Era sua quarta vez voltando para o Ponto Ardente. A primeira vez foi quando ele chegou inicialmente, a segunda quando estava com Leona, a terceira quando exterminou os salteadores, e a quarta foi para recuperar as armas.
Nesse ponto, Zin não conseguia acreditar que ele teve de voltar para o Ponto Ardente por tantas razões. Entretanto, ele não podia desistir de um número de lascas tão grande dentro de seu alcance, então ele tinha que voltar.
Leona não reclamou, mas ela olhou para o chão e murmurou alguns xingamentos que pareciam sinistros. Charl e Zin não tinham qualquer problema físico. Charl andava agilmente com seu uniforme. E infelizmente, o momento que Leona estava esperando não veio.
— … O que é isso?
Zin tirou algo de sua bolsa, assustando Leona.
— Uma batata.
— Onde você conseguiu?
— Você não está pensando que eu plantei nessa selva, está? Eu comprei enquanto estava em Shera.
— Quero dizer, você está dizendo que comprou… ah.
Zin comprou quatorze dias de comida em Shera depois que Charl disse que ele pagaria pelas refeições.
Zin não gostava de comer carne de monstro também. Ele empacotou a comida já que alguém iria pagar por ela.
Leona não veria Charl comendo carne de morto-vivo com nojo. Ela ficou com raiva de Zin que estava sendo bem cuidadoso com o planejamento da viagem.
— Se você quiser mesmo, eu certamente conseguiria para você.
Com um sorriso, Zin percebeu o que ela estava pensando, e Leona abaixou sua cabeça.
— Não, obrigada…
Não havia jeito de Charl comer carne de monstro quando havia outras opções disponíveis. Charl não sabia sobre o que Leona e Zin estavam falando, e ele esperou as preparações da refeição.
— De qualquer jeito, posso perguntar uma coisa?
— O quê?
— Como você matou os salteadores? Eu pensei ter ouvido algo sobre uma caixa de lasca…
Charl não conseguia entender como uma criança sem poderes conseguiu matar a maioria dos salteadores.
Leona explicou como ela ativou a detonação da caixa de lascas e atirou uma flecha amarrada com a mesma. Ela disse que uma explosão gigante acabou com a maioria dos salteadores, e Zin terminou com o restante deles com uma espingarda. Eles acabaram com a refeição pelo tempo que Leona terminou de contar a história.
— Hmm, você é uma criança bem corajosa.
— Você continua me chamando de criança. Eu tenho um nome você sabia, Leona!
— Ah, desculpe, Leona. Você é muito inteligente.
— Inteligente?
— Ele está falando sobre suas ações decisivas. — Zin explicou para Leona que não entendeu o elogio de Charl.
— Ah… não, eu despejei e desperdicei todas as lascas que explodiram.
Charl não conseguia parar de rir com a história de Leona.
— Outras pessoas fogem, ou ficam quietas, mas você não parece ter medo de mim.
— Eu prefiro dizer o que preciso e morrer do que viver como uma muda covarde.
— Hahaha! Eu gosto do seu espírito!
Charl riu ainda mais alto, parecendo agradado ao ouvir aquelas palavras. Ele parecia uma pessoa bem afável e extrovertido do que um homem nobre e quieto. Era possível que ele tinha de ficar quieto desde que todas as pessoas da cidade tinham medo dele.
— Ei, Senhor soldado.
— Senhor? — Charl ficou surpreso ao ouvir senhor, e olhou para Leona. Ela continuou falando sem parar.
— Você sabe o que é esse lance todo de Armígero?
— Mais ou menos.
— Eu estou curiosa para saber o que você quer dizer com isso. Pode me dizer?
Charl passou a pergunta para o que as pessoas pensam sobre Armígeros para Zin. Olhando para Leona, ele respondeu:
— É um grupo que ocupa unicamente PCMs.
— Hmm… então é isso que pessoas acreditam.
— O que é um PCM?
— Você pode pensar em um buraco negro onde os monstros mais desagradáveis surgem. Os Armígeros tomam conta das bestas raras aparecendo na área de PCM e monopolizam as lascas.
— Quando você fala mais desagradáveis, o quão sórdidos elas seriam?
— Comedores de homem seriam considerados uma piada.
— Oloco meu… — Leona balançou sua cabeça surpresa.
— Mas, se o Armígero está tomando conta desses monstros, eles não são os caras bonzinhos então?
Referir-se ao oficial como cara era algo perigoso de se fazer, mas Charl não parecia se ofender.
Nos Pontos de Confusão em Massa, referidos como PCM, muitos monstros apareciam, e eles eram extremamente mortais. Os Armígeros construíam fortalezas ao redor dessas regiões dentro da Ásia e os caçavam.
Seus motivos eram desconhecidos, mas da perspectiva de um civil, o fato deles tomarem conta de monstros extremamente perigosos era uma coisa boa. Apesar de algum tempo ter passado desde que os Armígeros aparecerem, os civis os admiravam, mas ainda mantinham sua distância deles.
A resposta para a pergunta de Leona era simples.
— Você está esquecendo do fato que eu sou um caçador.
— Eu sei disso. E daí?
— Eu tenho mais negócios quando monstros causam problemas para pessoas, e ter menos acesso a monstros que possuem muitas lascas é um problema para mim. Os Armígeros tomam conta de todos os monstros grandões, então isso não é bom para mim.
— Entendo…
Era uma perspectiva de merdas, mas era a realidade. Quanto mais os Armígeros caçam monstros grandes, menos monstros Zin podia caçar. Para os caçadores, os Armígeros não eram bem-vindos.
— Falando francamente, o que o caçador disse está correto. Nós não estamos cercando os PCMs por causa dos civis. Nós não aceitamos qualquer civil ou refugiado em nossas fortalezas.
Algumas vezes eles os atacavam ou matavam. Os Armígeros não eram um grupo que agia pelo bem. A única razão para eles tomarem os PCMs era para benefício próprio. Na verdade, Zin explicou a natureza dos Armígeros de maneira simples e correta.
— Então, o que você está fazendo? Qual a razão?
— Bom, eu não tenho uma patente alta, e eu não sei de muita coisa.
Charl deu de ombros. Leona não podia perguntar mais, e Zin permaneceu em silêncio.
Os Armígeros era um grupo militar bem importante que mantinha as coisas em ordem na era pós-apocalipse. Entretanto, eles não existiam para os humanos.
Leona queria falar algo, mas ela não conseguia pensar em como dizer. Ela percebeu que o oficial bonito e limpo não era tão irritante quanto havia pensado.
Charl estava pensando sobre a frase que Zin disse antes.
Os Armígeros tomam conta de todos os monstros grandões, então isso não é bom para mim.
Isso significava que Zin era capaz de caçar os monstros grandes. E ele não parecia estar blefando. E Charl conseguia sentir sua frustração.
Haviam caçadores que estavam insatisfeitos com o monopólio dos Armígeros nos PCMs. Caçadores recebiam pedidos e ganhavam lascas quando pessoas estavam em perigo. Caçadores se tornavam mais ricos quando o mundo estava instável. Dessa forma, a paz que os Armígeros criaram não era bom para caçadores. Caçadores odiavam os Armígeros em maioria por essa razão.
Entretanto, nenhum caçador estava irritado pelo fato de que eles não podiam caçar os monstros que apareciam nos PCMs.
Charl olhou para a fogueira com seu rosto endurecido.
Ponto Ardente tinha muitos traços como um abrigo. Havia vários prédios e muralhas, e era grande o bastante para mil pessoas habitarem lá assumindo que a terra agrícola por perto seria usada.
Novas pessoas iriam encontrar essas muralhas sem pessoas e este lugar serviria como uma vila para elas. Entretanto, sete dias não eram um tempo longo o bastante para novas pessoas aparecerem.
Ponto Ardente ainda está vazio.
— Ponto Ardente foi subjugado mesmo com tais muralhas? São tão boas quanto as de um castelo… — Charl não conseguia acreditar que uma vila com tais muralhas foi destruída.
— Muralhas altas não são o bastante para vencer a diferença de poder que uma arma traz. — Zin olhou para Charl cujo grupo teve suas armas roubadas.
— Armas da Coreia-Antiga não estão todas inutilizadas.
Charl encontrou flechas quebradas no chão, e ele entrou no Ponto Ardente com sentimentos mistos. O Ponto Ardente uma vez quieto se tornará um lugar estranho.
— Só alguns dias se passaram, mas esse lugar parece tão velho e acabado.
Leona tremeu quando sentiu a estranheza mesma estando de dia. Zin foi em direção às coordenadas onde ele enterrou as armas e começou a cavar a caixa de aço com uma pá.
— Eu vou te ajudar.
— Não, ela pode explodir se você acertá-la por engano. Deixe-me fazer isso.
— Certo então…
Conforme Zin cavava. Leona e Charl olhavam para os tranqueirões.
— Máquinas interessantes… Elas estão operacionais?
Charl estava maravilhado que máquinas tão mal feitas funcionavam e assentiu com sua cabeça. Como um Armígero que possuía um estilo de vida e armas diferentes se comparado com civis na era pós-apocalíptica, Charl estava intrigado pelo tranqueirão.
Esquecendo sobre suas primeiras impressões de Charl, Leona ficou mais próxima dele depois de sete dias de viagem. Comparado com o veículo especial multiúso que os Armígeros usavam, tranqueirões eram pedaços de lixo. Entretanto, Charl estava ocupado olhando para eles aqui e ali.
— Oh… então este é o reator. Parece mal feito, mas ainda eficiente… E isso aqui seria… o motor… ah, então esse deve ser o dispositivo de combustível.
Apesar de o tranqueirão ser algo mal feito, tinha uma estrutura simples, e Charl continuou investigando-o como se estivesse maravilhado por ele. Leona não ficou tão obsecada quanto ele.
— Moço, você parece uma criança…
Charl riu depois de ouvir as palavras de Leona.
— É mesmo? Não faz muito tempo desde que deixei a fortaleza. Eu não patrulho fora da fortaleza com muita frequência…
Conforme o tempo passava, Charl se aproximou de Leona também e continuava fazendo perguntas. Até ontem, ele perguntou para Zin se ele podia caçar algum morto-vivo para que pudesse provar de sua carne. Zin não era do tipo de pessoa que recusava um pedido por lascas, e ele aceitou caçar um por 10 lascas.
E obviamente, Charl vomitou assim que deu uma mordida.
Leona ficou feliz ao ver Charl examinando o tranqueirão. Charl não parou aí, e sentou-se no assento do motorista depois de por algumas lascas no tanque de combustível.
— Eu suponho que todos os veículos tenham um mecanismo similar.
*Clank!* *Clank!* *Clank!*
— Oh. Uou!
O motor ligou, e Leona ficou surpresa.
*Vroom!* *Vroom!* *Vroooom!*
— Hmmm… isso está funcionando? Oh, lá vamos nós!
Conforme Charl continuava girando a chave da ignição, o motor começou a soltar um barulho alto.
*Vrrrrrrooooom!!*
Com o motor ligado, o tranqueirão começou a fazer barulhos altos por todo lugar. Leona se levantou quando viu que o tranqueirão tinha ligado, e quando Charl balançou sua mão para ela, Leona pulou e se sentou no tranqueirão.
— Vamos dar uma volta?
— Sim! Sim!
O barulho do motor era tão alto que eles tinham que gritar para ouvir um ao outro. Charl sorriu e gritou enquanto pegava no volante.
— Segure-se! Nós não sabemos quando essa coisa vai quebrar…
*Clunk!*
— Ei.
E, então, o tranqueirão parou de ligar.
— Eu consigo entender que uma criança possa fazer esse tipo de coisa, mas um oficial Armígero não devia agir dessa maneira, certo? — Zin bloqueou o caminho, com um olhar carrancudo em seu rosto.