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Apocalypse Hunter – Capítulo 61

Plano de um Louco (1)

Ramphil não conseguia se lembrar da última vez que sentiu agonia. Conforme pensava nas consequências de sua decisão, ele não poderia tomar uma decisão de forma caprichosa.

O Senhor da Guerra não estava pedindo por uma resposta e Ramphil não tentou responder. O Senhor da Guerra só iniciou um assunto. Ele só queria que Ramphil estivesse ciente do que estava em jogo.

— Eu preciso te falar sobre outra coisa. — Ramphil finalmente falou.

— E o que seria?

— Eu fui atacado por um grupo de Salteadores no caminho até aqui.

Com a história de Ramphil, o Senhor da Guerra ficou cabisbaixo. O grupo de Ramphil chegou na fortaleza com um veículo Armígero. O fato de que eles foram atacados significavam que os Salteadores atacaram um veículo Armígero de propósito.

Os Salteadores estavam começando a desejar o equipamento Armígero.

— Houve alguma perda?

— Felizmente, não. Mas nós simplesmente nos defendemos, então ainda há alguns Salteadores restando.

— Hmm… nós nunca ligamos muito para eles porque são lixos varredores… mas isso é uma história diferente.

O Senhor da Guerra não podia ficar parado sabendo que os Salteadores atacaram um membro do Armígero. Se alguém era hostil ao Armígero, este iria lidar rapidamente com o inimigo.

— Eu acho que eles sabem que muitas tropas não voltaram para a fortaleza. É possível que os Salteadores aprenderam como derrotar forças Armígeras e estavam agindo agressivamente. — O Senhor da Guerra estava furioso que os Salteadores estavam ignorando o poder da fortaleza. Mas o que o enfurecia ainda mais era que a fortaleza não tinha meios de lidar com eles agora.

— Como você pode ver, nossas mãos estão cheias lidando com os monstros no PCM.

A fortaleza estava segura porque nada que os Salteadores pudessem fazer quanto as metralhadoras automáticas nas muralhas. Mas era mais questão de orgulho do Armígero. O Senhor da Guerra estava puto que não podia abater alguns Salteadores.

— …

Mas ele não podia fazer nada além de morder seus lábios. Mas sua preocupação não durou muito. Na frente dele, havia um soldado Armígero explêndido.

— Executor, eu tenho uma sugestão.

— Por favor fale.

— Nós iremos consertar e usar o veículo que você nos trouxe e nós iremos oferecer a vocês um novo veículo.

— É uma troca justa?

— Sim. Por favor entenda que nós estamos com poucos veículos.

Ramphil desistiu num instante do veículo avariado sobre um veículo novo.

— Como parte do acordo, você poderia exterminar o Abatedouro? — O pedido do Senhor da Guerra era razoável, já  que executores costumavam receber tais pedidos. Não era comum executores receberem recompensas devido a trabalhos cumpridos. Entretanto, o Senhor da Guerra estava disposto a oferecer a ele um veículo armado novo. Não importa a escolha que ele fizesse, Ramphil precisava de um veículo armado para a viagem.

Ramphil tinha que discutir isso com Zin e Leona.

— Me deixe discutir isso com meus companheiros.

— Discutir?

O Senhor da Guerra não conseguia entender o motivo de um executor poderoso precisar discutir coisas com seus companheiros. Ramphil saiu da sala depois de falar isso.


Zin estava comendo miojo e acenou com a cabeça para Ramphil depois de falar sobre a situação.

— Parece que as coisas seriam adiadas de qualquer jeito.

*Slurrrp!*

Leona estava espantada enquanto assistia Zin. Ele estava comendo seu quinto miojo. Ela estava preocupada com ele, alguém geralmente comia uma porção definida, Zin estava comendo miojo demais.

E depois de experimentar o gosto quente do miojo, Leona pensou que Zin não estava comendo, mas sim se infligindo dor.

— De qualquer jeito iria levar um tempo para reparar o veículo armado. — Um atraso era inevitável e era melhor aceitar o pedido e receber um veículo novo. Zin terminou de beber o caldo do miojo e olhou para Ramphil. — E eu sou muito bom nesse tipo de trabalho.

Zin parecia um caçador pronto para ganhar muito. Ele não ia deixar passar uma  chance de ganhar umas lascas extras.


Ramphil voltou ao Senhor da Guerra com Zin acompanhando ele.

— Esse é o caçador que está viajando comigo.

— … um caçador… eu ouvi falar de você. — O Senhor da Guerra escaneou o caçador rapidamente. Ele parecia um velhote, um homem de meia idade e um jovem tudo ao mesmo tempo, de alguma forma alguém sem idade aparente. O Senhor da Guerra estava tendo dificuldades para definir a idade do caçador. Mas sabia que Zin era definitivamente experiente baseado em sua impressão.

Diferente dos outros soldados Armígeros, o Senhor da Guerra não subestimou esse caçador que veio da selva. Um caçador veterano era mais perigoso e assustador do que um monstro velho. O Senhor da Guerra pensou que Zin não era alguém que devia ser subestimado.

— Eu estou disposto a participar e exterminar os Salteadores se você estiver disposto a me dar uma pequena recompensa.

— Executor, este pedido é difícil?

O Senhor da Guerra se sentiu desconfortável que um forasteiro estava se envolvendo em um assunto do Armígero. Zin também não pensou que era necessário para se envolver. Ele iria descansar se o Armígero recusasse. Entretanto, Ramphil deu uma resposta inesperada.

— Não é difícil. Mas o caçador tem muito mais experiência em lidar com Salteadores do que eu. Estou certo de que ele irá prover muita ajuda em procurar e exterminar os Salteadores completamente.

Zin ficou surpreso que Ramphil falou dele tão bem assim.

Ramphil enfatizou que Zin o complementaria. Ele explicou objetivamente que o papel de Zin era importante e sabia quais áreas ele estava em falta depois de viajar com Zin.

Já que Ramphil frisou que seria capaz de matar todos os Salteadores com a ajuda de Zin, o Senhor da Guerra ponderou.

— Hmm… entendo seu ponto. Você provavelmente não tem experiência em navegar pela selva, já que acabou de ser promovido um executor temporário… isso explica o motivo de você estar viajando com um caçador.

O Senhor da Guerra não sabia exatamente o motivo do executor estar viajando com um caçador, mas acreditava que o conhecimento do caçador iria auxiliar o executor em cumprir sua missão. Ele não os questionou mais.

O Senhor da Guerra estava disposto a permitir que Zin acompanhasse Ramphil, contanto que eliminassem essas pragas de Salteadores.

O Senhor da Guerra começou a falar de negócios.

— Que tal mil e quinhentas?

— Maravilha.

A conversa curta foi o bastante para os negócios.


O Armígero era generoso com as lascas já que eles tinham muitas. Zin recebeu metade da recompensa prometida e esperou um dia para que seu casaco fosse limpo.

— Então moço. Você vai sair pra sentar o pau no Abatedouro?

— Sim, mais ou menos.

Leona balançou sua cabeça, já que Zin estava falando como se fosse sair para dar uma volta na rua. Leona ficou maravilhada que ele conseguia falar com tanta confiança.

— Você espera aqui.

— Eu não quero ser um fardo pra você.

Leona sabia quando seguir e quando não e acreditava que Zin e Ramphil resolveriam tudo sem problemas. Ela estava mais do que feliz em continuar aqui num lugar tão limpo e confortável.

— Véi… por que eles ficam me encarando, que merda.

Leona franzia o cenho toda vez que estranhos passavam perto do apartamento deles e olhavam para ela pela janela.

Especialmente crianças que viam debaixo da janela e pulavam para ver o interior do apartamento. Eles não estavam interessados nos visitantes.

Zin falou.

— Por que não diz oi para os seus fãs?

— … não estou acostumado a esse tipo de coisa. — Ramphil admitiu.

Todo o foco estava no executor que visitou a fortaleza. Notícias viajaram rápido por toda a fortaleza que um executor tinha vindo aqui. As crianças ouviram sobre as notícias e vieram visitar o executor que elas admiravam.

Ramphil não esperava que isso fosse acontecer e não sabia como reagir. Ele nunca recebeu tanta atenção antes, então ele não sabia como responder.

*Zap!*

Ramphil fechou as cortinas da janela. Zin prontamente começou a provocar ele.

— O grande executor acabou de esmagar os sonhos e esperanças de criancinhas. Ah que pena.

— … eu não liguei muito quando Leona disse que você era um idiota. Mas agora vejo que você é um idiota.

— Haha… eu não sabia que você conseguia usar essa palavra.

— Eu sou humano também, no final das contas.

Zin sorriu e riu quando viu que Ramphil ficou agitado pela primeira vez.

Ramphil cruzou seus braços e esperou ansioso. Leona viu que as pernas de Ramphil estavam tremendo e logo ela riu também.

Parecia que Ramphil não era um soldado de sangue frio. Ele estava desconfortável com tanta atenção e parecia que o papel de executor não combinava muito com ele.

— Certo, vamos descansar. Nós vamos sair amanhã. — Ramphil disse enquanto olhava para Zin.

Zin apontou para o relógio no quarto. Surpreendentemente, havia um relógio na fortaleza.

— Executor. Não está nem perto da hora de dormir ainda.

Conforme Zin zombava dele, Ramphil rangeu seus dentes e abaixou sua cabeça. Ele estava esperando que sua hora de vergonha fosse passar logo.


No dia seguinte, Leona comeu rações do tipo A em vez do tipo C. Ela teve a chance de provar comida cozinhada de verdade. Ela ficou maravilhada depois que provou a comida que as pessoas costumavam comer nos dias pré-apocalípticos. Ela também ficou maravilhada ao ver as crianças da fortaleza reclamarem sobre comida.

— Isso é um problema. — Leona estava ficando preocupada conforme ficava mais e mais preguiçosa. Parecido com os residentes do castelo, as pessoas na fortaleza iam trabalhar depois de cada refeição.

— Pessoas possuem estilos de vida parecidos não importa onde elas vivem. Há diferenças pequenas, mas significativas entre grupos de pessoas.

— Eu concordo.

Zin e Leona conversaram enquanto comiam.

Armígero nunca compartilhava qualquer conhecimento de tecnologia com forasteiros. Leona começou a cutucar Zin enquanto se lembrava de algo.

— Nós podemos comprar armas do Armígero? — Leona pensou que se tornaria uma caçadora poderosa se tivesse um punhado de armas modernas do Armígero. Zin deu de ombros enquanto ouvia a pergunta de Leona.

— Bom, porque eles não as vendem para começo de conversa. E também são difíceis de usar e também de reparar.

Havia uma razão que Zin só usava armas de fogo. As armas do Armígero eram poderosas, mas complicadas, um caçador, usar tais armas. E Armígeros eram extremamente estritos sobre a distribuição das armas deles.

— E eu não gosto de usar armas que expõem minha localização durante uma luta.

Armas laser tinham o problema de expor a localização do atirador porque o laser brilha. Era uma opção ótima para tiros de longa a distância, mas nem tanto para emboscadas.

— Bom para nada então. Talvez Ramphil podia nos ajudar…? — Leona deu de ombros, já que ela esperava tal resposta. Ramphil também se sentiu desconfortável sobre prover eles com armas de fogo do Armígero.

— Desculpe, não posso.

Ramphil era parte da organização Armígera e ele era estrito sobre manter os segredos da tecnologia Armígera. Era óbvio para um soldado seguir as regras e Leona deu de ombros como se já soubesse.

Antes de ir, Ramphil pegou alguns suprimentos que pediu.

— Eu ainda posso te fornecer qualquer coisa que não seja uma arma.

E Ramphil tirou suprimentos militares que eram na maior parte roupas. Leona recebeu as roupas novas, incluindo calças, bolsas e camisas.


— Você vai ter que devolver as que você está vestindo agora, mas pode levar essas com você.

Alguns dos itens eram meias, roupas íntimas e sapatos novos. Ramphil era detalhista e preparou cinco conjuntos de roupas para o grupo.

— Isso é muito melhor do que armas. — Zin falou maravilhado enquanto calçava as botas que eram feitas de couro sintético. Todos os itens tiveram os símbolos e marcas do Armígeros removidos. O trio rapidamente se trocou com as roupas novas que receberam da fortaleza.

— Que foda!

Leona estava tão feliz que conseguiu um par novo de sapatos que pulou por aí cheia de alegria. Zin também ganhou um par novo de calças e uma camisa pretas. Zin sempre usava seu casaco e Leona não sabia o quão parrudo Zin era.

Ela finalmente viu quão forte Zin era quando vestiu as roupas limpas.

Leona ficou brevemente maravilhada e pasma com Zin, que parecia tão masculino. Claro, Ramphil não estava interessado no quão musculoso Zin era.

— Tá, vamos lá. Todas as armas foram reparadas, então nós só precisamos pegar elas.

— Hmm. Os reparos foram terminados?

— Eu dei ordens para priorizar as armas do caçador primeiro. — Ramphil deu ordens como um executor já que ele queria que Zin tivesse suas melhores armas prontas. Todas as armas de Zin estavam limpas e prontas, em condição excelente.

— Não se machuque.

— Tá. — Leona respondeu enquanto assistia Zin sair pela porta. Zin só assentiu silenciosamente e foi embora.  Os dois não se preocupavam muito, mas sabiam que se importavam um com o outro.


Enquanto o executor e o caçador estavam em missão, tudo que Leona tinha que fazer era aproveitar a vida na fortaleza.

Leona rolou na cama e, então, se levantou de repente.

— … tão complicado.

Leona não sabia como expressar suas emoções. Ela sabia que não ajudaria Zin, mas ainda assim se sentia desconfortável. Era difícil ser o elo frágil do trio e ela sabia que Zin não era um caçador comum.

Só alguém como Ramphil seria capaz de ajudar Zin. Na última batalha com os Salteadores, Ramphil cumpriu perfeitamente o papel que Zin designou para ele.

Leona pensou que ela tinha um caminho longo até se tornar uma caçadora habilidosa.

— … que merda.

Naturalmente, Leona estava se sentindo deprimida. Ela sabia que não podia ajudar Zin de jeito algum. Ela continuou rolando na cama já que não sabia o que fazer.

Eu preciso ir embora? Agora estou pensando coisas idiotas porque estou confortável demais e bem alimentada. — Leona queria gritar, mas sabia que as pessoas iriam olhar para ela como uma criança louca.

*Knock.* *Knock*

— Hmmm?

Leona ouviu uma batida na porta que clareou sua mente.

— … o que é? — Leona abriu a porta pensando que Zin havia voltado, mas ela murmurou quando viu que um grupo grande de crianças estava na frente do apartamento deles.

Uma das garotas que tinha cabelo castanho e parecia ser da mesma idade que Leona foi a frente e começou a falar.

— Oi! Você não é uma visitante?

A garota olhou para Leona e parecia ser a criança que trouxe os outros para cá.

— Hmm, é… sim, eae?

— Se estiver tudo bem, vamos brincar juntas. — As crianças começaram a assentir com suas cabeças.

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