Eu podia sentir isso, não sabia exatamente como, ou por que, mas podia sentir. Muito, muito abaixo de onde eu estava, algo mudou, senti como se estivesse em um túnel ferroviário e em algum lugar na frente, os primeiros estrondos do trem vindo em minha direção podiam ser sentidos.
Minhas antenas formigaram com a intensidade disso, era como uma onda de sangue na cabeça. Eu podia praticamente sentir o cheiro de mana crescendo bem abaixo.
[Já viveu uma onda, Sr. Odin?] Eu perguntei ao meu novo amigo demônio.
Seguimos para a cidade fronteiriça onde Sarah morava, achei que seria útil apresentá-lo a outro sobrevivente humano como ele, além de mim, ele parecia ser alguém que lutou bastante em seu tempo em Pangera, então ele podia obter algo de uma reunião com Sarah, que também lutou.
‘Eu tenho me saído muito bem aqui, então não consigo ter tanta empatia quanto gostaria.’
Tentar ensinar a Odin o que ele precisa saber era um processo desgastante, havia muita coisa que ele não sabia, e muita coisa que eu também não sabia.
‘Quais são os maiores reinos humanos? Por que eu saberia disso? Por que eu iria querer saber disso?’
‘Eu posso dizer qual é o maior reino de formigas da Masmorra! Por que se preocupar com outra coisa senão isso?’
[Um pouco?] Ele respondeu, agindo cautelosamente.
‘Ele está sempre agindo cautelosamente.’
[Pense nisso como um período de intensa desova de monstros, o nível de mana sobe ao longo de todo a Masmorra, o que resulta em todos os surgimentos enlouquecendo. O número de monstros criados a cada hora aumenta cerca de cem vezes, é bastante intenso.]
O demônio piscou.
‘Ele tem pálpebras, caramba. Eu gostaria de poder piscar.’
[Isso soa… perigoso,] ele disse, estreitando os olhos.
‘Eu também não posso fazer isso!’
[Claro que é perigoso, as coisas vão ficar selvagens, o pior é que os monstros das profundezas da masmorra são capazes de subir, já que o nível de mana pode sustentá-los.]
[Quando isso vai começar?] Odin perguntou, e já podia dizer que ele estava planejando como lucrar com a situação, seu cérebro era como uma confusão de engrenagens, sempre girando, buscando vantagem, não importava o que fosse colocado nelas. Quanto mais séria a situação que descrevia, mais rápido as engrenagens giram.
‘Que tipo de vida esse cara viveu?’
‘Ah, bem, quem sou eu para julgar? Ele provavelmente teve uma vida muito mais difícil do que eu, posso dar-lhe uma folga. E tô sentindo a energia pulsando pela masmorra sob meus pés.’
[Algumas horas?]
[O quê?!]
As engrenagens giraram no fundo de sua mente como nunca e dei um tapa amigável nas costas com uma antena para ajudar a acalmá-lo.
[Ei, não se preocupe, você está no lugar mais seguro que um monstro poderia estar, ir sozinho seria um pesadelo, mas aqui, eu e a família podemos ajudar a apoiá-lo.]
Odin se mexeu um pouco, inquieto.
[Quando você diz “família”… o que você quer dizer, exatamente?]
Fiquei confuso.
[Tipo, somos todos parentes, muitos de nós nascemos da mesma mãe, se não, então nascemos de uma de suas filhas. Você sabe… uma família?]
[Oh, eu estava pensando em um tipo diferente de família.]
‘Afinal, o que isso quer dizer? Estou confuso, mas não quero fazer nenhuma pergunta a ele sobre isso, ele está com um olhar distante e eu juro que posso ouvir ofertas que não podem ser recusadas sendo feitas. Eu vou deixá-lo ir.’
‘Lá está ela!’
[Heeeey, Sarah! Como vão às coisas, sua ursa rabugenta?]
O urso gigante trotou até nós com uma expressão descontente em seu focinho.
[Não me chame assim,] ela reclamou. [Eu nem gosto de mel.]
[Desculpe, eu me empolguei, eu vim para apresentá-lo a outro monstro humano que encontrei na selva.]
Dei uma cutucada em Odin, mas ele não se apresentou. Ele estava muito ocupado olhando para o ursinho intimidador à sua frente.
[Ei… você vai dizer seu nome? Ou nada?]
[Você é a máquina de matar mais perfeita que esse mundo já viu?] Ele deixou escapar.
‘Você o que, companheiro?’
[Uhhhh,] Sarah ficou surpresa, piscando lentamente enquanto olhava para o demônio muito menor.
Passei uma perna por seu ombro e o puxei para mim.
[Não se preocupe com Odin, ele não está aqui há muito tempo, ainda com um pouco de confusão mental,] disse a Sarah por meio de uma ponte fechada.
[O que diabos foi isso, cara?] Eu reclamei o demônio sobre outra ponte fechada. [Sarah não gosta de lutar e você a chama de máquina de matar na primeira vez que a vê? Isso é confuso! Só porque ela é uma ursa Asura, uma máquina de destruição quase impossível de matar que se alimenta de raiva, dor e destruição, não faz dela uma máquina de matar! Você precisa se desculpar imediatamente!]
Um tanto abalado com minhas palavras, e com o fato de eu estar sacudindo-o, Odin conseguiu pedir desculpas e as coisas se acomodaram em um ritmo mais normal.
[Coitadinho,] Sarah disse, balançando a cabeça. [Eu não poderia imaginar nascer como uma larva demoníaca, é terrível lá embaixo.]
O pequeno demônio pareceu surpreso por alguém realmente simpatizar com ele. Ele ficou parado por um tempo e depois acenou com a cabeça.
[Sim, foi difícil, mas eu estava preparado para tal existência. Minha vida na Terra… não foi simples.]
[A minha era!] Eu disse alegremente e Sarah me lançou um olhar perplexo. [A propósito, Odin, você ainda não mencionou que tipo de demônio você é? Avanço cinco, pela sensação do seu núcleo, certo?]
Ele hesitou, mas finalmente decide me responder.
[Acabei de chegar ao avanço seis não faz muito tempo…] ele disse. [Demônio Assassino.]
[Então isso significa que você sente um forte desejo de assassinar pessoas o tempo todo? Isso deve ser um pouco estranho.]
[… um pouco.]
[Legal, bem, bem-vindo à turma! O quê?]
A última parte foi dirigida a Sarah, que me olhou horrorizada.
[De qualquer forma, eu tenho que ir. Onda quebrando e tudo isso, Sarah, você pode ajudar Odin a se instalar um pouco? Obrigado, tchau!]
[Anthony! Volte aqui!]
Muito bom