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Apocalypse Hunter – Capítulo 8

Um caçador e um Gato de Rua (3)

*Thud!*

Assim que eles abriram a porta do cofre, Zin ouviu a terra vibrar com uma explosão alta. O rosto de Leona se endureceu, e Zin ficou parado, congelado.

— Kaarrggh! Kargh!

— Krrraaahk! Krahk!

— Krrrrr! Krrrrrk!

— O que… mas o que…

— Shh… fique quieta.

Zin colocou Leona em seu ombro enquanto olhava para o prédio balançando. Leona percebeu que não era hora de resistir, e deixou que a carregasse. Ele subiu lentamente as escadas, minimizando o som de seus passos e sua respiração.

O caçador ficou quieto e ouviu:

*Booom!* Boom!*

Som de passos, dois pés. Tamanho grande.

Grrrrrroooooowwl!

Som de uivo, animal vivo.

— Craack! Gnaw! Slurp! Slurp!

— Krrrrrrr! Krrrhk!

Comendo bestas.

Zin organizou seus pensamentos enquanto subia as escadas. O prédio estava em perigo de colapsar, e ele precisava evacuar do porão o mais rápido o possível, mas não se apressou. Sem vê-la, Zin descobriu que tipo de besta estava lá fora baseado em seus sons.

— Besta de tamanho grande andando em dois pés, caçando caçadores de cadáveres…

Ao invés de sair, Zin continuou a subir as escadas até o topo. O sol tinha se postos, e estava escuro por todo lugar. Ligar uma lâmpada seria suicídio.

As bestas estavam chiando enquanto fugiam do novo predador, e algumas delas gritavam enquanto eram devoradas. E de novo, outro grito ecoou.

—Krraughoooohhhhahh!!

Bem diferente do som de antes. Se possuir pelo menos duas cordas vocais, deve ser uma besta mutante.

Bestas mutantes eram uma mistura de diferentes seres e não possuíam órgãos comuns, no entanto, tinham aparências estranhas.

Haviam cadáveres e sinais de morte por todo lugar, e a besta estava comendo um caçadores de cadáveres.

Comedor de homens.

Era uma besta enfurecida com o pensamento de caçadores de cadáver profanando seu corpo ao morrer. Ele caçava caçadores de cadáver, e com cada morte crescia em tamanho. Era um amálgama de ódio formado de malícia e ressentimento. O comedor de homens era uma besta que caçava outras bestas.

Haviam métodos diferentes para atacar e sobrepujar bestas diferentes. Assim que Zin percebeu que era um comedor de homens, ele correu mais rápido para o prédio.

A menos de 50 metros de distância , Zin viu uma besta com mais de 6 metros de altura aniquilando seus arredores. Leona foi capaz de ver a cena também.

— Mas… mas que porra é essa…?

Leona ficou petrificada enquanto olhava para o monstro horrendo. O monstro parecia uma mistura de muitas placas de carne juntadas, com muitos tentáculos parecendo cabelo balançando livremente. E os tentáculos estavam pegando todo caçador de cadáver que podiam encontrar, ansiosamente os jogando em uma de suas três bocas.

O monstro andava com dois pés, usando seus tentáculo-cabelos como cordas entrelaçadas enquanto comia os caçadores de cadáver.

*Gnaww!* *Craaack!*

Os sons aterrorizantes continuavam e tudo que restava das bestas eram poças de sangue. A aparência do monstro era mais do que o bastante para fazer uma pessoa desmaiar de terror. Leona nunca tinha visto um monstro como esse e não esperava encontrar um tão massivo. Entretanto, não parecia perturbada.

— Parece um pedaço feio de merda.

As palavras de Leona eram de nojo, não de horror. Assim que falou naquele tom, Zin disse de repente:

— Como você disse, hoje é o nosso dia de sorte.

— Dia de sorte? Com aquela coisa destruindo tudo na nossa frente?

Ela não estava aterrorizada por assim dizer, mas sabia que a situação era difícil. E ficou confusa com as palavras de Zin.

Ele sorriu.

— Aquela coisa vai afungentar todos os caçadores de cadáver.

— O que?

Como mencionado, caçadores conseguiam sobreviver porque eram bem informados.

— Aquele monstro não prioriza humanos como alvos. Ele vai começar a nos atacar depois de se livrar de todos os caçadores de cadáver.

Eles estavam a salvo por enquanto. Isso mesmo, “por enquanto”.

O mundo era um ecossistema selvagem, e humanos não estavam no topo da cadeia. Dessa forma, bestas lutavam umas com as outras e comiam umas às outras. Para as bestas, humanos eram só um tipo de presa. Algumas não comiam humanos e algumas nem se incomodavam com eles.

— Grrrooooowl!!

Zin e Leona assistiam o comedor de homens enquanto este arrasava os caçadores de cadáver pelas ruínas da cidade de Zado. Mortos-vivos, bestas e cachorros venenosos; todos eram sugados para dentro da boca do comedor de homens.

— Então, você está me falando que estamos seguros por agora, mas não vamos mais estar em breve?

— Sim.

Leona discutiu, mas Zin balançou sua cabeça.

— O que você acha que vai acontecer depois que aquela coisa comer um monte de bestas?

— … Ele vai ficar cheio?

Zin quase riu alto com a resposta simplista e direta dela, mas segurou sua risada já que não queria fazer barulho na frente do monstro. Apesar de não ter rido, ele parecia muito entretido.

Leona não podia possivelmente rir enquanto olhava para o monstro horrendo.

— Aquele monstro parece fofo para você? Por que você está rindo, porra?

Zin não tinha palavras para a atitude de Leona, mas ele a deixou quieta. Certamente, Zin estava olhando alegremente para o comedor de monstros.

— Eu estou feliz porque ele está fazendo toda a caçada por mim.

— O que você está falando?

— Um monstro que come um monte de monstros vai vomitar todas as lascas que devorou.

Leona entendeu o que ele quis dizer. E se sentiu atônita.

— Você… você vai caçar aquela coisa agora?

Enquanto deixava o caçador de monstros caçar os outros, Zin planejava tirar proveito do comedor de homens e caçá-lo. Leona pensou que fugir do monstro era mais importante do que caçá-lo. Mas, Zin olhou para Leona, como se não entendesse o motivo da agitação dela.

— O que é tão estranho sobre um caçador caçando?

Na verdade, não havia nada de estranho nisso. Um caçador vivia para caçar, e não, por exemplo, vender mercadoria.

Leona assentiu com as palavras lógicas de Zin.

— Nada. — E ela adicionou: — Mas você é estranho pra caralho.

Leona pensou que caçar o monstro era maluquice, mesmo para um caçador.

O comedor de homens andando ao redor de Zado não era muito ágil, mas seus tentáculos eram ágeis. Os tentáculos se esticavam e pegavam as bestas, enfiando-as em suas bocas.

— Krrrrrr! Krrrk!

Leona disse nervosa:

— A propósito, o monstro não está ficando cada vez maior?

— Você está certa. No geral, ele ganhou alguma massa corporal.

— Posso fugir sozinha?

— Então o seu pagamento adiantado de 500 lascas será meu. Não será uma perda para mim porque é mais lascas do que a recompensa do meu pedido original. Se você quiser ir embora, vá em frente.

— Ei, ei, você não deveria seguir minhas ordens?

— Foi um pedido de guarda costas, não um contrato de escravidão, então eu não tenho obrigação de seguir suas ordens.

— O que quer que você esteja falando, eu entendi que você só vai fazer o que quiser.

— Você entendeu.

— Merda…

Leona ficou brava, mas não tinha escolha além de ficar perto de Zin. Apesar dela ser uma criança astuta, era impossível para um criança navegar por um campo de monstros. Evitar perigo só para encontrar um perigo ainda maior era tolice.

Apesar de Leona não estar certa sobre o que era mais perigoso, ela se sentia atraída pela confiança do jeito imprudente do caçador. Leona não era diferente de Zin pelo fato de que ela era uma vagabunda andando pela selva. E a coisa que a mantinha viva não era sua ousadia.

Era sua intuição e determinação para agir que a mantinham viva. E dessa vez, seus instintos estavam falando para ela ficar com o caçador estranho.

O comedor de homens estava ocupado demais comendo, então não se incomodou com Zin ou Leona.

Agora era a hora.

Zin pegou uma lanterna do tamanho de um dedo do seu casaco. Era uma lanterna tão pequena que parecia um pequeno container. Havia pontos pretos dentro do cristal da lanterna.

Manchas de sangue?

Leona balançou sua cabeça enquanto olhava para o objeto. Ela não estava certa do que era, exatamente. Mas, ficou surpresa quando viu um pequeno milagre acontecendo por causa disso.

*Wooooowooooong!*

A lanterna começou a ressoar com som enquanto escuridão se derramava sobre ela. A escuridão cercou a lanterna, com um raio do tamanho de uma bola de basquete. Mas não era exatamente escuridão para ser preciso.

Parecia uma pequena esfera, como se alguém tivesse arrancado uma bola do céu a noite. Como se conjurasse uma pequena galáxia, a pequena esfera continha um céu a noite disperso com estrelas e planetas.

Zin corajosamente enfiou sua mão dentro da esfera e tirou algo de lá. Leona ficou sem palavras enquanto via o evento sobrenatural se desenrolar em sua frente.

*Whooosh!*

Com um som estranho, Zin tirou uma arma gigante e algumas munições da pequena esfera.

— O… O que é isso?

—  Eu usei um amuleto para utilizar o vazio.

— O que você quer dizer?

— Pense nisso como uma bolsas que você não precisa carregar por aí. Apesar dessa coisa não ter espaço o bastante…

Zin checou a munição do fuzil de precisão  assim como a condição do equipamento enquanto olhava pelo escopo.

*Kadank!*

— Há espaço o bastante para algumas armas.

Conforme Zin desligava a lanterna, o vazio desaparecia. Pessoas o chamavam de “armazém do vazio”, e o pequeno amuleto era feito com sangue de alien. Os caçadores de malignos costumavam usar esses amuletos para conjurar o poder do sangue sacrificial. O sangue não podia invocar o poder aterrorizante e demoníaco dos monstros, mas era pequeno o bastante para ser utilizado em muitos jeitos úteis.

O poder do amuleto não era forte o bastante para matar os outros, mas Zin usava o amuleto para armazenar itens grandes ou pesados no vazio.

Na verdade, a coisa mais problemática para andarilhos era carregar itens por aí ao invés de lutar com monstros.

O armazém do vazio agia como um armazém portátil e era algo que Zin usava frequentemente apesar de não ser um amuleto poderoso. Ele se referia ao armazém do vazio como “bolsa” ao invés.

Leona estava pasma com o que acabou de ver. Mas seu próximo comentário foi bem prático.

— Isso é tãaaaaaao conveniente…

Leona ficou interessada na “bolsa” quando se lembrou de todas as coisas que teve de jogar fora porque não podia carregá-las. E acima de tudo, era sua primeira vez vendo um fuzil, então ela não estava certa para o que Zin usaria o objeto metálico.

— Groooooowwwl!!

Enquanto o comedor de homens continuava a comer, Zin rapidamente terminou de inspecionar seu fuzil. Quando estiver caçando, ser eficiente era mais importante que vencer. Gastar 30 lascas para caçar um monstro que dava só 10 lascas era ineficiente. Maximizar a recompensa com o menor custo era importante. Então, Zin não trouxe a arma de maior calibre.

Zin trouxe uma .308 Winchester, uma Remington modelo 700 customizada que usava munição de 7.62mm. O fuzil de precisão não era novo, mas estava limpo e em condição excelente devido a manutenção regular e troca de partes.

Independente do poder do fuzil e eficiência, ele era inútil contra um monstro de tal tamanho. Entretanto, Zin carregou duas munições redondas no fuzil. O monstro estava a mais de duzentos metros de distância, e Zin não precisava usar o escopo. Atirador de elite precisava de habilidade, mas o monstro era tão grande que mesmo um tiro sem mira o acertaria.

Entretanto, Zin olhou cuidadosamente pelo escopo.

*Kraaaaaaaaaah!*

E ele atirou em uma das bocas do monstro.

*Bang!*

— Ahh!! O que foi isso?

Leona gritou quando viu o cano da arma explodir com um bang pela primeira vez. Mas uma coisa mais surpreendente ainda aconteceu depois.

*Craack!*

O tiro acertou o comedor de homens, e uma das suas bocas explodiu. Era inacreditável que um único tiro pudesse ser tão destrutiva. Parecia que uma bazuca tinha acertado a boca ao invés. invólucro do munição de 7.62mm estava cheio de pó de lasca azul, que explodiu assim que atingiu seu alvo.

Era uma munição regular, mas explodiu como um projétil de espingarda assim que atingiu seu alvo. Artilharia de um micro tanque, ou um míssil. Essa era a munição que Zin havia usado.

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