Os dois Gravis se encararam com os olhos semicerrados. Aquilo poderia ser um problema sério. O Céu não conseguia criar algo no Reino da Formação do Espírito que pudesse derrotar Gravis, então foi até o Céu mais elevado para copiá-lo.
O Céu mais elevado certamente tinha conhecimento suficiente para criar um segundo Gravis do zero. Afinal, o Céu mais elevado provavelmente também estava envolvido em criar seu estado peculiar. Algo como esse Céu inferior provavelmente não tinha ideia de como seu estado atual funcionava. Nem o próprio Gravis tinha certeza de por que podia fazer o que fazia.
BZZZ!
O Gravis com Sorte Cármica invocou uma Lança de Relâmpago e a lançou no outro Gravis. Esse Gravis apenas ficou parado e deixou a lança atingi-lo.
Whoom!
A lança foi absorvida sem problemas. Em seguida, esse Gravis usou uma Lança de Relâmpago e a lançou no primeiro. O mesmo se repetiu, e a lança foi absorvida.
Ambos os Gravis coçaram o queixo, pensativos. Aparentemente, os dois eram um só com o raio, então não podiam distinguir o real usando esse método.
Whoom!
Ambos invocaram seus sabres, e os dois brilharam com eletricidade. Ambos tinham um Crescente de Relâmpago carregado. — Até as armas são iguais, hein — eles disseram em uníssono, pensativos.
Após alguns segundos, um dos Gravis olhou para a terceira porta e após volta para o outro. O outro teve a mesma ideia e sabia o que o primeiro havia planejado. Eles assentiram um para o outro.
BANG!
Ambos correram em direção à terceira porta, mas não usaram seu relâmpago para aceleração. Ao chegarem na porta, invocaram uma Bomba de Relâmpago cada. Antes que as Bombas instáveis pudessem explodir, lançaram seus Crescentes de Relâmpago nelas.
BOOOOOOOOM!
Uma explosão incrivelmente poderosa ecoou pelo vazio. Um Crescente de Relâmpago era equivalente a 400% do poder do raio de Gravis, tornando-se o ataque mais poderoso que ele podia invocar.
A explosão alcançou vários quilômetros, mas o mundo azul parecia não ter fim. Eles estavam de pé em algo, mas também em nada, aparentemente no meio do ar, mas, além das portas, não havia mais nada. Na verdade, eles nem tinham certeza se estavam realmente de pé sobre alguma coisa. A explosão se estendeu por uma grande distância antes de desaparecer.
Os dois Gravis olharam para a porta com interesse e estreitaram os olhos ao verem que ela estava intacta. Depois de um tempo, coçaram o queixo novamente. — Esta Formação de Matrizes é poderosa demais para este Céu inferior — disse o Gravis com Sorte Cármica.
O outro assentiu. — Usar esta Formação de Matrizes provavelmente consome uma quantidade enorme de energia. O Céu sacrificou muito para nos parar — ele disse.
Então, os dois Gravis se encararam novamente e se aproximaram. Ambos ergueram os punhos simultaneamente, com expressões sérias.
— Pedra, papel, tesoura! — gritaram e revelaram as mãos.
O Gravis com Sorte Cármica escolheu pedra, enquanto o Gravis sem Sorte Cármica escolheu tesoura.
— Sou o Gravis A — disse o Gravis com Sorte Cármica.
— Então eu sou o Gravis B — disse o Gravis sem Sorte Cármica.
— Não é interessante que eu tenha ganhado? — Gravis A disse. — Acho que essa é a utilidade da Sorte Cármica.
Gravis B ergueu uma sobrancelha, fingindo interesse. — Eu não preciso de Sorte Cármica.
Gravis A riu um pouco. — Eu sei, mas é divertido ter isso por uma vez. Você só está com inveja.
Gravis B estreitou os olhos. — Não estou.
Gravis A sorriu. — Eu sei. Mesmo que tivéssemos a opção de ter Sorte Cármica, provavelmente não a escolheríamos. Não ter Sorte Cármica tem funcionado muito bem até agora.
Gravis B revirou os olhos. — Eu sou realmente tão irritante de conversar assim? — ele perguntou.
Gravis A ergueu uma sobrancelha, interessado. — Eu sou?
Gravis B assentiu. — Acho que sim.
Gravis A coçou o queixo, pensativo. — Talvez eu deva trabalhar nisso.
Gravis B deu de ombros. — Isso é realmente necessário? Não queremos nos aproximar muito dos outros.
Gravis A pareceu incerto. — Acho que sim, mas é melhor ter uma habilidade do que não ter.
Gravis B suspirou. — Acho que você tem razão.
Ambos ficaram perdidos em pensamento, e Gravis A olhou para Gravis B. — Huh, às vezes realmente me perco nos pensamentos. Você parece que está preocupado com alguém próximo de você morrendo.
Gravis B se endireitou. — Huh, é realmente tão ruim assim?
Gravis A assentiu. — Sim. Você parece incrivelmente sério, como se não quisesse que ninguém falasse com você.
Gravis B coçou o queixo novamente. “Isso pode ser um problema se eu precisar me aproximar de outros no futuro”, pensou.
Gravis A apontou para Gravis B. — Lá está! Você está fazendo de novo! — ele gritou e suspirou, esfregando as têmporas. — Cara, é desafiador ter uma conversa com você quando você se desliga assim.
Gravis B ergueu uma sobrancelha e olhou para Gravis A. — Mas não estamos conversando agora?
Gravis A também coçou o queixo. — Acho que estamos — ele disse, pensativo.
Depois de alguns segundos, Gravis B balançou a cabeça. — Ok, agora entendo o que você quer dizer.
Gravis A xingou baixinho. — Precisamos trabalhar nisso — ele disse.
Gravis B assentiu. — Precisamos.
Alguns segundos se passaram. — Então, como resolvemos esse problema? — Gravis B perguntou.
Gravis A pensou nisso. — Deve haver algo que o Céu não conseguiu copiar. Imagino que você também tenha sentido como se tivesse acabado de sair do salão e atravessado o corredor. Depois, sentiu aquela Formação complexa e entrou, certo?
Gravis B assentiu. — Exatamente. Mas eu cheguei primeiro ao salão. Imagino que você tenha parado um pouco porque sentiu sua Sorte Cármica aumentar.
Gravis A assentiu de volta. — Sim. Por isso cheguei depois.
Gravis B estreitou os olhos. — Pode ser que você seja a cópia, então.
Gravis A continuou coçando o queixo. — Possível, mas o Céu é astuto. Mesmo que tenha cometido alguns erros, ainda é muito inteligente. Pode ser que ele tenha dado Sorte Cármica ao verdadeiro Gravis para fazer o outro Gravis pensar que o Gravis com Sorte Cármica é o falso.
Gravis B olhou de volta para a porta. — Possível. Então, é um 50-50 de novo.
— Bem, não exatamente — disse Gravis A.
Gravis B assentiu. — Sim. É óbvio que apenas um de nós pode prosseguir a partir daqui. Isso significa que o Céu quer que lutemos.
Gravis A continuou. — Mas com nossos estilos de luta agressivos, há uma chance de mais de 90% de que morramos ao mesmo tempo.
Gravis B bagunçou o cabelo, frustrado. — Ambos pensamos que somos o verdadeiro, e nenhum de nós quer que seu caminho termine assim. Nenhum de nós está disposto a se sacrificar porque ambos acreditamos ser o verdadeiro. No entanto, se lutarmos, é muito provável que ambos morramos.
Gravis A respirou fundo. — Esta é uma arma realmente sinistra. O Céu está cumprindo suas regras, mas usou nossas forças como fraquezas para nos forçar à morte. Tenho certeza de que também não nos permitirá alcançar o Estágio do Eu. Provavelmente há um prazo para isso.
— Eu sei disso. Não precisa dizer o óbvio. Eu sou você, afinal — Gravis B disse.
Gravis A franziu o cenho. — Sou realmente tão direto assim? Isso foi meio rude, sabia?
Gravis B deu de ombros. — Quem se importa com grosseria? Educação é só para…
— Cala a boca. Eu sei disso — Gravis A disse.
Agora foi a vez de Gravis B olhar para Gravis A com as sobrancelhas franzidas. — Huh, eu realmente sou um babaca em conversas.
— Sim, foi o que acabei de dizer — disse Gravis A.
— Mas você ainda fez de qualquer jeito — respondeu Gravis B.
— Para provar isso para você — disse Gravis A.
Gravis B revirou os olhos. — Ah, qual é. Você só achou que eu estava te rebaixando, mesmo sabendo que não estava.
Gravis A ficou em silêncio por um momento. Será que Gravis B estava certo? Ele se ofendeu por causa disso?
— Ei, sua cara de pensativo voltou — disse Gravis B.
Gravis A olhou para Gravis B, irritado. Gravis B estava constantemente interrompendo seu processo de pensamento, o que irritava Gravis A profundamente.
— Não me olhe como se eu tivesse matado seus amigos — Gravis B disse com os olhos semicerrados.
Faíscas pareciam surgir entre seus olhares por um tempo.
Então, ambos suspiraram ao mesmo tempo.
“Como meus amigos conseguem conversar comigo?” Eles pensaram enquanto se perdiam em pensamentos, coçando seus queixos.