Gravis olhou para a Área de Compreensão de Leis dos diferentes tipos de fogo. Sua aparência só poderia ser descrita como apocalíptica.
Vulcões explodiam a cada poucos segundos, lançando uma quantidade absurda de gases tóxicos e negros na atmosfera. Em outros lugares, árvores queimavam violentamente, parecendo incapazes de parar de arder. Era quase como se essas árvores pudessem queimar para sempre. Tempestades brutais de fogo rugiam sobre as montanhas, enquanto rios de lava corriam pelas fendas.
Gravis só conseguia ‘ver’ a verdadeira aparência da Área de Compreensão de Leis com seu Espírito, pois tudo estava preenchido por gases negros. Havia até alguns tipos de gases amarelos e roxos. Basicamente, os olhos se tornavam inúteis nessa área.
Alguns pontos eram fortemente iluminados pelas tempestades de fogo, enquanto outros estavam mergulhados em uma escuridão completa, em contraste com os pontos brilhantes. Gravis imaginou que qualquer besta mais fraca que um Lorde provavelmente não sobreviveria ali por mais de alguns segundos.
— Finalmente, fogo! — Ferris gritou, empolgado, enquanto sua cauda balançava descontroladamente.
Gravis sorriu. — E aí? Você vê alguma diferença depois de aprender várias outras Leis?
Ferris permaneceu em silêncio por alguns segundos enquanto observava atentamente a Área de Compreensão de Leis. — Um pouco. Existem algumas coisas que não faziam sentido para mim antes. Um bom exemplo seriam os gases. Anteriormente, eu não sabia o suficiente sobre vento ou ar para julgar com precisão o que esses gases faziam.
— Ótimo! — disse Gravis. — Então, comece!
— Pode deixar! — gritou Ferris, avançando na Área de Compreensão de Leis. Era quase como se ele fosse uma criança em uma loja de brinquedos, o que fez Gravis sorrir. Ferris era simplesmente genuíno demais.
Gravis também voou até a primeira área, um vulcão na borda da Área de Compreensão de Leis. Em vez de entrar diretamente, Gravis apenas olhou para ele, perdido em nostalgia.
— Isso me lembra da primeira vez que entrei no mundo inferior — Gravis disse para si mesmo, suspirando. — O começo da minha jornada no mundo inferior foi um dos piores períodos da minha vida. Eu estava constantemente sendo reprimido. Ainda assim, ao ver este vulcão, de alguma forma sinto falta daquele tempo.
Gravis se lembrou de suas aventuras no mundo inferior. O Céu estava constantemente tramando contra ele, tentando impedir que fizesse inimigos, tentando matá-lo, entre outras inúmeras manobras ocultas.
Essas lembranças também fizeram Gravis pensar em uma pessoa sobre quem ele não pensava há muito tempo.
— Gorn — disse Gravis para si mesmo.
Gravis agora tinha mais de cem anos e aprendera muito mais. A situação com Gorn não era tão simples quanto parecia na época. Sim, Gorn havia lhe dado quase tudo, mas também não parecia ter se importado se Gravis permanecia o mesmo.
Gorn usou todos os seus recursos para permitir que Gravis aumentasse seu poder, mas também não pareceu se importar com o fato de que o raio estava mudando Gravis. Isso mostrava que Gorn não se importava com Gravis por ele mesmo, mas pelo seu potencial e poder.
Ainda assim, Gorn havia feito muito por ele. Arriscara sua vida para ajudar Gravis. As intenções por trás de uma ação eram mais importantes do que a ação em si? Se Gravis fosse mais jovem, teria dito que sim, mas agora, via que não era tão simples.
Gravis refletiu sobre o que havia acontecido e também sobre o que estava sentindo.
Então, ele olhou para o céu. — Se você não soubesse sobre a disposição do raio, eu ainda lamentaria muito a sua morte. No entanto, você sabia dos perigos da disposição do raio. Sabia o que poderia acontecer e decidiu correr o risco.
— Você se comprometeu com essa aposta, sabendo completamente o que poderia acontecer. Por isso, não lamento sua morte, mas lamento que tenha sido eu a fazê-lo — disse Gravis para si mesmo.
Gravis pensou um pouco mais sobre o que passou no mundo inferior. Depois de alguns minutos, também pegou as fotos que sua mãe havia lhe dado em seu aniversário.
Ele olhou para as fotos de seus velhos amigos por um longo tempo. No entanto, suas emoções não eram mais tão fortes como antes.
O tempo era gentil e cruel ao mesmo tempo. O tempo permitia que as pessoas cicatrizassem feridas emocionais, mas também tornava as conexões mais obscuras. Gravis viu seus amigos do mundo inferior pela última vez quando tinha 23 anos. Agora, ele estava com cerca de 110 anos.
Ele ainda se lembrava deles, mas sentia menos como se estivessem vivos e mais como se estivessem mortos. Eles não faziam parte de sua vida há uma eternidade.
— Eu mudei drasticamente — Gravis disse enquanto olhava para as fotos e também para sua nova aparência inumana. — Eu não sou mais aquele casca fria e sem emoção. Agora, eu até tenho três lindos filhos. Vocês provavelmente também mudaram tremendamente. Será que ainda somos compatíveis, ou vocês se tornaram pessoas ardilosas que eu desprezaria?
Gravis estreitou os olhos. — Não importa — disse ele. — O vocês do passado não existe mais. Se algum dia nos encontrarmos de novo, podemos nos conhecer novamente. Até lá, vou lembrar de vocês como eram naquela época.
Claro, Gravis não se referia a todos ao dizer isso. O motivo era que nem todos os seus amigos eram jovens e impressionáveis. Joyce, Nero e Manuel eram relativamente jovens, e suas personalidades ainda poderiam mudar drasticamente.
Enquanto isso, Aion e o Velho Relâmpago já haviam vivido tempo suficiente para que suas personalidades estivessem basicamente fixas. Esses dois não mudariam muito, e Gravis tinha certeza de que, se os encontrasse, seria como se quase nenhum tempo tivesse passado.
Skye provavelmente também não teria mudado, pois era uma besta. Bestas, em geral, eram muito diretas. Reencontrá-la provavelmente seria como se nunca tivessem se separado.
De repente, Gravis deu uma risadinha. “Bem, não é como se eu não tivesse amigos neste mundo”, pensou ele enquanto olhava para Ferris, que estava atualmente farejando o ar com curiosidade. Gravis também pensou na Imperatriz, no Grande Ancião e em Meadow. Esses eram quatro amigos próximos que Gravis podia encontrar sempre que quisesse.
Havia também Orthar e Silva. Gravis não sabia se Silva ainda estava vivo, mas esperava que sim. Orthar provavelmente estava se divertindo bastante agora. Será que também estava compreendendo Leis como um louco devido à influência de Gravis?
Claro, Gravis também não esqueceria de seus três filhos, Aris, Cera e Yersi. Assim que terminasse sua Estagnação de Reino, ele os procuraria. Mal podia esperar para reencontrá-los!
No entanto, Gravis não sentia apenas emoções boas. Enquanto continuava pensando sobre seus amigos e familiares neste mundo, começou a pensar no momento em que deixaria este mundo. Ele havia vivido aqui por mais de 80% de toda a sua vida! Suas emoções lhe diziam que este mundo parecia mais seu lar do que seu lar verdadeiro.
Seu mundo natal e sua família original pareciam tão distantes para ele. Gravis sentia que fora pai de crianças por mais tempo do que se sentira filho de dois pais. Na última vez em que conversou com seu pai, Gravis ainda se via como uma criança, mas agora, ele se sentia como um adulto.
Naquela época, ele conseguia se identificar muito mais com seus amigos e outras pessoas jovens, mas agora, ele conseguia se identificar muito mais com seu irmão Orfeu. Orfeu parecia muito mais próximo de Gravis agora, principalmente porque ele também era pai e havia decidido colocar a família à frente do seu cultivo.
Quando conversou com Orfeu pela última vez, Gravis não podia imaginar parar seu cultivo por qualquer motivo. No entanto, ele não havia pausado seu cultivo por causa de seus filhos? Devido a essas experiências, Gravis se sentia mais próximo de Orfeu do que nunca.
“Quero conversar mais com Orfeu quando voltar”, pensou Gravis.
Gravis continuou pensando em sua família e amigos e em como tudo provavelmente havia mudado drasticamente. Sua vida antiga parecia tão distante e sem relação com ele. Retornar a essa vida quase parecia algo que nunca aconteceria.
De repente, Gravis sacudiu a cabeça com força. “Certo! Já chega dessa merda sentimental!”
Então, ele olhou para o vulcão abaixo de si.
“Tenho Leis para compreender!”