Chrysalis – Capítulo 159

Vendo aquela magia sinistra surgindo, o coração da Rainha Verita congelou em seu peito. Em todos os seus dias ela não tinha visto nada tão horrível quanto essa magia. O som. A destruição. Tudo o que tocava simplesmente… desaparecia, sendo esmagado em nada como se consumido por uma besta monstruosa. 

Mesmo que fossem seus inimigos que estavam prestes a experimentar esse horror, a Rainha tinha pena deles, temia até por eles. Quem sabe que deuses os esperariam do outro lado daquela boca terrível? 

A formiguinha abriu a boca e o vórtice da morte uivou à existência. O ar dentro da sala do trono puxou a todos enquanto era sugado em direção à bola roxa que voava para colidir contra o escudo de um soldado inimigo em um instante. 

Apesar do grito horrível do vento, os soldados não entraram em pânico, mas calmamente começaram a usar suas habilidades defensivas. Eles não acreditavam que este pequeno monstro seria capaz de lançar um feitiço forte o suficiente para ameaçá-los. Quantos monstros eles mataram em expedições de treinamento na Masmorra? Quantas bestas imponentes e poderosas eles enfrentaram? Recuar diante dessa coisinha seria um insulto ao orgulho deles. 

Mas dessa vez, seria a morte. 

Assim que tocou aquele escudo, a bola roxa escura, quase preta, expandiu-se para fora em um instante e os soldados próximos ao ponto de impacto desapareceram completamente. Aqueles perto das bordas tiveram uma fração de segundo em que seus rostos se contorceram de medo e choque antes de também serem puxados para a bola. O horror tomou conta de todos os soldados na sala quando o vento aumentou mais uma vez para um uivo ensurdecedor. Os soldados tentaram fugir, tentaram afastar seus companheiros daquela esfera de morte, mas não puderam resistir. 

Mesmo a formiga que lançou o feitiço recuou um pouco antes de ficar quieta e assistir sua criação consumir o inimigo. A Rainha só podia olhar para o espetáculo medonho diante dela. Ver essa magia empregada contra um portão era uma coisa, vê-la fazer soldados orgulhosos e treinados desaparecerem em um instante era outra. O medo tomou conta dela. Que nível de mago seria necessário para se defender contra algo assim? 

Pareceu uma vida inteira, mas foram apenas alguns segundos antes que a esfera desaparecesse. Uma bola apertada e densa de… alguma coisa… A Rainha se recusou a pensar nisso… caiu no chão com um baque *THUNK* e rolou várias vezes antes de parar. 

Mesmo o chão não foi poupado, a metade inferior do feitiço havia esculpido um buraco nele, as lajes de pedra simplesmente… sumiram. O buraco foi esculpido com tanta precisão que poderia ter sido obra de Deus. 

Antes que os soldados chocados e desmoralizados pudessem se recuperar, o monstro já estava agindo novamente. Um domínio esférico roxo cintilou e se expandiu para fora enquanto o monstro atacava os soldados restantes. 

A Rainha Verita já tinha visto esse feitiço antes, o poderoso feitiço do tipo Domínio que deixava os inimigos de joelhos. O que era essa mana roxa? Que tipo de magia é essa? Ela nunca tinha ouvido falar de nada parecido, capaz de arremessar as pessoas no ar ou esmagá-las no chão. 

É difícil imaginar que um monstro, e um aparentemente bem jovem, pudesse compreender a magia do jeito que essa criatura compreendia. Lançar os vários tipos de feitiços da mesma forma que um mago humano levaria anos para aprender, era aterrorizante. 

Exatamente quão forte essa formiga única se tornaria? A Rainha Verita estreitou os olhos. Ela não pensava se queria descobrir… 

Não mais subestimando sua inimiga, os soldados não queriam ser atingidos por esse feitiço! O moral deles estava abalado e o medo estava estampado em seus rostos enquanto eles fugiam. Os orgulhosos soldados de Regix romperam as fileiras e fugiram diante de uma formiga! Se a Rainha não tivesse visto ela mesma, teria sentido que havia enlouquecido. Mesmo com ela tendo testemunhado os eventos, ela quase não conseguia acreditar. 

O monstro foi implacável perseguindo-os, não importa como eles fugissem. Verita sabia que, assim que o feitiço fizesse efeito, eles não seriam mais capazes de correr, apenas a matança os esperaria. Embora não houvesse nenhuma mudança visível no momento em que o feitiço começou a funcionar, todos que assistiam podiam vê-lo. Os corpos dos soldados caíram no chão como se pressionados por uma montanha. Aqueles que ainda eram capazes de se manter de pé conseguiam apenas fazendo um esforço extremo, com seus rostos ficando vermelhos com o esforço. Os olhos dos soldados estavam selvagens e cheios de terror. O que poderia tê-los preparado para isso? 

Não havia como resistir ao que estava por vir. 

A Rainha voltou ao estado de alerta e se virou para seus guardas atordoados. 

“Mirem seus ataques nos inimigos, mas não se aproximem! Certifiquem-se de ficar bem longe desse feitiço!” Ela ordenou. 

Leal e disciplinada, sua Guarda Real entrou em ação, com suas armas fazendo chover golpe após golpe para matar os inimigos presos e aqueles que continuavam a correr, desesperados para evitar serem presos naquela zona. 

As pessoas da cidade assistiam o espetáculo se desenrolar com assombro extasiado, com seus olhos ardendo com emoções profundas. Eles não poderiam participar disso, pois, nenhum havia dominado a habilidade avançada de armas necessária para atacar à distância. Mas eles podiam assistir e elogiar silenciosamente. 

Enquanto ela observava sua força ser atingida por onda após onda de luzes de espada, a expressão de Corrin ficou sombria. Ela não podia acreditar em seus olhos. Como poderia uma formiga fraca, raça famosa por serem os monstros individuais mais fracos da Masmorra, estar devastando os soldados altamente treinados que ela trouxe com tão pouco esforço. Quanto tempo ela levou para planejar tudo? Os meses de preparação, o incrível esforço necessário para convencer Regix a mover sua bunda gorda. Tudo isso estava desaparecendo diante de seus olhos! 

Ela se virou para o embaixador do reino de Regix.  

“O que diabos está acontecendo com seus guerreiros, Andron?” Ela estava furiosa com ele.  

“Seus soldados são inúteis! Você não me prometeu os melhores?!” 

O embaixador estava pálido e tremendo. Ele era um diplomata, não um guerreiro! Ele nunca tinha visto tal derramamento de sangue e violência. Ver seus soldados sendo dilacerados abalou sua mente, ele mal conseguia pensar, muito menos falar.  

Enquanto ela observava o trêmulo Andron lutando para falar, Corrin quase gritou de frustração. 

Tinha sido tão perfeito! Ela tinha estado tão perto! Fortuna! Uma quantidade estúpida de riqueza! Ela podia sentir tudo escorregando de suas mãos neste momento e o sentimento a deixou furiosa. Se não fosse por aquele monstro estúpido! Ela teria tocado com a Rainha como um maldito violino, mas esse monstro idiota havia arruinado tudo! 

De repente, seu coração congelou em seu peito. O medo a invadiu como um cobertor frio e suor brotou de sua testa. Virando-se lentamente, ela olhou para o monstro para encontrá-lo olhando diretamente para ela. A carapaça lisa, escura e brilhante, os olhos frios sem pálpebras e as mandíbulas gotejantes que brilhavam ferozmente com a luz roxa. Nenhuma emoção ou sentimento emanava daquela criatura. Aos olhos de Corrin era nada menos que uma máquina de morte sem emoção. 

A mente de Corrin girou lentamente como se seus pensamentos vagassem por uma areia movediça. Quando aquelas mandíbulas começaram a brilhar? 

As mandíbulas brilhavam com a luz e ela se encolheu para trás, mas não adiantou. 

Como descrevê-lo? 

O chão simplesmente não existia mais. Seus pés deslizaram e ela voou diretamente em direção ao monstro. Um grito subiu e ficou preso em sua garganta enquanto o medo paralisava sua mente. A única coisa que ela podia ver eram aquelas mandíbulas enquanto tudo desaparecia. Eles ficaram cada vez maiores em seus olhos enquanto se arregalavam. 

Então elas se fecharam e ela não viu mais nada.