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Reformation of the Deadbeat Noble – Capítulo 153

Quem São Vocês?! (2)
Um teto desconhecido, foi isso que veio à mente de Judith assim que abriu os olhos. Sua cabeça girava enquanto ela permanecia deitada em uma cama estranha, em um quarto desconhecido, tentando entender o porquê. Depois de cerca de um minuto, ainda atordoada, ela finalmente se lembrou do que havia acontecido, sentou-se rapidamente e murmurou em voz baixa.

— Droga…

Ela se lembrou do que aconteceu ontem. Ou melhor, apenas parte disso. Lembrava-se de ter feito uma aposta de bebida com Illia Lindsay, que estava sendo irritante, e de ter tomado o primeiro gole de muitos. Mas tudo depois disso era um borrão. Ainda assim, essa lembrança já era suficiente para fazê-la praguejar. Era muito provável que tivesse perdido a aposta.

“Não, talvez eu apenas não me lembre. Pode ser que ela tenha ficado bêbada primeiro, e eu me empolguei e bebi mais… Talvez seja por isso que não me lembro de nada.”

Judith tentou se consolar enquanto tentava se lembrar de algo com uma expressão carrancuda. Mas, ao falhar, suspirou resignada.

“É, acho que nada demais aconteceu.”

Foi então que a porta de madeira rangeu ao se abrir, e a gata preta entrou silenciosamente no quarto. Lulu colocou um copo de água na mesinha de cabeceira e virou a cabeça para o lado, observando Judith.

Aquela reação a deixou preocupada. Olhou para a gata com nervosismo e perguntou — Lulu.

— Hã? Sim?

— Você sabe o que aconteceu ontem? Eu disse algo estranho ou fiz alguma coisa?

— Hã? Não. Eu não sei de nada. Você e Illia estavam em uma mesa separada.

— Mas alguém deve ter me trazido até aqui, certo? Não acho que conseguiria vir sozinha.

— Ah, é verdade! Foi o Brett quem te trouxe. Você parecia sonolenta de tão bêbada, mas tudo ficou bem.

Lulu falou como se nada tivesse acontecido, mas continuava desviando o olhar de Judith, o que aumentou ainda mais a sua preocupação. Ela se levantou da cama e caminhou até a gata. A pequena felina tremia sob a sombra imponente de Judith, que, com um olhar assustador, a impediu de usar feitiçaria para escapar.

— Lulu.

— S-sim?

— Me diga a verdade.

— O-o que você quer dizer? Eu não menti.

— Eu não vou te machucar.

— Estou falando sério. Apenas diga tudo sobre ontem à noite. Exatamente como aconteceu. Eu disse algo estranho ou fiz alguma coisa? E, se fiz, quem ouviu? Quero saber tudo.

— Acho que… Airen, Brett e Khubaru estavam ocupados conversando, então não ouviram o que você disse. Mas… no final, quando você levantou e começou a cantar, foi impossível ignorar. Todo mundo na taverna ouviu.

— É mesmo…?

— Devo continuar?

— Sim. Continue.

Judith sorriu de forma ameaçadora, e Lulu teve que contar tudo o que viu com todos os detalhes, enquanto era encarada por aquele olhar aterrorizante.


— Então… você também estava bêbada demais para lembrar de algo? — Judith perguntou.

— Foi o que eu disse. Quantas vezes preciso repetir?

— Então podemos dizer que empatamos, certo?

— É… claro.

— Certo, então.

Judith parecia agressiva, mas, no fundo, aliviada enquanto se levantava para sair do quarto de Illia. Mas parou antes de sair completamente.

— Tem certeza de que não lembra de nada?

— …

— Certo, certo. Estou indo embora.

— Ufa… — suspirou Illia quando Judith finalmente saiu. Para ser honesta, Illia lembrava exatamente do que havia acontecido na noite anterior. Ela estava bêbada, mas tinha uma tolerância maior do que Judith, então não desmaiou. Assim, pensava silenciosamente sobre a conversa que tiveram.

O quê…? — Illia perguntou, franzindo o cenho.

Quero dizer, pense bem. Você sempre olha para o Airen quando estamos na carruagem, senta ao lado dele quando acampamos e até deu comida para ele primeiro quando você cozinhou.

Diga-me. Você gosta dele, não é?

Não é nada disso.

É claro que é. Dá para perceber a quilômetros de distância.

Só estou mais próxima dele do que de vocês. Não é nada disso.

Hah! Pare de mentir, sua…

E você é igual, se pensa assim.

O quê?

Você é igual. Fala mais com o Brett, senta ao lado dele e…

Isso é besteira!!

Não é? Tudo bem se não for, mas…

Cala a boca! Apenas beba e pare de falar bobagens!

Illia disfarçou, mas a pergunta de Judith permaneceu em sua mente. Depois de refletir por um tempo, sua expressão mudou, algo raro para ela. Sua cabeça abaixou, e suas expressões variavam, até que, finalmente, recuperou seu rosto sério e habitual ao erguer a cabeça novamente.

— Acho que vou me lavar…

Murmurou baixinho e foi ao banheiro. Enquanto esfriava sua pele quente com água fria, voltou a pensar sobre sua esgrima, como sempre fazia.


Já fazia algum tempo desde que o grupo havia deixado a cidade gladiadora de Aisenmarkt. O norte do continente permanecia relativamente frio, mesmo próximo de junho. Mas, por mais refrescante que fosse a brisa, não era suficiente para amenizar o calor do esforço dos quatro jovens espadachins. Eles continuavam travando duelos realistas e discutindo após cada refeição. Por meio disso, aprendiam tanto quanto em Aisenmarkt.

Ainda assim, Illia sentia-se vazia por dentro. Desde que deixou a Academia de Esgrima Krono, ela perseguiu a sombra de Ignet Cresensia por quase seis anos. Mesmo que isso tenha sido motivado por zombarias e olhares dos outros, perder seu objetivo a fazia sentir-se vazia.

Talvez seja por isso que participei tão facilmente das discussões de esgrima. No passado, quando era obcecada por minha esgrima, nunca compartilhei meu conhecimento com ninguém. Não interagia com ninguém. Mas isso mudou agora, e talvez a razão seja…

“Pode ser que eu tenha perdido a paixão pela esgrima.”

Ela não era mais tão desesperada ou obcecada como antes. Talvez fosse por isso que compartilhava o que sabia com tanto conforto e sem hesitação. Mas, ao mesmo tempo, não tinha certeza disso, pois ainda pensava em esgrima e continuava refinando suas habilidades.

“Que estado é esse em que me encontro? Me sinto melhor do que antes, isso é certo. Mas não sei se isso é bom. Invejo Airen, Brett e Judith. Invejo todos que seguem em frente com paixão. Será que posso ser como eles? Encontrarei o que procuro ao final dessa jornada? E se não encontrar? O que farei? Quem sou eu, se não sou obcecada pela esgrima?”

Incontáveis pensamentos a perturbavam. Illia caminhava pelo terreno árido do noroeste sem perceber com quem estava ou para onde ia. Seus olhos estavam desfocados, e ela andava de forma apática.

Foi então que a gata preta apareceu diante de seus olhos. O susto a fez tentar dizer algo, mas Lulu falou primeiro.

— Apenas pare de pensar se tudo parece complicado — disse Lulu.

— Sempre há coisas novas para pensar. Mas, se seus pensamentos giram em círculos como uma cobra mordendo o próprio rabo e você não consegue resolver nada, é melhor esvaziar a mente. Isso vai te fazer se sentir muito melhor. E, quando se sentir melhor, pode preenchê-la novamente.

Illia já havia ouvido o mesmo conselho de seu pai e de seus servos leais algumas vezes. Felizmente, ao contrário dessas ocasiões, dessa vez ela abriu os olhos e os ouvidos. Pensou por um momento e respondeu a gata.

— Eu não costumo fazer isso.

— Fazer o quê?

— Esvaziar meus pensamentos. Sempre tenho algo para pensar, seja o que for.

— Tudo bem. Humanos não são como gatos.

— Gatos são bons em esvaziar a mente?

— Sim. Podemos ficar com a mente vazia por vinte e quatro horas seguidas, se quisermos. Quer tentar?

Lulu voou e pousou em uma rocha plana, relaxando completamente. Então, olhou sem expressão para o horizonte infinito, como se não tivesse nenhuma preocupação ou pensamento. Parecia que poderia ficar assim para sempre, e, com essa aparência despreocupada, falou com ela.

— Venha aqui e tente, Illia.

Illia olhou ao redor. O grupo havia parado de caminhar e agora observava as duas. O olhar deles a deixou um pouco envergonhada, mas, ainda assim, ela caminhou até Lulu, sentou-se ao lado da gata e começou a observar o vazio à sua frente.

Ela ainda tinha pensamentos na cabeça, mas sentiu menos pressão por causa deles. Pensou que, se conseguisse ficar assim por mais tempo, logo não sentiria nenhum peso.

Naquele momento, Brett, que vinha observando os dois, caminhou até eles e sentou-se ao lado dela. Em seguida, adotou a mesma expressão apática enquanto olhava para frente.

Mas ele não foi o único. Khubaru e Airen trocaram olhares e também se juntaram ao grupo, sentando-se e observando o vazio.

Judith assistia a cena com uma expressão carrancuda e finalmente falou.

— O que deu em vocês? Perderam o juízo?

— Judith — chamou Brett.

— O quê?

— Cala a boca.

— Seu desgraçado, faz tempo que não dou uma surra em você, não é?

Judith caminhou em direção a Brett para dar-lhe um tapa na cabeça, mas parou ao ver a paisagem à frente. A grandiosidade do horizonte infinito que todos estavam contemplando a tocou de forma inesperada, e ela sentiu como se sua mente estivesse sendo curada.

Então, ela se sentou ao lado de Brett, sua expressão suavizando enquanto encarava o horizonte.

E assim, o grupo de Airen descansou, parecendo não ter pressa alguma. Duas horas se passaram antes que aquele momento de paz fosse interrompido.

O som de cavalos e carroças, acompanhado por murmúrios de uma grande multidão, começou a chegar até eles. Khubaru se virou na direção do barulho e viu um grupo de mercadores se aproximando. Depois de um breve momento de reflexão, despertou o grupo.

— Por que não terminamos nosso descanso e nos juntamos a esse grupo de mercadores, se eles estiverem indo na mesma direção?

— Juntar-se a eles? — perguntou Airen.

— Isso mesmo. Não temos mais a carruagem.

Como Khubaru mencionou, o grupo de Airen estava andando a pé depois que Brett colidiu com uma grande pedra na estrada enquanto estava distraído. Felizmente, ninguém se machucou graças aos reflexos rápidos de todos, mas o incidente ainda custou a carruagem.

Mesmo assim, não era necessário se juntar ao grupo de mercadores por causa disso, o que deixou Airen curioso.

— Acho que é melhor experimentar algo que você nunca fez, se quiser descobrir uma nova versão de si mesmo.

Illia assentiu silenciosamente às palavras de Khubaru. A ideia a incomodava, mas ela concordava com o pensamento dele. Assim como estar ali era melhor do que ficar trancada na mansão de Aisenmarkt, ela poderia aprender algo novo ao conviver com pessoas diferentes. Mesmo que não aprendesse, não importaria. Sua mente estava mais leve graças às duas horas de tranquilidade.

— Certo, vamos em frente — disse Khubaru.

O orc oráculo liderou o grupo em direção aos mercadores. Os quatro espadachins e Lulu começaram a ajudar Khubaru em várias tarefas, mas aquele era o domínio do oráculo. Logo, Khubaru convenceu facilmente o grupo de mercadores.

— Felizmente, eles estão indo na mesma direção. Não estão indo para Durcali, mas para uma tribo orc próxima — disse Khubaru.

— Eles estão de acordo com nossa presença? — perguntou Airen.

— Nenhum grupo de mercadores recusaria um orc oráculo enquanto estiverem em território orc.

— Ah, claro.

Airen assentiu, enquanto dois homens do grupo de mercadores se aproximavam. Pareciam trabalhadores braçais. Um deles, que parecia ter um cargo mais elevado, se apresentou.

— Saudações. Eu sou Kenjall. Este é Frederick.

— Bom dia. Como mencionei, sou um oráculo errante, Khubaru.

— Olá. Sou Airen.

— Eu sou Brett.

— Judith.

— Sou Illia… Prazer em conhecê-lo.

— E eu sou Lulu, a gata feiticeira! Muito prazer!

— Hã? Ah, entendi — respondeu Kenjall, um pouco confuso.

Judith e Brett se apresentaram naturalmente, acostumados a isso, enquanto Illia falou de forma um pouco tímida. Mas não houve problemas para que o grupo se juntasse aos mercadores. Logo, o grupo de Airen seguia a longa procissão como patinhos atrás de uma mãe pata.

Algum tempo depois, Frederick, o mais jovem dos dois homens que haviam cumprimentado o grupo de Airen, franziu o cenho com um pensamento.

“Illia, Airen, Brett, Judith… Tenho certeza de que já ouvi esses nomes em algum lugar…”

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