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Circle of Inevitability – Capítulo 399

Mandrágora

A figura esguia, embora assustada, entrou em ação.

Num movimento rápido, ele lançou um poderoso chute com o joelho, avançando em direção a Lumian, deixando apenas um borrão para trás.

Em vez de estender a mão direita, que segurava as ervas daninhas estranhas, ele estendeu as unhas, gravadas com símbolos e padrões místicos, parecendo duras e afiadas.

A escuridão ao redor de Lumian pareceu despertar, convergindo em correntes negras que visavam prendê-lo no lugar.

O olhar de Lumian permaneceu resoluto enquanto ele observava a figura se aproximando rapidamente. Ele emitiu um suave bufo: harrumph.

Dois raios de luz branca brilhante saíram de suas narinas, atingindo o alvo antes que ele pudesse desviar a tempo.

A figura alta e esbelta de repente caiu no chão, inconsciente.

As correntes ilusórias, formadas pela escuridão, desintegraram-se no nada.

Lumian, usando um rosto diferente, sorriu e balançou a cabeça. — Você realmente optou por um ataque em vez de fugir.

Utilizando a travessia do mundo espiritual, ele se teletransportou para diminuir a distância com seu alvo discretamente, impedindo-o de sentir o perigo iminente. Quando estavam a meros metros um do outro, a fuga ou o contra-ataque se tornaram impossíveis. Na pior das hipóteses, ambas as partes sofreriam ferimentos. Portanto, Lumian ainda tinha tempo para uma “saudação”. Se a outra parte cooperasse e respondesse civilizadamente, talvez não houvesse necessidade de um confronto.

Era semelhante a uma frase frequentemente adotada pela Sociedade de Pesquisa de Babuínos de Cabelos Encaracolados:

Incentivando a conformidade por meio de bons costumes!

Lumian observou cuidadosamente por alguns momentos e confirmou que a pessoa alta e magra havia de fato desmaiado. 

Ele se abaixou para examinar as peculiares ervas daninhas com raízes vermelho-sangue. Além de suas extraordinárias propriedades espirituais, elas pareciam bem comuns.

Depois de alguma contemplação, Lumian levantou a pessoa inconsciente e sacudiu-a vigorosamente.

Quando o alvo começou a se mexer, Lumian soltou-o e deu um passo para trás.

Com base na ação anterior, Lumian suspeitou que a outra parte era um Beyonder de Sequência Média do caminho do Boticário, especificamente Sequência 7, conhecido como Vampiro. Isso significava que qualquer humano que consumisse a poção correspondente para avançar acabaria passando por uma transformação em outra espécie.

Aurore possuía conhecimento substancial sobre as características e habilidades dos Vampiros, já que a Sociedade de Pesquisa de Babuínos de Cabelos Encaracolados incluía dois indivíduos conhecidos como Sanguíneos, um dos quais tinha o codinome “Diretor”.

Portanto, Lumian deduziu a identidade do alvo com base em seus reflexos rápidos, unhas formidáveis ​​e os feitiços de escuridão semelhantes a algemas que ele usava.

Como ele não era psiquiatra e não possuía itens semelhantes, eles não eram realmente inimigos. O melhor curso de ação era se envolver em uma conversa amigável e cooperativa.

Assim que a figura esguia recuperou a consciência, ele se levantou de um salto e examinou os arredores com um olhar cauteloso. Seus olhos caíram sobre um jovem loiro parado perto da forca, vestido com uma roupa impecável e com um sorriso amigável.

Instintivamente, ele pensou em lançar um ataque, mas um pensamento racional o deteve.

A outra parte havia demonstrado claramente a habilidade de subjugá-lo sem esforço, com o poder de acabar com sua vida ou vendê-lo a qualquer momento. No entanto, em vez de causar dano, ele havia escolhido despertá-lo!

Isso implicava uma ausência de malícia imediata. Além disso, indicava uma profunda confiança em suas próprias capacidades, como se ele não tivesse medo de qualquer resistência ou fuga.

A figura esguia lembrou-se da aparição repentina da outra parte e dos raios brancos peculiares. Ele não pôde deixar de sentir que, mesmo que os barões ou mesmo os viscondes de sua família o confrontassem, o resultado não seria tão diferente.

Somado à sua ignorância sobre a natureza dos dois raios brancos e o caminho correspondente, ele suspeitou que o indivíduo diante dele havia superado suas expectativas em termos de Sequência.

— O que você quer? — a figura magra perguntou com uma voz profunda.

Lumian permaneceu calmo, pronto para usar o Feitiço de Harrumph se necessário.

— Você é um Vampiro?

— Sanguíneo. — enfatizou a figura esguia.

Lumian olhou para o céu, para a lua carmesim, e perguntou com um sorriso: — Qual família?

Embora ele não tivesse conhecimento das numerosas famílias de Vampiros ou dos sobrenomes famosos, isso não o impediu de assumir o papel de um ser antigo, sábio e conhecedor.

Percebendo o medo no comportamento da figura esguia, Lumian aproveitou a oportunidade para desempenhar esse papel, inspirando-se em pessoas como o abominável e antigo Amon, que viveu por eras.

— Eu venho da família Bruch, — declarou a figura alta e esbelta com orgulho. — Meu nome é La Nou Bruch.

“Que tipo de família é essa? Nunca ouvi falar deles…” Lumian assentiu levemente e disse: — Ah, a família Bruch.

Ele olhou para a erva estranha na mão de La Nou. — O que é isso?

— É uma mandrágora, — respondeu La Nou com sinceridade, acreditando que um Beyonder tão poderoso não teria muito interesse em uma planta usada principalmente para propósitos espirituais.

“Você não deve simplesmente responder minhas perguntas uma por uma. Seja proativo e forneça contexto e suas razões para estar aqui. Como posso manter minha imagem assim?” Lumian o repreendeu internamente enquanto ele pensava rapidamente.

— Você veio especificamente para recuperá-la porque esta erva tem um significado único para você?

La Nou hesitou por um momento antes de sucumbir ao medo.

— Sim, a poção feita com ela pode me ajudar a suportar a onda de espiritualidade durante a lua cheia.

“Surto de espiritualidade…” Lumian relembrou alguns detalhes dos cadernos de Aurore: O Diretor da equipe Academia havia procurado uma solução para o surto de espiritualidade durante a lua cheia na Sociedade de Pesquisa de Babuínos de Cabelos Encaracolados, mas não havia encontrado nenhuma.

De acordo com relatos dos Sanguíneos, após o despertar da Ancestral alguns anos atrás e sua reivindicação de autoridade da Deusa da Noite Eterna, todos os Sanguíneos se tornaram instáveis ​​durante a lua cheia.

Esta não era a loucura que afligia os Mutantes, mas uma forma de sublimação. No entanto, o aumento repentino na espiritualidade, semelhante a uma maré crescente, colocou um fardo substancial nos corpos dos Vampiros. Alguns experimentaram alucinações ou perigos desnecessários devido à sua percepção espiritual elevada durante este período.

Lumian olhou para La Nou com interesse e perguntou: — Mandrágora pode suprimir a onda de espiritualidade durante a lua cheia?

— Os poucos Sanguíneos que conheci parecem não ter consciência disso.

Toda a Sociedade de Pesquisa de Babuínos de Cabelos Encaracolados não sabia!

La Nou não escondeu sua presunção.

— Acredito que posso ser o primeiro a fazer essa descoberta. Mandrágora é uma planta que prospera sob os cadáveres de indivíduos enforcados. Parece extrair poder de algum tipo de influência divina ligada à terra.

“Plantas espirituais associadas ao domínio da terra?” Lumian perguntou pensativamente: — Como você tropeçou nessa revelação?

Observando que um Beyonder tão formidável ignorava as origens e aplicações da Mandrágora, o sorriso de La Nou se alargou.

— No começo, havia rumores circulando sobre as plantas que cresciam sob os corpos dos enforcados serem capazes de tratar várias doenças. Dado que todo Sanguíneo é um Boticário, eu não podia descartar totalmente esses rumores. Então, decidi tentar. Criei uma poção de Mandrágora e descobri que ela suprimia notavelmente os surtos de espiritualidade.

“Boato… Boatos mais uma vez…” Lumian reprimiu sua carranca.

— Você por acaso sabe de onde esses rumores se originaram?

— Receio que não, — respondeu La Nou balançando a cabeça. — Em Trier, há muitos rumores. Por exemplo, nos últimos meses, fiquei preocupado que a colheita imprudente de Mandrágora por cidadãos desinformados pudesse interromper seu crescimento. No entanto, novos rumores surgiram, com pessoas agora correndo atrás de solo encharcado de sangue de condenados à morte.

— É realmente um desafio rastrear as origens dos rumores em Trier, — comentou Lumian, com um toque de resignação na voz.

— Por que você levou terra manchada com o sangue de um condenado à morte para a forca?

La Nou exibiu orgulhosamente suas descobertas.

— Descobri que a Mandrágora floresce sob os corpos de indivíduos enforcados. Embora seja mais eficaz, enforcar pessoas não é uma ocorrência comum. No entanto, ao usar o sangue de outros condenados à morte para nutri-la, a Mandrágora ainda pode crescer. Embora não seja tão potente, serve.

Lumian assentiu pensativamente, considerando outro aspecto da questão.

— Quem deu o nome inicial à Mandrágora? Não era apenas um boato no começo?

Quando se tratava de tópicos dentro de sua aparente “profissão”, La Nou falava com confiança.

— Esta planta tem esse nome há algum tempo, embora ninguém tenha descoberto seu valor medicinal até agora. Ela era utilizada principalmente como um ingrediente espiritual e como um componente em certos feitiços…

Nesse momento, La Nou caiu repentinamente num estupor momentâneo.

— Por que meus ancestrais, os ilustres Boticários, não tentaram inventar poções com Mandrágora? Eles não estão confinados ao conhecimento tradicional; eles exploram ingredientes com base em princípios e desenvolvem novas poções…

— Talvez eles tenham tentado, mas não houve nenhum aumento espiritual naquela época?

“Poderia ser que a Mandrágora possuísse algum poder místico desencadeado pela onda de espiritualidade que acompanha a lua cheia?” Lumian, não sendo um Boticário ou um Misticologista1, não conseguiu chegar a uma resposta conclusiva. Tudo o que ele podia fazer era especular com base nas reflexões de La Nou.

Ele mudou de assunto.

— Por que você se absteve de relatar a utilidade da Mandrágora aos seus anciões? Ela pode ter grande significado para toda a comunidade dos Sanguíneos.

La Nou gaguejou, — Ainda há alguns problemas com as poções que criei. Não tenho certeza se a toxicidade do Mandrágora pode ser totalmente neutralizada. Pretendo verificar isso antes de informar os superiores. Só então terei uma chance clara de ascender ao posto de barão.

— Que problemas você encontrou? — Lumian perguntou, em parte curioso e em parte ajudando o Diretor da Sociedade de Pesquisa de Babuínos de Cabelos Encaracolados.

La Nou ajeitou seu cabelo longo e preto e expressou suas preocupações com uma mistura de confusão e apreensão.

— Sempre que consumo as várias poções à base de Mandrágora, é como ingerir cogumelos venenosos. Testemunho uma abundância de flores desabrochando no chão, com inúmeras pequenas figuras dançando entre elas. Encontro-me coberto de cogumelos.

— As ilusões variam um pouco a cada vez, mas elementos recorrentes persistem.

“Poderia ser que sua entrada preventiva na ilusão mitigue os efeitos adversos do seu estado de surto de espiritualidade? É por isso que você acredita que Mandrágora pode suprimir esse fenômeno?” Lumian ponderou silenciosamente.

Sem mais delongas, ele ativou sua habilidade de atravessar o mundo espiritual e desapareceu da vista de La Nou.

“Um Sequência 5: Viajante ou um item de natureza similar?” La Nou deu um suspiro de alívio, arriscando um palpite aproximado sobre o porquê de a outra parte aparecer ao lado dele antes que ele pudesse reagir.

Somado aos estranhos raios brancos, tal figura era, sem dúvida, formidável abaixo do nível de semideus.


Nota:

[1] sequencia 4 do espreitador de mistérios.

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