Tudo fazia pouco sentido, mas Noah fez o possível para estudar a situação de qualquer maneira. Ele havia entendido vagamente o que estava acontecendo, mas muitas dúvidas ainda enchiam sua mente, e algumas delas eram importantes demais para serem ignoradas.
“Qual o seu nome?” Noah perguntou.
“Por que eu teria um nome?” O velho respondeu.
“Porque você não é uma criação do Labirinto Amaldiçoado”, afirmou Noah.
“E o que eu seria?” O velho perguntou.
“Não sei” admitiu Noah. “O Labirinto é poderoso o suficiente para conter seres poderosos, mas seus ambientes são muito diversos para vir de um único especialista. A existência de vários criadores pode explicar esse recurso, mas por que vários cultivadores de rank 9 decidiriam construir algo assim?”
“Então?” O velho perguntou.
“Então, você provavelmente é uma existência real”, explicou Noah. “Não sei se você é um dos criadores, uma sombra daquele poderoso especialista ou um cultivador que eles prenderam aqui. Ainda assim, acho que você é um ser vivo real, mas seu mundo me impede de estudá-lo.”
“Eu não entendo o seu ponto”, afirmou o velho.
“Eu não ouvi o seu nome”, Noah repetiu.
“E se eu esquecer?” O velho questionou.
“Lembre-se então,” Noah ordenou.
“Não funciona assim”, explicou o velho.
“Sonhe em recuperá-lo”, Noah continuou.
Um brilho percorreu os olhos semicerrados do velho. Eles não abriram nem fecharam, mas algo definitivamente aconteceu, e Noah não deixou de notar.
“Você é interessante”, anunciou o velho. “Eu me lembrei.”
“Qual o seu nome?” Noah perguntou.
“Qual o seu?” O velho respondeu.
“Noah Balvan,” Noah exclamou sem mostrar nenhuma hesitação. “Um bom amigo me concedeu o título de “Demônio Desafiador”, então você pode usar isso também. Ainda assim, também aceitarei chefe, líder e Senhor.”
O velho riu, mas ignorou a última parte da declaração de Noah. Ainda assim, ele não se esqueceu de responder à pergunta anterior. “Eu sou Pellio, O Senhor dos Sonhos. Prazer em conhecê-lo.”
“O prazer é meu, Pellio”, exclamou Noah. “Agora, abra os olhos.”
“Não funciona assim”, respondeu Pellio.
“Como funciona?” Noah questionou.
“Preciso decidir observar apenas a realidade para abri-los”, explicou Pellio.
“Não quero que você pare de sonhar”, revelou Noah.
“Por que?” perguntou Pellio.
“Os sonhos fazem parte do seu mundo, certo?” Noah declarou. “Preciso de um aliado valioso, não de um peão ferido.”
“Por que você tem tanta certeza de que posso ajudá-lo?” Pellio riu.
“Não tenho”, admitiu Noah. “Vou pedir para você fazer chá para toda a minha organização se isso não der certo.”
“Isso é lisonjeiro”, exclamou Pellio.
“Está longe de ser lisonjeiro,” Noah riu, “Exceto pela parte em que você pertenceria à minha organização de qualquer maneira.”
“Você é arrogante”, afirmou Pellio.
“Entre outras coisas”, brincou Noah.
“Você ainda não mudou minha opinião sobre meus olhos”, lembrou Pellio.
“Eu não quero fazer isso”, declarou Noah. “Deve haver uma razão por trás de seu estado atual. Quero ouvi-la primeiro.”
“E se eu não me lembrar?” Pellio questionou.
“Sonhe com o motivo”, ordenou Noah.
Os olhos semicerrados de Pellio piscaram novamente, mas seu sorriso gentil escureceu depois. Seu rosto se afastou da mesa e de Noah pela primeira vez desde o início da conversa. Ele apontou o olhar para o teto, mas Noah sabia que ele não estava realmente tentando ver.
“Você não pode olhar para os criadores com os olhos nesse estado”, comentou Noah.
“Como você sabia que eu estava procurando pelos criadores?” perguntou Pellio.
“Você começou a vazar intenção de matar”, afirmou Noah.
“Não, eu não fiz”, corrigiu Pellio.
“Meu chá ficou quente de novo”, explicou Noah. “Eu acho que seus sonhos não podem suprimir seu poder, não completamente.”
O sorriso gentil de Pellio voltou quando ele notou a xícara fumegante de Noah. Ele pareceu se divertir ao ver que sua aura ainda podia afetar o mundo material.
“Você não vai me forçar a abrir os olhos bisbilhotando minha história”, afirmou Pellio.
“Como você veio parar aqui?” Noah perguntou.
“Não vim”, revelou Pellio. “Os criadores me colocaram aqui.”
“Então, há mais de um”, comentou Noah.
“Isso é óbvio, não é?” Pellio declarou. “Eu já teria sonhado com uma saída daqui, caso contrário.”
“Eu não vou deixar você matá-los”, Noah apontou.
“Eu poderia abrir meus olhos para a chance de matá-los”, brincou Pellio.
“Por que eu deixaria?” Noah riu. “Eu preciso deles também. Você sozinho não é suficiente contra o Céu e Terra.”
“Você só se importa com o Céu e Terra?” Pellio questionou.
“Ele me forçou a priorizá-lo”, explicou Noah. “A princípio não me importei muito, mas a batalha final está chegando e preciso de aliados para combatê-la.”
“Alguns podem ver sua busca por aliados como uma expressão de fraqueza,” Pellio zombou.
“Talvez”, admitiu Noah. “No entanto, nenhum de vocês teria se atrevido a ficar diante de mim se eu tivesse a chance de cultivar por tanto tempo. O único fato de que posso desempenhar um papel na batalha final é uma expressão do meu poder.”
“Você é arrogante”, afirmou Pellio.
“Eu também sou o tipo de ser mais forte em todo o mundo”, acrescentou Noah.
“Arrogante pode não ser suficiente para descrevê-lo”, riu Pellio.
“Isso não foi arrogância,” Noah corrigiu. “Não há arrogância na verdade.”
“Por que você não pode derrotar o Céu e Terra sozinho então?” Perguntou Pellio.
“Não tenho tempo suficiente para atingir o nível dele”, explicou Noah.
“Então, você está reunindo aliados para ganhar algum tempo?” perguntou Pellio.
“Algo assim”, admitiu Noah. “Céu e Terra é forte, e seus bens vão além do meu conhecimento. Vou superá-lo, mas não posso vencer sozinho.”
“Você pode ser um bom líder”, comentou Pellio.
“Por que os criadores colocaram você aqui?” Noah perguntou.
“Costumávamos ser inimigos”, revelou Pellio. “Acho que matamos as linhagens um do outro várias vezes, então nossos rancores não desaparecessem diante do Céu e Terra.”
“Bem, vocês são aliados agora”, exclamou Noah.
“Como você pode decidir isso?” Pellio questionou.
“Porque todos vocês pertencem à mesma organização agora”, afirmou Noah, “Minha organização.”
“Você não pode me forçar a abrir os olhos”, comentou Pellio. “Você não poderá fazer com que os criadores se juntem a você.”
“Você não saberá a menos que abra um caminho para o próximo andar”, brincou Noah.
“Você vai embora se eu abrir?” perguntou Pellio.
“Sim, mas só se você vier comigo”, declarou Noah.
“Não quero ir embora”, afirmou Pellio.
“Eu não me importo,” Noah riu. “Eu preciso do seu poder, então você virá. O mesmo vale para os criadores. A batalha final está perto, então todos têm que desempenhar um papel.”
“Você não pode forçar os outros a lutar por você”, Pellio suspirou.
“Eu posso forçá-lo”, respondeu Noah. “Vou forçar os criadores.”
“Como você me forçaria a lutar?” Pellio questionou.
“Você perdeu seu sonho, então eu vou te dar o meu,” Noah explicou enquanto pressionava dois dedos na testa e tirava um pedaço de ondas mentais negras.
“Como você sabe que eu perdi meu sonho?” perguntou Pellio.
“Porque você estaria fora daqui de outra forma”, afirmou Noah.
“Eu disse a você que não poderia sair nem com meus sonhos”, lembrou Pellio.
“Eles eram os sonhos errados então”, comentou Noah.
“Como você saberia disso?” perguntou Pellio.
“Pegue meu sonho, Pellio, O Senhor dos Sonhos”, ordenou Noah.
Pellio hesitou, mas uma força estranha o atraiu para aquela massa negra etérea. A energia mental de Noah irradiava algo que há muito ele havia abandonado e esquecido. Carregava um desejo primordial de melhorar que não ouvia a razão ou a dor.
Pellio acabou alcançando o pedaço de energia mental e seus olhos se fecharam completamente quando um sonho simples preencheu sua visão. Ele viu uma pequena lâmina preta disparando em direção ao céu e criando um buraco em seu tecido branco.
Absolute cinema🙌
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