Sobre a noite estrelada, o grande Castelo Bennett se erguia para proteger a planície em que foi construído.
Tudo neste território foi concedido ao Cavaleiro Bennett pelo próprio rei.
Localizava-se no extremo sul do Ducado de Camelot, exatamente na fronteira com a Cordilheira Divisória da Terra.
Era um lugar longe do conflito e serviu como um silos crucial para o Ducado.
Era verão, e as colheitas eram abundantes. Toda vez que a brisa fria da noite soprava, os campos dançavam em uníssono, mostrando as prosperidades desta terra.
Um menino que aparentava ter doze anos estava treinando com uma espada pesada-mediana.
Como se não fosse pesado o suficiente, vestia uma armadura de aço maior que ele.
Com cerca de 150 centímetros de altura, a armadura parecia mais um torso apertado.
Mesmo jovem, já levava o seu treinamento a sério. Seu olhar sugeria que seu treinamento era algo sagrado.
Toda vez que balançava sua espada, gritou com todo o vigor de seus pulmões.
Havia razões para isso. Uma, respirar o máximo de ar que pudesse. Duas, reforçar seus músculos.
Este menino estava concentrado. Seu cabelo preto estava encharcado de suor, seus olhos de cor violeta brilhavam com paixão juvenil.
Bem, estavam brilhando até ouvir um cavalo vindo em sua direção.
“Olha o que eu trouxe para você, Abel.” Um jovem de dezoito anos gritou ao descer de seu cavalo. Tinha cabelos loiros, sobrancelhas grossas, nariz alto e afiado e olhos azuis como o céu. Todo o seu corpo estava coberto por uma armadura de couro, as botas que usava eram feitas para cavalgar.
“Bem-vindo de volta, irmão mais velho.” Abel deu as boas-vindas ao seu irmão. Ao contrário da maioria das crianças, não estava curioso sobre qual era o presente. Boas maneiras vinham antes de seus próprios interesses pessoais.
Como irmão mais velho, Zach já estava acostumado com o seu comportamento.
Há um ano, Abel ficou gravemente ferido após cair do cavalo. Depois desse incidente, tornou-se muito mais maduro.
Foi difícil se acostumar no começo, mas um ano foi mais que suficiente para se ajustar a essa mudança repentina de personalidade.
Para fins de esclarecimento, esses dois jovens eram filhos do Cavaleiro Bennett. O mais velho era Zach, um cavaleiro novato de nível quatro que acabou de voltar da cidade Fort Lee. O mais novo, que estava ocupado com seu treinamento, era Abel.
Fazia apenas dois meses desde que havia começado seu treino como cavaleiro novato.
Como o herdeiro mais velho, tudo o que seu pai possuía seria passado para ele, depois que se tornasse cavaleiro.
Ele teria a posse total da propriedade que foi construído por seu pai. Abel, não foi abençoado com tais privilégios. Tinha que confiar apenas em si se quisesse ganhar a vida.
Por mais injustas que as regras possam parecer, tinha uma boa relação com Zach.
Toda vez que ia à cidade, ele gastava o pouco dinheiro que tinha para lhe presentear. É um bom irmão. Sempre fazendo o possível para deixá-lo feliz.
Abel, por outro lado, foi atencioso o suficiente para não pedir nenhum novo equipamento de treinamento ao pai.
Embora a propriedade da família tivesse cerca de 50 quilômetros de distância, não havia muita renda além da que era usada para comprar comida.
Pior ainda, apenas 500 moedas de ouro sobraram após pagarem seus impostos e despesas do dia-a-dia. Foi apenas o suficiente para pagar a manutenção do Castelo.
Se a mensalidade do treinamento de cavaleiro de Zach fosse paga, essa família não teria economia alguma.
O pacote que Zach tinha para Abel era uma caixa comprida. Para mostrar quanto amor foi colocado nesse presente, o embrulhou em um papel bem colorido.
“Que linda adaga.” Abel exclamou ao balançar seu presente ao redor. Esta adaga foi feita com aço fino, um material muito mais pesado do que se usaria para forja com aço comum. No geral, custaria muito mais do que uma normal.
“Fico feliz que tenha gostado. O vendedor não sabia quanto valia e me ofereceu um desconto de 30% em relação ao preço de uma adaga normal, então eu aceitei.”
Já faz um tempo desde a última vez que viu seu irmãozinho sorrir. Nada era mais precioso do que a expressão que seu irmãozinho estava mostrando agora.
“Você pode continuar treinando se quiser. Eu vou voltar para casa agora.” Zach disse enquanto voltava para seu cavalo.
Não queria interromper o treino de Abel, mesmo que tivesse que esperar sua vez de usar a única armadura de aço que tinham. Zach a usava durante o dia e Abel durante a noite. É algo que combinaram entre si.
O treinamento de um cavaleiro novato era focado em cima do básico.
É preciso continuar praticando suas técnicas de espada até que possa condensar toda a força e exercê-la.
Por sua vez, um poder especial, chamado de Qi, começaria a se formar dentro de seu corpo, como recompensa aos esforços que foram feitos.
O Qi então se reuniria e formaria meridianos, cujo número total representaria o nível da pessoa. (Ter um meridiano significaria que você é um novato de nível um) Depois que cinco meridianos estivessem no lugar, eles se condensariam novamente para formar um núcleo.
Um cavaleiro com um núcleo seria considerado um cavaleiro oficial. Poderiam usar seu Qi de combate em lutas, e também para realizar várias habilidades.
Em outras palavras, era um recurso eficaz para aumentar a capacidade de lutar de alguém.
Após milênios de pesquisa, descobriu-se que a maneira mais eficiente de formar o meridiano de alguém, é fazer com que usasse armaduras pesadas durante o treino.
Por esse motivo, tornou-se obrigatório que as famílias dos cavaleiros tivessem pelo menos uma armadura de aço dentro de suas casas.
Para ser chamado de cavaleiro, é preciso ter uma armadura com a qual possa treinar. Durante tempos de conflito, também precisaria fornecer proteção mínima.
Ao diminuir ou aumentar o número de placas, a mesma armadura poderia ser compartilhada mesmo que os portadores estivessem em diferentes níveis.
Dito isto, não era necessário possuir uma armadura para ser chamado de cavaleiro. Se fosse visto usando uma armadura (mesmo que não fosse dele) seria reconhecido como um, independente do seu nível.
“97… 98… 99… 100.” Abel gritou dando o seu último golpe, então desabou no gramado. Observando o céu.
“Qual dessas estrelas era minha casa original?” Perguntou-se.
Sem o conhecimento de outros, o Abel original havia caído do cavalo e morrido cerca de um ano antes.
Seu cadáver foi substituído por outra alma que veio do planeta Terra e, ao contrário do Abel original, que tinha apenas dez anos, o novo Abel tinha cerca de trinta anos.
Apesar de ter se comportado com o máximo de cuidado possível, foi difícil não fazer com que os outros suspeitassem da sua mudança de personalidade.
Felizmente, todos pensaram que a lesão o havia traumatizado.
Este Abel em particular tinha outro nome em casa. O nome que tinha no planeta Terra era Lee Ya Bo.
Um experiente treinador de fisiculturismo que estava sempre ocupado com seu trabalho.
Uma noite, por volta das dez horas, voltou para seu apartamento, não estava se sentindo tão bem consigo mesmo.
Então, decidiu abrir seu notebook e jogar Diablo II, um dos poucos jogos que ainda tinha em reserva.
Ao abrir o seu software, e jogar por um tempo, descobriu que a quantidade de Portais era 0.
Com o mau hábito de esquecer de comprar seu Pergaminho do Portal, abriu seu software de hacking e modificou seus itens um pouco.
Hackeado o jogo para que a quantidade de seu Pergaminho se regenerar uma vez a cada poucos minutos.
Lee Ya Bo estava se divertindo muito quando foi atingido por um raio dentro de sua casa. O pára-raios não funcionou e o relâmpago o atingiu em se dobrar.
Foi mais ou menos isso. Após recuperar sua consciência, Ya Bo descobriu que era o segundo filho do Cavaleiro de Bennett.
Porém, seu nome ainda era Ya Bo (Abel).
Enquanto tentava se livrar dos pensamentos em sua cabeça, se levantou e voltou para o Castelo.
Estava se sentindo muito bem agora. Se as coisas corressem bem, havia uma chance de se tornar um cavaleiro novato de nível 1 na mesma noite.
Após voltar para casa, decidiu fazer algo antes do jantar. Ainda faltava cerca de meia hora para as refeições, então, pensou em cuidar um pouco de sua armadura de aço.
Levava a limpeza muito a sério. E nunca errava um ponto. Enxugou o suor de sua armadura de aço e a lubrificou com óleo.
Era tradição os cavaleiros cuidarem de suas armaduras. Fosse Abel, Zach, ou mesmo o próprio Cavaleiro Bennett, tinham que manter suas armaduras de uma forma que pudessem passar para a próxima geração.
Depois que terminou a armadura, foi a vez da espada gigante.
Foi fácil limpá-la, devido à simplicidade de seu design.
Além da lâmina e do cabo, não havia decoração ou ornamento. Quem fez esta arma tinha apenas duas considerações em mente: simplicidade e praticidade.
Terminada a manutenção diária, tomou banho e juntou-se à família na sala de jantar.
Ao entrar, descobriu que seu pai, sua mãe e seu irmão mais velho já estavam em seus assentos.
Deve ser muito estranho acordar em outro corpo e ter que ir ao banheiro, pegar no pênis de outra pessoa, mesmo você estando no corpo dela, porque o pênis não é seu.