Quando Mana abriu a tampa da última chaleira, não havia cheiro, vapor, nada. Porém, a aparência dessas folhas de chás normais fez Mara levantar-se de repente e olhar para o líquido amarelo-esverdeado com grandes olhos, entusiasmados. A excitação era verdadeira. Ele não estava fingindo.
Mara olhou para o líquido dentro do copo em sua mão. Ele não notou que seu movimento repentino tinha derrubado sua cadeira.
As dúvidas de Angor se intensificaram. Por que Mara reagiu dessa forma por causa do Orvalho da Manhã? Ele descobriu que era de outro mundo?
Enquanto Angor ainda estava com essas perguntas em sua cabeça, Mara lentamente bebeu o chá do Orvalho da Manhã de seu copo, com grande cuidado e formalidade.
A ação de Mara foi tão formal que quase criou uma aura, acalmando todas as conversas em uma sala até então vívida. Leon queria falar, mas algo o convenceu a permanecer em silêncio. Isso, porém, não durou muito, pois quando Mara fechou seus olhos para apreciar o final do sabor do chá, uma aura inexplicável emergiu de seu corpo.
A intensa aura surpreendeu a todos, e antes de notarem, ninguém fazia mais nenhum som. Não importa o quanto tentassem, nada saia. Aparentava que eles tinham entrado em um mundo onde o som era proibido. E isso não era tudo, algo ainda mais aterrador se seguiu.
Mara abriu seus olhos abruptamente, tirou uma bola de cristal debaixo de sua túnica e a fixou no ar. Ele então resmungou algo, e com um raio de luz e vários segundos a mais, as pessoas ao seu redor notaram que sequer podiam se mover.
“Meu espírito está para progredir suas limitações com a ajuda de uma planta mágica menor. Para prevenir qualquer incidente durante minha progressão, eu apliquei um Encanto de Restrição e um Prisão Silenciosa ao redor de todos vocês. Irei suspendê-los uma vez que minha progressão esteja completa.”
A voz de Mara era ríspida e profunda. O fim de seu tom carregava um estranho sotaque.
Com isso, Mara já não mais prestava atenção nas reações de ninguém, e fechou seus olhos, sua bola de cristal circulando em sua volta.
Entre os indivíduos restringidos, Conde Eton, e aqueles da Família Morn, sentiram um desconforto de primeira, mas se recuperaram logo em seguida.
No entanto, Angor e Leon entraram em pânico. Os irmãos nunca haviam experimentado nada sobrenatural desde o nascimento, eles sempre acreditaram que o mundo que viam era o mundo que sempre foi. Mas hoje, nesta noite, a fantástica mágica de Mara quebrou completamente o conceito do mundo que conheciam.
Aconteceu tão rápido, que os irmãos, sem preparos, não poderiam receber o acontecimento tão calmamente. O Encanto de Restrição pode restringir seus movimentos, e a Prisão Silenciosa podia os silenciar, mas não podia confinar suas mentes.
Após o pânico inicial interno da Prisão Silenciosa, Angor vagarosamente ficou mais calmo, suas pupilas dilatadas também voltaram ao normal. Quando olhou para Aleen, que estava sentada em sua frente, ela o presenteou com um sorriso confortante, que podia ser interpretado como um “não se preocupe”.
Angor foi pego de surpresa por um segundo, mas logo sorriu de volta, inconscientemente. E agora Aleen estava totalmente corada, com olhos desviando para todos os lugares, sem saber ao certo o que olhar.
Angor não pensou muito sobre isso. Ele achou que Aleen apenas estava se sentindo envergonhada porque alguém estava a encarando, então ele simplesmente copiou a reação do Conde Eton — fechou os olhos.
‘O que foi que o Professor mencionou em seu conto? Mágica? Feitiço? Conjuração? O algum tipo de… truque de mão? Mas tudo era invenção! Isso significa que tudo era, de fato, real?’
Muitas perguntas vagavam pela mente de Angor. Ele não podia ignorá-las, mas não conseguia obter nenhuma resposta.
Ele recordou alguns materiais históricos organizados pelo Professor, sobre o Império Goldspink e outras nações próximas. Algumas das descrições continham fantasias, tais como um dragão de fogo que apareceu nos Canyon Moissan perto do fim do império, 800 anos atrás. O dragão apresentou uma grande ameaça para os civis próximos, então o imperador convocou guerreiros ao redor do mundo para matá-lo. Diversos lutadores, soldados e cavaleiros responderam o chamado e marcharam até o Canyon. Apesar disso, todos viraram cinzas pelo fogo do dragão antes mesmo de chegarem perto.
A guerra de caça ao dragão durou vários anos, e milhares morreram ou foram gravemente feridos. Ainda assim, o dragão não sofreu um arranhão. Antes do imperador decidir selar a área ao redor do covil do dragão por inteira, um ancião vestindo uma túnica branca, flutuou acima do Canyon Moissan por acaso. Ele gentilmente moveu cajado que estava segurando, e o dragão foi facilmente arrastado para um espaço desconhecido. Posteriormente, o ancião flutuou para longe sem dizer nenhuma palavra. No registro histórico, a guerra de caça ao dragão começou com uma grande tragédia, e acabou em um completo absurdo.
Os comentários de Jon acerca dessa parte do registro foi: O conquistador meramente projetou o mito para acalmar seus súditos.
Essa era a ideia de Angor sobre a história também. Mas agora, dúvida surgia em sua mente. Podia aquele ancião em túnica branca ser como Mara — alguém que podia conter um poder incrível?
Além disso, os registros sobre o Imperial Heylan, mencionavam tais histórias muitas vezes, como a deusa do mar concedeu riquezas para os habitantes da ilha, ou como sereias seduziram marinheiros e destruíram frotas inteiras… as histórias de várias outras nações também envolviam traços de mitologia.
Todas eram realmente inventadas? A escala da mente de Angor começou a aumentar.
…
Não levou muito tempo para que Mara progredisse. A pequena ampulheta de quartzo girou apenas uma vez, seguido a unidade de medida da terra, seria cerca de 30 minutos.
A bola de cristal protetiva parou lentamente de circular ao redor de Mara e começou a flutuar no lugar. Agora, a expressão de Mara estava cheia de alegria. Claro que estaria feliz, ele estava parado como Aprendiz Intermediário por 20 anos, e achava que nunca avançaria para Alto Aprendiz em sua vida, então desistiu por causa da frustração, e começou o trabalho de encontrar estudantes talentosos na Terra Arcaica. Ele ainda lembrava de sua própria expressão, um sorriso amargo, aceitando o trabalho.
Procurar por talentos? Ha! Mesmo no Plano Primordial havia somente raros talentos, como iria encontrar alguém da Terra Arcaica? Ele foi em direção a Terra Arcaica com grande depressão. Apenas espinhos e desespero o aguardavam a frente.
Mas os deuses tiveram misericórdia. Ele nunca esperava encontrar nada tão surpreendente em sua jornada monótona. Primeiro, ele encontrou dois talentos, que aconteceu de serem seus netos! Sua satisfação pela missão dobrou, e, uma vez que Alan e Aleen se tornassem fortes, poderiam ajudá-lo em retorno.
Além do mais, ele encontrou uma planta desconhecida de mágica menor na Terra Arcaica! Na linha de frente, ele comprou o Orvalho da Manhã de um mercador viajante, e isso foi quando se deu conta que o chá estava a par do Elixir de Orquídea Branca.
O Elixir de Orquídea Branca era a única poção menor que poderia ajudá-lo em sua progressão, e sempre custava uma fortuna. Ele caçou diligentemente por missões ao longo dos anos apenas para conseguir uma garrafa. Mas agora, ele havia descoberto o Orvalho da Manhã, na Terra Arcaica.
Uma pena que o chá de Orvalho da Manhã do mercante tinha sido deixado de lado por tempo demais, o que prejudicou enormemente seu efeito. Após investigar a fonte do chá, eles correram para a Cidade de Grue em seus cavalos, sem parar.
Isso era o que eles chamavam de destino.
Após sua progressão bem-sucedida, Mara finalmente entendeu por que um Aprendiz de Mago tendia a rumar sobre as ruínas mortas por apenas uma pequena quantia de destino que pudessem ajudá-los a avançar.