Igreja do Novo Caminho.
Fé do Grande.
O Caminho da Colônia.
A fé que surgiu em torno do advento aparentemente milagroso da Colônia passou a ser conhecida por muitos nomes. Quero enfatizar que não estou sendo desdenhoso ao descrever a existência da Colônia como “aparentemente milagrosa”. Um coletivo de monstros sapientes que escolheu cooperar com outras espécies em vez de as consumir está tão próximo de um milagre como este acadêmico incrédulo consegue reconhecer.
Pois a Colônia era uma verdadeira espécie de monstro, ao contrário dos bruanchii, nascidos de uma Rainha que desovou na Masmorra e pôs ovos que amadureceram e se transformaram em monstros. Em nenhum momento do ciclo eles foram reconhecidos como algo além de monstros pelo Sistema, pelo que pude determinar de qualquer maneira.
Este ‘milagre’, esta ocorrência incrivelmente improvável, foi considerada por muitos dos primeiros crentes como um sinal da providência divina, de que, na Masmorra, havia nascido um salvador para protegê-los em seus momentos mais sombrios. Se esta crença fosse mantida exclusivamente por alguns agricultores e artesãos, talvez nada tivesse acontecido, mas um desses primeiros fiéis foi um Sacerdote do Caminho, chamado Beyn, que acabaria por provar ser um dos mais poderosos religiosos e figuras da época, perdendo apenas para a entidade que ele adorava.
– Trecho de ‘Nova Fé’, de Siemon.
O fervor ardia nos olhos do padre, e ele ficou satisfeito ao vê-lo refletido no olhar do público. Ele quase podia sentir a fé ardente deles como calor contra sua pele, quente o suficiente para queimá-lo até virar cinzas.
Ainda não está quente o suficiente. Até que sua própria alma fosse derretida, ele nunca ficaria satisfeito.
“Permaneçam fortes na fé,” exigiu ele ao público, com uma das mãos estendida grandiosamente, “e isso os recompensará. Todas as nossas vidas foram transformadas pelo Grande, pelo Novo Caminho, mas podem mudar ainda mais, espiritualmente, mas apenas se você permitir. Este é um mundo novo em que vivemos, separado do anterior. Não seja como eu, levei tempo para reconhecer o que havia mudado e algo dramático foi necessário para me acordar.”
Ele acenou para eles com o coto do braço perdido e o olhar deles se voltou para ele.
“Abracem o novo mundo,” ele os incentivou, “e ele os abraçará de volta. Abrace a Colônia e eles estarão lá para apoiá-lo. Abrace o Grande e você se tornará parte deles, e eles sempre estarão com você.”
Beyn não sabia quando ou por que essa última parte se tornara parte regular de seus sermões, mas parecia certo para ele, de uma forma que ele não conseguia explicar. Ele sabia que o Grande estava sempre cuidando dele. Esse conhecimento estava tão profundamente enraizado nele quanto ele conhecia seu próprio nome.
“Agradecemos por suas palavras, Sumo Sacerdote,” um membro da congregação curvou-se diante dele, mas Beyn levantou a mão.
“Por favor, não gosto de ser chamado de Sumo Sacerdote. Chame-me de Beyn, ou Padre Beyn, se precisar.”
As formigas não se elevavam acima das outras. Se um general fosse mais alto na hierarquia do que outro, eles menosprezavam o outro? Não. Eles tinham um título maior e mais sofisticado que o outro? Também não. Ambos eram generais, que fizeram o melhor que puderam no trabalho que realizaram.
“Eu sou um padre, não mais importante do que qualquer outro padre. Trabalhamos juntos, subimos juntos e caímos juntos.”
O público curvou-se mais uma vez, muitos exclamaram o quão humilde ele era, quão dedicado à fé. Com isso, Beyn franziu a testa.
“Por favor,” disse-lhes ele, “não me elevem, pois esse não é o nosso caminho, não é isso que aspiramos ser. O Grande está cuidando de mim, cuidando de todos nós. Eu simplesmente faço o meu melhor para viver da maneira que devemos viver, para trilhar o Caminho que nos foi mostrado. Se permanecermos firmes no Caminho, caminharemos das trevas para a luz.”
Finalmente, eles pareceram entender e ele sorriu para eles enquanto a congregação saía da capela onde ele estava pregando. Quando ficou sozinho mais uma vez, deu um profundo suspiro de satisfação. Trazer iluminação ao povo era sua maior alegria, guiando os perdidos, até que fossem encontrados. Mesmo após as pessoas terem sido trazidas à fé, ainda precisavam de orientação, liderança e nutrição espiritual. Tudo isso… ele ficou muito feliz em fornecer.
Ele estava prestes a sair quando ouviu algo impossível, algo inacreditável, algo milagroso.
[Não é um sentimento ruim, Beyn, muito anti-messiânico. Parece que você realmente começou a ensinar algo que vale a pena. Enfim… quando diabos você descobriu que eu podia ouvir você?]
À medida que as palavras do Grande ecoavam em sua mente, Beyn experimentou um caleidoscópio de emoções poderosas que o atingiram como as ondas de um oceano tempestuoso. Sua boca se moveu, mas nenhum som saiu. Seus ouvidos zumbiam, mas ele não ouviu nada. Seu corpo se contraiu, mas ele não conseguiu dar um passo. Incapaz de processar, ele ficou simplesmente parado, sacudindo-se incontrolavelmente, a espuma escorrendo pelo queixo, os olhos fixos, mas não vendo nada.
[Você não sabia disso de fato, não é?]
Beyn não conseguiu responder. Seus olhos reviraram e ele desmaiou.
[Aaaaaaaaah merda! Isso vai voltar e me morder DIRETO no tórax.]
…
Bom dms kkkk
melhor personagem
Nossa AGR q percebi o Anthony vê as coisas pelo nosso ponto de vista quando usa o altar. Loucura pensar