Depois de um bom descanso, feliz por estar em meu próprio esconderijo com o estômago cheio pela primeira vez neste mundo, acordei revigorado e pronto para – cautelosamente – encarar meu próximo desafio.
‘Preciso explorar a caverna mais um pouco, reunir mais informações sobre minha situação e tentar identificar minha próxima presa.’ Antes disso, porém, havia outra coisa que queria testar primeiro. Depois de comer, Gandalf me informou que eu havia desbloqueado um perfil básico do ‘Spineta Lacertos’. Ainda não tinha tentando acessar esse perfil e era hora de ver se conseguia aprender alguma coisa.
‘Desbloquear!’
‘Acessar perfil!’
‘Abra-te Sésamo!’
‘Spineta Lacertos!’
「Spinetta Lacertos: ‘Lagarto Espinhoso’, os espinhos são afiados e contêm veneno mutante.」
‘Uau! Aí está! Então Spineta Lacertos significa Lagarto Espinhoso e o que é esse resto de informação? Os espinhos são afiados?! Contém veneno?! Isso não é óbvio desde a primeira vez que você olha para aquela coisa nojenta?’
‘Bem, não dá para reclamar, afinal é apenas o perfil básico. Talvez se eu caçar e consumir mais alguns deles eu consiga acessar um perfil mais detalhado com informações mais úteis.’
Com este ponto resolvido, era hora de prosseguir para a próxima tarefa.
Saí do meu ninho, atravessei o teto até a caverna com a poça. Uma cena agora familiar saudou meus olhos, uma coleção de monstros vagava na beira da água, protegendo cuidadosamente uns aos outros, enquanto bebiam da piscina brilhante.
Na verdade, com minha visão +2 recém-aprimorada, a poça parecia estar brilhando um pouco mais do que antes.
O curioso nesta situação era que todos esses monstros estavam aqui para beber a água, mas eu, desde o dia que renasci no corpo de formiga, não senti nenhuma sede. Já que eu também era um monstro, assim como aquelas criaturas, o que as compele a beber a água quando eu não sentia vontade de fazê-lo? Existia algo diferente entre eles e eu?
‘A próxima missão de hoje é investigar. Vou dar um passo ousado, corajoso, possivelmente estupidamente suicida, a fim de lançar alguma luz sobre este mistério.’
Continuei a me mover com meu jeito lento, quase habitual, rastejando pelo teto até a parede mais próxima, desci e cheguei ao chão da caverna. Então, lentamente, mas com confiança crescente conforme cada passo me levava para frente, eu me aproximei da poça.
O primeiro a me notar foi um lobo lagarto, a criatura que parecia lobo com uma longa cauda de réptil. Realmente havia uma grande gama de criaturas semelhantes a lagartos neste lugar, o enorme monstro bípede e o lagarto que eu cacei, tinham algumas características reptilianas. Isso era algum tipo de padrão?
Quando o lobo me viu, começa a rosnar imediatamente, o que me assustou um pouco, mas então, algo estranho aconteceu, enquanto continuei a me aproximar, o lobo começou a se afastar lentamente, abrindo terreno para mim, quase como se ele estivesse com medo.
Observei o lobo com atenção e continuei a me aproximar, enquanto tentava não ficar muito próximo da luz emitida pela poça, outra massa de centopeias se deu conta da minha presença, a reação delas foi muito diferente!
Assim que elas me viram, o emaranhado de criaturas rastejantes e barulhentas começou a assobiar furiosamente e se contorcer umas sobre as outras com ainda mais velocidade. Uma das criaturas emergiu do emaranhado e deslizou para a frente com suas pernas finas, indo em minha direção. Então ela começou a se posicionar, sibilando e estalando com as mandíbulas e garras afiadas.
No entanto, não se aproximou ou atacou.
‘Ufa! Fiquei apavorado. Devem haver seis ou sete dessas coisas horríveis empilhadas ali, se elas tentassem atacar eu teria que escapar com todas as minhas forças.’
Felizmente, a paz na poça de água se manteve. Havia apenas uma razão pela qual arrisquei a minha vida indo até a poça, apenas uma razão pela qual eu me mostraria na frente de todas essas criaturas que poderiam me matar tão rapidamente: Em momento algum eu vi uma criatura que se aproximou, bebeu ou saiu de perto da poça, ser atacada.
Nem mesmo uma vez.
Eu vi e ouvi muitos conflitos durante os dois dias que passei vigiando o Lagarto Espinhoso, mas nunca presenciei nenhum conflito próximo da fonte. Tinha algo importante nela e não achava que tivesse algo a ver com hidratação. Afinal, ainda não sentia necessidade de beber. A fisiologia dos monstros neste mundo não parecia ser simples.
Continuei me aproximando até chegar à beira da poça. O brilho era tão forte que, mesmo com a mutação nos olhos, era difícil enxergar. As linhas pulsantes no fundo da caverna pareciam convergir para o centro dessa fonte de água, bem no fundo da poça, e a luz mais intensa surgia em sua interseção.
Apesar da falta de corrente ou propulsão de qualquer tipo, a água parecia fluir e se mover em círculos estranhos, quase como lava. Ela parecia ter um movimento próprio.
Ignorando as centopeias, abaixei minha boca para a água e bebi…
‘Queima!’
‘Santo Deus, isso queima demais! O que é isso, ácido clorídrico?!’
Uma sensação de queimação fluiu da minha boca, passou meus três segmentos corporais até o meu estômago, a partir daí o calor começou a permear minha corrente sanguínea até que minha própria carapaça começou a parecer que estava pegando fogo.
‘Yeeouch!’
‘É para isso que vocês, monstros, têm vindo aqui? Essa água dolorosa e ardente da morte?! O que há de errado com todas vocês? Esta é a caverna dos masoquistas?!’
A sensação de queimação diminuiu gradualmente, mas não conseguia deixar de olhar incrédulo para as outras criaturas ao redor da poça.
‘O que diabos vocês estão fazendo aqui?!’ Muitos pares de olhos me encararam, me sinti constrangido…’
Examinei a água mais uma vez, ela se movimentava lentamente diante de mim emitindo uma densa luz, como espirais de água-viva.
Fiz uma pausa, analisei cuidadosamente minha própria condição. Apesar dos acontecimentos, não me sentia mal. Abri meu status e verifiquei minha saúde, nenhuma mudança.
‘Estranho.’
‘Isso é muito estranho. O que diabos é a atração que esses monstros sentem por esta água estúpida?! Deve ser importante, caso contrário, por que haveria trégua neste lugar?’
Nenhuma resposta me veio à cabeça.
Não era como se meus colegas monstros estivessem de bom humor enquanto bebiam água!
Sentindo-me mais confuso do que antes, me preparei para sair.
Mas antes disso, não consegui resistir a mais um gole.
‘Gah! Queima!’
‘P-tooey! Nyaaarrr! Pff! Pff!’
‘Ugh. Horrível.’
Como dizem, a curiosidade matou o gato.
Me afastei lentamente da poça enquanto observava qualquer reação de meus colegas bebedores. A maioria das criaturas parecia ligeiramente aliviada por me ver partir, movendo-se para ocupar o espaço que deixei e voltando a beber. As centopeias ainda estavam tirando sarro e fazendo poses para mim conforme eu saia. Quase podia ouvi-las lançando insultos contra mim enquanto raspam o chão da caverna e fingem começar a me atacar.
‘Que vocês se afoguem nessa água, centopeias malditas.’
Assim que alcançei o conforto das sombras, girei e corri para a parede. Não diminui a velocidade até alcançar a posição mais segura, escondido nas sombras ao longo das bordas externas do teto da caverna.
‘Ahhhh, lar doce lar.’
‘Não irei embora tão cedo!’
Agora que eu investiguei – um pouco – o mistério da poça de água, era hora de explorar está caverna e começar a mapear a rede de cavernas usando meu novo Sensor de Túnel!
Continuei a me mover nas sombras ao redor das bordas da caverna, evitando as áreas mais densas de veias de luz, passando entre pilares de pedra escura que se estendiam do chão ao teto, como se lanças tivessem perfurado o solo ou saído dele.
Seguindo esse padrão, me afastei da poça e do meu próprio ninho, mais do que já havia me afastado antes. Ao longo das laterais da caverna, notei que vários túneis se ramificavam na escuridão de vez em quando, alguns grandes e outros pequenos. Me aproximei de alguns deles e senti um ar estranho. Quem sabe o que se escondia dentro daqueles túneis esquisitos?
Segui em frente por mais dez minutos, fazendo um progresso lento, mas constante. Pude ver que a caverna começou a se alargar ainda mais, de modo que não conseguia mais ver os dois lados ao mesmo tempo. Comecei a fazer passagens cautelosas pelo centro para verificar os dois lados enquanto fazia o meu caminho.
‘Uau!’
Uma enorme entrada de túnel apareceu diante de mim. Talvez a trinta minutos de viagem de distância da poça. A entrada era enorme, estendendo-se quase do chão ao teto da caverna e com a mesma largura. Ela claramente se inclina para baixo, indo mais fundo na terra.
Mas parecia haver algo estranho na forma como a pedra era moldada…
‘Isso são… escadas?!’
zika
Misterioso
Creio q a poça seja mana, ou algo do tipo, e deve doer para ele, pq ele tem 0 MP, então a mana deve estar se infiltrando no corpo dele
Pode ser
Porque ninguém comentou