De manhã, no quarto de Amaya, uma figura coberta num véu de névoa negra estava sentada de pernas cruzadas na cama.
A névoa negra parecia assustadora enquanto se movia pelo corpo da figura. Logo, sua intensidade começou a diminuir.
Cinco minutos depois, a Névoa Negra sumiu e o corpo de Amaya finalmente ficou visível.
Alguns segundos depois, ela abriu seus olhos negros e os arregalou quando viu uma figura familiar sentada numa cadeira na sua frente.
— Hmm, essa Névoa parece assustadora — Nux comentou com um sorriso.
Amaya olhou ao redor e viu Kelton deitado no chão perto do sofá. Ela então balançou a cabeça e perguntou.
— Por que o nocauteou de novo? Ele nem estava no quarto — Amaya indagou.
— Bem, ele estava batendo na porta, então pensei que perturbaria você. Por isso, eu o nocauteei. — Nux riu.
Kelton tinha um destino pobre.
— Você tem alguma inimizade com ele, não é? — Amaya palpitou.
— Confie em mim, não tenho — Nux respondeu honestamente.
— Tenho pena dos seus oponentes — Amaya comentou.
Nux riu, mas logo sua expressão ficou solene.
— Você confia nele?
Ele perguntou enquanto apontava para Kelton.
Amaya olhou para o corpo do homem e, após pensar por um tempo, assentiu.
— Confio.
— Quanto?
— Noventa e nove por cento.
Amaya respondeu.
Ela confiava em Kelton, mas não confiava o bastante para falar do seu físico.
É claro, ela não ficaria surpresa se Kelton já soubesse disto por aquela mulher, só que não havia como ela dizer que havia encontrado uma técnica adequada para si.
Este era o motivo de ela só cultivar à noite, quando Kelton não estava por perto.
— Você se contradisse. — De repente, Nux falou.
— O que quer dizer? — Amaya franziu a testa.
— Você disse que confia nele, mas quando perguntei quanto, respondeu que não é cem por cento. Essa é uma contradição.
Amaya, contudo, tinha pensamentos diferentes.
— Isso não é uma contradição.
Então, seus olhos brilharam e ele explicou.
— Você nunca pode confiar de forma cega e completa no coração de um humano.
— Noventa e nove por cento já é um número alto.
— …
Nux olhou para ela e propôs.
— E se eu disser que tenho algo que pode garantir que ele nunca trairá ou machucará você?
— …
Amaya ficou quieta e começou a pensar sobre isto. Segundos depois, perguntou.
— O que é?
— Será um pouco doloroso, mas após usá-lo, você pode confiar nele com os olhos fechados — Nux respondeu.
— … — Amaya ficou calada de novo.
Então, olhou para o corpo de Kelton e começou a pensar mais.
Desta vez, levou um minuto para pensar bem e balançou a cabeça.
— Esqueça, ele fez muito por mim desde que eu era uma criança. Não o deixarei sofrer nenhuma dor só por causa de minhas inseguranças.
— Não sou tão egoísta.
Um sorriso apareceu no rosto de Nux.
Ele a respeitava pela resposta.
Ela preferiria reduzir seu tempo de cultivo pela metade do que ferir seu subordinado.
Veja bem, ela era alguém que vendeu a vida por cultivo, então algo assim era um grande sacrifício da sua parte.
Nux então assentiu internamente, mas percebeu que a atmosfera havia ficado um pouco enfadonha e decidiu apimentar as coisas.
— E quanto a mim? Quanto confia em mim?
Ele nem perguntou se ela confiava ou não. Ele era seu homem, afinal de contas.
É claro, ela confiava nele.
A pergunta principal era quanto.
— Um por cento.
— U-Um?
— Sim, e é só uma marca grata porque me deu o Mantra do Demônio da Névoa Devoradora.
— Então você não confia nem um pouco em mim, hein? — Nux falou.
— Nenhum pouco. Você é lindo demais, tem coragem de tocar na esposa do Rei, pode entrar no meu quarto sem ser notado. Além disso, pela maneira que fala, parece um playboy que brincou com o coração de várias mulheres.
— É impossível eu confiar em alguém como você. — Amaya balançou a cabeça.
O rosto de Nux tremeu quando ouviu a resposta.
— Tsk, tsk, pensar que não confia no seu futuro homem. Hmph, hmph!
Amaya olhou para Nux e perguntou.
— Por que está aqui?
Nux olhou para ela atordoado e piscou algumas vezes.
Sério?
Mesmo que queira mudar de tópico, não pode ser menos óbvio?
Tsk, tsk.
No entanto, um sorrisinho apareceu em seu rosto.
Ela decidiu mudar de tópico e não negou suas palavras.
Isso era algo bom.
Nux assentiu consigo.
Porém, ele era um homem que dizia que o copo estava meio cheio.
— Por que está aqui? — Enquanto estava perdido em pensamentos, Amaya perguntou de novo.
— Por que eu não deveria estar aqui? — Nux saiu de seu devaneio e perguntou de volta.
— Você não deveria estar se preparando para a academia?
— Bem, Alger está fazendo tudo. — Nux deu de ombros.
Vendo sua atitude despreocupada, Amaya apenas balançou a cabeça.
— Quando partirá? Hoje ou amanhã? — ela indagou.
Se um Marquês estava organizando tudo, não deveria ser um problema para Nux entrar no mesmo dia que decidiu entrar. Não havia necessidade de nenhum processo longo e espera desnecessária.
— Um mês.
Nux respondeu.
Uma carranca apareceu no rosto de Amaya.
— Por que está esperando tanto?
— Hã? Você não sentirá minha falta se eu for para a academia tão cedo? — Nux questionou de volta.
Amaya ficou surpresa pela resposta.
Um sentimento estranho aqueceu seu coração. Por algum motivo, ela estava…
Feliz?
Amaya, todavia, rapidamente balançou a cabeça e suprimiu este sentimento estranho.
— Não, não sentirei sua falta.
O rosto de Nux tremeu de novo.
Era realmente difícil flertar com esta mulher.
Ele, todavia, não desistiu.
— Esse é o motivo de eu não ir agora.
— Hã?
— Você não sentirá minha falta, então qual é o sentido de ir?
— Planejo passar um mês e me aproximar de você. Então, quando formos próximos o bastante, eu irei.
— Dessa maneira, você sentirá minha falta e será forçada a retirar suas palavras para me ver.
— Esse é meu plano…