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Abe the Wizard – Capítulo 10

Partida

Era uma manhã fria no início de dezembro. Como as coisas estavam começando a ficar agitadas no Castelo Bennett, os servos tiveram que começar a limpar os estábulos logo após acordarem. Os cavalariços deram feijão aos dois cavalos da carruagem. Os faxineiros escovaram todas as espadas, armaduras e botas dentro da casa. Havia até uma nova rédea para o cavalo do Cavaleiro Bennett.

Enquanto Abel e seus servos saíam com a bagagem, seis lanceiros o esperavam em frente ao portão do castelo. Embora não grandiosos, estavam muito bem posicionados ao redor de uma fila de carruagens. Foi um pequeno desfile de despedida designado para a partida do jovem mestre.

Esses homens estavam todos vestindo armaduras de couro azul. Tinham botas altas até os joelhos e usavam chapéus de lã azul em cima de suas cabeças. Além de suas lanças de três metros de comprimento, tudo o que carregavam foi semeado dentro do Castelo. Embora a lã pudesse não ser protetora contra flechas, elas facilitavam prevenir feridas em um soldado.

Não havia muitas decorações no desfile. Além dos dois soldados pendurando a bandeira do Escudo Espinhoso na ponta de suas lanças, não havia nada que se destacasse em particular. Como o azul era a cor base do brasão da Família Bennett, todos os tecidos desse desfile, fantasias, cortinas e assim por diante, tinham que ter o mesmo tom uniforme.

Abel estava carregando a caixa em suas carruagens, o Cavaleiro Bennett montou em seu cavalo-de-batalha para fora do portão do castelo. Atrás dele estava a mãe de Abel, Nora, que tinha os olhos cheios de lágrimas enquanto Zach a segurava.

O Cavaleiro Bennett parecia solene. Sob o forte brilho do Sol, cada placa de sua armadura prateada estava brilhando em uma luz trêmula. Não estava usando o capacete, por algum motivo. Seu capacete e armas estavam pendurados em um lado de sua cela. Seu cabelo comprido estava preso em um rabo simples, que continuava se movendo enquanto o vento frio soprava.

Nora não disse nada a Abel. Continuou o observando, quase como se já tivesse lhe contado tudo na noite anterior, como se estivesse olhando para o tesouro mais precioso do mundo.

Garantidamente, Zach sempre soube que Abel iria deixar o castelo. Uma tradição que ninguém podia ir contra, e era por isso que sempre foi tão amoroso com seu único irmão. No entanto, não esperava que fosse embora tão cedo.

“Esta é a sua casa, Abel. Volte quando tiver tempo.”

Zach veio abraçar seu irmãozinho. Tecnicamente falando, Abel era tão forte quanto ele, mas o aperto era tão forte que parecia mais esmagador do que afetuoso. Abel esteve bastante calmo, mas sentiu que ia perder o controle neste momento.

O sol da manhã não parecia muito quente durante o inverno. Pelo quão alto o vento estava uivando, todas as bandeiras estavam balançando como se estivessem fora de controle. Não se sentou dentro da cabine da carruagem, ao invés disso, estava montado em uma égua de três anos bem no meio do desfile. 

Devido ao tamanho da camisa de couro de seu pai, ele agora estava vestindo uma armadura de couro coberta de lã, carregando uma espada leve nas costas. Era tão leve que parecia quase inútil para um cavaleiro novato de nível quatro.

Abel virou-se para dar uma última olhada na sua mãe e irmão. Contudo, não conseguiu ficar olhando por muito tempo. No momento em que virou a cabeça, sentiu como se as lágrimas estivessem imediatamente brotando de seus olhos.

Como a sede não podia ficar desprotegida, poucas pessoas se juntaram ao desfile de despedida. Além de Abel e o Cavaleiro Bennett, havia cerca de 9 pessoas no total que deixaram o Castelo. Como o segundo melhor lutador no domínio, Norman ficou com a tarefa de gerenciar o Castelo temporariamente.

Os cavaleiros eram os mais baixos entre a realeza. Dito isso, não era qualquer um que se qualificaria para servi-los. Lealdade, confiabilidade, competência em combate e ser de origem nobre eram características cruciais para ser qualificado como subalterno de um cavaleiro.

Veja Norman, por exemplo, era irmão do Cavaleiro Bennett desde a guerra. Só recebeu o status de cavaleiro após ter sua lealdade confirmada, e aprendeu as técnicas secretas da Família muito mais tarde. Foi uma jornada gratificante para ele, para dizer o mínimo. Durante os anos de sua devoção, foi promovido de guarda regular a subordinado honrado de um nobre cavaleiro.

Muitos cavaleiros errantes estavam desesperados por um mestre com seu próprio território. Uma vez aceito, o cavaleiro chefe seria responsável por todas as despesas do dia-a-dia. 

Isso incluía armas, armaduras e até mesmo a habitação dos subalternos. Com tanto em jogo, era preciso ser cuidadoso ao escolher seus subordinados mais confiáveis.

O desfile durou um total de seis horas. Além do intervalo de meia hora no horário do almoço, os homens não pararam de andar uma única vez. Felizmente, ninguém foi ousado o suficiente para ser um distúrbio. Até as feras podiam dizer o quão perigoso era o Cavaleiro Bennett.

Este foi o mais longe que Abel esteve de casa. Conseguia se lembrar vagamente dos onze anos da vida do verdadeiro Abel, e era a primeira vez que estava tão longe de casa. Infelizmente, não havia muito cenário para colocar os olhos. Além de algumas plantas perenes na beira da estrada, tudo parecia meio sombrio e sem graça por aqui.

Graças ao Espírito que não estava nevando. Por mais empoeirada que a estrada de terra pudesse ser, era uma escolha preferível do que caminhar em terreno molhado e lamacento. Pelo que tinha ouvido de outros, as estradas nas grandes cidades eram todas pavimentadas com pedras grandes e lisas. Por alguma razão, continuava a lembrá-lo das estradas de concreto do planeta Terra.

Quão bom seria se houvesse estradas de concreto neste mundo? Abel estava prestes a estender sua imaginação, mas também se lembrou de seu juramento de não fazer invenções. Como o sistema de irrigação que construiu para o Castelo Bennett, a criatividade sem proteção só traria desastre para ele e para os que o cercavam.

Como um homem adulto que recebeu educação moderna pelas costas de todos, Abel podia pensar mais rápido. E também era mais inteligente do que a versão de si na Terra. Seja luta, etiqueta ou qualquer coisa relacionada à cultura, poderia entender em um estalar de dedos. Foi quase como se tivesse recebido um “buff” quando chegou a este mundo.

Depois de um tempo, as estradas foram passando do solo para as calçadas portuguesas. O Cavaleiro Bennett não ficou surpreso com isso.

“Isso é o que torna o Cavaleiro Marshall Harry especial.” Disse o Cavaleiro Bennett a Abel enquanto apontava para o chão abaixo.

“Se houvesse uma montanha para minerar por aqui, ele teria usado pedregulhos gigantes para pavimentar as estradas.”

Enquanto olhava para a armadura brilhante de seu pai, as decorações recém-plantadas em seus cavalos e os novos equipamentos dos seis lanceiros que o acompanhavam, teve vontade de dizer.

Pai, se você fosse um pouco mais rico, tenho certeza que esse Cavaleiro Marshall não seria superior a você.

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