Chrysalis – Capítulo 1112

A Colônia ainda estava em um frenesi de preparativos, havia mais de um milhão de nós dentro do alcance do Vestíbulo agora e, honestamente, era um pouco mais difícil do que me sentia confortável em admitir para me segurar diante dessa vasta e interminável torrente de Vontade. Impressões e pensamentos fluíam para dentro de mim como um rio caindo em um balde.

Não podia conter tudo, mas ainda assim vinha, e se eu mergulhasse meu dedo no riacho, corria o risco de ser arrastado em um instante.

‘Se isso acontecer, quem sabe quanto tempo até que eu possa encontrar minha saída novamente? O Portal concede muitas bênçãos profundas e poderosas, mas não deixa de ter suas desvantagens, a evolução fortaleceu minha mente, o que me ajuda a resistir à influência da Colônia, mas está começando a parecer uma corrida entre meu nível e o grande número de irmãos que tenho. Estou lutando diante de um milhão, o que um bilhão faria comigo?’

‘Melhor não pensar nisso.’

‘Bem, pelo menos me sinto incrivelmente revigorado e pronto para a ação, o que espero que aconteça em breve, a onda está prestes a quebrar e os preparativos finais estão acontecendo ao meu redor.’

Milhares e milhares de formigas estavam trabalhando em projetos de construção, paredes, formações defensivas, treinamento, fazendas e tudo mais que eu podia imaginar, em algum lugar dentro do ninho, havia uma enorme fundição produzindo armaduras e encantamentos, forjando equipamentos para nossos soldados e preparando peças de reposição para os danos inevitáveis que virão. Eu Podia senti-las através do Vestíbulo, mil martelos atingindo o metal incandescente em uníssono, instalações hospitalares de emergência estavam sendo criadas em todos os lugares em que a Colônia esperava lutar, que era… em todos os lugares. Os curandeiros correm freneticamente, tentando se preparar da melhor forma possível para a inevitável enxurrada de feridos que viria em seu caminho.

Mana continuava a encher a masmorra até parecer um balão prestes a estourar, cada superfície formigava com a pressão contida, meu senso de gravidade estava formigando o tempo todo, lendo as minúsculas vibrações no chão e nas paredes. O nível de energia que fluía pelas veias atingiu o ponto em que cada uma delas tinha poder suficiente para atuar como um ponto de desova.

As larvas demoníacas estavam enlouquecendo no chão do terceiro estrato, um frenesi alimentar que esperava nunca mais ver, elas se reproduziam tão rapidamente que criaram uma camada de dentes e garras com um metro de profundidade no fundo do estrato, era um pouco inconveniente, pois a densidade das larvas impossibilitava que elas saíssem do caminho como fariam normalmente. Para atravessar qualquer distância, precisava atravessar a massa de presas que se prendiam em minhas pernas no segundo em que as colocava no chão, não era tão ruim para mim, minhas pernas eram finas e podia manter meu corpo acima da briga com bastante facilidade.

Para Tiny era muito pior, o pobre macaco ficava com as pernas retalhadas cada vez que fava um passo, Invidia tinha que aplicar um fluxo constante de magia de cura ao grande macaco, que não parecia se importar muito, mas suspeitava que fosse porque ele era burro.

[Você sente alguma coisa, Mestre?] Crinis perguntou.

Ela estava presa à minha carapaça, como sempre, agarrada ao meu exoesqueleto de diamante com sua carne de sombra fluida.

‘Na verdade… considerando que ela tem alguns membros imateriais…’

[Crinis… você não está se estendendo dentro da minha carapaça, está?]

Silêncio…

[Acho que vi alguma coisa!] Ela Soltou.

[Crinis!]

[Sério! Olha!]

Para ficar acima da briga, nos posicionamos em um afloramento de rocha que se projetava para cima do piso do estrato, dando-nos uma boa visão de nosso objetivo, o caminho entre esta camada e a abaixo, e qualquer coisa de baixo que ameaçasse o formigueiro principal em Roklu tinha mais chances de passar por aquele túnel, então aqui estávamos, prontos para enfrentar uma horda de avanços oito, quando colocassem o nariz para fora. Por insistência de Crinis, desviei minha atenção de sua invasão literal de minha pessoa e desci para a abertura abaixo.

‘Por mais que eu odeie admitir… pode haver algo, nenhum monstro ou horda, acho que não teria perdido isso, mas algo um pouco mais sutil: a luz. Normalmente, um vermelho profundo cintilante dos muitos fluxos de lava nos túneis, a tonalidade que emana da entrada ficou mais espessa, mais intensa.’

Então veio a vibração.

Tão fraca a princípio que mal consigo senti-la, mesmo com minhas antenas incrivelmente delicadas, mas logo a captei.

‘Está vindo de baixo? Não, não exatamente, é difícil ter uma noção exata de onde está vindo.’

Eu girei minhas antenas em um círculo amplo e lento, basicamente o equivalente de formiga a esfregar os olhos e espiar ao redor. Após alguns segundos, confirmei minha suspeita.

‘Está vindo de todos os lugares.’

[Preparem-se,] disse aos outros, secamente. [Está chegando.]

À medida que a vibração continuava a aumentar, acrescentei: [E agarrem-se a algo.]

Eu poderia muito bem ter dito a Tiny que o Papai Noel havia caído pela chaminé e se oferecido para lutar, seu sorriso era enorme, dividindo seu rosto enquanto seus olhos queimavam com luz vermelha, ele não resistiu e bateu as palmas das mãos no peito algumas vezes, com os impactos reverberando pelo ar, demonstrando sua incrível força. Enfeitado com um novo conjunto de armadura e anéis encantados que prendiam em torno de seu bíceps, meu amigo macaco era uma visão intimidante, duplamente quando ele começou a irradiar energia de batalha como agora.

Invidia descansava em seu ombro, com olhos brilhando com energia verde.

‘Não tenho certeza do que ele quer agora, mas se não é um botão métrico de monstros para lutar, então ele está sem sorte.’

De algo que só eu podia sentir levemente, a vibração continuava a aumentar até que todos pudessem senti-la, então continuou crescendo até que a rocha sob nossos pés estivesse tremendo.

*CRACK!* *CRACK!*

A pedra se estilhaçou e eu entrei em pânico, pensando que nosso poleiro estava prestes a desabar, mas não.

…

Era muito pior.

O tremor se tornou cada vez mais intenso até que o teto, quilômetros acima de nossas cabeças, se rompeu, centenas de toneladas de rocha se soltaram e caíram como chuva, assobiando no ar com um grito horripilante antes de bater no chão, lançando um jato de larvas e lava centenas de metros no ar. Eu senti um calafrio, se isso tivesse acontecido em cima da colônia…

*CRACK!*

‘Que diabos!’ Eu me concentrei e suspirei de alívio, ‘não foi de lá, mas foi perto… de onde veio isso?’

O chão à nossa frente explodiu. Digo… explodiu mesmo. Uma fonte de lava explodiu no ar, carregando ainda mais pedra com ela, antes de chover em uma tempestade infernal de fogo.

[Escudos!] Mandei para a Invidia.

Eu trabalhei com ele para montar uma barreira defensiva para nos proteger de sermos cozidos vivos. Coisas semelhantes estavam acontecendo em todas as entradas das cavernas que podia, com colunas de rocha derretida jorrando no ar.

‘Santa… formiga…’

Então veio.

Originando-se lá de baixo, subiu e passou por nós como a onda de choque de uma bomba atômica, uma parede de mana, tão espessa que era quase física, subiu e desapareceu na distância em menos de um segundo, subindo para a superfície do planeta. Com ela veio os uivos encantados de incontáveis monstros, finalmente libertos das profundezas.

‘Venha e me pegue.’