Tito estava sentado atrás de sua mesa. Ela era semelhante ao homem em muitos aspectos, sem adornos, áspera e sólida. As tábuas grossas de pedra, que ele próprio havia obtido, compunham a superfície em que trabalhava. A mesa teve que ser colada, já que ele não conseguia encontrar um prego que atravessasse a madeira. A madeira era teimosa, inflexível, por isso ele gostava.
Preso em seus dedos grossos e deselegantes estava um pedaço de papel dobrado, uma carta, coberta de garranchos raivosos e ofensivos. Outra carta de reclamação da União Mercenária.
Tito enfiou a mão livre no bolso do seu casaco de Legionário, retirando uma caixa de metal lisa presa ao cinto por uma corrente. Colocando a carta na mesa, ele usou as duas mãos para pegar a caixa. Franzindo a testa, precisou de quatro tentativas para posicionar de forma correta seus dedos grossos. Então a caixa de abriu com um estalo.
De dentro da caixa, um brilho azul espalhou-se sobre a mesa e iluminou brevemente o rosto de Tito, que olhou fixamente para o conteúdo, então a fechou, colocando a caixa de volta em seu bolso interno.
Abriu uma gaveta, tirou um pedaço de papel em branco, pegou sua caneta e começou a escrever uma resposta.
“Corrin,
Conforme declarado cinco dias atrás, os níveis de mana no ambiente dentro da Masmorra continuam subindo, a Legião crê que provavelmente ocorrerá uma onda dentro de uma semana, mas COMO VOCÊ SABE, essas previsões podem ser imprecisas e uma onda pode acontecer em um curto período de tempo.
No interesse de manter SEUS MEMBROS VIVOS, exercemos nosso direito de controlar o acesso à Masmorra da cidade de Liria e estaremos empreendendo ações agressivas para garantir a segurança dos cidadãos.
Se algum de seus grupos não puder conduzir suas atividades na Masmorra durante este tempo, lamento informar que NÃO DOU A MÍNIMA.
Depois que a onda terminar ou quando os níveis de mana no ambiente voltarem ao normal, seus membros terão acesso à Masmorra mais uma vez, não antes disso.
Seja mais educada,
Tito.
Comandante da Legião do Abismo, Liria”
‘Talvez não seja a carta mais diplomática que já escrevi’ pensou Tito, mas ele nunca foi muito bom em ser bonzinho com idiotas. Uma das principais razões pelas quais ele não queria este trabalho.
Quase contra sua vontade, seus olhos deslizaram para o canto do escritório onde, escondido atrás de um armário juntando poeira, estava um enorme machado de batalha encostado na parede. Com quase dois metros de comprimento da cabeça ao cabo, o metal grosso não parecia ter sido polido há anos.
Suspirando, voltou sua atenção para a carta, dobrou-a, lacrou-a com cera e a colocou em sua caixa de correspondências para que um dos auxiliares a enviasse no final do dia.
Enquanto pegava a próxima carta de reclamação, sendo esta do Ministro do Caminho, ele ouviu passos apressados ficando mais alto conforme várias figuras se aproximavam de seu escritório.
Ele podia sentir o sangue pulsando em suas veias. Talvez ele pudesse evitar sua papelada hoje.
Dez minutos depois ele chegou à guarnição avançada, abrindo as portas maciças com uma única mão, ele avançou para dentro do prédio como uma tempestade. Os guardas de plantão, todos Legionários, o saudavam respeitosamente enquanto ele passava, com os punhos deles batendo em seus peitos com armadura e as cabeças abaixadas, aonde quer que ele fosse.
Sem falar, os Centuriões de plantão seguiam atrás dele enquanto ele marchava pela praça de pedra em direção à brecha na terra que era a entrada da Masmorra da cidade de Liria.
A abertura tinha quatro metros de largura e altura similar, larga o suficiente para carrinhos de suprimentos e grandes grupos passarem em expedições. O espaço ao redor da entrada era um piso de pedra plano de trinta metros em todas as direções, em seguida, uma parede circular de três metros de altura cercava-o, guarnecido por arqueiros e magos o tempo todo, criando uma área de morte aberta para qualquer monstro que surgisse do túnel.
Tito olhou para a brecha no chão por vários segundos antes de descer, submergindo na escuridão. Ele se impediu de inspirar tão profundamente quanto queria, trazendo pouco do ar da Masmorra e seu rico mana para seus pulmões. Em vez disso, ele arrastou a mão pela pedra, com sua pele grossa raspando na rocha enquanto caminhava.
Descendo os degraus, ele podia ver o primeiro de vários postos de guarda. Geralmente cada posto era ocupado com dois Legionários, mas agora estava ocupado por uma equipe de cinco. Eles se viraram para saudá-lo quando passou, mas eram disciplinados o suficiente para usar uma saudação silenciosa naquele local, colocando o punho direito na palma da mão esquerda na frente do coração.
O comandante acenou com a cabeça antes de avançar, passando pelos três postos seguintes até chegar ao primeiro. Dez Legionários ocupavam o posto, dois magos se revezavam para manter a chama que iluminava o túnel.
Ao se aproximar, com os dois Centuriões atrás dele, encontrou a mulher que procurava dentro do posto, examinando alguns mapas sobre a mesa com alguns de seus soldados.
Ela o viu se aproximar e dispensou seu pessoal antes de o saudar.
“Comandante Tito”.
“Tribuna Aurillia”.
Tito devolveu a saudação antes de se juntar a ela na mesa para olhar os mapas. Todos os mapas dos primeiros níveis, passagens e pontos de concentração de mana estavam marcados claramente com uma escrita bem organizada. Aqueles idiotas da União Mercenária adorariam ver esse nível de detalhe em seus ‘guias’, eles poderiam triplicar seus preços.
“Qual é a situação?”
“Comandante, quinze minutos atrás, o monstro se aproximou desta guarita antes de fugir, a equipe de guarda sinalizou para o Centurião de plantão antes de prosseguir para a caverna.”
“Fugiu?” Tito fez uma careta, era raro os monstros do primeiro nível mostrarem inteligência suficiente para fugir do perigo. Era muito mais comum eles atacarem e lutarem até a morte.
Essa era a última coisa de que ele precisava antes de uma possível onda.
“Como estão os preparativos para a defesa contra ondas?”
“A defesa está sendo preparada de acordo com o cronograma. Comandante, eu tomei a liberdade de adiantar o cronograma em resposta a este recente incidente.”
Tito grunhiu. “Bom. Vou me juntar à expedição de supressão desta vez.”
Aurillia ficou pálida. “Com todo o respeito, Comandante, talvez seja melhor ficar…”.
“Nós dois sabemos onde é melhor eu ficar Aurillia, algo está errado então vou com a expedição.”
Aurillia acenou lentamente com a cabeça e suspirou, este velho teimoso era incapaz de tornar a vida mais fácil para si mesmo. Uma legião inteira mergulharia de bom grado na Masmorra caso ele pedisse, mas, mesmo assim, ele escolhe ir na expedição. Ela balançou a cabeça, por isso ele era o melhor.
Do fundo do túnel, pôde ser visto movimento, enquanto cinco pessoas avançavam para fora da escuridão na direção da luz do fogo ardente. Dois dos membros mancavam levemente, apoiados por seus companheiros, todos os soldados estavam imundos, com sangue e ossos, mas nenhum nada disso era deles.
Tito saiu do posto e foi saudar seus Legionários. Ao vê-lo se aproximar, eles pararam imediatamente para saudá-lo, permanecendo imóveis, até que ele acenou.
“Parem com isso, quais são os seus ferimentos?”.
Os cinco fizeram uma careta. “Nada sério comandante, fomos pegos de surpresa e sofremos pequenos cortes e status de envenenamento.”
“Vão ao médico imediatamente, precisamos de cada soldado apto para o serviço. Me digam, vocês conseguiram matar o monstro?”
Os soldados pararam e balançaram a cabeça negativamente.
Tito apertou a mandíbula. “Droga. Quem foi que viu a criatura primeiro?”
Dois dos soldados, um homem e uma mulher, levantaram as mãos.
“Venham comigo.”
Se fudeu pra deixar de ser burro
“lamento informar que NÃO DOU A MÍNIMA.” Skskskskksksksskksskkssksksksk
Ixi já vai ser caçado