Gravis olhou para o pedaço de minério puro com três metros de altura e não tinha ideia de como socá-lo em pedaços uniformes. Ele não tinha um controle tão fino sobre sua força.
“Espera!” Gravis imediatamente percebeu algo. “Eu não tenho um controle tão fino sobre minha força? Isso não seria um problema?” ele pensou. “Socar um minério tão duro em pedaços uniformes parece impossível agora, mas será que é mesmo? Eu lembro de um cara no meu mundo natal criando belas obras de arte ao socar uma pedra só uma vez. Eu ainda me lembro de ter achado aquilo incrivelmente impressionante.”
Gravis começou a olhar a pedra de forma diferente e, em seguida, virou-se para o Velho Relâmpago, que o seguia desde o início. Gravis começou a observá-lo com os olhos semicerrados. “Isso é algum tipo de treinamento? Se for, como ele sabe que me falta controle tão preciso?”
WACK!
A bengala acertou novamente a cabeça de Gravis.
— Pare de me encarar com esses olhos semicerrados! — disse o Velho Relâmpago, com a irritação evidente na voz.
Gravis esfregou a cabeça e ficou um pouco irritado. Esse velho não precisava bater nele o tempo todo.
— Você quer me mostrar que eu não tenho controle sobre o meu poder?
WACK!
Outro golpe com a bengala.
— Pare de ser espertinho e comece a socar! — disse o Velho Relâmpago, mas por dentro, ele estava surpreso.
“Esse garoto é esperto. Ele já percebeu meu objetivo antes mesmo de dar o primeiro soco. Bastante impressionante!” pensou o Velho Relâmpago.
Gravis olhou para o Velho Relâmpago com irritação.
— Seja honesto! Você está? — ele perguntou diretamente.
A mão ao redor da bengala se apertou, mas nenhum golpe adicional veio. A palavra ‘honesto’ acertou em cheio. Honestidade era a coisa mais importante no coração do Velho Relâmpago.
— Sim, agora vai socar! — ele disse com os dentes cerrados.
Inicialmente, ele tinha planejado irritar Gravis forçando-o a socar o minério até ele se desesperar. Depois, apareceria graciosamente e explicaria o propósito do exercício. Assim, esse jovem inocente ficaria surpreso com seu aumento de poder e olharia para o velho com olhos brilhantes cheios de gratidão.
Mas esse desgraçado tinha que entender o objetivo do exercício num instante, arruinando seus planos! O Velho Relâmpago tinha se orgulhado tanto de sua súbita inspiração. Na realidade, ele nem ligava tanto para sua casa. Sempre que ficava com raiva dentro de casa, ele explodia do mesmo jeito. Afinal, essa era a disposição do raio, sempre atacando. A Seita reconstruía sua casa em questão de horas, pois já tinham muita experiência nisso.
Mas ninguém jamais ousava tocar sua casa. Se ele deixasse Gravis escapar sem punição, talvez outros discípulos perdessem o medo de sua poderosa bengala. Todos que cruzavam seu caminho ou o da Seita tinham que apanhar! Essa era uma regra de ferro, sem exceções!
Enquanto o Velho Relâmpago lamentava seu plano falho, Gravis começou a se concentrar na pedra. Mas, antes de começar a socar, ele pensou nas vantagens de ter um controle mais preciso.
“Agora que penso nisso, eu tenho um controle bem fino com meu sabre, mas sempre que eu soco ou chuto com meu corpo, só libero minha força no oponente. Isso sempre funcionou no passado, já que os corpos dos meus oponentes eram, no máximo, um pouco mais fortes. Mas, quando soquei Byron, não adiantou nada. Quem sabe, com um controle mais fino, eu teria conseguido penetrar sua defesa e ferir seus órgãos. Afinal, os órgãos não são tão poderosos quanto os ossos e a carne.”
Gravis também percebeu por que não tinha um controle tão preciso sobre seu corpo. Seu corpo havia crescido rápido demais, e ele estava sempre ocupado treinando outra coisa. No Continente Intermediário, estava ocupado aumentando seu Reino e comprimindo sua Aura de Vontade. Teve algum tempo enquanto esteve com os ‘Cinzentos’, mas naquela época ele nem pensou em refinar seu controle. Afinal, sempre tinha funcionado.
Gravis ficou animado ao perceber outro método para aumentar sua força de batalha! Com mais força, ele teria melhores chances de conseguir recursos apropriados. Ninguém nos Estágios da Árvore ou do Eu se importaria com recursos que aumentassem o Espírito de alguém, por exemplo.
Claro, esses recursos também não funcionariam em Gravis devido ao seu Espírito peculiar, mas isso era apenas uma hipótese. Enquanto ele fosse o mais forte em seu Reino ou ligeiramente acima dele, poderia conseguir qualquer recurso que quisesse.
A única luta por recursos que ele teve foi o torneio para o quarto nível da Torre do Relâmpago, na Guilda-Proxy do Relâmpago. Desde então, ele não se envolveu em mais nenhuma dessas lutas, mas isso não significava que tais lutas não aconteceriam no futuro. Gravis tinha que estar preparado para todas as eventualidades.
Gravis se concentrou na pedra e avaliou quanta força precisaria para quebrá-la em dois pedaços uniformes. Ele se preparou e socou.
BANG!
A pedra se quebrou em quatro pedaços de tamanhos diferentes, e Gravis fez uma careta. “Isso vai ser complicado.”
“Espera! O minério não endureceu quando eu usei raio? Então, teoricamente…”
Gravis olhou para os outros prédios e viu o tamanho dos tijolos. Ele usou raio e o infundiu em uma das pedras. Moveu-o até tomar a forma idêntica a de um dos outros tijolos. Então, Gravis socou.
BANG!
A pedra se quebrou novamente, mas um tijolo perfeitamente medido, idêntico aos outros, permaneceu. Gravis sorriu.
WACK!
— Sem trapaça! — disse o Velho Relâmpago, irritado.
Gravis virou-se para o velho com um sorriso irritado.
— Eu sei! Só estava testando! Não vou sabotar meu próprio treinamento. E você não precisa me bater toda hora. Eu tenho ouvidos, sabia?
WACK!
— Cale a boca! Menos fala, mais socos! — disse o Velho Relâmpago.
Gravis já estava de saco cheio.
— Cale a boca, velho! Você não está ajudando batendo em mim o tempo todo!
— Ah, é!? — disse o Velho Relâmpago em tom de aviso.
Com o corpo mais machucado, Gravis continuou socando as pedras. Já fazia algumas horas desde que ele começou a treinar diligentemente. “Não tem como argumentar com esse velho teimoso. Esse desgraçado está tão preso nos próprios modos que nem consigo raciocinar com ele! Assim que eu ficar forte o suficiente, vou mostrar pra ele!”
Infelizmente, Gravis só ousava pensar essas coisas. Se falasse algo assim, levaria outra surra. Podia até ser satisfatório liberar sua irritação e raiva, mas o que seguiria seria dor física. No fim, não valia a pena.
Pior ainda, o velho estava sempre observando. Depois de cerca de uma hora de socos, Gravis decidiu fazer uma pequena pausa, mas nem cinco segundos depois, uma bengala voou na sua direção de longe. Gravis, é claro, estava bem acostumado com ataques furtivos e rapidamente bloqueou. No entanto, o que veio a seguir não foi a bengala, mas o próprio velho correndo. Aparentemente, ele se ofendeu com o fato de Gravis não aceitar sua surra.
Assim, Gravis continuou socando pedra após pedra. Quando as pedras ficavam pequenas demais, ele as empurrava para o lado. Em intervalos regulares, algumas pessoas da Seita do Relâmpago apareciam para levar essas pedras embora.
Era necessário muitos recursos para minerar essas pedras, então não havia motivo para desperdiçá-las. Afinal, quase ninguém no Continente Intermediário tinha poder para minerá-las. Todos os materiais para as casas da Guilda do Relâmpago no Continente Intermediário vinham daqui. Apenas pessoas no Reino de Formação do Espírito conseguiam destruir esse minério, e nenhum Mestre da Guilda ou Vice-Mestre perderia seu tempo minerando.
Embora Gravis estivesse irritado com o velho, ele ficou empolgado ao ver seu progresso. Socar as pedras já não doía tanto, e as pedras se aproximavam cada vez mais da imagem que ele tinha em mente.
Isso era algo que Gravis raramente via: progresso através de treinamento.
Na maior parte do tempo, ele estava apenas devorando pílulas ou matando pessoas para aumentar seu Reino. A última vez que sentiu algo assim foi quando estava comprimindo sua Aura de Vontade. Antes disso, a única outra vez em que sua força aumentou por meio de treino foi quando aprendeu Artes Marciais com William, lá na Cidade do Corpo.
Agora, Gravis não estava mais fazendo pausas. Ele estava completamente absorto na sensação de sua força crescendo lentamente.
Assim, ele continuou socando as pedras.