Chrysalis – Capítulo 646

O gorila gigante se mexeu desconfortavelmente enquanto Smithant rastejava sobre ele, fazendo medições com suas antenas e tentando descobrir a melhor maneira de remendar a armadura que tinha em seu corpo maciço.

Tiny, por sua vez, aguentou o melhor que pôde.

Naturalmente, sua preferência seria esmagar a estúpida espada na cara das pessoas, mas ele foi ordenado a subir até o ninho por seu Mestre não teve escolha a não ser fazê-lo. Em sua opinião, a luta anterior havia sido um sucesso magnífico. Muito rosto foi esmagado, muitos golpes atingiram o inimigo.

Tiny socou até que seus punhos sangraram e os pulsos estalaram, com a raiva dentro dele quase gasta, no entanto, o Mestre estava mais preocupado com ‘ferimentos quase fatais’ e ‘perda catastrófica de sangue’, coisas que Tiny não considerava tão importantes. Ainda assim, o mestre tinha ouvido falar que poderia haver um poderoso conjunto de armaduras em oferta e agora aqui estava ele.

Antenas batiam levemente em seu braço e ele obedientemente o levantou para permitir que a formiga medisse seus braços e ombros.

…

Era uma coisa boa que a Colônia tenha conseguido trazer tantos trajes de volta do campo de batalha, refletiu Smithant, já que havia apenas algumas peças que seriam utilizáveis nesta reconstrução e ela tinha uma grande área de superfície para cobrir. O resto das formigas presentes assistiam do lado de fora, um pouco ansiosas pelo resultado.

Os animais de estimação criados pelo Ancião alcançaram um estranho tipo de status na Colônia. Elas não eram formigas, obviamente, mas ainda eram aceitos como parte da família. Em certo sentido, eles eram uma extensão do Ancião e, portanto, mereciam certa medida do respeito reservado a esse grande indivíduo.

Assim, a Colônia caminhou com cuidado e respeito ao redor de Tiny enquanto ele se sentava e ficava de mau-humor durante a longa sessão de medição. Levou horas para ser concluída, já que Smithant se movia constantemente para frente e para trás, buscando seções de armadura em sua oficina e usando suas mandíbulas para segurá-las contra Tiny para verificar o ajuste.

Aos poucos, a forma do que ela precisaria fazer começou a tomar forma na mente da Artesã. Não seria bonito e certamente não seria algo como uma armadura completa, mas forneceria muito mais proteção do que pelo e pele. Com o esboço completo, ela começou a trabalhar.

De volta à sua oficina, vigiada pelos olhos sempre paranoicos dos batedores agarrados ao telhado, ela começou a árdua tarefa de fazer os cortes necessários para separar a armadura nas peças de que precisaria. Seguiram-se horas de trabalho penoso, lento e cuidadoso. Ela teve que cortar a armadura sem enfraquecê-la tanto quanto possível, mais fácil dizer do que fazer.

Ela também tinha que ter em mente os pedaços de runas encantadas inscritas na armadura e o que ela precisaria mudar e modificar para criar uma rede de trabalho própria.

Vários de seus ajudantes vieram segurar as peças e manobrar as seções para ela, o que ajudou a acelerar as coisas notavelmente. À medida que as horas avançavam, mais e mais membros de sua equipe se amontoavam em seu espaço de trabalho para ajudar no projeto. Eventualmente, eles foram forçados a derrubar uma parede para acomodar todos eles enquanto trabalhavam freneticamente.

Seções foram cortadas, comparadas, recortadas, tiras adicionadas, encadernações amarradas e peças sobrepostas em mil combinações diferentes. Depois de algumas horas, um trio de encantadores de alto nível chegou para estudar a armadura e em um minuto foram incluídos no projeto. Com Smithant, eles estudaram o intrincado roteiro de runas gravado na armadura, grandes seções das quais eles não podiam interpretar.

O processo de recortar, reescrever e editar as runas foi gigantesco e as formigas começaram com entusiasmo, formando uma equipe separada trabalhando ao lado da primeira. Foi um trabalho agitado, mas as formigas sentiram seus níveis de habilidade subindo rapidamente enquanto continuavam, não parando até que o produto começasse a tomar forma.

Como puros artesãos e ferreiros formigas, feria suas sensibilidades enviar algo tão bruto quanto o que eles finalmente fizeram. Era rudimentar, uma miscelânea de pedaços retirados de um trabalho muito mais refinado, mas funcionava. A matriz de encantamento pode acender um pouco (metaforicamente), mas fez o trabalho.

Apesar de ser tosco, devido à excelência dos materiais de origem, havia poucas dúvidas de que era a melhor armadura que a Colônia havia produzida até então.

Quando Tiny a vestiu, Smithant não pôde deixar de pensar que ele parecia muito mais… ansioso.

A armadura era irregular em alguns lugares, mas cobria bem seu peito, ombros e barriga. Era uma incompatibilidade de pedra e revestimento de metal amarrados juntos e fortemente acolchoados por baixo com tecido e couro. Na maior parte, eles não foram capazes de cobrir seus braços e pernas, além de algumas placas cobrindo a frente de suas pernas.

O trabalho mais difícil, de longe, foi o capacete. Para fazer isso, eles foram forçados a separar quase quinze dos protetores de cabeça humana e juntá-los para caber no crânio muito, muito, muito mais grosso de Tiny. O resultado foi enormemente pesado e longe do melhor ajuste, mas acrescentou a proteção necessária à zona facial.

Quando a armadura foi finalmente montada e amarrada, Tiny girou os ombros e balançou os braços algumas vezes antes de grunhir de satisfação. Era desconfortável e pesado, mas havia um peso satisfatório nas lajes de metal e pedra que ele achava bastante bom.

Mais do que isso, com sua tarefa de completar a armadura, ele estava livre para se juntar a seu mestre mais uma vez. Sua maior esperança era que seu novo equipamento o impedisse de ser afastado da luta novamente. Ele havia perdido muito tempo, era esmagador.