Cidade Herdurand.
Era a hora do dia em que o sol estava mais brilhante. A grande praça diante da espaçosa e majestosa prefeitura estava cheia de uma grande multidão. As pessoas mal conseguiam se movimentar. Grupos de guardas da cidade armados até os dentes empurraram a multidão com as alabardas nas mãos, garantindo que a multidão crescente não entrasse no grande espaço vazio no centro da praça.
Era o início da primavera, e os ventos fracos que sopravam ainda traziam um pouco de frio. Mesmo assim, os guardas da cidade encarregados de manter a ordem ainda estavam muito exaustos e suando profusamente.
Os cidadãos espremidos na praça. Independentemente do sexo, todos estavam segurando buquês de flores frescas e bonitas em suas mãos. Ficaram na ponta dos pés e agarraram-se aos postes, olhando desesperadamente para o horizonte, como se estivessem esperando por algo. Ali, no céu azul, não havia nada digno de nota, exceto algumas nuvens brancas flutuando.
Um esquadrão de cavaleiros bruxo e um esquadrão de guardas do governador, com suas armaduras distintas, estavam de frente um para o outro, de ambos os lados da prefeitura. Os dois grupos não podiam ser considerados tensos, mas a atmosfera ainda era solene e severa, em comparação com o clima na praça abaixo.
Sempre que os olhares dos cavaleiros bruxo em seus cavalos mágicos cruzavam o outro lado, havia uma leve e imperceptível sensação de desdém em seus olhos. No entanto, quando seus olhos olhavam para os céus, uma excitação escondida em seus olhos expectantes vinha à tona.
A guarda pessoal pertencente ao Grão-Duque Lington poderia ser chamada de feroz e poderosa quando comparada aos guardas comuns da cidade. Mas os cavalos de guerra sob eles eram claramente inferiores aos cavalos mágicos dos cavaleiros bruxo, que possuíam tamanho e ferocidade superiores.
E se também levarmos em consideração as espadas rúnicas dos cavaleiros bruxo, a distância entre os guardas pessoais e os cavaleiros bruxo era tão grande que não poderia ser cruzada.
No Continente Bruxo, apenas aqueles que juraram lealdade ao rei e passassem no teste poderiam obter o equipamento padrão de cavalos mágicos e armas rúnicas. E esses eram recursos estritamente mantidos nas mãos do governo central. O mundo exterior não tinha meios de obtê-los em grandes quantidades, fazendo com que o exército de cavaleiros bruxo se tornasse a força armada mais forte do Continente Bruxo.
Como a maioria dos cavaleiros bruxo se consideravam cavaleiros que serviam diretamente ao rei, eles não reconheciam a autoridade dos nobres locais quando estavam em missões ou fazendo missões em vários lugares. Assim, todos os anos, as forças dos nobres locais teriam muitos desentendimentos com os cavaleiros bruxo sobre leis e jurisdição.
Isso fez com que as forças da nobreza local e dos cavaleiros bruxo frequentemente se envolvessem em conflitos armados quando as divergências se intensificavam. Odiar uns aos outros tornou-se uma ocorrência comum entre as forças locais e os cavaleiros bruxo.
No entanto, a inimizade insignificante entre os subordinados não afetou as cortesias e boas relações entre os superiores.
A longa mesa usada para as reuniões do conselho da cidade havia sido empurrada para um lado na luminosa e espaçosa prefeitura. Agora estava cheio de prato após prato de iguarias e bebidas perfumadas. Foie gras frito, bife coberto de molho, cordeiro dourado perfeitamente assado… 1
No entanto, ninguém estava prestando atenção à comida neste momento. Todos esperavam impacientemente a chegada daquelas poucas figuras importantes.
Na entrada do salão, quase uma centena de homens vestindo armaduras de cavaleiros destruidores de feitiços estavam em duas linhas retas, levantando a cabeça e olhando ao redor. Uma dúzia de Cavaleiros Reluzentes se reuniram atrás deles e conversavam silenciosamente.
Pelos padrões do Continente Adepto, esses cavaleiros reluzentes eram todos seres aterrorizantes e poderosos que atingiram o Segundo Grau. No entanto, neste dia, mesmo eles não eram os protagonistas. Em vez disso, eles eram meros membros da multidão, esperando impacientemente pela chegada do verdadeiro protagonista.
Como membros de Segundo Grau entre os cavaleiros bruxo, o poder dos cavaleiros reluzentes era naturalmente muito mais forte do que os cavaleiros destruidores de feitiços. Esses cavaleiros geralmente usavam um conjunto completo de armadura de cavaleiro. A maior parte de seu corpo estaria escondida sob a armadura resistente.
Com as resistências duplas da armadura rúnica a danos físicos e mágicos, suas defesas atingiram um grau excepcional. Nas poucas guerras contra o mau no Continente Bruxo, foram esses cavaleiros que suportaram os feitiços dos hereges de frente, atacando suas linhas com força bruta e matando-os.
Era fácil imaginar quão poderosas eram suas defesas!
Em comparação com os cavaleiros destruidores de feitiços, a armadura dos cavaleiros reluzentes encolheu drasticamente.
A armadura delicada e sofisticada não era mais uma armadura desajeitada de corpo inteiro, mas peças individuais de armadura que podiam ser removidas facilmente. Essas partes da armadura cobririam apenas o peito, a virilha, o ombro, os braços e algumas outras partes importantes do corpo. Para garantir agilidade e rapidez de movimento na batalha, o resto dos corpos do cavaleiro radiante foram cobertos com armaduras de couro, ou até mesmo deixados expostos.
Pôde-se dizer que um cavaleiro destruidor de feitiço dominou o uso de equipamentos de energias rúnicas, um cavaleiro reluzente atingiu o nível de usar as energias rúnicas para aumentar sua força física.
As poucas peças de armadura que os cavaleiros reluzentes usavam tinham padrões misteriosos esculpidos no interior. Quando encontraram o inimigo, eles só precisaram ativar essas matrizes rúnicas para extrair poder das energias rúnicas, transformando-as em um poderoso cavaleiro rúnico.
A razão pela qual eram chamados de cavaleiros reluzentes era porque seus corpos irradiavam um brilho suave, como as armas rúnicas, quando atraíam as energias rúnicas para seus corpos. Naquele momento, eles eram essencialmente uma arma mágica em forma humana.
Uma espada mágica assassina precisaria de defesa ou armadura? Claro que não! Tudo o que precisavam fazer era atacar, atacar, atacar…
A multidão impaciente estava lá desde o nascer do sol até agora, mas nenhuma pessoa estava insatisfeita ou relaxada. Até o grão-duque Lington, sempre calmo e relaxado, andava de um lado para o outro na prefeitura e ocasionalmente olhava para os céus distantes.
Era óbvio que o protagonista do banquete de boas-vindas de hoje era uma pessoa extremamente importante, de tal forma que até o Grão-Duque Lington estava esperando ansiosamente, suportando silenciosamente a espera torturante!
Finalmente, em meio à espera ansiosa de todos, um toque nítido soou de um sino na torre de vigia na muralha da cidade distante.
Todo mundo estava animado. Eles colocaram as mãos acima da testa e olharam para o oeste.
Eles vieram!
Eles realmente vieram!
Era um dia claro e ensolarado hoje, e dois minúsculos pontos pretos apareceram na borda do horizonte à distância.
Em menos de dois minutos, os dois pontos pretos cresceram gradualmente.
O rugido alto de um dragão retumbou à distância, fazendo com que todos que o ouvissem ficassem atordoados e nervosos.
Mas antes que pudessem descobrir a origem desse medo estranho e injustificado, os dois pontos pretos já haviam aparecido acima da cidade Herdurand, seus grandes e maciços corpos em exibição diante da multidão.
Estes eram dois dragões verdes aterrorizantes, com corpos de vinte metros de comprimento. Se você incluir a cauda longa, coberta de espinhos ósseos e uma extremidade em forma de fuso, que os dragões estavam arrastando atrás deles, o comprimento total dos dois dragões verdes era de impressionantes trinta metros.
Como os jacarés, eles tinham mandíbulas cheias de dentes afiados e as curvas de seus longos rostos eram claramente definidas. Camadas de finas escamas de cor esmeralda cobriam perfeitamente cada centímetro de seus corpos. As garras do dragão sob seus corpos eram grossas e poderosas, as bordas afiadas brilhando com uma luz fria.
Um Dragão Verde comum de um plano material normal tinha apenas um par de asas, mas os Dragões Verdes deste plano tinham dois pares de asas. Isso, sem dúvida, deu a eles uma velocidade de voo ainda mais aterrorizante!
Enquanto os corpos gigantescos dos Dragões Verdes circulavam acima da praça, os olhos cor de azeitona dos dragões olhavam para a multidão abaixo. Eles não puderam deixar de levantar a cabeça e soltar um rugido retumbante de dragão que sacudiu os céus e a terra.
As poderosas auras de dragão caíram sobre a multidão abaixo!
Imediatamente ocorreu uma comoção em meio à multidão na praça.
Muitas mulheres e crianças tímidas soltaram gritos, criando o caos na multidão.
Os dragões pareciam ter um gosto estranho de criar caos, enquanto as profundezas dos olhos dos Dragões Verdes brilhavam por um momento. Eles estavam claramente felizes com seu trabalho bem feito. Jefferson, que estava sentado em uma das costas do Dragão Verde, revelou uma expressão que não era nem feliz nem triste.
Como um dos três únicos Cavaleiros de Dragão no continente, Jefferson havia montado no Dragão Verde Ysondre e visitado inúmeras cidades humanas. Toda vez que ele via uma multidão densa, o Dragão Verde, que acabara de atingir a idade adulta, fazia algo assim. Apenas olhando a partir deste ponto, não foi sem razão que muitos tomos antigos listaram os Dragões Verdes como um dragão maligno.
Jefferson deu um tapinha no pescoço do Dragão Verde e sinalizou para Kalyk, que estava no outro dragão. Os dois Dragões Verdes mergulharam para baixo, batendo as asas e pousando no espaço vazio no centro da praça.
Os ventos criados quando os dragões gigantescos batiam as asas eram semelhantes a uma pequena tempestade. A multidão perto do centro foi explodida por toda parte. As flores e os chapéus em suas cabeças desapareceram em um instante, como se tivessem crescido asas.
A multidão esperou tanto tempo para testemunhar os grandes dragões. Agora que tinham visto a silhueta forte e arrogante que parecia uma montanha de carne enquanto estava agachado na praça, todos estavam tão assustados que prenderam a respiração.
Todos os nobres, junto com os cavaleiros que estavam esperando na prefeitura, saíram um após o outro, dando as boas-vindas aos dois grandes cavaleiros de dragão com seus olhares apaixonados e palmas.
A atmosfera de repente se tornou animada.
No entanto, enquanto as duas partes estavam apertando as mãos e trocando cumprimentos, várias figuras encapuzadas na multidão observavam as ocorrências na praça com olhares gananciosos e fervorosos de um longo beco.
Assim que todos entraram na prefeitura, as figuras encapuzadas trocaram olhares e entraram secretamente em outro beco.
“Não só os cavaleiros radiantes apareceram, até mesmo os cavaleiros de dragão. Temos que relatar esta informação à Senhora Mary!”
“Muito bem, eu irei imediatamente. O resto de vocês fique aqui e continue monitorando. Se aqueles dois cavaleiros de dragão fizerem algum movimento significativo, devemos nos apressar e relatar isso…”
“Sim, eu entendo…”
“Você deve sair logo. Tenha cuidado no caminho.”
Após uma rápida conversa, uma figura encapuzada aproveitou a comoção na cidade e fugiu da cidade Herdurand. Quando chegou a um lugar sem ninguém por perto, ele se transformou em uma nuvem de fumaça, emergindo como um morcego sugador de sangue e subindo aos céus, realizando a viagem de 200 quilômetros até a cidade Colina Azul.
Nota:
[1] O foie gras – termo que em francês significa “fígado gordo” – é o fígado de ganso ou pato que foi forçosamente alimentado à exaustão, o que levou à hipertrofia lipídica do órgão. Junto com as trufas, o Foie Gras é considerado uma das maiores iguarias da culinária francesa.