Não. Nós não roubamos um banco. Nós só não vamos conseguir fazer compras grandes com vendedores licenciados sem atrair atenção.
Cer-certo…
Nós podíamos ter roubado o negócio de armas do Rofal. — Garovel disse, ou seu círculo de roubo de carros, mas dinheiro não troca de mãos tão frequentemente que nem nesses dois lugares. E roubar de um negócio de prostituição provavelmente só iria causar mais mal as prostitutas do que para Rofal.
Mas e se, uh… Rofal rastrear o dinheiro ele mesmo?
Hmm. Justo. Você devia parar e procurar por dispositivos.
Certo.
Ele encontrou um beco e colocou as bolsas no chão e revirou todas. Pilhas de troas enchiam cada uma, Hector nunca viu tanto dinheiro em sua vida. Uma única nota de troa era uma nota de papel azul e branco com o rosto barbado do Rei Martinus I no centro. Sua bisneta era a rainha atualmente.
Não estou vendo nada que pareça um dispositivo de rastreamento…
Bom. Guarde o dinheiro em algum lugar longe da sua casa, só por precaução.
Tá bom.
Rabo de Cavalo está finalmente indo embora. Estou indo atrás.
————
Debaixo da cidade, abaixo dos canos e esgoto e milhas de cabo, jazia uma mansão. A madeira velha e pedra fria dava uma imagem de sinistra sob a luz da lâmpada ao longo do caminho até a entrada. Seu teto equipado com torres possuía um pilar no centro que levava até a superfície de Brighton, mas aquele elevador estava reservado para a Família Real. Jeremiah Colt tinha que usar a entrada escondida debaixo de uma loja de bebidas, uma escada que dava para um elevador do tamanho de um armário de vassouras.
Os guardas na entrada se levantaram quando ele chegou e o revistaram, pegando sua arma de fogo e três facas.
Colt não ligava muito para o jeito que os homens de Rofal o olhavam conforme ele passava por eles no corredor. Sempre que pegava alguém o encarando, ele devolveria o olhar até a pessoa parar de olhar. Mas Geoffrey era uma história diferente.
— Sr. Colt! Eu queria te ver! — Geoffrey era uma criatura estranha. Ainda não era um homem adulto, mas ele com frequência usava ternos pretos feitos sob medida e gravatas com camisas pretas. Seu cabelo estava sempre cortado e escovado e suas sobrancelhas pontudas faziam com que ele parecesse atento perpetuamente e indignadamente.
Colt se perguntava se ignorar ele o faria ir embora.
— Eu ouvi que você matou cinco pessoas no outro dia. — Geoffrey disse. — Como foi? Eles gritaram muito?
Ele viu que não.
— Não. Eles nem perceberam o que aconteceu.
— Ah. Entendo. Eficiência. Menos divertido, mas consigo apreciar a preferência.
Colt cerrou seus olhos enquanto andavam.
— O que você quer, criança?
A testa de Geoffrey retrocedeu um pouco.
— Só queria te conhecer melhor, Sr. Colt. Eu gosto de você. Nós somos farinha do mesmo saco, sinto isso. Você não é igual os retardados que geralmente trabalham para o meu tio.
— Os retardados que eu costumava ter o hábito de matar, você quer dizer.
O sorriso de Geoffrey estava cheio de dentes.
— Meu tio diz que você é um selvagem de verdade.
— Você devia ouvir o que ele fala de você.
— É mesmo? Me conte.
— Que você é um pé no saco irreverente que não liga para as consequências das suas ações.
Geoffrey riu.
— Ele se preocupa demais. Ainda não confia em mim para lidar com as minhas coisas. Bom, ele é só humano, eu imagino.
Só então que Colt notou que Geoffrey estava carregando outra coisa.
Uma mão humana decepada.
Colt lembrou de uma vez o motivo de odiar essa pessoa.
— De quem é essa mão?
— Oh, você quer ela? Eu estava pensando em te dar na verdade. Eu tenho a outra também.
Era uma mão pequena, dedos finos com unhas longas e pele pálida, preservada, provavelmente tirada de um cadáver.
— Quem é o dono disso? — Ele disse, ainda menos paciente agora.
— A garota que você matou. Melissa Mallory.
Colt cerrou seus dentes e olhou ameaçadoramente.
— Por que você está com isso?
Geoffrey inclinou sua cabeça, confuso.
— Porque eu queria, claro. É um souvenir bacana, não acha?
— Como você conseguiu isso? Você não pode sair do prédio.
— Aí eu estaria te contando meu segredo.
— A um ano atrás, eu teria te matado.
Geoffrey sorriu e seus olhos se arregalaram maniacamente. Ansiosamente.
— Talvez nós não sejamos tão parecidos quanto eu pensava, Sr. Colt. Mas, então, eu não posso dizer que estou decepcionado. Isso pode ser ainda melhor.
— E as pessoas acham que eu sou um psicopata.
— Você devia ficar feliz. — Geoffrey disse. — Eu nem deixaria você falar comigo se não gostasse de você, Sr. Colt.
— Eu não tenho medo do seu tio, idiota.
— Ah, eu sei. Honestamente, essa é a parte mais chata de ser o sobrinho dele. Todos acham que deviam ter medo dele. Isso testa minha paciência, às vezes. Mas as pessoas tem medo de você, não tem? Como você conseguiu fazer isso, exatamente?
— Sai de perto de mim antes que eu quebre suas pernas e te jogue na piscina do seu tio.
— Intimidação. Charmoso. Eu vou manter isso em mente. — Surpreendentemente, ele deixou mesmo Colt em paz. As outras pessoas no caminho foram rápidas em sair do caminho de Geoffrey.
Os aposentos de Joseph Rofal eram mais a frente, dois guardas na porta, Molestador e Carequinha, como Colt se lembrava deles. Ele entrou depois que eles o revistaram.
Rofal e Swank estavam tendo uma conversa calorosa. Rofal arrancou a luminária de vidro de sua mesa e a jogou na parede.
— Aquele dinheiro era para um assento na mesa! — Ele viu Colt se aproximando. — Você! Isso é sua culpa! Você disse que matou aquele cuzão!
Colt levantou uma sobrancelha e olhou para o rosto inchado de Swank.
— Que cuzão?
— Um cara de máscara apareceu e roubou os setenta mil mais cedo essa noite. O mesmo cara que eu vi antes.
— Como sabe que era o mesmo cara? — Colt perguntou.
— Bom, eu acho que não, mas ele definitivamente estava usando a mesma máscara de solda. Eu vi o buraco de tiro que eu dei.
— Buraco de tiro? — Colt se lembrou. — Sim, eu lembro disso também. Na parte de baixo da máscara?
— Sim.
— Mas não podia ser o mesmo cara. Eu com certeza matei ele.
— Eu não sei. — Swank disse, esfregando sua bochecha roxa. — Aquele cara não era humano. Ele deve ter levado pelo menos cinco tiros, esfaqueado umas seis vezes. Ele estava com facas enfiadas na porra do peito, cara! Ele nem desacelerou. Vinte dos meus homens foram incapacitados. Braços, pernas, costelas quebradas. O maldito deu uma concussão no Rogers no outro dia.
Rofal olhou para ele.
— Isso é sua responsabilidade, Colt.
— Mas que porra você quer que eu faça? — Colt disse. — Você ao menos sabe onde ele está?
Swank balançou sua cabeça e olhou para o chefe deles.
— Ele disse que estava vindo atrás de você. E com todo respeito ao Colt, mas eu não acho que ele conseguiria fazer muito de qualquer jeito. O cara tirou, sei lá, um oitavo dos nossos caras? Em questão de poucos dias?
Rofal se sentou.
— Saia da sala, quero conversar com Colt a sós. — Ele falou para Swank, que prontamente saiu. Ele respirou fundo e correu uma mão por seu cabelo vermelho e cinza. As linhas de expressão em seu rosto fazia sua expressão parecer ainda mais azeda.
— Você tem certeza que Swank não foi seguido?
— Ele disse que não foi, mas quem sabe. Você lembra de algo sobre aquela pessoa? Você disse que ele era jovem.
— Parecia um adolescente. Pareceu ficar com muito medo de mim. Antes dele começar a espancar todo mundo. Mas não pode ser o mesmo cara. Impossível ele não ter um parceiro.
— Então, qual o objetivo deles?
Colt deu de ombros. Ele não podia deixar de sorrir.
— Você consegue pensar em algum motivo para alguém querer te machucar?
Rofal não pareceu gostar da piada.
— Você obviamente não é pessoa para essa discussão. Me diga como foi sua missão.
— Eu contatei uns colegas antigos meus da delegacia. Disse a eles que eu era inocente, como você disse. E estou bem certo de que ninguém acreditou em mim.
— Não esperava que acreditassem. Mas agora eles vão ficar em conflito. E talvez mais maleáveis.
Colt franziu o cenho.
— Você quer coagir eles.
— Impérios não são construídos com alianças. Eles são construídos com conquistas.
Colt pareceu enojado.
— Três dos seus colegas oficiais e dois adolescentes. — Rofal lembrou ele. — E você não sentiu nada quando os matou, sentiu? Eu estou certo que um pouco de subtração não vai ser um dilema moral grande demais para você.
Ele encarou de volta friamente.
— Eu espero sentir algo quando eu matar você.
— Cuidado, Colt. Não comprometa o entendimento que nós temos.
— Eu sinto muito. — Ele disse ironicamente.
— Eu estou bem ciente do seu ódio por mim. — Rofal disse. — Mas com o tempo, eu acredito que você vai ver a situação como eu.
— Só no dia de São Nunca. — Colt disse.
— É realmente tão ridículo? Com você, eu finalmente tenho alguém confiável que nunca vai me trair. Comigo, você finalmente tem um chefe que aprecia seus talentos mais finos. Um chefe que não vai hesitar em mostrar sua generosidade.
— Você tem uma ideia estranha de generosidade.
— Eu gosto de garantias, Colt. Um homem na minha posição não devia confiar em ninguém quando tem a oportunidade. Eu estou certo de que você consegue entender isso. Mas quando eu tenho minha garantia… — Ele colocou uma pasta na mesa. Estava cheia de dinheiro. — …eu fico livre para mostrar minha gratidão.
Colt olhou para o dinheiro. Pelo tamanho das notas, devia haver pelo menos cinco mil troas.
— Dinheiro não é o bastante. — Ele disse.
— Claro. Eu acredito que você ganhou outras duas horas.
Colt pegou a pasta.
— Onde eles estão?
— Hoje, eles estão aqui. — Rofal gesticulou para as portas duplas largas atrás dele, madeira ornamentada com lâmpadas de latão de cada lado. — Amanhã, eles vão estar em outro lugar.
Colt entrou no que só podia ser o lugar onde Rofal dormia. Quatro guardas levantaram a cabeça quando ele entrou e, então, guardaram suas cartas, livros e jornais a fim de assistir ele em silêncio. Ele se aproximou do berço no meio do quarto.
Dois bebês estavam dormindo lá, gêmeos, um menino e uma menina. Colt soltou um suspiro aliviado. Ele não podia sorrir para eles. Não aqui. Ele tocou a testa de seu filho e, então, a de sua filha.
Duas horas, ele tinha. Não era o bastante. Ele queria gastá-las da forma mais eficiente possível, mas ele não sabia como fazer isso. Então, antes disso enlouquecer ele, Colt decidiu só se sentar e os assistir dormirem.
Garovel meramente continuou a observar a situação.