, por alguma razão, existia algo muito familiar nela.

“Como vocês podem ver”, disse o Ancião Feng ao grupo, “Essa formação não é simples. Até onde sei, é um Selo Ancestral – um dos selos criados pelos Ancestrais do Vale, que é impossível de ser quebrado sem anos de estudo”.

Arran quase não ouviu as palavras do homem. Quanto mais estudava a formação, mais familiar ela parecia. Ela foi descuidada e falha, mas o padrão é único. A menos que ele esteja profundamente enganado…

“Eu posso quebrá-lo”, disse ele.

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