— Confie em mim.
Nux falou e, por algum motivo, Allura achou que poderia confiar um pouco.
— Entre — ela ordenou.
Quando ouviu a porta abrir, se virou lentamente e observou. Cada milésimo fazia seu coração acelerar e entrar em pânico.
E se o truque de Nux não funcionasse?
E se o servo visse outro homem desconhecido ao seu lado?
Na verdade, o servo vê-los juntos estava tudo bem porque não sabia quem era. Contudo, e se os protetores vissem Nux?
O que eles pensariam?
Eles tentariam ficar do seu lado e calar a boca?
Ou eles contariam tudo ao Rei?
E se o Rei descobrisse sobre isto?
Ele a mataria?
É claro que mataria!
Ele a executaria publicamente!
Nem pensaria duas vezes sobre isso!
Enquanto incontáveis pensamentos surgiam em sua mente, seu pânico aumentou.
De repente, começou a se arrepender de sua decisão.
No entanto, já era tarde demais, a porta abriu e o servo entrou no quarto.
O coração de Allura acelerou e rapidamente se virou, só para seus olhos arregalarem de pavor quando notou Nux parado ao seu lado com um pequeno sorriso.
Sua técnica falhou!? Ela pensou internamente e seu pânico se aprofundou.
Se Allura fosse uma paciente do coração, hoje, teria morrido.
— Não se preocupe, ele não consegue me ver.
Allura foi então trazida à realidade quando ouviu a voz de Nux.
Então, se virou para o servo e notou rapidamente que Nux estava falando a verdade. O servo realmente não o notou.
Um suspiro de alívio escapou de sua boca.
No entanto, Nux tinha outros planos em mente.
Seu sorriso aumentou ao se levantar e caminhar na direção do servo.
O coração de Allura, que mal havia se acalmado, começou a acelerar.
Por que ele está se movendo para a frente dele!? Ela se perguntou internamente, contudo, seus olhos arregalaram de horror quando viu Nux pegar uma almôndega da mesa e comer na frente do homem.
— V-V-Você… não o vê? — Allura perguntou.
— Vê o quê? Lady Natalia? — indagou o servo num tom humilde.
Ele ouviu sobre esta cliente e foi dito que deveria ser muito respeitoso; ou então seria seu último dia de trabalho e provavelmente da vida.
Os olhos de Allura arregalaram-se de surpresa.
Ele está parado bem na sua frente! Como não consegue vê-lo!? Ela queria gritar, mas não fez isto.
Ela estava sã o bastante para não se segurar.
No entanto, não conseguiu ocultar sua expressão surpresa, que fez o servo achar estranho.
— Lady Natalia? Algum problema? Peço desculpas por minha incompetência, por favor, diga-me o que lhe incomodou e garanto que melhorarei e farei de tudo para resolver o problema que está enfrentando.
O servo praticamente implorou.
Ele sentiu que havia errado algum detalhe importante que acabou ofendendo esta mulher.
Ele ainda tinha que cuidar de sua família e não podia morrer aqui!
Allura foi trazida de volta à realidade e apontou para a janela enquanto falava uma desculpa aleatória.
— Um corvo. Havia um corvo aqui. Já deve ter voado para longe.
— Lady Natalia, aquele corvo está irritando você? Quer que eu faça algo com o corvo ou deveria mandar alguém pegá-lo? — perguntou o servo.
— Não precisa. Além disso, não acho que você possa pegá-lo.
Ela responde à última frase num tom suave.
— O quê? — O servo, que não conseguiu ouvir, indagou.
— Nada, falei que só precisa servir a comida. Ah, verdade, traga um par extra de talheres — Allura ordenou.
— Ao seu comando, Lady Natalia. — O servo arrumou tudo rapidamente e suspirou de alívio.
Ele viveria para ver outro dia.
Só mais doze dias e conseguiria seu salário; e este dinheiro seria usado para comprar um novo vestido para sua filha.
— Sairei agora, Lady Natalia. Espero que tenha um bom dia pela frente e aproveite a estadia. — Ele então se curvou e saiu do quarto.
Quando o servo saiu, Nux sorriu para Allura e se sentou na cadeira. Entretanto, ela não estava tão confortável quanto ele.
— V-Você é um fantasma…? V-Você está aqui para se vingar? Se for, juro que não estava por trás de sua morte, sou inocente. Eu nunca nem matei um animal. Só como carne que os outros caçam. Sou inocente.
Ela murmurou com os olhos marejados. Nux tinha certeza de que, se não fizesse nada, ela começaria a chorar.
— V-Você não está aqui para me matar? É algo que só eu posso ver? Você quer minha ajuda na sua vingança? Se for o caso, posso ajudar. Entretanto, precisarei ouvir sua história toda. Não matarei alguém inocente por sua vingança, independente de quanto me assombre.
Desde que Nux estava quieto, Allura pensou em outras possibilidades.
— Você deveria parar de ler muitos livros de fantasia, Lady Allura. — Nux balançou a cabeça.
— Não sou um fantasma — ele falou.
— Então, como só eu consigo ver você? — Allura questionou.
— Seus protetores não me viram na primeira vez que nos conhecemos?
Os olhos de Allura arregalaram-se de surpresa quando percebeu isto.
— E-Então como…
— Esta é minha habilidade. Uma vez que a ativo, se eu não quiser, ninguém pode me ver. — Nux então se aproximou dela e continuou.
— É assim que consigo entrar no seu quarto sem ninguém notar.
— Legal, certo?
— I-Isto não torna você um assassino perfeito? — Allura indagou.
— É claro, posso não parecer, mas sou forte, sabia?
— Forte quanto? — Allura perguntou curiosamente. Por algum motivo, sentiu que Nux não a machucaria.
O sorriso de Nux aumentou quando ouviu a pergunta.
— Mais forte que o Rei.