‘Parece que os Krath estão planejando ser mais cautelosos dessa vez. Honestamente, é mais o que eu esperava deles, em oposição à abordagem bastante direta e entusiasmada que testemunhamos até agora.’
Tudo o que sabíamos sobre eles dizia que as tribos de lesmas eram as criaturas mais astutas, frustrantes e totalmente desagradáveis com as quais uma pessoa pode lutar na Masmorra. Não achei que veria um Krath por eras, muito menos tê-los atacando-me assim que chegamos.
Isso parecia mais com o que eu esperava. Eles iriam cutucar e cutucar, tentar descobrir o que eu podia fazer e elaborar um plano astuto para lidar comigo de uma vez por todas. Era irritante, mas acho que aprendi o suficiente por enquanto justificar voltar para relatar.
Além disso, estava sem a ponta de uma das minhas pernas.
Ter todas as seis pernas em condições operacionais era o requisito mínimo para uma investigação extensiva. Já era doloroso o suficiente sair por aí sem nenhuma ferida aberta.
Enquanto os Krath recuavam, eu também recuei, e Victor ficou um pouco surpreso em me ver de volta tão cedo.
“Eles estão lá fora”, confirmei, balançando o coto da minha perna. “Tentaram me pegar com algum tipo de rede estranha e viva. Parece que estão bem interessados em capturar um de nós.”
“Como se fôssemos deixar”, ele reclamou.
“Tem muito mais lá fora do que eu esperava”, eu avisei. “Se os outros túneis forem similares, então tem muitos Krath por aí. Acho que eles estão querendo fazer algo grande, em breve.”
“Mandarei uma mensagem para Solant. Estaremos de olho.”
Logo os batedores correram para entregar mensagens, e eu observei a atitude dos soldados ao redor ficar ainda mais séria, se isso fosse possível. Saber que havia uma horda de lesmas maníacas lá fora era uma coisa, saber que elas estavam bem na sua porta era outra. Não tinha dúvidas de que a Colônia estaria pronta quando os Krath finalmente decidirem assumir a zona segura.
Embora eu tenha ficado fora por um curto período, os curandeiros me submeteram a outro exame vigoroso e processo de purificação.
‘Juro que eles gostam de me forçar a sentar e esperar enquanto eles me cutucam e me cutucam.’
Eventualmente, eles me deram sinal verde depois de inspecionar minha perna pelo que eu considerei ser muito tempo.
Quando tudo isso estava resolvido, decidi que era hora de chamar Brilliant e ver se ela fez algum progresso em relação aos nossos “amigos” na Igreja do Caminho. Entrando em contato com ela pela Nave, eu a cutuquei para ver o que ela estava fazendo.
[Ei, Brilliant, tem um segundo?]
[O quê? Não,] ela resmungou. [Tenho cem projetos de pesquisa diferentes em andamento.]
[Isso é realmente um problema?]
[Não, porque eu sou ✨ BRILHANT! ✨]
[Foi o que eu presumi. Você pode dar uma passada no quinto para bater um papo?]
[Não estamos conversando agora? Por que eu tenho que ir aí?]
[É melhor conversar pessoalmente.]
[Você quer que eu pule entre as dimensões só por sua conveniência?]
[Sim.]
[… certo.]
Levou um tempo surpreendentemente curto para a pequena maga aparecer. Ela apareceu tão rápido que eu assumi que ela estava a caminho desde o momento em que eu a procurei pela primeira vez.
Estava deitado no chão, recuperando as pernas, e de repente uma formiga apareceu nas minhas costas.
“Trabalhando duro, pelo que vejo”, brincou Brilliant.
“Eu tive que morder minha própria perna para escapar de uma armadilha dos Krath, dá um tempo.”
“Parece que as coisas estão indo como Solant esperava então.”
“Espera, ela te consultou? Eu não percebi que vocês tinham se falado.”
“Claro, eu converso com Solant e Vibrant semi-regularmente. Compartilho perspectivas, discuto diferenças de opinião e projetos futuros.”
‘Um clube de bate-papo de campeões? Eu não tinha ideia de que isso existia. Acho que é uma coisa boa; eles têm maneiras únicas de olhar para a Colônia, e certamente não faz mal para eles cooperarem uns com os outros.’
“Deixando isso de lado, eu queria falar com você sobre a Igreja do Caminho.”
“Eu presumi isso.”
“O que você aprendeu?”
Ela ficou em silêncio por um momento… incomum para Brilliant. Hesitação era a última coisa que eu esperaria desse indivíduo fanfarrão.
“Você realmente quer saber, Sênior?” Ela disse, finalmente. “Não é… bom.”
‘Eu nem sei o que dizer sobre isso.’
“Eles levaram uma da nossa família, Brilliant. Não tem como eu deixar isso passar.”
“Suponho que seja verdade”, ela suspirou. “Estou investigando isso como você pediu, e acredito que aprendi o que eles querem conosco, e o processo pelo qual eles alcançam seu objetivo.”
“Existe um processo? O que diabos eles estão fazendo lá?”
“A Igreja tem algumas… crenças interessantes. Acho que você conhece algumas delas?”
“A Masmorra e os monstros foram criados para dar às raças inteligentes uma maneira de ascender… ou algo assim.”
“Certo. No entanto, a Igreja leva essa visão ao extremo, aos olhos deles, A Masmorra e os monstros criados dentro dele são recursos que existem apenas para dar poder aos dignos.”
“Há muitos grupos que tentam explorar a Masmorra,” dei de ombros. “Quase todo mundo faz isso até certo ponto, até nós.”
‘Para ser honesto, a Colônia trabalhou para explorar a Masmorra em uma escala quase industrial.’
“É mais do que apenas a natureza extrema da atitude, são os métodos que eles escolhem aplicar. É aqui que o Néctar entra em jogo.”
“Néctar?”
“É um líquido altamente valorizado, disponível apenas através da Igreja, pois somente eles conhecem o método de sua criação. Algo notável, aparentemente. Só de bebê-lo, pode-se ganhar experiência e níveis.”
“De uma bebida?!”
Isso parecia ultrajante, mas ainda mais do que choque, senti um sentimento de afundamento se desenvolver no fundo do meu âmago.
‘Estou começando a entender por que Brilliant pode ter relutado em me contar sobre isso.’
“Só cuspa. Como eles fazem isso, Brilliant? Você sabe, não sabe?”
“Claro, Ancião. Eu sou Brilliant.”
…